O executivo trintão Brandon parece ser uma pessoa normal. Bom colega, bonito, um belo apartamento em Manhatan. Só que ele não consegue envolver-se com ninguém. Sigilosamente, vive em chats pornô, só consegue transar com prostitutas, masturba-se no banheiro do escritório e seu computador tem mais pornografia junta do que todas as revistinhas suecas e de Carlos Zéfiro juntas.
Shame é o segundo trabalho levado ao extremo pelo diretor Steve McQueen, homônimo do ator sessentista, com o ator alemão Michael Fassbender - o primeiro foi Hunger, sobre a greve de fome de Bob Sands, do IRA, em 1981, na prisão de Maze, na Irlanda do Norte. Trabalhos onde Fassbender, que pode ser visto em X-Men Evolução como o Magneto, leva o exercício corporal ao extremo. Em Hunger, para viver o papel de Sands, o ator alemão perdeu dezenas de quilos. Em Shame (vergonha em inglês), ele deixasse ser filmado em nu frontal por várias vezes, insinuando masturbação, cenas homossexuais e de novo perde vários quilos.
Não sejamos hipócritas. Todo mundo dá sua olhadela em pornografia na internet. Só que para Brandon isso é um modo de vida. Tanto que quando tem a oportunidade de um relacionamento real com uma colega de trabalho, ele não consegue avançar o sinal vermelho. Numa mesa de um restaurante, conta para a garota que o relacionamento mais longo que teve durou quatro meses. Ela se decepciona, afinal, por que então estão ali, se não é para tentar um namoro? No dia seguinte, Brandon muda de ideia e tenta mudar sua atitude em relação a Marianne, mas não consegue.
E sua vida secreta vai, de certa forma, para o espaço quando sua irmã, a depressiva Sissy (Carey Mulligan, de Drive e Educação), vai morar com ele. Como lidar com a presença dela naquele espaço, onde ele costuma receber prostitutas e ficar olhando putaria no computador? Shame não discute se ver pornô e só transar com prostitutas é certo ou errado. Também não pretende dar uma lição de moral, e nisso está o acerto de Steve McQueen, que deixa o espectador pensar por si próprio.
As tomadas em Shame são longas, alguns closes são fantásticos - como quando Carey interpreta New York, New York num bar. Ou quando Brandon discute se tem o dever de cuidar da irmã, com Sissy sentada ao seu lado, no sofá. Belas cenas e excelentes atuações.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, março 22, 2012
Slovenian Girl
Alexandra (Nina Ivanisin) é uma estudante em Ljubljana (um dos nomes de capitais mais bonitos do mundo), que ganha sua grana como garota de programa em Slovenian Girl, dirigido por Damjan Kozole. Seus pais são separados e moram no interior da Eslovênia, país que fazia parte da antiga Iugoslávia.
Ela não é nenhuma beldade, mas tem charme e é discreta em seus serviços íntimos. Que começam a dar errado quando um de seus clientes faz uso exagerado do viagra e acaba tendo um ataque cardíaco, morrendo no quarto de um hotel. Alexandra não é acusada da morte, mas a polícia deseja saber quais as circunstâncias do incidente. Como seus serviços eram anunciados em jornais, a Slovenian Girl fica em evidência e passa a ser perseguida por dois gigôlos, que "querem" agenciar seu negócio, já que ela trabalhava sozinha.
Mas Slovenian Girl não é um filme sobre a prostituição e sim sobre duas gerações antagonistas. Uma delas é a de Alexandra, nascida após o colapso do comunismo, em que os jovens querem o melhor do capitalismo, como dinheiro, a casa própria, seu carro, poder viajar para o exterior. Já a geração anterior, não sabe muito bem viver neste novo mundo. Edo (Peter Musevski), pai de Alexandra, passou boa parte da vida sob as asas dos comunistas, que perseguia sua banda de rock, porém lhe dava emprego, moradia. Nos dias de hoje, Edo pode juntar os velhos amigos para tocar, mas não há emprego.
Cotação: bom
Chico Izidro
Ela não é nenhuma beldade, mas tem charme e é discreta em seus serviços íntimos. Que começam a dar errado quando um de seus clientes faz uso exagerado do viagra e acaba tendo um ataque cardíaco, morrendo no quarto de um hotel. Alexandra não é acusada da morte, mas a polícia deseja saber quais as circunstâncias do incidente. Como seus serviços eram anunciados em jornais, a Slovenian Girl fica em evidência e passa a ser perseguida por dois gigôlos, que "querem" agenciar seu negócio, já que ela trabalhava sozinha.
