quarta-feira, agosto 30, 2006

Miami Vice


Nos anos 1980, recordo que um dos poucos seriados que eu me dignava a parar na frente da tevê para assistir era Miami Vice, que passava às quartas-feiras no SBT, lá pelas 23h. Era fã de Don Johnson (James Sonny Crockett) e Philip Michael Thomas (Ricardo Tubbs), detetives disfarçados que lutavam contra o tráfico de drogas numa paradisíaca Miami. As músicas e as roupas marcaram época neste seriado, que foi ao ar entre 1984 e 1989. Ombreiras, cabelos "mullets"...Crockett morava numa lancha e tinha como bichinho de estimação um crocodilo. O chefão dos dois era o mau-encarado Edward James Olmos (de Blade Runner), com o rosto todo marcado pela varíola.
Agora, o "adorado" seriado vai parar no cinema. E ao contrário de outras incursões de enlatados para as telas, que lamentavelmente destruíram com os seus antepassados, como Perdidos no Espaço, Starsky e Hutch - Justiça em Dobro, A Feiticeira e As Panteras I e II (bem, este pelo menos até era um pouco divertido e tinha as belas Lucy Liu e Cameron Diaz e a engraçadinha Drew Barrymore), apesar de não ter o mesmo charme cool de seu irmão televisivo oitentista, é um "baita" filme. A dupla de policiais que se infiltram em duas quadrilhas de traficantes, uma latina e a outra de neonazistas para tentar capturar um chefão do tráfico, é formada por Colin Farrell (O Novato, Por Um Fio e O Demolidor) como Sonny Crockett e o oscarizado Jamie Foxx (Ray e Colateral), que interpreta Tubbs.
Se na série que originou o filme não havia tanta carnificina, agora ocorrem diversas cenas violentas. São tiros à queima-roupa, fuzilamentos, explosões. E tudo num ritmo muito rápido, mas o espectador tem tempo para respirar e se fixar na trama, por vezes complexa.
Mas sabemos que a dupla de heróis, por mais que se meta com os piores tipos de criminosos, vai sempre se dar bem - bem até demais, como o personagem de Farrell, que tem como par romântico (e para quem admira mulheres orientais como eu) um prato cheio chamado Gong Li (Lanternas Vermelhas e Adeus, Minha Concubina), esbanjando beleza.
Só que desta vez Sonny Crockett não mora numa lancha e aparece com um bigode e um cabelo comprido que lhe dá um ar de pistoleiro mexicano - ao contrário de Don Johnson, que estava sempre com a barba feita, de terninho e sapatos brancos e sem meias.
Faltaram a abertura e a musiquinha instrumental que marcaram a série. Quem viu, não esquece...cenas do cotidiano e da flora e da fauna da cidade do sul dos Estados Unidos, mais exatamente da Flórida.
Ah, Miami Vice tem a direção de Michael Mann, o homem por trás do seriado original. E ele teve a feliz idéia de não fazer homenagens idiotas, pois não deu nenhuma pontinha para os antigos atores da série. Ufa...Enfim, Miami Vice é um filme para ser visto e revisto, apesar de suas duas horas e meia de duração.

terça-feira, agosto 29, 2006

Vôo 93 (United 93)


Quem não se recorda do que estava fazendo na manhã de 11 de setembro de 2001? Só se você era muito pequeno ou estava em coma. Pois o 11 de setembro daquele ano marcou o início do século XXI com os ataques terroristas da Al Qaeda ao World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington D.C. Foram quatro aviões seqüestrados por fanáticos muçulmanos. Três chegaram ao seu intento. O quarto não. É a viagem deste avião que é retratado em Vôo 93 (United 93, de Paul Greengrass, que dirigiu um clássico político recente do cinema, Domingo Sangrento).
Eu me recordo como se fosse hoje daquele dia. Estava em casa, dormindo tranqüilamente, quando a minha namorada de então, aliás, descendente de árabes, me liga e me acorda. "Amor, estão atacando os Estados Unidos". Na hora não entendi nada, pensei que havia começado a Terceira Guerra Mundial. E a minha namorada: "Liga a tevê!".
Liguei e eu e ela ficamos o dia todo, eu em casa e ela em seu serviço, trocando impressões sobre os depois confirmados atentados e suas imagens assustadoras.
Muita gente vibrou por serem as vítimas, a maioria, norte-americanos, vistos como arrogantes pelo resto do mundo. Mas morreram pessoas de várias nações. E quem morreu, aliás, foram assassinados, eram seres humanos. E não tem como não se chocar com isso.
E Vôo 93 mostra, sem nenhuma gota de pieguice, o que ocorreu naquele avião que partiu do aeroporto de Newark, no estado de Nova Iorque em direção a cidade de San Francisco, na Califórnia, com 33 passageiros e sete tripulantes. Porém quatro dos passageiros eram terroristas prontos a morrer por uma causa infundada. Depois de matarem o piloto e o co-piloto, tomaram o controle do avião e pretendiam jogá-lo contra a Casa Branca ou o Capitólio, em Washington D.C.
Os passageiros do vôo, no entando, se insurgiram, depois de saber o que estava ocorrendo em outros lugares. Pois a viagem atrasou em meia-hora e eles estavam sendo avisados através de seus celulares sobre os outros ataques. E eles sabiam que morreriam.
As pessoas, ameaçadas pelos terroristas, um deles com uma bomba (falsa), começaram a ligar para seus entes queridos, se despedindo. Não há surpresa. Você sabe que o avião vai se espatifar numa área rural da Pensilvânia cerca de uma hora e meia depois de decolar. Ninguém sobreviveu. Só as suas vozes e suas memórias. Está tudo gravado.
Então o que fizeram? Decidiram atacar os terroristas, para evitar que eles conseguissem o seu intento. Conseguiram.
O filme é de um realismo tocante e uma boa sacada da produção: não utilizar atores conhecidos do grande público. São estranhos, assim como eram estranhas aquelas pessoas naquele vôo fatídico. E além disso, muitas pessoas que estavam trabalhando naquele dia nos aeroportos viveram seus próprios papéis. Muita gente vai chorar. E aviso. Se você tem o coração fraco, passe longe.

