Thursday, July 05, 2012

O Espetacular Homem-Aranha

A pergunta que se faz aqui é porque recontar a história do surgimento do Homem-Aranha. Talvez seja, depois dos três episódios estrelados por Tobey Maguire entre 2002 e 2007, atingir um público mais jovem, com mudanças que chegam a soar como heresias para os fãs mais antigos do aracnídeo. Em "O Espetacular Homem-Aranha", do diretor Marc Webb (de 500 Dias Com Ela), está lá a aranha radioativa picando Peter Parker, deixando o adolescente franzino e vítima de bullying em super-herói.

Porém, ocorreu uma grande mexida na história de como conhecemos o desenrolar da vida do garoto. Nas histórias em quadrinhos, e foi respeitado isso na trilogia anterior, a transformação de Peter Parker se dava paulatinamente. Aqui optou-se pela pressa - tão logo é picado, Peter já sai batendo em bandidos no metrô. A morte do tio Ben também sofreu alterações, assim como seu relacionamento com Gwen Stacy (vivida pela gracinha Emma Stone), e o pai da garota, o policial linha-dura George Stacy (Denis Leary). O vilão da vez é o Lagarto (Rhys Ifans). E nesta versão, o dr. Curt Connors, que torna-se o gigantesco e violento réptil, tem uma ligação profissional com o pai de Peter, que não existia no universo das HQ.

Em "O Espetacular Homem-Aranha", a vida familiar de Peter Parker é mais aprofundada, trazendo os seus pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Os dois são obrigados a fugir, deixando o menino para ser criado pelos tios, interpretados respectivamente por Martin Sheen e Sally Field.

Modificar as histórias originais não é nenhuma novidade no cinema. E aqui, apesar de incomodar os puristas, não estraga o filme. Pelo contrário. "O Espetacular Homem-Aranha" é uma bela obra, com efeitos especiais cuidadosos e bonitos, atuações seguras - o inglês Andrew Garfield, de "A Rede Social" desbanca tranquilamente Maguire no papel de Peter Parker, apesar de já com 28 anos interpretar um adolescente. Pois ele tem um corpo franzino, parece tão frágil, que encanta. E sua química com Emma Stone é perfeita, tanto que o casal emendou o romance fora das telas.

O elenco coadjuvante também mostra-se competente. E pensar que um dia a noviça voadora Sally Field viveria tia May, que nos quadrinhos tem o rosto mais enrugado que uva passa. E note-se atores que já foram protagonistas de outros filmes em décadas passadas, vivendo tranquilamente a transição para personagens secundários, como Campbell Scott, de "Vida de Solteiro", e C. Thomas Howell, de "A Morte Pede Carona".

Enfim, "O Espetacular Homem-Aranha" pode não primar por respeitar a mitologia do personagem, mas é cinema puro.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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