quarta-feira, maio 29, 2013
"Faroeste Caboclo"
Há poucos menos de um mês emocionei-me às lágrimas com "Somos Tão Jovens". E não é que outro filme relacionado com o Renato Russo e a Legião Urbana me toca novamente, mesmo que eu tenha curtido apenas os três primeiros discos da banda. Pois em Faroeste Caboclo, direção de René Sampaio, sou mais uma vez conduzido à minha adolescência, desta vez na épica canção que relata a vida cruel e trágica de João de Santo Cristo e seu amor por Maria Lúcia.
Lembro que no começo da faculdade, uma das diversões da turma era ver quem conseguia cantar a música na íntegra, sem errar nenhuma estrofe. "Faroeste Caboclo", o filme, acerta em não tentar ser exatamente fiel a imensa letra da música de nove minutos. Toma algumas liberdades, que na tela funcionam com precisão. João sai de sua interiorana Santo Cristo após matar o policial que mata seu pai, e vai para Brasília, onde é acolhido pelo primo Pablo, e começa a vencer uma droga de qualidade para ele. O anti-herói conhece Maria Lúcia, se apaixonam, e é perseguido pelo traficante Jeremias, por roubar seu negócio, a mulher desejada, por ser negro, por ser pobre.
"Faroeste Caboclo" transcorre nos anos 1980, quando os ares da ditadura militar ainda eram fortes, e o rock começava a florescer - Philippe Seabra, do Plebe Rude, compôs a trilha sonora, enquanto que sua banda, Plebe Rude, ganha destaque com a vibrante Até quando esperar.
Fabrício Boliveira, com seu olhar perdido e sua seriedade angustiante, está ótimo como João de Santo Cristo, enquanto que Isis Valverde, esplendorosa, é Maria Lúcia. Os personagens secundários são interpretados com extrema competência, destacando o uruguaio Cesar Troncoso (O Banheiro do Papa) como o primo Pablo, peruano que vivia na Bolívia, e Felipe Abib, fazendo uma encarnação cruel do traficante Jeremias. A melhor interpretação, no entanto, parte do veterano Antônio Calloni, vivendo o policial corrupto Marco Aurélio, que não existe na letra de Renato Russo. Nos créditos finais, são poucos os que saem da sala, pois permanecem sentados, enquanto acompanham a execução do clássico oitentista, muitos cantando junto.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Se Beber, Não Case III"
A piada repetida várias vezes perde a graça. É o que acontece com "Se Beber, Não Case III", de Todd Phillips. Se a primeira parte revigorou o humor escrachado e quase adolescente em Hollywood, e sua segunda parte era apenas um xerox do irmão mais velho, nesta terceira parte, infelizmente, a graça desaparece completamente. Desta vez, não existe casamento, o que faz com que o título nacional soe despropositado, no encontro dos quatro amigos, Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms), Doug (Justin Bartha) e o abilolado Alan (Zach Galifianakis). Este, aos 42 anos, ainda mostra-se um ser completamente irresponsável e completo idiota, e o jeito encontrado para ver se ele se emenda é interná-lo numa clínica no Arizona.
No meio do caminho, o sempre desafortunado Doug é raptado por um mafioso, Marshall (John Goodman), e só será solto se os três amigos restantes encontrarem e entregarem o ladrão e psicopata Chow (Ken Jeong), que roubou uma fortuna em ouro de Marshall. Aí os amigos entram numa ciranda de infortúnios, no México e em Las Vegas, à caça de Chow. O problema é que as piadas são comuns, o personagem Alan é completamente irritante, e Galifianakis criou um tipo a que está preso, e não consegue muitas variações, seja nesta cinesérie, ou em filmes como "Os Candidatos" e "Um Parto de Viagem".
Atenção: no meio dos créditos talvez a única piada boa do filme, e que apesar desta parte três estar sendo vendida como final, deixa pistas que vem mais por aí. Afinal de contas, não dá para abandonar do nada série tão lucrativa.
