sábado, maio 26, 2018
“Hans Solo – Uma História Star Wars” (Hans Solo – A Star Wars Story)
Harrison Ford eternizou no cinema dois grandes personagens, o arqueólogo aventureiro Indiana Jones e o mercenário intergalático Hans Solo na cinessérie Star Wars. Agora este ícone tem suas origens contadas no longa “Hans Solo – Uma História Star Wars” (Hans Solo – A Star Wars Story), dirigido pelo veterano Ron Howard, que substituiu os demitidos Phil Lord e Christopher Miller, que não conseguiram contentar os produtores com o material que estava filmado.
Para o papel de um jovem Hans Solo foi escalado Alden Ehrenreich, de “Dezesseis Luas”, “Blue Jasmine” e “Ave Cesar” – tarefa árdua para o jovem de 29 anos tentar repetir o sucesso de Ford e o jeito cínico do personagem. Ele até não se sai mal no papel do órfão criado num planeta arrasado, ao lado da também órfã Qi’ra (Emilia Clarke), a quem jura defender e por quem é secretamente apaixonado, além de se tornar um piloto excepcional a se aventurar pelas galáxias.
Solo vai se envolver com um grupo de mercenários liderado pelo esperto Beckett (Woody Harrelson), vai conhecer seu inseparável amigo Chewbacca (Joonas Suotamo) e o inconfiável dono da Millenium Falcon (que passaria para as mãos de Solo), Lando Calrissian (Donald Glover, das séries Community e Atlanta) em busca de um combustível essencial na luta contra o império. Apesar do visual bonito e das belas cenas de batalhas, aliás de tirar o fôlego, “Hans Solo – Uma História Star Wars” ((Hans Solo – A Star Wars Story) é capenga por culpa de seu roteiro, do mais do mesmo, onde os personagens são inconfiáveis, sempre mudando de lado, traindo uns aos outros, chegando a ficar insuportável em determinado momento. Faltou um melhor cuidado.
Duração: 2h15
Cotação: regular
Chico Izidro
“Tropykaos”
“Tropykaos”, do diretor baiano Daniel Lisboa, pode ser classificado como uma viagem lisérgica e beirando o realismo fantástico, principalmente em sua parte final, na qual não irei adiantar aqui (seria demais dar este spoiler!). A trama se passa numa quente e sufocante Salvador à véspera de um carnaval, onde o poeta Guima (Gabriel Pardal) deve entregar um livro para a sua editora. O problema é que sofrendo com o calor asfixiante da cidade, ele não consegue produzir nada. Ele fracassa ao tentar renegociar o contrato.
E a situação vai piorando aos poucos, quando por falta de pagamento, vê a energia de seu modesto apartamento ser cortada. Após negociar com os funcionários da empresa de energia elétrica, o ar-condicionado passa a ser o problema, quando estraga. Guima se desespera, tem de conseguir a grana para pagar o conserto do aparelho – então conhecemos a origem do poeta, que apesar de viver à beira da pobreza, é um rapaz de classe média, que deixou a segurança do lar dos pais para viver de sua arte. Ele busca o auxílio da mãe, uma senhora trancada em um belo apartamento, mas que se vê impossibilitada de ajudar o filho.
Por vezes “Tropykaos” perde o ritmo, se mostrando cansativo, mas é uma obra em que ficamos angustiados em querer saber o que acontecerá com Guima e sua busca para se safar do calor. Quase em sua parte final, o filme se perde em um momento onde tenta brincar com a influência das igrejas na vida das pessoas, mas o seu término é poético, digno das obras fantásticas criadas nos anos 1960. O novato Gabriel Pardal se destaca, com uma atuação extasiante, desesperada, conseguindo transmitir todo o terror vivido por seu personagem.
Duração: 1h22
Cotação: bom
Chico Izidro
“O Processo”
A primeira olhada dá a impressão de ser a transposição para a telona do clássico de Franz Kafka, mas não “O Processo”, documentário da roteirista e diretora Maria Augusta Ramos, retrata o impeachment que sofreu a presidente Dilma em 2016, ou seria golpe?