Mas Slovenian Girl não é um filme sobre a prostituição e sim sobre duas gerações antagonistas. Uma delas é a de Alexandra, nascida após o colapso do comunismo, em que os jovens querem o melhor do capitalismo, como dinheiro, a casa própria, seu carro, poder viajar para o exterior. Já a geração anterior, não sabe muito bem viver neste novo mundo. Edo (Peter Musevski), pai de Alexandra, passou boa parte da vida sob as asas dos comunistas, que perseguia sua banda de rock, porém lhe dava emprego, moradia. Nos dias de hoje, Edo pode juntar os velhos amigos para tocar, mas não há emprego.
Cotação: bom
Chico Izidro
Protegendo o Inimigo
Protegendo o Inimigo, do diretor sueco Daniel Espinosa, apesar do nome hispânico, não traz nada de novo. Muita correria, perseguições de carros, traidores, tiros, explosões, e um agente novato e desacreditado que vai pegar experiência correndo atrás de um criminoso. Só que todos estes ingredientes foram filmados de forma cuidadosa, trazendo bons diálogos e com atores que dão conta do recado, como Denzel Washington, Brendan Gleeson, Sam Sheppard, Vera Farmiga e Ryan Reynolds, melhorando a cada filme. A trama foi gravada na África do Sul, na bela Cidade do Cabo.
Na história, o Denzel Washington é Tobin Frost, antigo agente da CIA, que deserdou e que acaba se entregando para o governo americano, pois possui uma lista de outros agentes corruptos e está sendo ameaçado de morte. Considerado um traidor, será levado de volta aos Estados Unidos para ser julgado, mas sua escolta é toda assassinada.
O novato Matt Weston (Reynolds), que apenas fazia um trabalho burocrático na cidade sul-africana, recebe a difícil missão de levar Frost de volta. Os dois vão passar por aqueles momentos clichês, de se odiarem, desconfiarem um do outro e aos poucos mudarem de atitude. Denzel dá uma aula de personagem cínico, muito melhor do que seu Alonzo Harris, de Dia de Treinamento, e que lhe deu o Oscar de melhor ator em 2002. Atente para a cena em que Frost tenta penetrar no cérebro de Weston, dizendo quais os próximos passos que ele deverá dar para ser bem sucedido na profissão de espião. Ou quando, furioso, descarrega o revólver num inimigo.
Filmado em locações na Cidade do Cabo, tem belas tomadas de perseguições, inclusive no Estádio Green Point durante o derby Orlando Pirates e Ajax Cape Town e numa favela nos arredores da cidade.
Cotação: bom
Chico Izidro
Na história, o Denzel Washington é Tobin Frost, antigo agente da CIA, que deserdou e que acaba se entregando para o governo americano, pois possui uma lista de outros agentes corruptos e está sendo ameaçado de morte. Considerado um traidor, será levado de volta aos Estados Unidos para ser julgado, mas sua escolta é toda assassinada.
O novato Matt Weston (Reynolds), que apenas fazia um trabalho burocrático na cidade sul-africana, recebe a difícil missão de levar Frost de volta. Os dois vão passar por aqueles momentos clichês, de se odiarem, desconfiarem um do outro e aos poucos mudarem de atitude. Denzel dá uma aula de personagem cínico, muito melhor do que seu Alonzo Harris, de Dia de Treinamento, e que lhe deu o Oscar de melhor ator em 2002. Atente para a cena em que Frost tenta penetrar no cérebro de Weston, dizendo quais os próximos passos que ele deverá dar para ser bem sucedido na profissão de espião. Ou quando, furioso, descarrega o revólver num inimigo.
Filmado em locações na Cidade do Cabo, tem belas tomadas de perseguições, inclusive no Estádio Green Point durante o derby Orlando Pirates e Ajax Cape Town e numa favela nos arredores da cidade.
Cotação: bom
Chico Izidro
A Fonte das Mulheres
A Fonte das Mulheres é um filme dirigido pelo franco-romeno Radu Mihaileanu, o mesmo de O Concerto e Um Herói de Nosso Tempo. Filmado no Marrocos, talvez o país árabe mais liberal do planeta, discute o quanto é equivocada e inapropriada a leitura do Alcorão por muitos muçulmanos.