quarta-feira, agosto 23, 2006

Marcha dos Pingüins (por Carol Witczak)


"Na Antártida, sempre nos meses de março, centenas de pingüins fazem uma jornada de milhares de milhas de distância pelo continente a pé, enfrentando animais ferozes, temperaturas frias, ventos congelantes, através das águas profundas e traiçoeiras. Tudo para encontrar o amor verdadeiro." Essa é a matéria prima de um verdadeiro drama contado pelo diretor Luc Jacquet no documentário A Marcha dos Pingüins (La Marche de L'Empereur). O francês não havia nem imaginado que sua produção correria o mundo, mas a combinação dos fatores (um formato diferenciado, uma história ainda não contada, um cenário tão pouco visto, uma trilha sonora marcante), trouxe aos cinéfilos de todo o planeta sensações de desespero, esperança, de aprendizado e de comoção ao mesmo tempo.
Falta fôlego para explicar. Luc Jacquet é, na verdade, um biólogo e, possivelmente, seu maior interesse quando pensou em realizar esse trabalho estava no seu próprio desejo de observar os pingüins imperadores, animais que conseguem se reproduzir onde nenhum outro animal consegue sobreviver. Luc Jacquet, em seu primeiro documentário de longa-metragem, arrasa e encanta. Quem viu, se apaixonou. A obra é perfeita desde o início, a cada piscar de olhos uma nova foto magnífica se mostra e a trilha sonora, planejada pela ótima Émilie Simon, é também vibrante e intensa e traz artistas como Björk e Brian Eno. O cenário é a própria natureza, infinito de gelo e água, espaço sem nenhuma intervenção humana, apenas a dos atores do filme, os pingüins.
Na versão adaptada para o português, as vozes de Patrícia Pillar e Antônio Fagundes fazem uma bela adaptação. Mas em francês, com a narração de Charles Berling e e Romane Bohringer, a obra vale mais a pena, porque a mistura dos fatores já acima citados com essa língua, não tão comum aos nossos ouvidos como o português ou até o inglês, acabam por causar o arrepio na espinha de um drama de amor, de vida e de morte. Vale a pena alugar, ver, rever, comprar o DVD, o CD, o livro e o álbum!!

quinta-feira, agosto 17, 2006

A Criança (L'Enfant)


Um jovem casal, recém saído da adolescência, tem um filho não planejado. Sem dinheiro, sem rumo, sem ter onde ficar, vivem quase na miséria. A Criança é um filme de Jean-Pierre Dardenne e Luc Dardenne e mostra que não é só no Brasil que ocorrem problemas com jovens mal-preparados.
O rapaz, Bruno (Jérémie Renier) vive de pequenos golpes e acha qeu trabalhar é coisa de otários e não encara muito bem o nascimento do seu filho. Bruno vive um dia após o outro, sem se preocupar com o amanhã. Quando precisa de grana, dá um jeito de roubar e até mesmo mendigar. A jovem mãe, Sonia, quer voltar ao seu pequeno apartamento e cuidar do pequenino e ter Bruno, por quem tem um amor incondicional ao seu lado. Porém as coisas fogem de controle quando ele vende o garoto.
Bruno acaba perdendo o controle sobre sua vida, sobre os seus pequenos comparsas, garotos de 14 anos. Na realidade, a criança não é o filho de Bruno e Sonia, mas sim o próprio Bruno, que depois de ter a vida revirada, vai ter de crescer.