A obra tenta ser parcial, mas nota-se leve simpatia pela primeira mulher a presidir o Brasil entre 2011 e o ano de seu impeachment. O documentário é direto, não trazendo uma única entrevista, sem trilha sonora – o que escutamos na tela são os barulhos dos corredores do Senado, e das ruas, turbulentas. Tudo começa no dia da votação que derrubou Dilma, onde são mostrados os votos de alguns dos políticos, sejam contra ou a favor dela. Tem espaço até para o patético Jair Bolsonaro, atual pré-candidato à presidência, e sua elegia aos torturadores, principalmente o monstro Brilhante Ustra e a gaúcha Maria do Rosário denunciando o golpe.
É uma edição de momentos daquele período turbulento, com imagens de arquivo ou de a documentarista seguindo os passos dos deputados pelos corredores do Congresso. Mas não tem entrevista. Aliás, os personagens não são nomeados, como tivéssemos a obrigação de conhecer a todos, mas tanto a direita, destacando a advogada Janaina Paschoal, quanto a esquerda ganham espaço, principalmente Lindbergh Farias e Gleisi Hoffman. Mas são apenas detalhes.
Duração: 1h42
cotação: bom
Chico Izidro
“A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro”
Gaúcho nascido em Passo Fundo em 1941, Tarso de Castro teve vida breve, encurtada por causa da cirrose, que o vitimou em 1991, com apenas 49 anos. Mas foi uma vida intensa, retratada no ótimo documentário “A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro”, dirigido por Leo Garcia e Zeca Brito.
Jornalista ativo, criador dos jornais Pasquim, Enfim, O Nacional e do suplemento da Folha de S. Paulo Folhetim, Tarso de Castro pensava muito pouco nele e mais nos amigos, inimigos e desconhecidos, a quem costumava ajudar, sem pensar no dia seguinte. Crítico feroz da Ditadura Militar, foi também namorador serial, tendo no currículo namoro até com a atriz Candice Bergen, entre outras beldades.
O documentário traz imagens de época, dele e de outros jornalistas com quem conviveu, como por exemplo Paulo Francis, Jaguar, Roberto D’Ávila e de seu filho João Vicente, um dos criadores do Porta dos Fundos. Esse fato é lembrado no documentário, quando se constata o quanto Tarso de Castro, considerado um dos maiores jornalistas do país em todos os tempos, atingiu no máximo uns dois milhões de leitores – o Pasquim, no auge do sucesso, vendia 250 mil exemplares, que tinha o público estimado. E João Vicente, com as esquetes do PF alcança mais de 20 milhões de visualizações.
O documentário não é chapa branca, mas não se encontram vozes discordantes ou que não gostavam de Tarso de Castro – mas isso não é uma falha, apenas retrata um fato de que ele era uma pessoa amada por seus pares.
Duração: 1h29
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Deadpool 2”
“Deadpool 2”, dirigido por David Leitch, é um belo exemplo de como uma sequência deve funcionar, sendo tão bom quanto o primeiro, em nenhum momento perdendo o pique e fazendo com que queiramos mais. E é o papel da vida de Ryan Reynolds, com direito a piada sobre sua escolha fracassada em protagonizar “Lanterna Verde”, em 2012.
O personagem falastrão e com superpoderes que o impedem de morrer, desta vez está desolado pela perda de sua amada, Vanessa (Morena Baccarin). Desejando ter sido pai, Deadpool vai conhecer o adolescente Russel (Julian Dennison), mutante com o poder do fogo, e que deseja ser o maior vilão de todos os tempos. Vindo do futuro, Cable (Josh Brolin) tem a missão de matar o moleque, mas Deadpool vai formar um supergrupo de heróis para proteger e tentar mudar a mentalidade do garoto.
E dê-lhe piadas por segundos, uma delas com Deadpool sarrando Brolin, que no filme “Os Vingadores” é o vilão Thanos, e este fato é lembrado, hilário. O grupo formado por Deadpool é formado por um bando de loosers, e o que acontece com eles, numa sequência arrasa-quarteirão é outro momento de tirar o nosso fôlego, de tanta risada que damos.
Outro destaque é o garoto Russel, que detesta o mundo por rejeitá-lo, já que ele é gordinho, e assim vítima de bullying, sendo que nunca se viu super-herói gordo, e assim ele está fora dos padrões. Um dos melhores filmes de super-heróis dos últimos tempos.