Cotação: ruim
Chico Izidro
"O Abismo Prateado"
Primeiro, sim, sou fã de carteirinha de Alessandra Negrini. Linda, ótima atriz, ela está soberba em "Abismo Prateado", de Karim Aïnouz. O filme toca fundo no tema abandono. E faz pensar e sofrer. "Abismo Prateado" começa mostrando o cotidiano de um casal normal, pais de um adolescente. Os diálogos são quase inexistentes - ouvimos apenas o som ambiente (lembra O Som Ao Redor) -, por vezes enervante, e que antecipa a agonia que virá.
Logo, a personagem de Alessandra, a dentista Violeta, entrará em pânico - e levaremos minutos até entender o que está ocorrendo. Ela foi, sem maiores explciações, abandonada pelo marido de uma vida toda. Extremamente abalada, Violeta sairá em busca da compreensão dos motivos pelo qual seu marido foi embora. A dentista vaga pelas ruas do Rio de Janeiro, sem saber o que fazer. E a interpretação de Alessandra destaca isso, em seus olhares perdidos, no silêncio pensativo dentro de um táxi. O momento mais poético acontece no encontro de Violeta com uma menininha que lamenta o abandono pela mãe na madrugada de Copacabana.
Ao término, saímos pensativos, pensando também em nossas vidas. Afinal, quem em algum momento de sua vida não foi abandonado por um ente querido, do nada?
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, maio 23, 2013
"Velozes e Furiosos"
Nunca na minha vida abandonei um filme pela metade num cinema, e foram várias vezes que tive vontade. A última foi ao assistir "Velozes e Furiosos 6", dirigido por Justin Lin. O longa estava em seu 25º minuto e eu pensei seriamente em me mandar, tal quantidade de bobagens vistas na tela, protagonizadas mais uma vez por Vin Diesel, Paul Walker e Dwaine Johnson, o The Rock.
A história agora se passa em Londres e na Espanha, após os heróis-bandidos Diesel e Walker e seu bando terem roubado uma fortuna no filme anterior, passado no Rio de Janeiro. Ambos vivem agora exilados e aposentados na Espanha, com suas famílias, enquanto o resto da trupe está espalhada pelo mundo, curtindo a grana. Até que o policial vivido por Johnson aparece, pedindo a ajuda do bando para prender um ladrão de tecnologia avançada, que claro, pode comprometer a segurança mundial. Em troca, os mocinhos ganharão o indulto, podendo voltar a viver nos Estados Unidos. Daí em diante, "Velozes e Furiosos 6" transforma-se numa sucessão de pegas entre os turbinados carros, exibição de músculos anabolizados e frases que são uma pérola, como "a palavra perdão desapareceu no dia em que nascemos"...nossa.
Pior ainda são os corpos desafiando leis da física, sem contar que os mocinhos escapam incólumes de trombadas homéricas, sem quase sofrer aranhões, enquanto que os vilões são esmagados sem dó nem piedade. Em determinado momento, o jeito é começar a rir de tremendo absurdo visto na tela. Mas quem disse que é filme para se pensar? É um filme para exibicionistas.
Cotação: ruim
Chico Izidro
O francês "A Datilógrafa", dirigido por Regis Roinsard resgata uma época inocente do cinema lá pelo final dos anos 1950 e início da década seguinte. Todo o visual, o colorido lembram as comédias românticas protagonizadas por Doris Day e Rock Hudson, como por exemplo "Confidências à Meia-Noite (Pillow Talk)".
Era uma época onde as mulheres eram apenas donas de casa, e o máximo que podiam aspirar numa vida profissional era o de serem secretárias. E assim a jovem Rose Pamphyle (Déborah Francis) deixa o pequeno vilarejo, contra a vontade de seu pai, que a queria trabalhando na pquena loja da família, e arranja um emprego numa pequena firma de seguros de propriedade do solteirão por convicção e fumante inveterado Louis (Romain Duris).