Terror em Silent Hill


Uma garotinha que sofre de sonambulismo costuma assustar os seus pais e sempre repete Silent Hill, Silent Hill... O que será Silent Hill, questiona a mãe da menina, Rose (Radha Mitchel, de Chamas da Vingança).
Então, apesar da contrariedade do marido, Chris (Sean Bean, de 007 contra Goldeneye), Rose parte com Sharon para Silent Hill, descobrindo que é uma cidade fantasma, destruída por um grande incêndio em 1974.
Terror em Silent Hill, direção de Christophe Gans, tem uma primeira parte interessante. Não considero terror e sim suspense. A garotinha some entre os prédios abandonados, numa cidade que está sempre coberta por cinzas e isolada completamente do mundo.
Porém na segunda parte, o filme dá uma guinada para a escatalogia pura e simples. Muito sangue, tripas, insetos pegajosos e correria, além do surgimento de um bando de fanáticos religiosos.
Não assusta ninguém. O diretor perdeu grande chance de fazer um belo filme de terror. Não fez nenhuma coisa nem outra. Assim como Rose, ele se perdeu no meio do caminho e não se achou mais.

domingo, agosto 13, 2006

Arquitetura da Destruição - DVD


Hitler era um megalomâniaco. Ponto. Alguém pode dizer: bah, o crítico descobriu a América ou a fórmula da pólvora. O líder nazista, todos sabem, foi pior do que Nero, ou todos os Césares juntos, Napoleão, Pol Pot, mas rivalizou muito com Stálin para ver quem era o mais satânico, e até mesmo com o ainda vivo Kim Jong-Il, ditador da Coréia do Norte. A guerra genocida de Hitler exterminou 50 milhões de vidas entre 1933 (ano em que subiu ao poder) e 1945. Foram 12 anos em que o mundo foi um inferno total.
Só que em Arquitetura da Destruição, lançado há pouco em DVD, com direção de Peter Cohen, e narração do ator austríaco Bruno Ganz (suíço que por ironia interpretou o fascista no fantástico A Queda), não nos é mostrado apenas que o ditador queria exterminar judeus, ciganos e eslavos.
Hitler tinha planos de construir cidades gigantescas, que durariam o período que ele sonhava para o seu reinado de mil anos. Linz, na Áustria, aonde ele foi criado, seria uma das privilegiadas com obras faraônicas e muito dos roubos das obras de arte que os nazistas vinham fazendo pela Europa - todo o botim que conseguissem colocar a mão, até garrafas de vinho, quadros e tapetes iriam decorar a cidade. Outra localidade que seria privilegiada seria Berlim, a capital do Terceiro Reich - que se transformaria na maior cidade do planeta.
Além disso, Hitler e seus asseclas sonhavam com um mundo onde só os fortes, leia-se arianos, sobreviviriam. Os fracos pereceriam - leia-se exterminados, seja pelo trabalho escravo, por fuzilamento e nos campos de extermínio. As cenas de matança de doentes mentais e judeus, estes comparados a ratos, mostradas no filme ainda conseguem chocar, apesar de muita gente dizer que o tema se esgotou. Por mim, tem de se mostrar para todas as gerações, "ad eternum" para que tais bárbaries não se repitam - infelizmente isso é utópico, pois é só olhar o noticiário da tevê por breves instantes.
A cineasta Leni Riefensthal também foi figura importante no regime, fazendo filmes em que glorificava o regime nazista - dois de seus filmes são clássicos, apesar do que pregavam - Olimpia e Triunfo da Vontade, que são citados em Arquitetura da Destruição. Aliás, você pode comprar Triunfo da Vontade em qualquer banca de revista. Eu comprei, vi e confesso, vomitei até não poder mais.
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Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio


Você é fã de automobilismo, pegas na Avenida Princesa Isabel ou na Ipiranga? Então vá correndo assistir Velozes e Furiosos - Desafio em Tóquio. Este o terceiro filme da série, que iniciou sendo protagonizada por Vin Diesel. Se os dois primeiros volumes já eram de doer, este terceiro tem um dos piores roteiros dos últimos tempos. O que vale mesmo no filme dirigido por Justin Lin são as corridas - que admito são excepcionais - e o festival de mulheres bonitas que surgem na tela há cada dois minutos, com direito até a uma modelo brasileira, Caroline Corrêa, que lá pelo meio da história solta uma frase em português.
Um jovem norte-americano problemático, Sean (Lucas Black), depois de provocar um problemão para a sua mãe, é mandado para morar com o pai, militar, em Tóquio, no Japão. Já de cara ele se envolve com a yakuza, a máfia japonesa, e conquista a namorada do líder da gangue, a belíssima Neela (Nathalie Kellie), o que, evidente, só vai lhe trazer mais incomodações. O pior é ver marmanjões de 30 anos interpretando jovens adolescentes - completamente inverossímil.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...