Thursday, August 03, 2006

Memória - A Batalha de Argel

A Batalha de Argel

Apesar de Zidane ter dito que Materazzi ofendeu sua mãe e irmã na final da Copa do Mundo de 2006 entre França e Itália, para mim ainda fica a impressão de que houve uma ofensa racista do italiano sobre o francês...ops...argelino. Pois como todos sabem, Zidane é descendente dos pied-noirs, ou seja, os pés negros ou os argelinos que imigraram para a França na década de 1960 para trabalhar naquilo que os franceses não queriam fazer - assim como os turcos foram para a Alemanha. Apesar de serem considerados franceses por direito, os imigrantes argelinos nunca conseguiram ser completamente assimilados - apesar de a França ser multicultural e multiracial há séculos. Vide o problema dos jovens dos subúrbios de Paris e de outras cidades do país, desempregados e sem perspectivas de vida. Todos filhos de imigrantes das ex-colônias francesas na África.
Pois bem, vamos ao filme. Em A Batalha de Argel, lançado há pouco em DVD, Gilo de Pontecorvo, que filmou também Queimada, sobre uma revolução no Haiti colonial e protagonizado por Marlon Brando, retrata com atores amadores a briga pela independência do país africano. É um clássico em P&B, mostrando que em nenhum dos lados havia santos. Os argelinos partiram para os atos de terrorismo, explodindo prédios, bares, restaurantes e matando franceses que moravam na Argélia, não interessando se fossem civis ou militares - aliás, esses deviam uma resposta ao governo depois de terem sido expulsos sem dó nem piedade da então Indochina ( que viraria o Vietnã ou o inferno para os norte-americanos anos depois) em meados da década de 1950.
Do lado contrário, os militares franceses partiram para a retaliação, com torturas e o massacre dos revolucionários, que costumavam se esconder nas vielas das Casbah (bairros árabes). Não existiam inocentes numa guerra suja.

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