quinta-feira, outubro 28, 2010
Piranha
Por incrível que pareça, Piranha não é um filme ruim. Seguindo a linha trash, que tanto sucesso fez nos anos 1970, o filme diverte e tem seus momentos de suspense. Dirigido por Alexandre Aja, chupa descaradamente Tubarão, de Steven Spielberg, com direito a uma pequena participação de Richard Dreyfuss, que esteve presente no filmaço de 1975.
A trama é a das mais simples. Num final de semana, milhares de estudantes se reúnem numa pequena cidadezinha à beira de um lago para comemorar o final das aulas. E começam a ser devorados impiedosamente pelas criaturinhas, que foram libertadas de uma caverna após um pequeno terremoto. A xerife local, interpretada pela atriz Elizabeth Shue (ela mesma, de Despedida em Las Vegas e Cocktail) se vê pressionada a tentar fechar o local, mas sem sucesso. E o sangue jorra direto, com direito a tripas expostas, garotas com os peitos de fora e os filhos da heroína presos num barco no meio do nada. Mas tudo é tão divertido, que nem pensamos na bobagem que estamos assistindo.
Claro que a oscarizada Elizabeth Shue, assim como Richad Dreyfuss e Christopher Lloyd estão ali só para pagar o aluguel no final do mês.
cotação: regular
Chico Izidro
Grê10x0
O trocadilho é inevitável. Grê10x0, do diretor gremista Beto Souza, refere-se ao primeiro clássico disputado entre os tradicionais rivais gaúchos em 1909. Aquela partida foi vencida pelos tricolores por 10 a 0, logo na estreia do Internacional nos gramados (bem, talvez nem houvesse gramado naquela época, mas sim um campo de chão batido).
A fórmula de Grê10x0 não foge muito do filme do seu adversário, catando depoimentos de torcedores, dirigentes e ex-jogadores. Mas leva vantagem em conseguir algumas imagens do começo do século passado, ainda quando o Grêmio tinha o seu campo no Moinhos de Vento, na região central de Porto Alegre. Ainda é destacado no roteiro os 12 títulos conquistados em 13 anos pelo time logo após a construção do estádio Olímpico. Porém destaque maior é dada a virada gremista em 1977, quando da quebra da hegemonia colorada no Estado, na equipe montada por Telê Santana e que até hoje é lembrada pelos torcedores.
Aquele ano é considerado um dos mais importantes da história tricolor, pois a partir dele que o Grêmio cresceu para fora dos limites regionais, vindo a ser campeão brasileiro em 1981, e da Libertadores e do Mundo em 1983.
Em Grê10x0 aparecem depoimentos de ex-jogadores como Iúra, Juarez e dirigentes, como Antônio Carlos Verardi. Entre os torcedores, aparece o fanático jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha, que nega-se a falar o nome do Internacional. E isto até poderia ser engraçado, mas não é, pois ele acaba esquecendo que o rival venceu mais clássicos. Outro problema que repete-se é que Grê10x0, a exemplo de "1983, o ano azul", não consegue emocionar.
Cotação: bom
Chico Izidro
Supremacia Vermelha
Supremacia Vermelha, do colorado Fabiano de Souza, tem como ponto de partida o octacampeonato gaúcho obtido pelo time entre 1969 e 1976. Deste modo, o diretor escolheu oito Gre-Nais considerados os mais importantes para a história do Internacional, que desde 1945 superou o adversário em número de vitórias.
O filme é mostrado em forma de documentário, catando depoimentos de torcedores, por excelência extremamente fanáticos, de ex-jogadores e dirigentes. Em relação as imagens de clássicos, Supremacia Vermelha deixa a desejar, principalmente em relação aos Gre-Nais disputados nos anos 1970. Talvez por motivos de direitos de imagens, vemos na tela apenas fotos e a narração de alguns gols da poderosa máquina dirigida por Rubens Minelli.
Entre os clássicos escolhidos, estão o da inauguração do Olímpico, onde o Internacional enfiou 6 a 2 no Grêmio, o do gol mil de 2004, quando da estreia de Fernandão. Este dérbi também é considerado emblemático, pois a partir dele o clube do Beira-Rio começou a caminhada para conseguir seus principais títulos internacionais.
Fabiano de Souza também relembra o Gre-Nal do Século, disputado em fevereiro de 1989, mas válido pelo Brasileirão do ano anterior. E o do 5 a 2 em 1997, ganho pelo Internacional no estádio Olímpico, numa tarde iluminada de Fabiano, que aparece dando seu depoimento.
Supremacia Vermelha perde pontos também nos depoimentos extremamente radicais de alguns de seus torcedores. Por mais que tentem ser engraçadinhos, debochados, acabam por fazer provocações desnecessárias, que podem criar mais animosidade do que já existe entre as torcidas.
Cotação: regular
Chico Izidro
O solteirão
O Solteirão, de Brian Koppelman e David Lieven, é mais um daqueles filmes cujo título nacional é totalmente equivocado. Quem o vê, acha ser uma comédia e acaba fugindo do cinema e, evidente, quando for lançado nas locadoras, vai enganar muita gente.
No original, o filme estrelado por Michael Douglas (Wall Street - o dinheiro nunca dorme) chama-se Solitary Man, ou O Solitário. E não tem nada de comédia. É um drama intimista, por vezes caindo na mais profunda depressão.
