quinta-feira, fevereiro 26, 2015

"Superpai"




O que acontece com as comédias nacionais, que não conseguem empolgar? Nenhuma tem graça, apresenta boas histórias, as atuações são canhestras, histéricas, caricaturais. Mas mesmo assim algumas agradam a um público menos exigente. "Superpai", dirigido por Pedro Amorim, é mais um filme desta safra terrível, apesar de até apresentar um elenco bom, formado por Danton Mello, o irmão menos famoso de Selton Mello, Antonio Tabet, do Porta dos Fundos, e Dani Calabresa, ex-MTV e CQC e que agora integrará a trupe do humorístico global Zorra Total, trazendo a tona sua rápida decadência.

Na história, Diogo (Danton Mello) é um pai meio desligado, que é obrigado a ficar cuidando do filho num sábado à noite, enquanto que a mulher vai ao hospital com a sogra dele. Só que no mesmo dia, ele tem uma festa da turma do colégio, onde pretende encontrar uma garota que durante 20 anos sempre fez parte de seus sonhos eróticos. Para poder ir a festa, Diogo deixa o garoto numa creche, mas deve buscá-lo às 10 horas da noite. Na festa ele reencontra os amigos, vividos pelo trio Antonio Tabet, Dani Calabresa e Thogun. A confusão começa quando Diogo vai buscar o filho na creche, mas pega outro menino, um coreaninho.

Então os quatro saem por São Paulo atrás do filho de Diogo, que fica imaginando o pior caso a mulher descubra o problema dele ter perdido o menino. Mas toda a sequência é repleta de diálogos fracos e bobos, com cenas constrangedoras, que incluem tombos, vômitos. Sem contar a sequência final, com uma participação horrorosa de Rafinha Bastos como um traficante e Danil Gentile no papel de um policial. Total desperdício de talentos e dinheiro.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca"



"Tinker Bell e o Monstro da Terra do Nunca", direção de Steve Loter, é uma animação fofinha. Tinker Bell é mais conhecida no Brasil como a Sininho, a fadinha que acompanhava Peter Pan em suas aventuras na Terra do Nunca. Neste longa ela não passa de uma coadjuvante de luxo, ao lado de outras de sua espécie. A verdadeira heroína é a fadinha Fawn, meio ingênua e que costuma salvar os animais indefesos da floresta, apesar da contrariedade das outras fadas.

Até que um belo dia, Fawn encontra um gigantesco monstro, que apesar do visual grotesto, é de boa índole. Mas as outras não aceitam a presença da criatura, que pode se transformar em algo perigoso para elas. Então Fawn tenta proteger de todas as maneiras possíveis o monstrengo.

A história é leve e feita especialmente para a criançada, especialmente as meninas, já que o filme é desprovido de explosões e lutas, o que poderia atrair os meninos. Colorido e bem desenhado, é produto perfeito para encantar a criançada.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, fevereiro 19, 2015

"Sniper Americano"



Clint Eastwood, aos 84 anos, mostrar estar em perfeita forma no violento "Sniper Americano", cinebiografia da vida do militar americano Chris Kyle, baseado no livro escrito pelo próprio, 'American Sniper: The Autobiography of the Most Lethal Sniper in U.S. Militar History". Sniper é o termo americano para franco-atirador, aquele cara que fica camuflado em algum ponto estratégico, com seu rifle, para eliminar inimigos. Chris Kyle queria ser caubói, mas já com 30 anos, após o fatídico 11 de setembro de 2001, decidiu entrar para o exército, onde usaria seu dom de exímio atirador na Guerra do Iraque. Em seu currículo mais de 160 mortes.

Numa cena emblemática de "Sniper Americano", Chris vê uma mulher e um garotinho saindo de um prédio e ela entrega a ele uma granada. Então Chris deve decidir se fuzila os dois ou os deixa se aproximar do comboio americano que percorre uma rua de uma devastada cidadezinha iraquiana.

Bradley Cooper interpreta Chris Kyle, que ao voltar para casa e a mulher, Taya (Sienna Miller), não consegue se adaptar a vida civil, já que a guerra está entranhada em seu ser - os fatos se assemelham ao personagem de Jeremy Renner em "Guerra ao Terror". No Iraque, Kyle é chamado de A Lenda, por sua precisão nos disparos, tanto que os insurgentes colocaram a sua cabeça a prêmio.

"Sniper Americano" é um filme pesado, violento, mas realista, com ótimas cenas de combate filmadas no Marrocos se passando pelo Iraque. E também polêmico, pois mostra os iraquianos como homens selvagens, terroristas. Bradley Cooper, até pouco tempo atrás mais conhecido por comédias como "Se Beber, Não Case", e que começou a se mostrar um ótimo ator dramático em dramas como "As Palavras" e "O Lado Bom da Vida", está quase irreconhecível como Chris Kyle, um homem atormentado e que tentava se ajustar novamente após deixar o conflito, e que perderia a vida de modo estúpido, ao ser assassinado por um ex-veterano com problemas mentais em 2013. Cena esta que não é mostrada, mas apenas esclarecida em letreiro antes dos créditos finais.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Um Santo Vizinho"



"Um Santo Vizinho", dirigido por Theodore Melfi, é um filme simples, mas por isso mesmo fascinante. O ótimo Bill Murray é Vincent, um ex-combatente do Vietnã, que vive numa casa caindo aos pedaços no subúrbio de Nova Iorque. Falido, vice bêbado e é cliente de uma prostituta russa grávida e por isso perdendo os clientes, Daka (Naomi Watts). O filme foca a estranha amizade que surgirá entre ele e o pequeno Oliver (Jaeden Lieberher), que vai morar na casa ao lado, junto com a mãe, a divorciada Maggie (Melissa McCarthy).