Duração: 2h
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Desejo de Matar” (Death Wish)
A franquia ficou famosa nos anos 1970 e 1980 tendo o astro Charles Bronson (1921-2003) como o protagonista, o arquiteto que tem a mulher e a filha serem mortas, partindo para a vingança, matando todo o criminoso que aparecesse na sua frente. “Desejo de Matar” estreou em 1974, tendo mais quatro continuações, até 1994, já virando piada de si mesmo, mas sempre pregando a pena de morte.
Pois agora é lançado um remake, “Desejo de Matar” (Death Wish), dirigido pelo mestre do trash Eli Roth, tendo Bruce Willis como o protagonista Paul Kersey, agora não mais um arquiteto. Nesta nova versão ele é um médico bem sucedido, casado com Lucy (Elisabeth Shue, ainda muito linda) e com uma filha prestes a ir para a faculdade. Tudo muito lindo, idílico, até que numa noite ele sai para um plantão no hospital e as duas mulheres de sua vida ficam sozinhas em casa. Claro que acabam sendo atacadas por um bando de ladrões, e Lucy acaba morrendo (olha o spoiler aí).
Paul entra em um processo de depressão, depois aceitação, até que certa noite após adquirir ilegalmente uma pistola, sai para as ruas e começa a agir como um vigilante vingador, matando todo o marginal que lhe cruza à frente. E na mente, o desejo de matar os caras que vitimaram a sua esposa e deixaram sua filha em coma. Claro que nos tempos atuais, a produção teve o cuidado de incluir na trama o uso das redes sociais e dos vídeos – é através deles que Paul Kersey aprende a usar uma arma.
Um adendo em relação ao título do filme, traduzido erroneamente no Brasil: Death Wish em uma leitura correta seria desejo de morrer e não de matar. Explicando, como não tem mais nenhum prazer na vida, tanto fez, tanto faz para o protagonista sair por aí, descuidado, matando gente. Se morrer, tudo bem, se matar melhor. E claro, o filme continua sendo pró pena de morte. E Bruce Willis está ótimo no papel do vingador, provavelmente abrindo uma nova franquia em sua carreira, depois de “Duro de Matar”.
Duração: 1h49
Cotação: bom
Chico Izidro
“Acertando o Passo” (Finding Your Feet)
O filme é até bonitinho, mostrando personagens entrando na Terceira Idade, belas imagens, mas não há nada que já não tenha sido visto nofilme inglês “Acertando o Passo” (Finding Your Feet), dirigido por Richard Loncraine. A trama mostra o renascimento na vida da socialite Lady Sandra Abott (Imelda Stauton). Após 40 anos de casada, ela descobre no dia da aposentadoria do marido, que ele a trai com a melhor amiga há cinco anos.
Arrasada, Sandra decide deixar tudo para casa e procurar a irmã mais velha, a riponga Bif (Celia Imrie), que parece viver ainda nos anos 1970, e participando de um grupo de dança, coisa que Sandra deixou de praticar quando se casou. E ela se tornou uma mulher esnobe, fria, até começar a mudar o comportamento ao conhecer o faz tudo Charlie (Timothy Spall), cuja mulher está internada numa clínica, vítima do Mal de Alzheimer.
Não é difícil imaginar o que vai se suceder, com direito a uma personagem muito querida na história estar com câncer terminal, e o casal de pombinhos, a certa altura da história se desentender. Mas claro que virá o arrependimento, com direito a correria no final do filme, com um dos personagens em desabalada carreira para evitar que o amado viaje sem ela! Clichês em cima de clichês. O que salva são os personagens simpáticos, mas nada de novo.
Duração: 1h51
Cotação: regular
Chico Izidro
quinta-feira, maio 10, 2018
“Guarnieri”
Esta semana está especial destacando dois grandes atores brasileiros. O primeiro é o documentário “Todos os Paulos do Mundo”, trazendo a trajetória do gaúcho Paulo José. E tem também “Guarnieri”, documentário que mostra a vida do grande intérprete, escritor, dramaturgo e diretor Gianfrancesco Guarnieri, e dirigido por seu neto Francisco Guarnieri. A obra se mostra urgente, afinal neste ano se completam os 60 anos da magistral peça “Eles Não Usam Black-Tie”, que originou o filme homônimo em 1981, em plena época da ditadura militar.
