quinta-feira, outubro 29, 2020

"Tenet"

O filme começa com uma espetacular cena de um atentado terrorista sendo interrompido em Kiev, na Ucrânia. Então o agente interpretado por John David Washington, filho de Denzel e protagonista de “Infiltrado na Klan” é recrutado para a “Tenet”, direção de Christopher Nolan. O nome da agência e do filme se refere uma entidade internacional que está estudando o fenômeno da “inversão”, ou seja, a reversão da entropia de objetos ou pessoas que faz com que elas pareçam estar voltando no tempo.
E aí que a coisa começa a desandar. Recebendo a parceria de outro agente, vivido por Robert Pattinson, partem por várias partes da Europa, com o objetivo de impedir um plano de destruição do planeta por um bilionário russo, papel de Kenneth Branagh, marido cruel da elegante Elizabeth Debicki – sim, os personagens não são nominados no filme. Ela sabe segredos do vilão, mas está presa a ele por causa do filho pequeno, motivo pelo qual sofre chantagens e não pode fazer muito, sob o risco de perder o garoto.
Mas assistir “Tenet” é uma missão das mais difíceis, devido a sua trama confusa, de dobras no tempo, misturando espionagem com ficção científica, e outras viagens de Nolan, que já havia provocado desconforto com “A Origem”, de 2010.
O elenco principal, apesar da história complicada, se sobressai – principalmente Washington, Pattinson, que cada vez me surpreende como ator, depois daquelas bobagens vampirescas de “Crepúsculo” e Debicki. Já Branagh é a decepção, com seu vilão careteiro e estereotipado. “Tenet”, no final acaba sendo um filme vazio, beirando o interminável e insuportável, com suas quase 3 horas de duração.
Cotação: ruim
Duração: 2h30min

terça-feira, março 17, 2020

"Bloodshot"


Sim, Vin Diesel é um péssimo ator e a coisa fica mais e mais evidente na ficção científica "Bloodshot", baseada em HQ surgida nos anos 1990, e dirigida por Dave Wilson II. O filme é uma mistura de "Exterminador do Futuro", "Deadpool", "Cyborg", "Capitão América", "Westworld" e por aí vai.

Vin Diesel é Ray Garrison, um soldado que após uma missão na África, acaba sendo morto ao lado da esposa. Seu corpo é doado para uma corporação dirigida pelo cientista Emil Harting (Guy Pearce), que o transforma em um super-soldado, com capacidades de regeneração e de se metamorfosear. Porém sua mente é controlada pela empresa e as suas memórias. Garrison, no entanto, foge e tem como único objetivo matar o homem que assassinou a ele e a esposa.

Sim, Vin Diesel tem sempre as mesmas feições, com incrível dificuldade de interpretar uma fala. E o personagem interpretado por Guy Pearce é o clichê do cientista mal-intencionado e megalômaniaco. No entanto, "Bloodshot" é um filme que recicla várias outras obras, porém se sobressai pelas suas reviravoltas inteligentes e surpreendentes.

Cotação: bom
Duração: 1h49
Chico Izidro

"As Primeiras Férias Não Se Esquece Jamais" (Premières Vacances)


Opostos se atraem é o que pretende mostrar a comédia francesa, "As Primeiras Férias Não Se Esquece Jamais" (Premières Vacances), dirigido por Patrick Cassir. Os parisienses Marion (Camille Chamoux) e Ben (Jonathan Cohen) se conhecem através do aplicativo de namoros Tinder.

Ela é uma mulher com mente livre, afeita a aventuras, e trabalha como desenhista de HQs. Já ele é um empresário hipocondríaco e que não curte muito as novidades. Mas após uma noite de encontro, Ben acaba num rompente, convidando Marion para passar as férias na Bulgária. Os dois acham que um passeio pelo país do Leste Europeu pode estreitar o relacionamento novíssimo.

Mas o passeio vai mostrar como as diferenças podem ser cruéis, ainda mais em um país que beira o Terceiro Mundo. Falta infra-estrutura em tudo, a sujeira impera. Para Marion, as coisas podem ser divertidas, mas para Ben, que não consegue nem fazer cocô em um banheiro separado do quarto por uma simples cortina, é o fim do mundo.

A trama acaba em determinado momento ficando repetitiva com as manias de Ben e a mente aberta de Marion. Enfim, é uma comédia leve e despretensiosa sobre o amor - e não querendo dar spoiler, mas o final não poderia ser mais conservador.

Cotação: regular
Duração: 1h42
Chico Izidro

"A Maldição do Espelho" (Pikovaya dama: Zazerkalye)



Ainda não foi desta vez que o diretor russo Aleksandr Domogarov acertou a mão. Após ter lançado os péssimos "A Noiva” e "A Sereia”, ele segue explorando figuras do misticismo russo em "A Maldição do Espelho" (Pikovaya dama: Zazerkalye). E segue errando.

A intemção de Domogarov é apresentar uma obra de terror. Porém o terror acaba sendo o que passam os espectadores, torturados durante os minutos intermináveis do filme. A trama acompanha a jovem Olya (Angelina Strechina), que após perder a mãe em um acidente de carro, e com o pai no exterior, é obrigada a ir para um internato ao lado do irmão mais novo, Artyom (Daniil Izotov).

A garota, no entanto, despreza o menino, em fato não explorado pelo diretor. E no internato, Olya se envolve com a turma dos rebeldes, que em certa noite vasculham os corredores do prédio e se deparam com um depósito, onde há um espelho com uma inscrição invocando um espírito, o da Rainha de Espadas. Claro que os idiotas fazem a invocação, fazendo ainda um pedido.

