quinta-feira, julho 14, 2011

Um Filme Sérvio



Muitas pessoas acreditam na existência dos snuff movies (onde os atores seriam realmente assassinados após realizarem suas cenas). Um Filme Sérvio, direção de Srdjan Spasojevic, retrata este submundo quando o ator de filmes pornô aposentado Milos (Srdjan Todorovic) recebe uma proposta irrecusável de um milionário.
Ele tem de participar de cenas de um filme, orientando-se por um roteiro que vai sendo sussurado em seu ouvido por um ponto. Milos não recusa, apesar do misterioso projeto, por ter uma mulher e um filho para sustentar. E a grana prometida estará assegurando a independência financeira da família.
Um Filme Sérvio não poupa cenas fortes e apelativas, feitas para chocar mesmo. Como a do estupro de um recém-nascido e um outro menino currado pelo próprio pai. Só estômagos fortes resistem a este filme desnecessário.
Cotação: regular
Chico Izidro

domingo, junho 12, 2011

Namorados para Sempre



Esqueça o lamentável título nacional, que sugere uma história choramingas e previsível. Namorados para Semrpe ou no original Blue Valentine (algo como namoro triste), de Derek Cianfrance, vemos a relação do casal formado por Dean (Ryan Gosling, de A Garota Ideal e Tolerância Zero) e Cindy (Michelle Williams, de Dawson's Creek e Brokeback Mountain). Só que a história não é contada de forma convencional. Ela vai e volta no tempo, sem que em nenhum momento a gente perca o fio da meada.
Em Namorados para Sempre, começamos a acompanhar tudo no momento em que o relacionamento entre Dean e Cindy parece se dirigir para o término, quando a morte do cão da filha deles mostra a fragilidade do casamento. Dean é um cara que não pretendia casar ou muito menos ter filhos. Sua vida era simples, trabalhando numa empresa de mudanças. E isso parecia lhe ser o suficiente. Até dar de cara com a doce Cindy, que tem um namorado extremamente egoista e violento. Ela sonhava em ser médica, mas teve de se contentar no emprego de enfermeira, onde é descaradamente cantada pelo chefe.
O momento em que Dean e Cindy ficam juntos pela primeira vez é um dos mais cativantes dos últimos tempos no cinema. Cindy dança sob a luz da entrada de uma loja, enquanto que Dean toca uma pequena viola. Gosling e Williams, que concorreu ao Oscar de melhor atriz, têm atuações impecáveis e mostram grande química, num filme onde a esperança e sua antítese, a desesperança, andam de mãos dadas.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

Homens e Deuses



Em 1992, ocorreram eleições gerais na Argélia. E os radicais islâmicos acabaram vencendo, para desespero dos americanos e franceses. Os militares, apoiados por essas forças ocidentais, acabaram então por aplicar um golpe. Desde então o país, antiga colônia da França e independente desde 1962, vive uma guerra civil não declarada.
Os muçulmanos refugiaram-se no interior do país, e dali fazem incursões terroristas à capital Argel, ou assassinam os estrangeiros que inadvertidamente penetram seu território. Então imagine você ser estrangeiro e ainda por cima um monge católico? Inimigo duplamente.
Eset é Homens e Deuses, belo filme dirigido por Xavier Beauvois. Nele, oito monges franceses, dois deles vividos pelos veteranos Lambert Wilson (The Matrix Reloaded) e Michael Lonsdale (de O Dia do Chacal) vivem numa miserável aldeia argelina, onde trabalham como médicos para a pobre população local. Até que suas vidas começam a correr perigo com as ameaças dos mujahedin (ou guerreiro santo). E a questão passa a ser...eles abandonam seus ideais e salvam suas vidas ou permanecem no vilarejo e acabam sendo mortos pelos terroristas? Além disso, recusam a proteção do exército local.
O suspense é crescente e ficamos torcendo para que eles arranquem daquele lugar inóspito. A cena em que os monges celebram o Ano Novo ao som de Tchaikovsky e refletem sobre o futuro é fantástica. Aliás, Homens e Deuses não é fácil de se assistir. Pois assim como a vida desses religiosos é de reflexão, as tomadas são longas, por vezes paralisante. Silenciosas.
Cotação: ótimo
Chico Izidro

