quinta-feira, julho 12, 2012

A Guerra dos Botões




Nada como as memórias da infância e adolescência. Elas são fortes no livro de Louis Pergaud, "A Guerra dos Botões", que tem uma nova versão cinematográfica. A obra foi às telas, antes, em 1934, 1962 e 1994, ganhando nova leitura agora, sob a direção de Yann Samuell. No interior da França, duas aldeias vivem em constante conflito há gerações. E a rivalidade é refletida em dois grupos de garotos com a idade entre sete e 14 anos. Todos os dias, após as aulas, eles vão à luta com espadas de madeira, e usando de todas as táticas de guerrilha para se saírem vitoriosos.

A área rural da França era paupérrima no começo dos anos 1960. Cenário em que as crianças não preocupavam-se com as diferenças sociais. Todos eram iguais, filhos de trabalhadores, onde sobressai o esperto Lebrac (Vincent Bres). Seu pai abandonou a família, e ele é que ajuda a mãe nas lides diárias e a criar as duas irmãs pequenas. Além disso, é o líder dos Longeverne, e tem uma atração pela vizinha, a moleca Lanterna (Salomé Lemire), que sonha em fazer parte da turma, mas é rejeitada por ser mulher.

A turma de Longeverne tem como inimigos os meninos da vizinha Velrans, cujo líder é o violento Asteca (Théo Bertrand), filho do professor da escola local, Monsieur Labru (Alain Chabat). Labru que adora entrar em combates verbais com o professor Merlin (Eric Elmosnino, do excelente Gainsbourg - O Homem que Amava as Mulheres). As intervenções dos dois são hilárias. Eles raramente partem para a violência, ficando mesmo nos xingamentos: "Coça-saco", diz um. "Cagão", replica outro. "Bunda-mole", treplica. E por aí vai.

Em seu mundo de fantasias, com as batalhas travadas com espadas de madeiras, a valentia vai pro espaço quando alguém é feito prisioneiro pelo adversário. A punição é ver os botões de suas roupas serem arrancados. Isso significa muito, pois como todos são pobres, farão falta, pois o produto é escasso e caro. Então quando chegarem em casa, acabarão apanhando de seus pais. Ou seja, toda a valentia infantil desaparece.

"A Guerra dos Botões" faz ainda uma rápida e bela homenagem a Cinema Paradiso, quando a comunidade de Longeverne assiste a um filme na igreja. O padre censura as cenas onde os casais se beijam.

O filme traz atores infantis cativantes, principalmente a garotinha Lanterna e os irmãos Tigibus e Grangibus. E conseguindo ainda escapar da armadilha de cair no sentimentalismo barato. O final é um achado, quando a garotada cerca Lebrac no pátio da escola.

Cotação: bom
Chico Izidro

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