Nascido em Milão, na Itália, em 1934, veio com apenas dois anos para o Brasil com a família, que fixaria residência em São Paulo já nos anos 1950, depois de um período no Rio de Janeiro. Gianfrancesco se destacou pelo teatro engajado de esquerda, mas que não o impediu de trabalhar na Rede Globo, como mostra trecho de uma entrevista concedida ao programa Roda Viva, da TV Cultura. Aliás, o documentário é rico em imagens de arquivo, trazendo trabalhos no cinema, teatro e televisão entre os anos 1950 e 1990.
Ativo na política, através de suas obras, Guarnieri é lembrado no trabalho como um pai ausente pelos filhos Flávio e Paulo, atores de sucesso nos anos 1980. “Nosso pai não estava lá para brincar comigo, me confortar. Mas penso que estava naquela hora ajudando os outros, o mundo. E isso é algo extraordinário”, diz um dos filhos, ao lembrar da figura paterna. Gianfrancesco morreu em 2006.
Duração: 1h11
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Todos os Paulos do Mundo”
O gaúcho de Lavras do Sul Paulo José é um homem de sorte. Ao avisar os pais que não pretendia mais ficar na faculdade de arquitetura e que desejava ser ator, ouviu do patriarca: “Então você não pode mais ficar nesta casa”. Paulo acreditou que estava sendo expulso, mas não, o seu pai estava avisando que se fosse ser ator, deveria buscar um centro maior para seguir na carreira. E acrescentou: “E eu irei lhe ajudar”.
Assim, Paulo José chega agora aos 81 anos de uma das carreiras mais significativas na área de atuação no Brasil. Sua vida é resgatada no documentário “Todos os Paulos do Mundo”, direção de Gustavo Ribeiro e Rodrigo de Oliveira, e que faz trocadilho com um dos principais filmes protagonizado pelo gaúcho, “Todas as Mulheres do Mundo”, sucesso em 1966, dirigido por Domingos de Oliveira e com a musa Leila Diniz.
O documentário mostra um retalho de filmes e séries onde Paulo José trabalhou, e ele mesmo é um dos narradores do documentário, que tem ainda as vozes de Fernanda Montenegro, Mariana Ximenez, entre outros. Paulo José convive há quase meio quarto de século com o Mal de Parkinson, mas a doença é pouco explorada. Afinal, pouco importa, pois não tirou a capacidade de trabalho do excepcional ator, que foi casada com outra musa, Dina Sfat. e trabalhou em obras seminais como “Macunaíma” (1969), “Edu, Coração de Ouro” (1967), “Anahy de Las Missiones” (1997), “O Palhaço” (2011), foi o narrador de “Ilha das Flores” (1989) e na série global “Shazam e Xerife” (1972/1974), uma das minhas preferidas quando criança.
Afinal, se Paulo José é um homem de sorte, nós somos cinéfilos de sorte por ter podido acompanhar uma carreira excepcional e prolífica de um ator único. Documentário obrigatório.
Duração: 1h20
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Esplendor” (Hikari/Radiance)
Há poucas semanas estreou o fraco “Teu Mundo Não Cabe em Meus Olhos”, filme brasileiro que mostra um cego que resiste à ideia de voltar a enxergar, mas que traz atuações toscas e uma edição amadora. Já no início do ano “Por Trás de Seus Olhos”, mostrava a história de uma mulher cega que recuperava a visão e começava a questionar seu casamento. Pois os dois são uma mostra de como tratar um assunto sem convicção, ainda mais se compararmos ao japonês “Esplendor” (Hikari/Radiance), direção de Naomi Kawase. Este sim belo e emocionante, e com atuações sublimes.
A única diferença nesta obra que o protagonista não está ganhando a visão, ele está perdendo. E pior, é um fotógrafo profissional, Masaya (Masatoshi Nagase). A cegueira progressiva que vai tomando conta de seus olhos o está transformando em um homem amargurado e raivoso. Do outro lado da história temos a jovem Misako (Ayame Misaki), que trabalha com descrições audiovisuais para deficientes visuais. Ela oferece a quem não pode enxergar uma oportunidade de sentir emoções e o que está acontecendo ao redor com suas narrativas emotivas, abrindo espaço para que os cegos possam imaginar aquilo que não veem.