A garota é totalmente atrapalhada, mas Louis descobre uma grande virtude nela - a pequena é excepcional datilógrafa, e como Louis é um ex-atleta, a inscreve em competições para ver quem é a datilógrafa mais rápida, enquanto eles vão se apaixonando, mas evitando revelar seus sentimentos um para o outro.
"A Datilógrafa" não traz nenhuma surpresa, é previsível. Mas este é o objetivo - não quer revolucionar, é apenas saudosista. A bonitinha Déborah Francis, de “A Criança”, está perfeita no papel da datilógrafa, com seu ar bobinho, quase ingênuo. E Romain, de “Bonecas Russas”, baixinho, uma dentadura postiça, não tem aquele ar de galã, mas talvez seja proposital. E finalizando, um desavisado pode muito bem achar o filme ter sido feito há 50 anos. Ah, no fundo uma história real, a da invenção da máquina de escrever elétrica.
Cotação: bom
Chico Izidro
"Terapia de Risco"
Quando assisti "Sexo, Mentiras e Videotape", há mais de duas décadas, fiquei encantado com o atração de James Spader por Andie McDowell. Depois, apesar de Steven Soderbergh ter feito outros bons filmes, como por exemplo "Traffic", mada me marcou. E em "Terapia de Risco", a decepção foi total, apesar de tratar de um tema doloroso, a depressão.
Tudo começa quando a jovem Emily (Rooney Mara, de Os Homens que não Amavam as Mulheres) busca o marido Martin (Channing Tatum) no presídio, após ele cumprir alguns anos de pena. Ela parece não estar bem, e é tratada pelo psiquiatra Jonathan Banks (Jude Law). O médico receita para ela um antidepressivo, que ainda está sendo testado pela indústria farmacêutica. E num surto, Emily acaba matando seu marido. O jeito agora é provar que ela agia sob o efeito da droga e não poderia ser acusada de homicídio. E a culpa recai sobre o psiquiatra.
Daí em diante, "Terapia de Risco" toma ares hitchockianos, onde Jonathanx se vê envolto numa conspiração, tentando provar sua inocência. O clichê do homem que tem sua vida virar de cabeça para baixo torna-se presente, mas num emaranhado de momentos inverossímeis e furos de roteiro. Um desperdício total de um bom diretor e bons atores.
Cotação: ruim
Chico Izidro
"2 Mais 2"
A produção cinematográfica argentina nos acostumou mal, principalmente com os filmes protagonizados por Ricardo Darín. Então passamos a achar que os Hermanos só fazem obras espetaculares. Ledo engano...
Assim como acontece com qualquer mercado, existem os filmes bons e os ruins. “2 mais 2”, dirigido por Diego Kaplan, se insere nesta segunda categoria, ainda mais quando constatamos que ele tenha ares de nossas pornochanchadas globais.
Dois médicos, sócios em uma clínica há mais de uma década, têm casamentos que andam em caminhos opostos. Um deles está modorrento, sem novidades, enquanto o outro está mais tórrido do que nunca. Qual o segredo? A esposa do casamento quente revela que o segredo são as festinhas com outros casais, o swing. A esposa insatisfeita fica motivada com a ideia e passa a tentar convencer o marido conservador a experimentar um troca-troca.
E poucas vezes vi no cinema argentino personagens tão caricatos, como o gordinho organizador das orgias e suas frases apelativas. Outras atuações são por demais forçadas, por vezes exageradas, principalmente o personagem contrário ao swing, Diego (Adrián Suar). Ele sofre uma transformação tão rápida, que não convence.
No final resta aquela sensação de que “2 Mais 2” herdou o que de pior é feito pelo cinema brasileiro, ou seja, os produzidos pela Globo Filmes.