Passado numa isolada aldeia, onde não existe água encanada e nem eletricidade e que sofre com a seca há três anos, um grupo de mulheres se rebela contra o machismo extremado dos homens da localidade. Elas são obrigadas a fazer todo o trabalho braçal e o mais rigoroso seja o de buscar água numa fonte num morro na entrada do vilarejo. Com isso, muitas acabam abortando e outras envelhecem precocemente. Para tentar fazer com que os homens as ajudem nas lides e não apenas fiquem sentados tomando chá, fumando e engordando, as mulheres só encontram uma solução, o de entrar em greve de sexo.
Para eles, não estão nada mais, nada menos seguindo o que determina o Alcorão, de que as mulheres estão na terra para servir. Mas como questiona uma delas, onde está escrito isso no livro sagrado?
O diretor Radu Mihaileanu mostra, de forma por vezes divertida, por vezes de forma dramática, o sofrimento dessas mulheres. Algumas apanham por se negarem a ceder aos desejos sexuais de seus pares, outras são consideradas bruxas, por ousarem contestar a ordem vigente. Pior que não estamos falando da Idade Média ou de fatos ocorridos nos meados do Século XX. A história se passa em nossos dias e mostra como o radicalismo na religião pode ser um grande empecilho para o desenvolvimento humano.
A Fonte das Mulheres é falado em árabe, no dialeto darija, e os atores tiveram de aprender a falar nesta língua. Eles são em sua grande maioria franceses de origem árabe, como Leïla Bekhti, vista em O Profeta, e que interpreta a personagem principal, e Hafsia Herzi, de L'apollonide - Os Amores da Casa de Tolerância. Outras grandes presenças são da israelense Hiam Abbass, de Lemon Tree e Munique, como a sogra de Leila, e da veterana atriz argelina Biyouna, como a Velho Fuzil, uma das maiores incentivadoras da greve de sexo.
Enfim, um belo filme que discute a situação da mulher no mundo árabe.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
sábado, março 17, 2012
Guerra é Guerra
Três belos jovens e solitários não conseguem encontrar o seu par ideal. Pois dois deles resolvem se inscrever em um site de relacionamento e se encantam um pelo outro. De uma outra forma, o amigo do carinha da internet acaba conhecendo a mesma menina e se forma um triângulo amoroso. E quem ficará com a garota em Guerra é Guerra, direção de McG, de As Panteras Detonando.
Os dois amigos, FDR Foster e Tuck são agentes secretos, mas não podem revelar o segredo para Lauren (Reese Whiterspoon) e muito menos dizer à ela que se conhecem. Eles se sabotam toda a vez que um deles tem encontro com a garota. Alguém pode perguntar: pode um cara como Tuck (Tom Hardy, de O Espião que Sabia Demais), precisar se inscrever num site para arranjar uma namorada? Olha, é possível, já que ele se mostra tímido e frustrado depois de um casamento anterior que o traumatizou, apesar de ter gerado um filho. Que o considera um idiota.
Já FDR Foster (Chris Pine, de Star Trek e Incontrolável), é um conquistador barato, que após muita galinhagem, acredira ter conhecido o verdadeiro amor de sua vida e por isso decide sossegar o pito. Finalmente, Lauren é uma gata que tomou um pontapé na bunda do ex-namorado e se enfurnou no trabalho para não se frustrar mais. Ou seja, tudo é bem factível. Aliás, Reese não tem vergonha em aparecer em certos momentos sem maquiagem, de chinelo de dedo, enfim, totalmente desglamourizada. A história é bonitinha, por vezes trazendo elementos de Sr. e Sra. Smith e Encontro Explosivo. O problema que a história de espionagem intercalada com o romance seja tão estúpida que acabe estragando o filme. O final, uma estúpida perseguição de carros numa ponte, remetendo a Duro de Matar 4.0, é inverossímel e estúpida.
Cotação: Regular
Chico Izidro
Projeto X - Uma Festa Fora de Controle
A câmera na mão de um personagem, recurso chamado de subjetivo, já cansou! A onda começou com a Bruxa de Blair, passou por Cloverfield, chegando a Atividade Paranormal, Filha do Mal e Poder Sem Limites. Ou seja, do terror ao filme de ação, o formato revolucionou, repetiu-se e esgotou-se. Faltava ainda a comédia. Então o momento é de Projeto X - Uma Festa Fora de Controle, de Nima Nourizadeh. Apesar do título, não há nenhum alienígena na história.
