sexta-feira, junho 17, 2016

"Chocolate" (Chocolat)



Não confundir com a bobagem protagonizada por Juliette Binoche e Johnny Depp em 2000. Este filme também intitulado "Chocolate" (Chocolat) é dirigido por Roschdy Zem e fala da vida circense e de racismo.

Ambientado no final do século XIX, conta a história do primeiro palhaço negro da França. Chocolate nasceu em Cuba, em 1868 e escapou para a França, onde vivia sem documentos e trabalhando num circo mambembe, onde fingia ser um canibal, até ser convidado pelo palhaço Footit para formar uma dupla cômica nos idos dos 1890.

A partir daí, eles fizeram sucesso e Chocolate, batizado Rafael Padilha, conheceu a fama, mas também o racismo. Jogador inveterado e mulherengo, atraiu tanto fãs quanto inimigos. Após conhecer um intelectual haitiano, Chocolate tomou conhecimento do preconceito e decidiu trabalhar sozinho, atuando na peça de Shakespeare "Otello". Ele morreu antes dos 50 anos, em 1917, vítima de tuberculose.

O carismático ator Omar Sy, de "Intocáveis" e "Samba" é quem dá vida a Chocolate, mostrando todo o seu talento. Outro grande destaque é a excelente atuação do ator suíço James Thierrée, neto de Charlie Chaplin, como o palhaço Footit. A direção de Roschdy Zem é muito competente e segura, recriando com perfeição a França da virada do século XIX para o XX.

Duração: 1h50min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Um Belo Verão" (La Belle Saison)



A história de "Um Belo Verão" (La Belle Saison), dirigido por Catherine Corsini, se passa no começo dos anos 1970, na França, que vivia uma época convulsionada politicamente e onde as mulheres começavam a exigir os seus direitos.

É nesse turbilhão que vai se encontrar a jovem Delphine (Izïa Higelin), que vivia numa fazenda ajudando os pais na lida diária. Mas ela é lésbica e mantém escondidos os seus relacionamentos por causa do conservadorismo local. Decidida a mudar de vida, ela se muda para Paris, onde encontra um grupo de mulheres feministas. E entre elas está Carole (Cécile de France), heterossexual e casada. Mas entre elas surge um intenso amor.

Porém um tempo depois, Delphine é obrigada a retornar ao campo, pois seu pai sofreu um AVC e ela precisa ajudar a mãe na fazenda. Carole decide seguir a companheira, mas o clima entre elas muda, pois Delphine parece se preocupar mais com os afazeres da fazenda do que com o amor entre elas, além do que permanece escondendo o romance, para desilução de Carole.

O filme tem uma boa direção e uma bonita fotografia, e as atuações de Izïa Higelin e Cécile De France são ótimas, sendo que as duas apresentam uma boa quimica. Porém a trama que focava em boa parte dele nas mudanças sociais daquele período são deixados de lado, preocupando-se mais no relacionamento e nas DR entre as duas personagens, transformando-se apenas num romance convencional em seu final.

Duração: 1h45min

Cotação: bom
Chico Izidro

quarta-feira, junho 08, 2016

"Invocação do Mal 2" (The Conjuring 2)




Continuações de filmes de terror não costumam funcionar muito. Vide casos como "O Exorcista", "A Profecia", "Poltergeist", "A Hora do Espanto", entre outros, que acabaram indo para o buraco em suas sequências. Pois não é o caso de "Invocação do Mal", que tem em "Invocação do Mal 2" (The Conjuring 2), dirigido por James Wan, um ótimo sucessor, acho que até mais assustador do que sua primeira parte.

A trama, baseada em fatos reais, segue novamente o casal Ed e Lorraine Warren (vividos por Patrick Wilson e Vera Farmiga) e que realmente existiu, registrando eventos paranormais pelos Estados Unidos nos anos 1960 e 1970. O caso aqui mostrado ocorreu em Londres em 1977, conhecido como o Caso Enfield, onde uma família passou a ser atormentada por um espírito maligno, afetando principalmente a filha mais nova, Janet, então com 11 anos.

