quinta-feira, fevereiro 07, 2013

"O Mestre"

Contando com atuação impecável de um de seus atores favoritos, Phillipe Seymour Hoffman, e com outro grande intérprete, Joaquim Phoenix, o diretor Paul Anderson Thomas transforma "O Mestre" em um deleite de mais de duas horas e meia. A história gira em torno de uma religião surgida nos anos 1940 por um guru americano, Lancaster Dodd (Seymour Hoffman), O Culto, claramente retratando a polêmica Cientologia, criada por L. Ron Hubbard, e que tem como princípios de o homem ser espiritual e imortal, e com suas capacidades ilimitadas, ainda que não totalmente desenvolvidas. Além disso, a Cientologia permite que o seu seguidor não abandone suas crenças originais, ou seja, pode ser cristão, judeu, adventista, budista e aplicar os ensinamentos destas religiões para melhorar as diferentes áreas de sua vida.

Em "O Mestre", a figura central é Freddie Quell (Phoenix). Sua cena inicial numa praia do Pacífico ao final da II Guerra Mundial é um aperitivo das bizarrices que virão em seguida. Servindo na Marinha e sem ter muito o que fazer enquanto espera o armísticio, Freddie vaga pela praia e simula sexo com uma boneca esculpida na areia pelos colegas ociosos. De volta aos Estados Unidos, vai trabalhar numa loja de departamentos como fotógrafo, numa lavoura, onde envenena um outro trabalhador com uma bebida caseira que fabrica, e que leva até combustível de carro. E que vai ajudar a se aproximar do guru Lancaster Dodd, um misto de escritor, filósofo, reverendo, profeta, que consegue arregimentar um grande grupo de seguidores, meio que hipnotizados pelas suas teorias doidas. Freddie transforma-se em fiel e, com seu jeito rude e agressivo, uma espécie de guarda-costas de Dodd. Mas aos poucos, Freddie começará a questionar O Culto. E verá como tão difícil é livrar-se dos tentáculos de Dodd.

O trabalho corporal de Joaquim Phoenix é algo para se destacar. Curvado, quase corcunda, mãos colocadas na cintura, olhares arregalados. Sua explosão ao ser preso e colocado numa cela é quase antológica. Amy Adams, que interpreta Peggy Dodd, a esposa de Lancaster, assusta a cada aparição. Por vezes, pode-se imaginar que seu personagem será o verdadeiro "mestre" por detrás do Culto. A trilha sonora, baseada nos jazz dos anos 1950, é igualmente impactante e por vezes enervante.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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