Simplesmente o looser Thomas (Thomas Mann, sim, homônimo do grande escritor alemão) está de aniversário e ao lado de dois amigos, o descolado Costa (Oliver Cooper) e o gordinho nerd J.B. (Jonathan Daniel Brown) decidem fazer a festa do século, quando os pais do primeiro viajam no final de semana. Sim, você já viu esta trama em outros momentos. Tema mais batido, impossível. O trio é completamente impopular na escola e Thomas acredita que ninguém irá aparecer na festa. Além do que eles querem se dar bem com as beldades do colégio. Projeto X traz elementos de clássicos juvenis como Superbad - É Hoje, Negócio Arriscado e American Pie, entre outros, mas sem apresentar o mesmo charme, apesar de mostrar uma boa piada aqui, outra ali. E claro, muitas garotas bonitas.
A festa de arromba, claro, acaba descambando, pois os rapazes achavam que no máximo apareceriam, se é que iriam aparecer, 50 pessoas. E comparecem mais de mil convidados, transformando a casa de Thomas e o bairro num verdadeiro pandemônio, para a ira de alguns vizinhos, que não titubeiam em chamar a polícia. Notem que a cena da destruição lembra exatamente a Cloverfield, sem o monstro. E com a chegada dos homens da lei e de um traficante que havia sido logrado pelos garotos, a história transforma-se em um quase filme de terror. A câmera na mão de um dos personagens é desnecessária e por vezes o esquema acaba se perdendo quando o diretor tenta mostrar determinada cena.
Porém Projeto X - Uma Festa Fora de Controle acaba atraindo quando descobrimos que tal festa aconteceu realmente, na Austrália, e com os protagonistas tendo de se verem com a Justiça. Talvez esteja aí a graça desta comédia, que requenta similares, mas traz elementos reais. Nisto está a sua força.
Cotação: Bom
Chico Izidro
As Mulheres do 6º Andar
Na década de 1960 a Espanha não era um mar de rosas. Bem, hoje com a crise econômica, vemos a xenofobia imperar em terras ibéricas. Pois naquela época, e é irônico, os espanhóis viviam num país de terceiro mundo e sofriam com a ditadura de Francisco Franco. O desemprego, a fome, o analfabetismo e a repressão imperavam. Para muitas pessoas, restava a emigração. E um dos países que recebiam essas pessoas era a França, ainda então forte colonialmente. E é em Paris, num fétido, frio e insalubre 6º andar de um prédio antigo que viviam diversas mulheres que sobreviviam como empregadas domésticas. Trabalhando para madames que as tratavam da pior maneira possível, só que elas precisavam se submeter, pois tinham de mandar dinheiro para seus parentes que haviam ficado na Espanha. Esta é a comédia As Mulheres do 6º Andar, dirigido por Philippe Le Guay e que traz uma das musas de Almodóvar, Carmen Maura.
As coisas só começam a melhorar para as domésticas quando chega ao prédio a bela Maria (Natalia Verbeke ), que deixará encantado o dono do local e corretor de imóveis Jean-Louis (Fabrice Luchini, de Potiche: Esposa Troféu e que sempre atua com uma cara de sonso, mas cativante). Afinal, sua mulher, Suzanne (Sandrine Kiberlain, de Mademoiselle Chambon) é de uma futilidade impar, passando o dia jogando carta com outras madames e reclamando do cansaço. Jean-Louis, através da visão de Maria, irá tomar contato da situação precária com que vivem as tais mulheres do 6º andar.
As atrizes que vivem as domésticas estão excelentes, mostram tremenda empatia, disparam ótimas piadas e até esquecemos que as coisas não foram tão fáceis para elas sobreviverem naqueles anos negros, como por fim deixa o filme a sugerir.
Cotação: Bom
Chico Izidro
quinta-feira, março 15, 2012
W.E. - O Romance do Século
Em seu segundo filme, o primeiro foi Sujos e Sábios, de 2008, a cantora Madonna pretendeu não surpreender, mas mostrar-se uma diretora moderna, assim como costuma tentar inovar em suas músicas pop. Só que erra a mão em W.E. - O Romance do Século. Contado em dois tempos e cujo título ao mesmo tempo remetendo as iniciais dos nomes do casal e também significando nós (we em inglês), o filme recria a história do rei Edward VIII, que abdicou do trono inglês em 1936 para poder casar com a plebeia e feia americana Wallis Simpson, que já tinha dois casamentos no currículo. Madonna enquanto conta tal romance, faz uma conexão no Século XXI com a entediada dona de casa Wallis, batizada assim pelo fascínio de seus pais na duquesa de Windsor. A garota passa os dias numa exposição sobre a vida de sua quase homônima em Noav Iorque, e ignorada pelo marido, acaba envolvendo-se com o chefe da segurança do local, o russo Evgeni.