Além de lidar com os ataques agressivos do tal espirito, o casal ainda tem de tentar contornar especialistas que acreditam tudo ser pura farsa - no caso de Londres, a garota estaria tentando chamar a atenção, enquanto que a mãe, Peggy (Frances O'Connor) é acusada de querer se livrar da casa e obter uma melhor do governo.

O filme funciona muito bem em sua função de dar sustos e arrepios. Vera Farmiga, da série "Bates Motel" mergulha em seu personagem, apavorado pela possibilidade de poder perder o parceiro. Mas destaque mesmo é o elenco infantil, principalmente a garotinha Madison Wolfe, que interpreta a atormentada Janet. Ela dá um banho de interpretação. Outro destaque é a seleção musical, destacando vários clássicos dos anos setenta - apenas um adendo: a música London Calling, do The Clash, que toca não havia sido ainda escrita em 1977. Ela é de 1980. Mas são detalhes.

Duração: 2h14min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Truque de Mestre: O Segundo Ato" (Now You See Me 2)



"Truque de Mestre: O Segundo Ato" ( Now You See Me 2), direção de Jon M. Chu, traz de volta a ação os mágicos auto-intitulados Os Quatro Cavaleiros. Esta sequência se passa um ano após os eventos passados na primeira parte, onde eles estão escondidos, aguardando por instruções de seu espião infiltrado no FBI, Dylan Rhodes (Mark Ruffalo).

Os cavaleiros são Daniel Atlas (Jesse Eisenberg), Merritt (Woody Harrelson), Jack (Dave Franco). No lugar de Isla Fischer, entrou a gata Lizzy Caplan, que vive a especialista em mortes fakes Lula. E tem ainda o mágico que está na prisão, Thaddeus Bradley (Morgan Freeman). A trupe prepara um espetáculo para desmascarar um empresário poderoso, mas acaba sendo sendo sequestrado por um outro milionário lunático, Walter (Daniel Radcliffe), em momento que por mais seja explicado ao longo do filme, é completamente inverossímel.

Walter quer que eles, com suas habilidades, roubem um cartão que tem a capacidade de acessar informações de qualquer computador no mundo!!!! E a coisa não anda, com momentos exagerados e outros que beiram o nonsense, apesar de ser um filme sobre mágicas. Sem contar que eles dão uma de Mr. M., e contam como alguns truques são praticados.

Nada funciona. E além do mais, Jesse Eisenberg não consegue abandonar uns tiques que já são característicos dele. Parece que está sempre interpretando o mesmo personagem, seja qual filme for. E Woody Harrelson vive dois papéis, sendo um deles o do irmão gêmeo de Merritt, que beira o caricato de tão irritante.


Duração: 1h55min

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, junho 02, 2016

"Rock em Cabul" (Rock the Kasbah)



O filme "Rock em Cabul" (Rock the Kasbah), dirigido pelo veterano Barry Levinson, é uma bagunça sem fim, repleto de personagens estereotipados e uma tentativa de mostrar a situação em que vivem as mulheres no medieval Afeganistão. Por fim, não se entende se é uma comédia ou um drama, além de ser arrastado.

A trama tem como personagem central Richie Lanz (Bill Murray), empresário mequetrefe acostumado a explorar pessoas que sonham em virar astros. Ele passa o tempo contando ter sido o descobridor de Madonna e ser amigo íntimo de vários astros do rock. Um dia, uma de suas clientes, Ronnie (Zooey Deschanel) recebe proposta para cantar para os soldados americanos que se encontram no Afeganistão. Richie e Ronnie partem para a zona conflagrada pela guerra, mas horas antes do show, ela some e leva todo o dinheiro e documentos dele.

