quarta-feira, dezembro 15, 2010

Tetro



Todos nós, fãs de Francis Ford Coppola, sempre esperamos a cada lançamento de um um filme seu um novo O Poderoso Chefão ou um Apocalipse Now. Mas lá no fundo sabemos que isto jamais se repetirá. Não que ele tenha se tornado um cineasta menor. Pelo contrário. Continua um grande diretor, porém seus filmes não produzem mais o impacto de antes.
Tetro, por isso, é decepcionante. Situado em Buenos Aires, numa bela fotografia em preto & branco (as cores só aparecem quando os personagens relembram o passado), conta a história do escritor bloqueado Tetro (Vincent Gallo), que recebe a visita do irmão mais novo, Benni (Alden Ehrenreinch). O garoto quer saber o por que de Tetro ter abandonado a família e se jogado no mundo, indo parar na capital argentina, onde se casou com a psiquiatra Miranda (Maribel Verdú).
Coppola contou que o roteiro surgiu de memórias de sua infância, onde tinha um distanciamento de seu irmão mais velho. Mas segundo ele, só vai até aí as coincidências. O resto é ficção.
Tetro é uma pessoa amargurada, fechada, que não deseja falar do passado e considera a presença do irmão caçula como nociva.
O filme de Coppola até tem um bom início, trazendo um certo ar de mistério para a dificuldade de relacionamento entre os dois irmãos, que ainda carregam o drama de serem filhos de um egocêntrico músico, Carlo Tretocini (o sumido ator alemão Klaus Maria Brandauer, de Entre dois amores e Coronel Redl). Porém a partir da metade de Tetro, o diretor perde a mão. Ao invés de ser original, ele tenta copiar o clima dos filmes de Almodovar (inclusive escalando num dos papéis uma atriz-fetiche do espanhol, Carmen Maura). Fellini também é citado. Só que Coppola não consegue captar o clima das obras dos colegas, transformando Tetro num decepcionante dramalhão.
cotação: regular
Chico Izidro

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