quinta-feira, junho 21, 2012

Os Acompanhantes




Manhatan é uma fábrica de fazer loucos. O melhor filme underground sobre esta região de Nova Iorque talvez seja "Perdidos na Noite", com Dustin Hoffman e Jon Voight. Em "Os Acompanhantes", direção de Shari Springer Berman e Robert Pulcini, os tipos estranhos ganham forte destaque. Ainda mais quando o protagonista é o weird Paul Dano, o irmão silencioso de Pequena Miss Sunshine.

Dano é o professor de literatura Louis Ives, que perde o emprego numa faculdade, e se muda para Nova Iorque. Obcecado pelos anos 1920, principalmente F. Scott Fitzgerald e seu O Grande Gatsby, vai morar num apartamento de um sessentão pobretão, mas que tenta parecer viver como rico, Henry Harrison (um excelente Kevin Kline). Henry conhece as pessoas certas. Então sempre recebe convites para coquetéis, jantares e usa de artimanhas para assistir óperas gratuitamente. Os dois acabam tendo um convívio meio conturbado, mas instigante.

Louis, além de sentir viver em época errada, tem um incrível desejo de se travestir. E isso trará consequências meio bizarras para sua vida. Solitário e tímido, Louis vai trabalhar numa revista ecológica chamada Terra, assim mesmo em português, o que lembra a falecida revista brasileira, que fez sucesso no final da década de 1990. E na redação, encanta-se pela esnobe e um que de interesseira Mary Powell (Katie Holmes, a senhora Tom Cruise).

"Os Acompanhantes" trata da solidão numa grande cidade, de deslocados que não conseguiram encontrar o seu espaço. Lembra muito aquelas comédias de humor negro setentistas, cujo melhor exemplo é "Ensina-me a Viver".

Paul Dano é um ótimo ator, com um rosto propício a interpretar tipos estranhos, como o já citado irmão silencioso, ou o fanático religioso de Sangue Negro. E ao lado de Kevin Kline, outro excelente ator, "Os Acompanhantes" só fica mais divertido. E fica mais engraçado com John C. Reilly, o melhor coadjuvante do cinema atual. Aqui ele faz um tipo completamente doido, um gigante barbudo e silencioso, que apenas observa Louis e Henry. E quando interage com eles, uma surpresa hilariante.

Cotação: bom
Chico Izidro

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