Pequeno, frágil, Oliver é uma vítima de bullying na escola e não fosse Vincent, passaria os dias sozinho, já que Maggie passa os dias trabalhando como enfermeira para poder pagar as contas da casa e se livrar da perseguição do ex-marido, que se recusa a pagar pensão e ainda quer a guarda do menino. Vincent passa a ser a babá de Oliver, mas de um modo pouco ortodoxo, já que leva o guri as corridas de cavalo, a bares e ainda o ensina a brigar. O veterano, enfim, acaba mostrando um outro lado de seu ser, não parecendo ser o bronco que aparentava.

Bill Murray não se esforça muito no papel do ranzinza Vincent, mas por isso mesmo encantador. A impressão é de que ele interpreta a si mesmo, quase um repeteco do personagem Phil Connors, do magnífico "Feitiço do Tempo", de 1993. Já Melissa McCarthy está contida no papel de Maggie, sem os seus histerismos vistos em comédias toscas como "Missão Madrinha de Casamento", "As Bem-Armadas" e "Uma Ladra Sem Limites". O garoto Jaeden Lieberher é o achado do filme, com seu jeito meigo e cativante.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

“Cinquenta Tons de Cinza”

Não li o livro, mas de acordo com depoimentos de quem o leu, ele é um tratado de uma relação sado-masoquista, escrito por E. L. James. Pois o filme “Cinquenta Tons de Cinza”, direção de Sam Taylor-Johnson, é de uma pobreza exemplar. O romance, aliás, romance não, o relacionamento entre o jovem milionário Christian Grey (Jamie Dornan) e a estudante de literatura Anastasia Steele (Dakota Johnson, filha de Melanie Griffith e Don Johnson) é completamente insípido.
Os dois se conhecem quando ela faz uma entrevista para um trabalho de faculdade com ele, para ajudar uma amiga doente. A atração é imediata, mas ele avisa: “Não gosto de romance. Não sou homem disso”, enquanto tenta fugir dela, mas sempre voltando. até se revelar um entusiasta de jogos sexuais. Christian propõe um contrato para Anastasia, para ver se ela se submete as taras dele. O problema do filme é que falta ousadia.

As cenas de sexo são por demais convencionais, e o que dizer do uso dos instrumentos utilizados por Christian, como chicotes. É o típico um tapinha não dó, de tanta falta de ânimo do protagonista. Que saudade de Mickey Rourke e Kim Basinger em “Nove e Meia Semanas de Amor”, clássico oitentista dirigido por Adrian Line.

E as atuações? Jamie Dornan e Dakota Johnson parecem ter decorado o texto e o declamam de forma teatral, sem o mínimo do entusiasmo. No piloto automático. A trilha sonora, repleta de popzinhos chatos e irritantes, é outro gol contra. Nem mesmo ajuda a inclusão de Beast of Burden, dos Rolling Stones, em determinado momento happy do casal mais chato dos últimos tempos.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Dois Dias, Uma Noite”


Em época de recessão econômica europeia, “Dois Dias, Uma Noite”, dirigido por Jean-Pierre Dardenne
e Luc Dardenne, é pontual. Passado em uma cidadezinha belga, traz uma desglamourizada Marion Cotillard, sem maquiagem, no papel da depressiva Sandra. Quando recuperada e pronta a voltar ao trabalho numa pequena fábrica, ela descobre que os colegas votaram por sua demissão em troca de um bônus de mil euros (cerca de três mil reais).

Desesperada, constata que desempregada, ela terá de deixar os com dois filhos e o marido Manu (Fabrizio Rongione), a confortável casa onde mora e se mudar para um condomínio operário, certamente num apartamento pequeno e apertado. Então com a ajuda da colega Juliette (Catherine Salée) consegue convencer o dono da fábrica a realizar nova votação na segunda-feira seguinte. Então Sandra terá dois dias e uma noite exatos para tentar convencer os colegas a aceitaram seus argumentos de que não pode ficar desempregada, e a readmitirem.

Então é aí que ela verá o que pode ter de melhor ou pior no coração humano. Enquanto alguns colegas são compreensivos e garantem rever a decisão, outros se mantém irredutíveis e dizem que o que importa no momento é o dinheiro.

O filme é lento, com cenas de Sandra batendo a porta da casa dos colegas se repetindo ininterruptamente. Marion Cotillard dá uma aula de interpretação, de cara limpa e se utilizando, às vezes, apenas de um olhar vazio, perdido, suplicante. O final quase deixa escapar um bom enlace, mas tudo é consertado nos segundos derradeiros.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Casa dos Mortos"

Um policial, Mark Lewis (Frank Grillo) é chamado para verificar uma confusão numa casa abandonada na floresta. Ao chegar lá encontra vários corpos de jovens assassinados e um sobrevivente. Aos poucos, o rapaz, John (Dustin Milligan) vai detalhando o que aconteceu, mas passa a ser o suspeito dos crimes em "A Casa dos Mortos", direção de Will Canon.

O policial então chama a psicóloga do departamento de polícia, Elizabeth Klein (Maria Bello). E ela ao conversar com John constata que os jovens estavam na casa em busca de espíritos - no local havia ocorrido uma chacina há 25 anos e a casa era considerada mal-assombrada.

"A Casa dos Mortos" vai indo bem, propiciando alguns belos sustos, mesmo aqueles tradicionais, onde do nada aparece um ser fantasmagórico, fazendo com que o espectador dê um pulo na cadeira. Pena que nos momentos finais, o diretor resolva brincar de M. Shyamalan, estragando tudo o que havia feito de bom antes. Interessante é ver a atriz Maria Bello sem maquiagem, deixando a marca do tempo brilhar na tela.

Cotação: regular
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...