sexta-feira, junho 10, 2011

Deixe-me Entrar



Qual o propósito de se refazer um filme sem ao menos mudar uma vírgula ou aqui seria um fotograma? Deixe-me Entrar, de Matt Reeves, é a versão do ótimo filme sueco Deixe Ela Entrar, sucesso de 2008 e dirigido por Tomas Alfredson.
A resposta seria aquela tradicional: o público gringo não é chegado a ver filmes com legenda. Por isso a refilmagem ipsis literis da bela história do menino solitário que apaixona-se pela garotinha Abby.
Abby (Chloë Grace Moretz) na realidade aparenta 12 anos, mas tem muitas décadas, pois é uma vampira. Quando sofreu a transformação, era uma adolescente e assim ficou eternizada. Owen (Kodi Smit-McPhee) é solitário e vítima de bullying na escola e Abby surge para ele como um alento. O garoto até cria um pouco de coragem para enfrentar os valentões.
Deixew-me Entrar troca a fria Estocolmo pelo também gélido Novo México em 1983, com Let's Dance, de David Bowie como trilha de fundo.
Como já disse, a versão americana é semelhante, então não fica nada a dever ao original. Nem mesmo a atuação dos atores, que estão excelentes, principalmente Chloë Grace Moretz, que também pode ser vista em Kick-Ass, e demonstra ter um futuro extremamente promissor.
Cotação: bom
Chico Izidro

Assassino a Preço Fixo



Jason Statham é um ator que ficou preso no papel. Seus personagens andam sempre de terninho preto, camisa branca e gravatinha, são lutadores exímios, atiradores excepcionais e solitários.
Em Assassino a Preço Fixo, de Simon West, ele repete-se sem o mínimo constrangimento. Agora Jason é Arthur Bishop, um matador de aluguel que vive em New Orleans, e recebe mais um trabalho: matar seu melhor amigo, o paraplégico Harry (o veterano Donald Sutherland), que trabalha para a agência de criminosos e suspeito de ter traído a organização. Após realizar o trabalho, Arthur descobre que tudo não passou de armação e passa a ser perseguido pelos conspiradores.
Nada original. E Jason Statham ainda ter o pecado de não conseguir uma expressão facial diferente nunca - seja feliz, triste, transando. Igualzinho a outro canastrão de filmes de ação, um tal de Vin Diesel.
cotação: ruim
Chico Izidro

X-Men - Primeira Classe



Com a crise dos mísseis em Cuba em 1962 como pano de fundo, X-Men - Primeira Classe é provavelmente o melhor filme de toda a série sobre os seres mutantes. Temos aqui a origem da trupe comandada pelo paraplégico Professor Charles Xavier (James McAvoy), com o poder de ler a mente das pessoas e que tem explicado no filme como ele foi parar na carreira de rodas.
A história, dirigida por Matthew Vaughn, também mostra o início da amizade de Xavier com o judeu sobrevivente do Holocausto Erik Lehnsherr (Michael Fassbender, uma grata surpresa e que tem a melhor atuação entre todos e que pode ser visto ainda em Bastardos Inglórios), mutante que viria a se tornar seu inimigo mortal Magneto.
Porém em X-Men - Primeira Classe eles ainda estão unidos e têm de evitar o início da 3ª Guerra Mundial, objetivo do ex-nazista e assassino da mãe de Erik, o dr. Sebastian Shaw (o veterano Kevin Bacon, extremamente canastrão).
Foi muito bem sacada a ideia de situar a trama na verídica crise entre americanos e soviéticos em 1962, quando os comunistas instalaram mísseis em Cuba, usando ainda imagens de arquivo do ex-presidente J.F. Kennedy, assassinado um ano depois.
Os diálogos também estão afiados, sendo a melhor piada aquele em que Xavier e Erik encontram o mal-humorado Wolverine num pub. A gatinha Jennifer Lawrence, destaque do ótimo Inverno da Alma, também chama a atenção em sua atuação como Mistíca, que não aceita sua condição de mutante, apesar de ser desejo dos homens na história.
cotação: bom
Chico Izidro

O Homem ao Lado



Você, em algum momento de sua vida, já teve aquele vizinho inconveniente que lhe tirou o sossego? Todo mundo teve. Na divertida comédia argentina de humor negro O Homem ao Lado, de Mariano Cohn e Gastón Duprat, o arquiteto Leonardo (Rafael Spregelburd) vive com sua família na única casa construída por Le Corbusier na América Latina - em La Plata, capital da Província de Buenos Aires. Modelo arquitetônico, a casa é visitada frequentemente por estudantes e turistas.
Isso não incomoda Leonardo, um homem arrogante, com uma família que não foge muito ao seu estilo. O sossego dele acaba quando o vizinho, o descolado e grosseiro cinquentão Victor (Daniel Aráoz) abre uma janela na parede do prédio do lado para iluminar um ambiente de sua casa. Só que o projeto vai contra as normas arquitetônicas do lugar.
Inicia-se então uma batalha verbal e de paciência entre os dois vizinhos, que terá consequências desagradáveis. O espectador também é convidado, quase que inconscientemente, a tomar partido por um dos contendores neste filme diferente e inteligente.
Cotação: bom
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...