De repente, a trama muda de foco e Richie se envolve num esquema de vendas de munição para uma tribo. E lá ele descobre uma jovem, que é excelente cantora, Salima (Leem Lubany). Apesar da contrariedade da família dela, por motivos religiosos, Richie leva a garota para Cabul, onde ela se apresenta num programa de calouros, tornando-se uma sensação. Para o bem e o mal. Afinal, apesar da bela voz, Salima é considerada uma infratora, por ser mulher e se apresentar em público. Daí passada a ser perseguida por fanáticos religiosos.


"Rock em Cabul" (Rock the Kasbah), então já se perdeu. Com seus personagens que aparecem e somem do nada, dos estereótipos - Bruce Wilis faz pela milionésima vez um mercenário durão e violento. E de comédia, fraca, apesar de contar com Bill Murray, que até tenta salvar a produção, o filme vira dramalhão, tentando fazer com que a plateia caia no choro numa apresentação de Salima.

Duração: 1h47min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos" (Warcraft)



"Warcraft - O Primeiro Encontro de Dois Mundos" (Warcraft), dirigido por Duncan Jones, é mais um filme originado dos games, assim como "Super Mario Bros.", "Lara Croft: Tomb Raider", "Need for Speed - O Filme" e "Street Fighter - A Última Batalha". E o ditetor, filho de David Bowie, tinha a difícil tarefa de fazer uma obra que agradasse a gamers e não-gamers. O visual é muito parecido com "O Senhor dos Anéis", mas aqui não temos os humanos como heróis e os orcs como vilões. Existem os dois tipos em todos os lados.

A trama começa quando os orcs, liderados pelo violento mago Gul'Dan, ao abrir um portal, chega a região de Azeroth, habitada por humanos. Os orcs querem destruí-los, mas entre eles está Durotan (Toby Kebbell), um chefe de clã que não apoia as intenções do líder e tenta fazer uma aliança com os humanos, que tem como principal figura o general Lothar (Travis Fimmel).

O que chama a atenção são as figuras dos orcs, criados digitalmente. Além disso, o filme conta com boas cenas de batalhas, mas nada que já não tenha sido mostrado em outros longas. O universo apresentado é até interessante, mas tudo tão prevísivel e sem desenvolvimento, que chateia.

Além do que acaba se tornando repetitiva a mostra de tantas lutas. Os fãs do jogo devem delirar, mas o público comum achará tudo muito tedioso.


Duração: 2h05min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Ponto Zero"




Responsável pelo clássico do curta-metragem brasileiro O Dia em Que Dorival Encarou a Guarda (1986), o diretor José Pedro Goulart apresenta agora seu primeiro longa-metragem, "Ponto Zero". O filme conta a história do adolescente Ênio (Sandro Aliprandini), que na escola é vítima de bullying e em casa sofre com a carência da mãe mãe (Patricia Selonk) e a ausência do pai (Eucir de Souza), um radialista que passa o tempo na rádio e depois indo para a noite.

A trama fala de amadurecimento, de crescimento. Na idade de Ênio começa a pintar o desejo sexual, e sem amigos e tímido, ele irá atrás de uma garota de programa, após roubar o carro do pai. É aí que faz sentido o tal ponto zero do título, pois a ação do garoto vai gerar uma série de problemas.

Eucir de Souza está muito bem no papel do pai de Ênio, mostrando muito bem como age alguém ausente e indiferente com a família. Sua cena, onde destaca a contrariedade de porque uma família deve estar o tempo todo junto é soberba. Patricia Selonk como a mãe também se destaca, uma mulher carente, beirando a depressão. Mas a nota 10 vai para o garoto Sandro Aliprandini, sósia do cantor John Perry, do Journey, e que consegue desenvolver um personagem complexo, mostrando todo um vazio existencial.

Muitos dos momentos do filme não apresentam diálogos, ressaltando a desesperança de Ênio. José Pedro Goulart também apresenta belas e surpreendentes imagens de Porto Alegre, principalmente da zona norte, onde se situa a Avenida Farrapos, local em que se passa boa parte da trama.


Duração: 1h34min


Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

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