A diretora até mostra ter um senso estético apurado, pois a reconstituição de época é primorosa. Porém, Madonna perde grande oportunidade de se aprofundar no relacionamento de Wallis Simpson (interpretada por Andrea Riseborough, de Simplesmente Feliz) e Edward VIII (James D'Arcy, de O Exorcista: O Início). O romance é visto de forma quase singela, um casal feito um para o outro. Bem, alguém até pode dizer: sim, Edward VIII largou um reino para ficar com uma mulher feia e com dois casamentos no passado. Mas esqueceu de falar que ela costumava traí-lo e além do mais, Edward VIII tinha forte ligação com o nazismo, e isso é citado de passagem pela diretora.
E a parte moderna, onde se sobressai a bonita Abbie Cornish (de Sucker Punch - Mundo Surreal) no papel de Wallis beira o tédio, sendo que o romance com o russo Evgeni (Oscar Isaac, de Drive) não convence, mesmo sendo ela uma mulher frustrada com o casamento com um médico que não lhe dava a mínima pelota.
Além do mais, Madonna utilizou de forma nada original um truque que até ficou bonitinho em Maria Antonieta, de Sofia Coppola. A utilização de músicas pop no passado. Pois a diretora põe Wallis e Edward VIII a dançar ao som dos Sex Pistols durante uma festa num castelo em 1938. Menos mal que ela escolheu Pretty Vacanty. Pior e de gosto mais duvidoso se a música fosse God Save the Queen...
Cotação: ruim
Chico Izidro
O Pacto
Já está ficando chato escrever sobre as roubadas em que se mete Nicolas Cage. É uma atrás da outra, E olha que no currículo do sobrinho de Francis Ford Coppola estão belos filmes como Feitiço da Lua, Despedida em Las Vegas, Coração Selvagem, Arizona Nunca Mais e Asas da Liberdade. Em O Pacto, direção de Roger Donaldson, vemos aquela velha história do cara pacato, bem casado, que se mete numa tremenda encrenca e não tem a quem recorrer ajuda, já que os vilões são os policiais.
Cage é Will Gerrard, professor de inglês, cuja esposa, Laura (January Jones, de X-Men: Primeira Classe) é estuprada. Enquanto ela se reestabelece no hospital, ele é procurado por um misterioso homem, Simon (Guy Pearce), que lhe propõe: o estuprador até pode ser preso, mas logo estará solto, podendo atacar outras mulheres. Não seria melhor estar morto? Will concorda com Simon, já que não precisará fazer nada. Mas dentro de um tempo, será procurado para pagar sua dívida. Como: Bem, ele saberá na hora. E verá que terá se metido numa fria, pois deverá cometer um assassinato. E não pode recorrer a ninguém, pois caso contrário ele mesmo será morto.
O professor, como só acontece neste tipo de filme, virá um expert em espionagem, entrando em lugares dos mais inacessíveis. Passa a atirar com êxito sem mesmo nunca ter segurado uma arma. Will consegue entrar numa redação de jornal sem ser notado, e no escuro descobre a mesa de um jornalista que investigava a atividade do grupo. E se o cara morreu, porque sua mesa está atulhada de documentos e ninguém se deu ao trabalho de ir lá limpá-la? Bem, esse é um dos muitos furos de roteiro de O Pacto.
Constrangedora também é a atuação de Cage, principalmente quando chora à beira da cama de sua mulher no hospital. Um filme desnecessário.
Cotação: ruim
Chico Izidro
Billi Pig
Selton Mello, eu afirmei por diversas vezes, é um dos melhores atores da atualidade no Brasil, ao lado de Wagner Moura e Lázaro Ramos. Porém ele anda desgastado e errando em algumas escolhas. Após o genial O Palhaço, melhor filme nacional de 2011, Selton protagonizou o decepcionante Reis e Ratos e agora a crise se amplia no constrangedor Billi Pig, de José Eduardo Belmonte e que pretende-se uma homenagem as chanchadas, que tanto sucesso fizeram no país entre os anos 1950 e 60.
Em clime de galhofa, o vendedor de seguros falido Wanderley (Selton Mello), sua mulher Marivalda, aspirante a atriz (Grazi Massafera) e o padre muito do vigarista Roberval (Milton Gonçalves), tentam aplicar um golpe em um bicheiro interpretado por Octávio Müller. A filha dele foi baleada durante uma festa na favela e encontra-se em coma. Dizem que só um milagre pode tirá-la de tal situação e é isso que o trio propõe ao bicheiro, já que o contraventor ofereceu gorda recompensa a quem salvar a menina.