O Solteirão retrata a vida do sessentão Ben Kalmen, que após se divorciar da mulher, Nancy (Susan Sarandon, que mais uma vez vive uma corretora de imóveis, assim como em Wall Street), passa a transar com meninas com a metade de sua idade, inclusive com a filha de sua namorada, o que vai lhe acarretar sérios problemas. Ben é um vendedor de carros e bom de lábia, mas não sabe reconhecer que, às vezes, ultrapassa os limites do bom senso. Ele tem como melhor amiga sua filha, Susan (Jenna Fisher, da série The Office), que costuma bronquear com o pai, que vive sem dinheiro e deixando de cumprir compromissos com o neto.
Michael Douglas, que atualmente encontra-se em tratamento contra o câncer, mostra-se excelente, ainda mais na pele de um personagem muito parecido com ele. Lembrem-se de que Douglas, 66 anos, é casado com a beldade Catherine Zeta-Jones, 40 anos.
cotação: bom
Chico Izidro
Dois Irmãos
O cinema argentino se destaca pelos temas intimistas e quase sempre acerta em cheio. É o caso de Dois Irmãos, direção de Daniel Burman, que também esteve à frente dos bons Ninho vazio e O abraço partido.
Em Dois Irmãos, observamos o cotidiano de Marcos (Antonio Gasalla) e Susana (Graciela Borges). Os dois estão na faixa dos 60 anos e são pessoas solitárias. Ele, um discreto gay, passou a vida cuidando da mãe, enquanto que a irmã, uma perua escandalosa, percorre Buenos Aires olhando apartamentos que nunca vai comprar. Quase uma obsessão ou seria tara? Quando da morte da octgenária mãe, os dois que não mantém um bom relacionamento, se vêm obrigados a conviver um com o outro.
Marcos, tendo a casa de sua mãe sendo vendida, acaba se mudando para uma pequena vila no Uruguai,Vila Laura, onde tentará se enquadrar socialmente, participando de um grupo teatral, mas sofrendo com o pouco afeto de Susana.
Gasalla, um famoso comediante na Argentina, e Graciela Borges são ótimos, mostrando que o cinema argentino é mesmo de excelência. Enfim, Dois Irmãos é para ser degustado, assim como um ótimo vinho de Mendoza.
cotação: bom
Chico Izidro
Instinto de Vingança
Instinto de Vingança, concorre disparado ao título de pior filme do ano. Incrivelmente, a trama de mistério foi dirigida por Michael Cuesta, que assinou episódios de Lost (série que amealhou milhões de fãs por todo o mundo e que não acompanhei) e True Blood. A premissa, partindo de um conto de Edgar Alan Poe, é interessante.
Um homem recebe um coração em transplante, mas as coisas começam a dar errado, pois o órgão foi doado por uma pessoa que acabara de ser assassinada. E o personagem de Josh Lucas (Poseidon) sai matando os responsáveis pelo crime. Terry Bernard também é um pai solteiro, cuja filha tem problemas físicos e é tratada pela médica Elizabeth (Lena Headey, de 300 e da série ), que começa a namorá-lo. Enquanto comete os assassinatos, Terry passa a ser perseguido pelo policial Phillip van Doren (Brian Cox, de O últimato Bourne), talvez o único a se salvar no filme.,
O problema é que Instinto de Vingança não anda. Em 10 minutos, o pobre espectador sente que entrou numa roubada. O suspense é mínimo, as atuações são constrangedoras e a história tem falhas brutais de estrutura. E o final, bem, o final é completamente inverossímil.
cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, outubro 14, 2010
Tropa de elite 2
Em Tropa de Elite 2, de José Padilha, a violência continua lá, explícita. Mas desta vez o Capitão Nascimento, depois de uma frustrada tentativa de impedir um motim em Bangu 1, sai das ruas, põe terno e gravata e vai para os gabinetes. Se em Tropa de Elite 1, a luta do Bope era contra os traficantes, agora outros vilões são combatidos: os políticos corruptos e os milicianos (policiais que tomam o poder nas favelas através da violência).
Nascimento, em mais uma atuação elogiável de Wagner Moura, é promovido a Tenente-Coronel e vai trabalhar no setor de espionagem da Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Além de seus inimigos conhecidos, ele também tem outros fantasmas para brigar: o ativista dos direitos humanos Fraga (Irandhir Soares, de Viajo porque preciso, volto porque te amo e de grande atuação) e que ainda por cima casa com a sua ex-mulher, Rosana (Maria Ribeiro), e a distância emocional do filho (Pedro van Held), que acredita ser o pai um assassino. Nascimento também afasta-se de seu amigo André (André Ramiro), que bate de frente com o comando da polícia por seu radicalismo e por isso é afastado do Bope, sendo transferido para uma companhia de policiais considerados corruptos, como Fábio (o espetacular Milhem Cortaz).
O melhor de Tropa de Elite 2, no entanto, está na atuação de Sandro Rocha como o corrupto e violento Russo. No primeiro filme, ele tem uma rápida participação, mas que marcou, aquela da frase "se você quiser rir, tem de me fazer rir". Aqui, ele é um assassino cruel, que não dispensa a arma nem durante uma pagodeira regada a cerveja na presença do governador carioca numa vila num sábado à tarde. Evidente que nesta cena José Padilha deu uma exagerada. Mas isso não diminuiu Tropa de Elite 2, pelo contrário. Retrata tão bem a corrupção e a violência infiltrados na sociedade brasileira.
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