Masaya se mostra arredio ao trabalho da garota, que claro, fará de tudo para que ele seja mais receptivo. Os dois até iniciam um relacionamento nesta obra sensível, bela e imperdível.
Duração: 1h41
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“A Noite do Jogo” (Game Night)
Realmente ando perdendo a paciência para certos tipos de filmes, como por exemplo esta comédia intitulada “A Noite do Jogo” (Game Night), dirigida por Jonathan Goldstein e John Francis Daley, que até rende umas piadinhas aqui e ali. Mas no final é mais um besteirol preso em clichês.
O casal Max (Jason Bateman) e Annie (Rachel McAdams) adora jogos de adivinhação, fazendo noitadas com os amigos. Os dois também se conheceram assim, em um bar e tiveram uma conexão imediata – isso é mostrado logo nos primeiros momentos. As coisas ficarão um pouco estranhas quando o irmão mais velho e melhor sucedido de Max, Brooks (Kyle Chandler) aparece e sugere um tipo de jogo mais intenso, onde os três casais presentes participarão da encenação de um sequestro e deverão buscar pistas para solucionar o crime. Todos acham a ideia sensacional, e quando Brooks é levado à força por dois brutamontes, acham que é uma bela encenação.
Só que de repente se dão conta que aquilo é mais do que uma brincadeira, e que algo de grave está realmente acontecendo. E aí que a coisa desanda. Os personagens começam a falar de forma compulsiva, soltando asneiras a torto e direito, cenas de tiroteio ou de um casal que fica discutindo porque a mulher teria tido um relacionamento com um ator famoso dez anos antes, e eles ficam neste blá-blá-blá interminável.
E sem contar a pegadinha de que nada o que parece ser, é. Reviravoltas aqui e acolá e Jason Bateman com uma eterna cara de pateta – o ator até hoje só funcionou para mim nas séries “Arrested Development” e “Ozark”. No resto, é desperdício completo. Cansativo.
Duração: 1h40
Cotação: ruim
Chico Izidro
quinta-feira, maio 03, 2018
“Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”
Para começar, já tinha visto a mesma história no filme “À Primeira Vista” (At First Sight), de 1999, com Val Kilmer e Mira Sorvino. A mesma história, e com melhores atuações. Aqui, em “Teu Mundo Não Cabe Nos Meus Olhos”, direção de Paulo Nascimento, nem tem a coragem de se vender como um remake. A obra brasileira tenta se passar por original, e não é.
Na história, passada em São Paulo, acompanhamos o dia a dia do pizzaiolo Vitorio (Edson Celulari), cego de nascença, e que é dono de uma pizzaria no bairro do Bixiga. Ele é casado com a argentina judia Clarice (Soledad Solamil, de O Segredo dos Seus Olhos) e tendo como melhor amigo o funcionário Cleomar (Leonardo Machado), parceiro da sinuca e dos jogos do Corinthians, apesar de este ser gaúcho e torcer secretamente pelo Inter. Vitorio não se sente menos capaz por causa da cegueira, pelo contrário, é considerado um excelente profissional, e sua pizzaria vive lotada.
Mas Clarice, que abandonou tudo para ficar ao lado do marido, crê que existe uma possibilidade de ele voltar a enxergar através de um novo tratamento criado pelo oftalmologista Dr. Jantzen (Roberto Birindelli). Mas Vitorio se mostra contrariado em fazer a cirurgia, pois sente bem sendo cego, mas isto é visto como uma atitude egoísta, e ele passa a repensar. E quando faz o procedimento, se encontra em um mundo que não é o seu.
Até que a trama é bem esquematizada. O problema é que as atuações são fracas, diria mesmo decepcionantes, beirando a teatralidade, com diálogos fracos e repletos de clichês. Os atores parecem engessados em cena, deixando passar longe a naturalidade. Constrangimento alheio.
Duração: 1h40
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Os Fantasmas de Ismael” (Les Fantômes d’Ismaël)
O tema de “Os Fantasmas de Ismael” (Les Fantômes d’Ismaël), dirigido por Arnaud Desplechin, é muito interessante: o que acontece se sua esposa desaparece por 20 anos e quando você está conseguindo se estabilizar novamente, ela reaparece do nada? Pena que o diretor não consiga sustentar a trama, se perdendo em divagações e não sabendo explicar o sumiço da mulher, ou melhor, não explicando.