Para tentar recriar aquele clima brega, tudo é muito exagerado. As atuações são horripilantes - a personagem Marinalva conversa com um porco rosa de plástico, o tal Billi Pig do título, que é tipo um guru para a moçoila sonhadora. Os movimentos digitais do bichano são de uma precariedade horripilante. Os coadjuvantes não dizem o que fazem na tela.
Preta Gil faz uma doida dona de uma funerária, cujo funcionário é Milhem Cortez, subaproveitado, ele que já interpretou um personagem marcante em Carandiru: um assassino que transforma-se num religioso fanático. E o que dizer das secretárias de Wanderley? uma gorda e uma anã, que ficam se provocando em relação a seus tipos físicos. Piada sem graça.
Cotação: péssimo
Chico Izidro
quinta-feira, março 08, 2012
A Mulher de Preto
Daniel Radcliffe não quer ser o eterno Harry Potter. Por isso, tão logo encerrou-se a saga do bruxinho criado por J. K. Rowling, o ator britânico tratou de apostar as fichas no terror A Mulher de Preto, dirigido por James Watkins. Radcliffe tirou os óculos, deu uma mexida nos cabelos e assumiu o papel de um jovem advogado viúvo e pai de um garotinho de quatro anos. Depressivo, Arthur Kipps está à beira da demissão quando recebe a incubência de se dirigir a uma pequena cidade do interior da Inglaterra para fazer o inventário de um cliente morto de seu escritório. No lugarejo, verifica que as crianças cometem suícidio inexplicavelmente e aos olhares dos moradores locais, é visto com desconfiança. Na mansão abandonada onde mexe com a papelada, Kipps começa a ter visões, entre elas a da tal mulher de preto do título. Remexendo daqui e dali, vai descobrir o motivo pelo qual a piazada do vilarejo comete se mata.
O filme provoca bons sustos e prende a atenção. A história se passa no início do Século XX e o figurino e a reconstituição de época são perfeitos, lembrando bastante as produções do estúdio inglês Hammer na década de 1960, mas com um orçamento elevado. Mas o problema é tentar se convencer que Radcliffe cresceu, pois continua com uma cara quase imberbe. Ele não é mau ator, leva bem as cenas e ele está em quase todas elas. Só que na parte final, o filme perde fôlego e criatividade, ainda mais quando é explicado o porque da aparição do fantasma feminino, deixando aquele gostinho de que poderia ter sido melhor.
Cotação: regular
Chico Izidro
Poder Sem Limites
São raros os meninos que nunca se imaginaram tendo superpoderes. Poder voar ou ter supervisão ou força incomum. Ou até mesmo ter o poder de levitar objetos? Pense se isso acontecesse com você! Você surraria aquele carinha que o incomodava na escola? Tentaria conquistar a garota de seus sonhos, mas que você nem chega perto por medo? Pois os protagonistas de Poder Sem Limites alcançaram estes objetivos. Sob direção de Josh Trank, Andrew Detmer (Dane DeHaan) é um tímido estudante que se esconde por trás de uma câmera - e sim, a narrativa toda é feita através de um personagem segurando uma câmera, a exemplo de filmes como Cloverfield e A Bruxa de Blair. Numa noite, ele e mais dois amigos, o primo Matt Garetty (Alex Russell) e o queridinho da escola, Steve Montgomery (numa concessão politicamente correta o ator negro Michael B. Jordan) descobrem numa floresta perto de Seattle um meteorito que lhes dará superpoderes.
A descoberta de suas novas condições é de uma bela sacada. Um deles descobre o poder de mover os objetos, outro que pode voar. Na escola, levantam as saias das meninas, no estacionamento trocam os carros de lugar. Só que o básico das HQ com os superpoderes também é questionado, pois com eles chega a responsabilidade. E como lidar com ela?
Andrew é um jovem perturbado, retraído, cuja mãe tem doença terminal e o pai é alcoólatra, desempregado e violento. O garoto, numa excelente atuação de Dane DeHaan, mostra não possuir suporte emocional para ter os superpoderes. Sua primeira atitude de soberba é arrebentar a cara de um rapaz praticante do bullying. Poder Sem Limites, de uma maneira esperta, discute isso: como o poder pode transformar alguém que não tem condições de lidar com ele. E ao contrário dos filmes de super-heróis, onde tudo acaba bem, o desenrolar da trama acaba levando os protagonistas a um beco sem saída. Por isso, imperdível.