Cotação: ruim
Chico Izidro
"O Reino Escondido"
A floresta é habitada por uma civilização de seres minúsculos em "Reino Escondido", de Chris Wedge, que entra numa batalha contra forças do mal, que pretendem destruir tal paraíso. Claro que as pequenas criaturas receberão a ajuda de uma humana, na figura da jovem Mary Katherine.
A garota sofre com a indiferença não proposital do pai, um cientista que vive em seu mundo particular, tentando provar a existência dos tais seres minúsculos - e por isso acabou desacreditado pela comunidade científica e até pela esposa, que o abandonou. A filha também não acredita nele, mas acaba sendo transportada para o mundo dos pequenos, e em sua busca para voltar ao tamanho normal, tem de ajudar os pequenos seres a salvar a floresta, onde inclusive acaba descobrindo o amor, mesmo sendo ele impossível.
"Reino Escondido" é feito para crianças, mas a aparição dos seres malignos acaba assustando, visto que o visual deles é tirado dos orcs do "Senhor dos Anéis". E por onde passam, destroem tudo numa sana devastadora. Sem contar que personagens são mortos, alguns de forma cruel.
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, maio 09, 2013
“Somos tão Jovens”
Eu gostava de Legião Urbana em seu início, e depois peguei um asco, pois a banda perdeu após o terceiro disco, aquele frescor da originalidade, da rebeldia...e o que acontece comigo ao assistir “Somos Tão Jovens”, direção de Antônio Carlos de Fontoura? Emoção e melancolia, afinal o filme acerta ao relatar exatamente os primeiros anos da efervesvência da rock’n’roll no país, entre 1978 e 1984, focando na figura de Renato Russo, uma das figuras mais controversas e importantes do gênero no país.
E me vi ali, transportado no tempo, usando camisa de banda e ouvindo metal e punk lá nos anos 1980, e sendo visto como diferente pelas outras pessoas, apanhando de milico, sendo zoado por pertencer ao mundo diferente em que a maioria vivia. E acabei desabando em lágrimas. Em lembrar meus 15 anos. Bah, só parei de chorar umas duas horas depois...sim sai do cinema e caminhei na rua abaixo de lágrimas.
“Somos Tão Jovens” mostra a vida atormentada e movimentada de Renato Russo, quando decide largar o emprego de professor de inglês para ser músico de uma banda punk, a Aborto Elétrico, embrião da Legião Urbana e do Capital Inicial, em Brasília, naqueles anos de ditadura. E onde conseguir um disco de uma banda nova era praticamente impossível, onde gravar fitas cassetes era o download da época, onde andar de calça rasgada e camisa preta era passível de levar pancada de milico, e correr risco de ser expulso de casa pelos pais e do colégio. A reconstituição de época é de um primor poucas vezes visto no cinema nacional. As caracterizações dos personagens impressionam, ainda mais quando vemos a preocupação até com as vozes dos representados – note os intérpretes de Dinho Ouro Preto e Herbert Viana. E não dá para esquecer a atuação primorosa de Thiago Mendonça como Renato, e a doce e linda Laila Zaid como a melhor amiga do roqueiro, Aninha. Os diálogos, muitas vezes colocam na boca dos personagens, nomes e letras de músicas que ao longo do tempo iriam fazer parte da vida das pessoas. O acerto final é encerrar o filme quando a Legião Urbana se preparava para gravar o primeiro disco em meados dos anos 1980.
O resto todo mundo conhece. A banda estoura com “Geração Coca-Cola”, Renato Russo transformaria-se numa diva depressiva e chata e morreria de Aids. Felizmente, este lado da história foi deixado de lado, evitando assim que “Somos Tão Jovens”, que também poderia ter sido intitulado Retrato de Uma Geração, virasse um dramalhão.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“O Último Exorcismo II”
Para começo de conversa, o título é de uma incoerência gritante. Afinal, como poder ser “O Último Exorcismo II”? E se você quiser assistir a um filme de terror, passe longe desta bomba dirigida por Ed Gass-Donelly. Ou fazendo um trocadilho infame, caso você queira passar quase duas horas de terror, perdendo seu tempo e se irritando, vá vê-lo. E ao contrário da primeira parte, desta vez foi deixada de lado a câmera subjetiva, aquela onde vemos a ação por meio das filmagens de um dos personagens – modo popularizado em “A Bruxa de Blair”.
