Wednesday, November 15, 2006

O Ano Em que meus pais saíram de férias


Nunca um filme brasileiro foi tão encantador e mágico quanto "O Ano Em que meus pais saíram de férias", de Cao Hamburguer. A ação se passa em 1970, em plena ditadura militar e às vésperas da Copa do Mundo no México. O garoto Mauro (excepcional atuação de Michel Joelsas, de apenas 12 anos) é deixado pelos seus pais na casa do avó, Mótel (Paulo Autran), pois estão envolvidos na luta armada e precisam desaparecer por um tempo.
Porém antes de entrarem na clandestinidade, o pai de Mauro, Daniel, promete que voltará a tempo de ver a estréia do Brasil no Mundial.
A vida do pequeno vai, então, ser virada de ponta-cabeça. Horas depois de ser largado em frente a casa do avó, no bairro do Bom Retiro, em São Paulo, Mauro recebe a notícia de que este morreu naquela mesma manhã. Ele acaba sendo adotado pelo zelador da sinagoga local, o resmungão Shlomo - Salomão - (o ator amador pernambucano Germano Haiut).
A partir daí, Mauro vai sonhar com o retorno dos pais e conhecer um outro mundo, no meio da comunidade judia, ele que vivia com os pais, ateus. Fará amizade com a pequena Hanna (Daniela Piepszyk, também estreante e que brilha em todas as cenas que aparece), os outros garotos e principalmente com o jovem estudante Ítalo (Caio Blat).
Em alguns momentos, O Ano...lembra Esqueceram de Mim, mas não pelas cenas cômicas. Mas sim pelos momentos de solidão do garoto, que fica à frente do telefone, esperando o aparelho tocar e do outro lado surgir a voz dos seus pais. Mauro joga botão, vive como um eremita, queima a mão tentando cozinhar e olha para a rua, como um náufrago, não a espera de um barco, mas sim do fusquinha azul de seus pais, que nunca chegam. Também sonha em ser goleiro e se apaixona platonicamente pela bonitona do bairro, que namora um rapaz negro, motoqueiro.
O filme também traz mistério: afinal, os pais de Mauro voltarão? Bom, vá ver o filme e descobrir se sim ou não?

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