A história gira em torno de Ismaël (Mathieu Amalric), um cineasta que está preparando um novo filme – aliás, temos aqui um filme dentro de um filme. A sua obra trata sobre um espião-diplomata chamado Ivan (Louis Garrel), envolvido em uma missão secreta. Ao mesmo tempo, ele mantém um relacionamento com Sylvia (Charlotte Gainsbourg, que é boa atriz, mas carece de beleza, de muita beleza), e tem como melhor amigo o pai de sua ex-esposa, vivido com intensidade pelo cineasta e ator húngaro László Szabó, e protagonista das melhores cenas do filme, como uma em que tenta abrir uma garrafa de champanhe dentro de um avião.
Eis que então, do nada, Carlotta (Marion Cottilard), que havia sido declarada como morta há dez anos, reaparece e deixa Ismaël mais angustiado do que nunca. Afinal, por que ela sumiu, por que voltou agora depois de tanto tempo, e por que desestabilizar a sua vida, que começava a entrar nos eixos?
“Os Fantasmas de Ismael” (Les Fantômes d’Ismaël), apesar de trazer um assunto instigante e com boas atuações, se perde a muita divagação e devaneios do diretor, que enfim, não consegue encontrar uma solução final para sua obra, que se perde no meio do caminho.
Duração: 2h14
Cotação: regular
Chico Izidro
“Verdade ou Desafio” (Truth or Dare)
Adolescentes sendo caçados não por um assassino serial, mas por um espírito vingativo e cruel. “Verdade ou Desafio” (Truth or Dare), direção de Jeff Wadlow, tem muito da cinessérie “Premonição”, que teve um bom começo, mas aos poucos foi perdendo força e criatividade. Aqui falta força e criatividade, além de trazer atuações beirando o amadorismo.
Um grupo de colegas da faculdade decide passar um final de semana no México (!!!), onde são convencidos por outro rapaz a participar de um jogo, verdade ou desafio. OU seja, alguém aponta para você e pergunta: verdade? Aí você deve revelar algo muito secreto de sua vida. Ou desafio: então você deve praticar algum ato tresloucado. Só que sem saber, a garotada acaba sendo caçada por um ser sobrenatural, que passa a matar um por um caso não cumpram algumas regras do jogo, ou mesmo se cumprirem.
No início, até que aparecem alguns sustos. Mas aos poucos, a trama vai se tornando repetitiva, faltando imaginação, e pior, um ator que consiga fazer uma cara de medo ou de espanto. Sem contar os furos sequenciais. Fuja.
Duração: 1h40
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Vingadores: Guerra infinita” (Avengers: Infinity War)
Talvez seja a idade, sei lá, mas estes filmes de super-heróis, que tanto me emocionaram um dia, há cada dia começam a ficar sem muito sentido para mim. Vide que não achei nada demais, aliás, mais do mesmo em “Pantera Negra”. E “Vingadores: Guerra infinita” (Avengers: Infinity), direção de Joe e Anthony Russo, é mais do mesmo. Podem xingar bastante, mas são apenas duas horas de brigas, e mais brigas, e destruição, e barulho, e mais barulho, com espaço, de vez em quando para algumas piadinhas.
Claro que é um grande feito reunir diversos super-heróis da Marvel, todos ganhando espaço. Na história, os Vingadores devem combater o vilão Thanos (Josh Brolin), que depois de ver sua civilização Titã ser exterminada, decide reunir as Joias do Infinito para, assim, governar o mundo. E de certa forma, destruir metade dele – afinal todo o vilão quer dominar um mundo destruído. Por que está paranoia?
Então Thanos ameaça a própria existência da Terra, que deverá ser defendida por Thor (Chris Hemsworth), Capitão América (Chris Evans), Homem de Ferro (Robert Downey Jr), Dr. Estranho (Benedict Cumberbach), Pantera Negra (Chadwick Boseman), entre outros. Então vamos a duas horas intermináveis de lutas, lutas. Claro que os efeitos especiais são espetaculares e o final deixa um baita gancho para o próximo filme. Mas é para fãs de videogames.
Duração: 2h30
Cotação: regular
Chico Izidro
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