Bem, aqui a garota Nell (Ashley Bell), que havia sido possuída pelo demônio no primeiro filme, é a única sobrevivente da família, morta por fanáticos satanistas. E é encontrada em New Orleans, onde é encaminhada para uma casa que acolhe jovens órfãs. Apesar da calma inicial, logo ela se dará conta que não está livre do mal, afinal o demônio ainda deseja apossar-se de seu corpo.
“O Último Exorcismo II” é repleto dos piores clichês – vultos à espreita, pessoas aparecendo do nada atrás de algum incauto, telefones tocando sem estarem conectados, vozes sussurradas e aquele personagem que entra em algum cômodo da casa, às escuras, perguntando “quem está ai?”, e por diante. As atuações são tacanhas, principalmente da atriz principal, Ashley Bell, que além disso, aparenta muito mais do que os 17 anos de sua personagem. Na realidade, ela tem 26 anos.
Enfim, assistir “O Último Exorcismo II” torna-se uma tortura. Não à toa, um dos roteiristas se chama Damien Chazelle. Damien, entenderam? O cara é diabólico.
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Uma Ladra Sem Limites”
A gordinha Melissa McCarthy, do seriado obeso Mike and Molly, leva novamente o seu humor apelativo para o cinema com “Uma Ladra Sem Limites”, dirigido por Seth Gordon. Ela vive Diana, vigarista que falsifica o cartão de crédito de um executivo meio pé de chinelo de uma grande empresa financeira, chamado Sandy (Jason Bateman, de Hancock), ou seja, um nome de mulher.
O cara, com duas filhas pequenas, a mulher grávida, começa a ver a vida virada do avesso por causa das trampas de Diana, que estoura o limite da conta dele. Sandy vai preso, corre o risco de perder o emprego, afinal como trabalha com investidores, estes desconfiam de sua identidade. O jeito é Sandy correr atrás da gordinha malandra, e fazer com que ela desfaça o mal-entendido, e ele poder ter sua vida de volta.
A partir do momento em que o Sandy verdadeiro encontra a Sandy falsa, “Uma Ladra Sem Limites” vira um road-movie, repleto de incoerências, furos de roteiro e autopiedade com a ladra. Afinal, Diana se veste e se pinta com exagero, come desajeitadamente, é alvo de zombarias das mulheres magras, e é solitária. E apesar de ser esperta e viver de certo modo confortavelmente por causa de suas falcatruas, Diana é uma looser. E dê-lhe piadas escatológicas. Chega a ser insuportável as cenas em que ela ronca, vomita, baba, tropeçar e cair, e transar com, claro, um cara gordo. E na finaleira, “Uma Ladra Sem Limites” apela para os sentimentalismos mais baratos do espectador. A ladra, afinal, tem um bom coração e tudo o que ela queria, afinal de contas, era uma família.
Encerrando, como explicar que um dos personagens seja mordido no pescoço por uma cobra venenosa e saia caminhando, na maior tranquilidade? Ou Sandy e Sandy chegarem a uma cidade num domingo, e irem aplicar um golpe numa empresa em que todos os funcionários estão trabalhando na maior tranquilidade?
