Em seu novo filme e de novo numa incursão europeia, após Londres, Barcelona e Paris, o diretor Woody Allen priorizou a Cidade Eterna. Em "Para Roma, Com Amor", o nova-iorquino neurótico da gema também homenageou o cinema italiano dos anos 1960 e 70, principalmente A Doce Vida e Roma de Fellini. Desta feita, Allen também optou por não contar uma história única, dividindo o filme em quatro núcleos. Não esqueçamos que na década de 1980, o excepcional filme do diretor, "Hannah e Suas Irmãs" mostrava várias histórias paralelas, mas que em determinado momento se cruzavam.
"Para Roma, Com Amor" mostra tramas totalmente independentes e são contadas as migalhas, com o resultado acabando por tornar-se irregular. Numa delas, talvez a melhor, Allen dá a redenção ao histriônico e patético Roberto Begnini. Ele vive Leopoldo, um funcionário comum de uma repartição, que de um dia para o outro vira uma pessoa famosa. Qual seu feito? Nenhum. Simplesmente é uma ironia de Allen com estas celebridades espontâneas da tevê, que não escreveram um livro, não fizeram um filme, não acharam a cura de uma doença. Apenas são famosos por serem. Simples. Qualquer bobagem que Leopoldo faça vira manchete. Como prefere o pão no café da manhã? Como faz a barba, se antes ou depois do desjejum... Um zero, como estes famosos da revista Caras.
Em outra história, fraca, o desajeitado Jesse Eisenberg, de "A Rede Social" e "Zumbilândia" vive Jack, um jovem arquiteto que conversa com seu "eu" 30 anos mais velho, Alec Baldwin, que também lhe serve de consciência. Mesmo morando com a namorada, Jack acaba por se apaixonar pela insuportável e comum Monica (a chatinha Ellen Page, de Juno). O personagem de Baldwin está ali, onipresente, enquanto Allen tenta vender uma graça e beleza que Page definitivamente não possui. A trama chega perto de irritar.
Allen volta a atuar (não o fazia desde Scoop - O Grande Furo, de 2006) na história do agente funerário que tem uma bela voz e se mostra excepcional cantor de ópera. Mas só quando está debaixo do chuveiro. Então, Allen, um ex-diretor de uma gravadora especializada em óperas, decide produzir o espetáculo Il Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo. Claro que o sucesso só surge sob uma condição. E desta vez o diretor foge de seus tipo neurótico, mas mostra-se xenófobo e impaciente com os italianos.
E na última história, um casal do interior chega a Roma e se desencontra. Ela, Milly (Alessandra Mastronardi) acaba envolvendo-se com um ator canastrão de cinema, que só pensa em levá-la para a cama. E Antonio (o insosso Alessandro Tiber), sem saber onde encontra-se a esposa, depara-se com a flamejante prostituta Anna (Penélope Cruz) durante encontro com alguns parentes esnobes e conservadores.
Infelizmente, nada parece original em "Para Roma, Com Amor". Tramas requentadas e previsíveis. Alguns diálogos, porém mostram que Woody Allen permanece afiado. Porém como também estereotipa os judeus em obras anteriores, Allen o faz com os italianos. E algumas situações são por demais forçadas, como o encontro nas ruas de Eisenberg e Baldwin. O cineasta sempre repete, em suas entrevistas, que nmunca vê seus filmes depois de finalizados. Por isso, se parasse para assistir "Para Roma, Com Amor", teria uma grande decepção.
Cotação: irregular
Chico Izidro
quinta-feira, julho 05, 2012
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“QUEER”
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