Friday, July 21, 2006

O Corte


Confesso que fiquei surpreso em ver o diretor franco-greco Costa-Gravas fazer uma comédia de humor negro sobre um serial killer involuntário. Acostumado a que estava com Z; Estado de Sítio; Desaparecido, Amén e Baia do Ódio (sobre a Ku Klux Klan), o genial diretor reaparece em O Corte (Le Couperet). Um alto executivo de uma empresa do ramo de papéis é demitido depois de fiéis 15 anos. Por dois anos ele não consegue se reposicionar no mercado na pequena Strasbourg, cidade fronteiriça da França com a Alemanha.
Bruno Davert (um ótimo ator francês José Garcia, apesar do nome hispânico), apesar de desempregado há quase dois anos, ainda leva uma vida boa ao lado da mulher, que sustenta a família com dois empregos fora de sua área e os dois filhos adolescentes. Ele ainda foi recompensado pelo anos dedicados à firma com uma boa inden ização, mas que está se esgotando.
Porém Davert não quer perder tudo, não quer virar um Jean e Dick (o tema lembra por vezes o hilário filme norte-americano As Loucuras de Dick e Jane, com Jim Carrey e Téa Leoni, onde um casal perde tudo e começa a praticar assaltos para manter o alto padrão de vida). Não, Davert não passa a roubar. Ele passa a matar aqueles que podem ser possíveis concorrentes a um emprego na mesma área que a sua usando uma velha Luger, herdada do pai que lutou na Segunda Guerra Mundial.
O Corte é para se rir, mas também assustador. Pois ninguém está livre de ficar no olho da rua de um dia para o outro nos dias de hoje, ainda mais quando se tem mais de 40 anos de idade.
Costa-Gavras, mesmo querendo fugir da política, faz política. Pois o que é o desemprego, o subemprego? É pura política. E bom filme.

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