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Dois Dias em Nova Iorque”
Julie Delpy é uma das minhas musas do cinema, desde que assisti “O Viajante”, de Volker Schlondorff, no começo dos anos 1990. Mas como diretora, ela me decepcionou neste bobo “Dois Dias em Nova Iorque”. A linda francesinha, mais conhecida pelos cults “A Igualdade é Branca” e por “Antes do Amanhecer”, derrapa ao mostrar a vida de uma parisiense casada com um negro nova-iorquino, e recebendo a visita dos familiares. Que mais parecem um bando de selvagens perdidas pela Big Aple. Eu cochilei duas vezes.
sábado, maio 04, 2013
"Homem de Ferro 3"
Sempre fui fã de quadrinhos, desde muito piá. Mas ultimamente não tenho me empolgado com a transposição de meus heróis para a telona. Em "Homem de Ferro 3", de Shane Blake, mais uma vez a decepção se faz presente. O Homem de Ferro, interpretado por um cada vez mais renascido Robert Downey Jr. permanece engraçadinho e sedutor. Porém está em um relacionamento sério com sua secretária Peper (Gwayneth Paltrow). E como mostra no início da história, passada em 1999, dando um salto de 12 anos no tempo, Stark se humanizou, depois de usar, abusar e ignorar outras pessoas. E nada mais atual, quando ele também tem de lidar com o terrorismo em pleno terrorismo americano, quando o vilão Mandarim (Ben Kingsley) ameaça a segurança interna dos Estados Unidos, inclusive a vida do presidente do país.
Até a metade, a história flui instigantemente, ganhando forte impacto quando Tony Stark, num arroubo de arrogância, e apesar de ter se humanizado ao longo do tempo, não se consegue sempre esquecer sua essência, provoca o Mandarim, inclusive passando o endereço de sua casa! Claro que o vilão não demora para atacar, numa cena espetacular. E antes um adendo: o Homem de Ferro é um caso raro, se não único de super-herói que não esconde a sua identidade, andando entre os mortais com a maior naturalidade do mundo. E voltando. Na sequência do ataque à casa de Stark, que passa mais tempo no filme em sua forma civil, o filme não morre, mas fica terrivelmente chato. Principalmente quando é introduzido o chato garoto Harley (Ty Simpkins), que em momentos improváveis, irá ajudar o Homem de Ferro a combater o inimigo, que mostrará ser muito mais ameaçador do que aparenta ser.
E aí o sinistro Mandarim, inspirado claramente em Osama Bin Laden, viverá uma transformação totalmente inesperada - uma atuação especial de Ben Kingsley. Na parte final, uma overdose de armaduras do Homem de Ferro, que ganham vida longe do corpo de Stark, em cena completamente anticlimax e irritante...
Cotação: regular
Chico Izidro
"Em Transe"
Um filme cheio de reviravoltas, romances, surpresas. É assim "Em Transe", de Danny Boyle, o mesmo de "Trainspotting" e "Quem Quer Ser Um Milionário". A trama é instigante, envolvendo um leiloeiro de arte, Simon (James McAvoy, de O Último Rei da Escócia) que para pagar uma dívida, decide ajudar uma quadrilha liderada por Franck (Vincent Cassel) a roubar um quadro do espanhol Francisco Goya. Para tentar ser mais convincente e não deixar suspeitas durante o assalto, Simon acaba se voltando contra Franck, é golpeado, e acaba esquecendo onde escondeu o quadro. Acaba sendo torturado pelos bandidos, que verificam que ele está mesmo com amnésia.
Aí a história ganha um detalhe extremamente erótico, com a entrada em cena da hipnoterapeuta Elizabeth, vivida pela sexy Rosario Dawson, que não se poupa em cenas de nudez frontal. O trabalho dela é entrar na mente de Simon, e desvendar em que lugar ele deixou "uma tal de chave". Aos poucos, a garota vai sacando a pressão em que está passando seu cliente e resolve envolver-se com a quadrilha. E trazendo furor sexual para a trama, pois acaba envolvendo-se com os dois protagonistas. O desmemoriado e o vilão galante passam a querer ficar com a morena de lábios carnudos. E aos poucos vamos descobrindo que ninguém é o que aparenta ser em seu exterior. A parte final é quase como uma pegadinha, e se forçarmos a memória, encontraremos elementos de diversos filmes policiais e suspense, mas as referências são utilizadas com gosto.
Cotação: bom
Chico Izidro
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