Tuesday, August 29, 2006

Vôo 93 (United 93)


Quem não se recorda do que estava fazendo na manhã de 11 de setembro de 2001? Só se você era muito pequeno ou estava em coma. Pois o 11 de setembro daquele ano marcou o início do século XXI com os ataques terroristas da Al Qaeda ao World Trade Center, em Nova Iorque, e o Pentágono, em Washington D.C. Foram quatro aviões seqüestrados por fanáticos muçulmanos. Três chegaram ao seu intento. O quarto não. É a viagem deste avião que é retratado em Vôo 93 (United 93, de Paul Greengrass, que dirigiu um clássico político recente do cinema, Domingo Sangrento).
Eu me recordo como se fosse hoje daquele dia. Estava em casa, dormindo tranqüilamente, quando a minha namorada de então, aliás, descendente de árabes, me liga e me acorda. "Amor, estão atacando os Estados Unidos". Na hora não entendi nada, pensei que havia começado a Terceira Guerra Mundial. E a minha namorada: "Liga a tevê!".
Liguei e eu e ela ficamos o dia todo, eu em casa e ela em seu serviço, trocando impressões sobre os depois confirmados atentados e suas imagens assustadoras.
Muita gente vibrou por serem as vítimas, a maioria, norte-americanos, vistos como arrogantes pelo resto do mundo. Mas morreram pessoas de várias nações. E quem morreu, aliás, foram assassinados, eram seres humanos. E não tem como não se chocar com isso.
E Vôo 93 mostra, sem nenhuma gota de pieguice, o que ocorreu naquele avião que partiu do aeroporto de Newark, no estado de Nova Iorque em direção a cidade de San Francisco, na Califórnia, com 33 passageiros e sete tripulantes. Porém quatro dos passageiros eram terroristas prontos a morrer por uma causa infundada. Depois de matarem o piloto e o co-piloto, tomaram o controle do avião e pretendiam jogá-lo contra a Casa Branca ou o Capitólio, em Washington D.C.
Os passageiros do vôo, no entando, se insurgiram, depois de saber o que estava ocorrendo em outros lugares. Pois a viagem atrasou em meia-hora e eles estavam sendo avisados através de seus celulares sobre os outros ataques. E eles sabiam que morreriam.
As pessoas, ameaçadas pelos terroristas, um deles com uma bomba (falsa), começaram a ligar para seus entes queridos, se despedindo. Não há surpresa. Você sabe que o avião vai se espatifar numa área rural da Pensilvânia cerca de uma hora e meia depois de decolar. Ninguém sobreviveu. Só as suas vozes e suas memórias. Está tudo gravado.
Então o que fizeram? Decidiram atacar os terroristas, para evitar que eles conseguissem o seu intento. Conseguiram.
O filme é de um realismo tocante e uma boa sacada da produção: não utilizar atores conhecidos do grande público. São estranhos, assim como eram estranhas aquelas pessoas naquele vôo fatídico. E além disso, muitas pessoas que estavam trabalhando naquele dia nos aeroportos viveram seus próprios papéis. Muita gente vai chorar. E aviso. Se você tem o coração fraco, passe longe.

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