E logo a alma liberta começa a cumprir os desejos, mas todos voltados contra os jovens. Simplesmente não existe terror, as atuações são horríveis. E o pior, a distribuidora preferiu suprimir o idioma original - russo -, dublando as cópias em inglês. E a emenda ficou terrível, com falta de sincronia. Recordam aquelas dublagens em que o personagem falava algo e não aparecia o som, e no momento em que ele fechyava a boca, surgia a voz? É por aí. Fuja.

Cotação: ruim
Duração: 1h30
Chico Izidro

“Nóis por Nóis”


“Nóis por Nóis” é um filme do diretor Aly Muritiba, que o codirige com Jandir Santin, e trata sobre a vida de jovens da periferia de Curitiba. A trama foca em quatro amigos, que em uma noite terão suas vidas viradas do avesso. É uma obra realista, que mostra ainda a presença e influência da música RAP na vida destas pessoas.

Os amigos Mari, Japa, Café e Gui sofrem com as agruras de serem jovens pobres, morando na periferia de uma grande cidade. E em suas vidas, repressão policial, tráfico de drogas, gravidez indesejada - um dos personagens engravida a namorada e age como um canalha, ao não querer assumir a paternidade. Já outro some misteriosamente, após ter se envolvido em uma briga numa festa.

“Nóis por Nóis” se aperesenta por vezes estereotipada. Algumas cenas se mostram forçadas demais e o roteiro apresenta alguns erros primários. Mas mostra uma realidade cruel.

Cotação: bom
Duração: 1h36
Chico Izidro

quarta-feira, fevereiro 26, 2020

“Meu Nome é Sara” (My Name is Sara)


A II Guerra Mundial é uma fonte inesgotável de histórias, principalmente o Holocausto judeu praticado pelos nazistas. Em “Meu Nome é Sara” (My Name is Sara), direção de Steven Oritt, a produção norte-americana, mas podendo se passar tranquilamente por um filme europeu, é mostrada a trajetória da jovem Sara Góralnik Shapiro (1930-2018), nascida na Polônia, e que durante o conflito foi obrigada a esconder suas origens para escapar da morte.

Entre 1942 e 1945, Sara, vivida por Zuzanna Surowy, se abrigou em uma fazenda ucraniana, trabalhando como babá, e sendo obrigada a se passar por católica. Os seus empregadores, os fazendeiros Pavlo (Eryk Lubos) e Nadia (Michalina Olszanska), passavam o tempo tentando surpreendendo-a, como por exemplo, pedindo que ela terminasse uma oração ou fizesse o sinal da cruz, e até a obrigando a comer carne de porco.

A personagem sabia que não podia vacilar, sob risco de morte. E até mesmo provocar a morte de seus empregadores – aqueles que socorriam judeus eram sumariamente executados. E por mais que os fazendeiros tivessem traços anti-semitas, o que era comum na população católica, a estavam ajudando.

O filme tem tensão – os nazistas pouco aparecem. Numa cena forte, Sara e seu empregador passam de carroça no meio de uma floresta, poucos segundos antes de um grupo de judeus estarem se despidos e serem fuzilados pela SS. Mas a ação transcorre mais na fazenda, onde a cada momento, o disfarce de Sara pode ser descoberto. Os olhares de temor da protagonista são perfeitos. E mais uma obra sobre o Holocausto nunca é demais. A história, afinal, não pode ser esquecida para não ser repetida.

Cotação: ótimo
Duração: 1h51
Chico Izidro

“O Chamado da Floresta” (Call of the Wild)


Com direção de Chris Sanders, “O Chamado da Floresta” (Call of the Wild) é baseado no romance clássico de Jack London, publicado em 1903, e falando da amizade de um homem e um cão durante a Corrida do Ouro no Alasca nos anos 1890. A trama mostra a trajetória do desajeitado cão Buck, que era o animal de estimação de um juiz em Nova Iorque. Bagunceiro e descumpridor das regras, o cão acaba sendo roubado por homens que acredita,, que seu tamanho pode ser importante e levado para o norte, o Alasca.

Esperto, ele foge e acaba sendo adotado pelos carteiros Perrault (Omar Sy) e Françoise (Cara Gee), que fazem a entrega de correspondência para os sofridos mineiros. Neste ponto, Buck notará que terá de começar a assumir atitudes, ao ser confrontado pelo cão líder da matilha. É o primeiro sinal de seu crescimento. Quando a rota de mensagens é extinta, Buck passa as mãos do solitário John Thorton (Harrison Ford), uma pessoa amargurada pela perda de um filho, tragédia que teve como consequência a separação de sua esposa.

Ambos isolados numa distante e afastada floresta no Alasca, criam fortes laços, até que surge o tal chamado da floresta para Buck. Que vai encontrar o significado para a sua vida. “O Chamado da Floresta” fala de amizade, solidão, solidariedade, mas também de ganância – afinal, se vive na época da busca pelo ouro, o tal vil metal. A obra é muito bonita de se ver, um visual enternecedor.

E os animais são todos virtuais, num trabalho primoroso, mesmo que por algumas vezes o cão protagonista tenha tamanhos variados, num erro muito perceptível, mas que não atrapalha a história. Mesmo para aqueles que detestem filmes de cachorrinhos, e este não é um filme sobre cachorrinhos.

Cotação: bom
Duração: 1h40
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...