sexta-feira, janeiro 11, 2019

"Meu Querido Filho" (Weldi)




No ano passado, a BBC lançou uma série espetacular, em 4 episódios, intitulada "The State", que mostrava o que acontecia com jovens que decidiam se juntar aos terroristas do Estado Islâmico. Tem também o holandês Laila M., que mostra o destino de uma jovem que abandona a família para entrar no EI. Agora chega o tunisiano "Meu Querido Filho", direção de Mohamed Ben Attia (de “A Amante”), gerado após o diretor ter escutado no rádio o relato de um pai cujo filho entrou para a organização.

Na trama, o jovem Sami (Zakaria Ben Ayyed), o filho único de 19 anos de Nazli (Mouna Mejri) e Riadh (Mohamed Dhrif), está prestes a prestar vestibular, em Tunis. Mas às vésperas das provas, apresenta sintoma de estresse. O pai acha que o garoto está nervoso por causa dos testes, inclusive levando-o a um psiquiatra. Só que dias depois, Sami desaparece deixando apenas um bilhete dizendo que iria viajar para a Síria. Até então os personagens e o público não sabem o que aconteceu com o rapaz - mas é possível prever, quando em um banheiro durante uma festa, Sami assiste a um vídeo em seu celular.

Riadh, funcionário recém-aposentado do porto, entra em desespero e vai procurá-lo em todos os lugares onde acredita Sami possa estar. Vai na escola, no aeroporto, no psiquiatra, até que resolve vender seu carro, contrariando a mulher Nazli, com o objetivo de viajar para a Turquia, onde pretende entrar na Síria, para tentar encontrar seu filho.

O terrorismo do Estado Islâmico não é mostrado aqui em sua forma mais crua. Simplesmente é apresentado em como pode desestruturar uma família, de dentro para fora. A obra inicia lenta e aos poucos vai ficando intenso, mas nunca vemos cenas de guerra ou violência. Apenas o desespero de um homem que perde seu filho e não sabe como fazer para trazê-lo de volta. Cruel.

Duração: 1h44
Cotação: ótimo

Chico Izidro

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