Cotação: Bom
Chico Izidro
Anjos da Noite - O Despertar
Apesar da protagonista, a inglesa Kate Beckinsale, uma das mais belas atrizes do cinema atual, nunca me interessei por acompanhar a cinesérie, que já teve três filmes. Agora chega à telona a quarta parte, Anjos da Noite - Despertar, direção de Måns Mårlind e Björn Stein, em 3D, que realmente não se faz necessário. Mesmo sendo uma sequência, não é necessário muito esforço para acompanhar a trama, fraquíssima, envolvendo vampiros e lobisomens. Os eventos transcorrem 12 anos após a terceira parte, onde a vampira Selene (Beckinsale) acorda de uma hibernação forçada e descobre ter uma filha híbrida, fruto de seu relacionamento com o lobo Michael (Scott Speedman, do seriado Felicity, e que só aparece em Anjos da Noite 4 congelado e preso numa câmara ou em flash-backs). A garotinha parece ser um doce, mas quando provocada, transforma-se numa espécie de besta. E Eve (India Eisley) perseguida por uma nova espécie de lobisomens, mais fortes e violentos.
Anjos da Noite - O Despertar, de agradável mesmo, só a presença encantadora de Kate Beckinsale. A história ou a falta de...baseia-se em brigas entre os vampiros e os lobisomens, com correrias, tiroteios. O final fica em aberto, deixando claro que vem por aí uma quinta parte.
E uma pergunta que não quer calar: por que os vampiros não usam sua força descomunal, o poder de metamorfose, ou seja, virar outros animais, como por exemplo morcegos? Mas não, eles andam de carro, usam armas...Bem, coisas inexplicáveis que deixam Bram Stocker e Vlad Tapes se remexendo em seus caixões.
Cotação: Ruim
Chico Izidro
quarta-feira, março 07, 2012
Drive
Anúncio publicitário do jornal The New York Times afirma que foram esperados 30 anos para se ver o tal filme. O redator esteve hibernando neste período ou a frase foi tirada do contexto, querendo ele dizer ter esperado três décadas para se ver filme similar a Taxi Drive. Bem, Drive, direção do dinamarquês Nicolas Winding Refn, lembra fortemente o clássico de Martin Scorsese e Robert de Niro, de 1976.
O canadense Ryan Gosling (Tolerância Zero e Tudo pelo Poder), o novo queridinho da América e namorado de Eva Mendes, vive um jovem solitário que sobrevive trabalhando como mecânico e dirigindo carros em filmes de ação de Hollywood. E nas horas vagas fatura mais auxiliando em assaltos - ele apenas pilota os carros, sem nunca envolver-se com os ladrões. Metódico e solitário, seu personagem tem forte ligação com Travis Bickle, de Roberto de Niro em Taxi Driver, por seu estilo distante e reflexivo, não pela doideira (Bickle era um veterano do Vietnã sem noção). Já o personagem de Gosling, chamado simplesmente de o motorista, circula por Los Angeles com uma estilosa jaqueta de couro decorada com um escorpião e contando os dias para sair daquela vidinha.
E a exemplo de Bickle, que se enamora de uma jovem cabo eleitoral, a bela Betsy (Cybill Sheperd) e decide ajudar uma jovem prostituta, Iris (Jodie Foster), o motorista se encanta com a vizinha Irene (Carey Mulligan, de Educação e Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme) e resolve ajudar o marido dela, um ex-presidiário, endividado até o pescoço. O motorista e o marido de Irene, Standard (Oscar Isaac), decidem praticar um assalto, que dá errado. Ou seja, aquela política de distanciamento com os outros vai para o espaço, e ele começa a ser perseguido implacavelmente pelos capangas do dono da grana, um sádico mafioso interpretado com convicção por Albert Brooks, mais conhecido por comédias românticas como Laços de Ternura. Ele, aliás, estreou no cinema em Taxi Driver. Um dos diálogos de Drive é delicioso. Seu personagem, Bernie Rose, é apresentado ao motorista, que está consertando um carro. Rose estende a mão para Gosling, que recusa o aperto dizendo: "Minhas mãos estão sujas". Rose devolve: "As minhas também".
As semelhanças de Drive com o filme de Scorsese são intensas. Relembrando o momento em que Bickle adentra o bordel para libertar a prostituta Iris - o motorista e a ajudante Blanche (a gata Christina Hendricks, de Mad Men) sendo atacados em um motel à beira da estrada. Mas Drive nunca é uma cópia. São citações, uma homenagem justa e bem feita. Porém não é tão espetacular como se esperava, apesar das boas atuações de Gosling, Brooks e de Bryan Cranston (dos seriados Malcolm in the Middle e Breaking Bad). Carey Mulligan, que a cada filme fica mais a cara de Katie Holmes, talvez por isso mantenha o cabelo curtinho e loiro para tentar se diferenciar, tem fraco desempenho. Ela é uma gracinha, mas sua carinha de sofrimento está tornando-se repetitiva.
