domingo, julho 24, 2011

Assalto ao Banco Central



Um pouco de alento nos filmes nacionais, depois dos decepcionantes e apelativos Cilada.com, Todo Gato Vira-Lata e De Pernas pro Ar. Assalto ao Banco Central, de Marcos Paulo, não é nenhuma pérola, mas tem momentos divertidos e de tensão. Temos aqui a romantização do famoso roubo praticado em Fortaleza em 2005, quando ladrões cavaram um túnel e levaram mais de R$ 165 milhões.
A história não se apega aos fatos reais. Os caras que roubaram o banco eram muito mais numerosos e o crime foi desvendado por parte devido a um policial que se infiltrou na família de um dos ladrões e namorou a prima do meliante. Os ladrões costumavam se reunir em churrascadas e contar detalhes do crime, sob o olhar atento do policial. E passados seis anos do crime, apenas cerca de R$ 20 milhões foram recuperados. Boa parte foi destinada aos bandidos do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Em Assalto ao Banco Central, o número de ladrões foi reduzido e acrescentou-se a figura da femme fatale Carla (Hermila Guedes), namorada do Barão (o ótimo Milhem Cortez) e que tem uma queda pelo Mineiro (o global Eriberto Leão). Paulo Vilhena é um ex-policial e o engraçado veterano Tonico Pereira é o Doutor, que estrutura o túnel, cavado por Tatu (Gero Camilo). Todos unidos e desunidos ao mesmo tempo, pois existem muitos rancores. Principalmente depois de eles terem de dividir a vultosa grana. A ordem é não gastar a dinheirama, mas muitos não conseguem resistir.
A investigação do crime é conduzida pelo delegado Francisco Amorim (Lima Duarte, que há muito tempo não via sem o seu tradicional e irritante histrionismo). Sua parceira é a lésbica Telma (Giulia Gam), que tem momentos hilários ao telefone com a namorada.
Os atores mostram tremenda sintonia, desde o lado dos ladrões quanto os policiais. A figura mais carismática, no entanto, é o personagem Devanildo (Vinicius de Oliveira), irmão de Carla, gay reprimido e extremamente religioso. A cena em que ele conversa com um pastor interpretado por Milton Gonçalves sobre o destino de sua parte no butim é antológica.
Assalto ao Banco Central tem muito cuidado com os diálogos. E lembra muito Plano Perfeito, de Spike Lee e com Denzel Washington e Clive Owen, principalmente na parte em que os suspeitos são interrogados pela polícia. E a trama vai e volta no tempo, mas sem nunca perder o fio da meada.
Cotação: bom
Chico Izidro

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