Cotação: Bom
Chico Izidro
A Dama de Ferro
Margareth Thatcher foi uma das figuras políticas mais emblemáticas da segunda metade do Século XX. Integrante do Partido Conservador Inglês, entrou em atritos com os sindicatos locais, derrotou a Argentina na Guerra das Malvinas, escapou de atentados do IRA e, ao lado de Ronald Reagan, foi um dos alicerces para o Ocidente ganhar a Guerra Fria. Além disso, era uma mulher antipática, com um sotaque terrível e dentes tortos. Mas também não fosse ela, Indira Gandhi e Golda Meir, as mulheres talvez não alcançassem o status político dos dias de hoje, vide Dilma Roussef, Angela Merckel e Hillary Clinton.
Por isso, A Dama de Ferro, filme de Phyllida Lloyd, perde excelente oportunidade de se fazer uma cinebiografia condizente com a trajetória desta mulher singular. Que é vivida explendorosamente por Meryl Streep, premiada justamente com o terceiro Oscar de sua carreira por essa interpretação. Só que o filme é uma coisa e a Thatcher de Streep é um elemento totalmente antagônico. Temos em A Dama de Ferro uma mulher de seus 80 e poucos anos, esclerosada, e achando ainda estar no comando do governo britânico e conversando com o fantasma de seu falecido marido, Dennis (Jim Broadbent). E em determinados momentos de sobriedade, Thatcher relembra como entrou na política, seguindo os passos do pai, um humilde quitandeiro, e também prefeito de uma cidadezinha do interior da Inglaterra.
Ela também relembra as dificuldades que encontrou para ascender politicamente, devido a sua origem operária (e na juventude, a política é interpretada com competência por Alexandra Roach), Margareth Roberts só conseguiu passar a ser levada a sério após casar com Dennis Thatcher aos 24 anos. E os momentos em que a líder conservadora se sobressai entre os homens são muito bem arquitetados por Phillida Lloyd. Na cena em que Thatcher assume seu primeiro cargo político, a diretora a mostra sendo esmagada por um mar de homens de chapéus. E dá um close em vários sapatos masculinos, mas dando destaque ao sapato de salto alto e colorido de Thatcher. Ou os closes no famoso cabelo armado ou nas unhas compridas de Thatcher, como se ela fosse um leão dominando o território. Porém, a maneira como A Dama de Ferro é montado e contado que o faz um filme menor.
Cotação: Regular
Chico Izidro
Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança
Nicolas Cage, sobrinho de Francis Ford Coppola, adotou o nome artístico Cage homenageando um personagem dos quadrinhos. E também porque não desejava utilizar o sobrenome familiar como trampolim. Dono de avsta coleção de HQ , ganhou um Oscar em 1995 por Despedida em Las Vegas e nos últimos anos tem protagonizado verdadeiros crimes. Salvou-se em Kick-Ass - Quebrando Tudo, mais pelas atuações impecáveis de Aaron Johnson e Chloë Grace Moretz do que por ele mesmo, que faz um justiceiro vingativo. Em Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança, dirigido por Brian Taylor e Mark Neveldine, Cage encarna novamente Johnny Blaze, que fez pacto com o demônio e arrependido, tenta livrar-se da maldição. Enquanto não consegue, vaga pelo mundo, transformando-se no esqueleto flamejante que captura os pecadores, levando suas almas para o inferno.
No primeiro filme, foi mostrada a origem do motoqueiro, que vendeu a alma para o diabo para curar o pai, com câncer terminal. Claro que ele foi enganado. Nesta continuação, Blaze é contratado por um padre para ajudar a encontrar um garoto cigano, na realidade o filho do demônio. E a besta também está à procura do menino, para trocar de corpo, já que o que ocupa encontra-se desgastado pelo tempo. O gancho é até divertido e funciona tranquilamente numa HQ, porém a história na telona é comprometida pelas fracas atuações e cenas de ação sofríveis. Porém não dá para tirar o mérito dos efeitos especiais, principalmente quando da transformação de Cage no motoqueiro. Motoqueiro Fantasma - Espírito de Vingança tem, ainda, a participação do desaparecido ator francês Christopher Lambert como um monge.
Cotação: ruim
Chico Izidro
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