quinta-feira, julho 19, 2012
Beaufort
O excelente documentário "Restrepo" mostrava o dia a dia de uma divisão do exército americano nos confins do Afeganistão na segunda metade da década de 2000 (o filme chegou às telas em 2010). Bem, deste período e só agora saindo no Brasil, temos o ótimo drama de guerra israelense "Beaufort" (2007), direção de Joseph Cedar.
A trama é praticamente a mesma, não fosse o fato de um ser obra de ficção e o outro uma história real. "Beaufort" é uma base avançada de Israel no Líbano, controlada pelo exército israelense desde 1982, quando da guerra dos dois países naquele ano - aqui cabe lembrar outro ótimo filme sobre o conflito, a animação "Valsa Para Bashir". Após duas décadas e meia de controle do local, os israelenses sairão de lá (a ação se passa em 2000). O que temos em "Beaufort"? Um grupo de soldados contando as horas para sumir daquele canto inóspito, onde são constantemente alvo de mísseis lançados pelos guerrilheiros do Hamas. E como em "Restrepo", não se vê o inimigo. Apenas os mísseis chegando e trazendo o pânico e às vezes a morte.
Apesar do grande número de soldados lotados na base, apenas um grupo deles ganha destaque. Como por exemplo o jovem Liraz Liberti (Oshri Cohen), que toda a hora tem seu comando posto à prova em Beaufort. Ou o soldado que sonha em dar baixa, partir para Nova Iorque se juntar à noiva, ou o que deseja viver da música, apesar da contrariedade dos pais.
"Beaufort" lembra ainda outro drama de guerra, o oscarizável "Guerra ao Terror", principalmente na cena em que um dos soldados tenta desarmar uma bomba no meio do nada, e vestindo um daqueles trajes desconfortáveis. Não espere muita ação em "Beaufort", onde a preocupação maior é mostrar cada segundo tedioso e apavorante do cotidiano dos militares israelenses.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Violeta Foi Para o Céu
É muito fácil uma cinebiografia cair no lugar comum, didático, sem imaginação. A vida da cantora, artista plástica e militante Violeta Parra é retratada com competência em "Violeta Foi Para o Céu", de Andrés Wood. Para começar, a vida da cantora é entrecortada por uma entrevista concedida por ela à tevê argentina no começo dos anos 1960. Violeta foi uma mulher de origem humilde, nascida em Ñuble, em 1917.
O filme começa com a cantora, que desde cedo, sonhava em seguir a carreira, atravessando o deserto chileno ao lado do filho, e com seu paupérrimo violão. Ela procura um músico ancião, pois quer aprender com ele a cantar e a compor letras. Então, a trama vai e volta no tempo, mas sem nunca ficar incompreensível. Artista prolífica, nos anos 1950, viajou à Europa, apresentando-se na Polônia, União Soviética, Inglaterra e França, onde moraria por dois anos e exporia obras - a 1ª latino-americana a fazê-lo, no Museu do Louvre.
Na década seguinte, retornou à sua terra, quando conheceria o músico suíço Gilbert Favre (vivido por Thomas Durand), que seria um dos fatores de sua ruína. Ela apaixonou-se incondicionalmente por ele, muitos anos mais novo, e quando foi abandonada, começou a entrar em parafuso. Violeta também criou em Santiago a tenda Comuna de La Reina, com o objetivo de transformá-la num centro para a cultura folclórica do Chile. O projeto fracassou herculeamente. Em 1967, depressiva, matou-se com um tiro. Tinha apenas 50 anos. Deixou, porém, canções como "Volver a los 17" e "Gracias a la vida".
Violeta é interpretada magistralmente pela também cantora e atriz Francisca Gavilán. Não bastasse isso, "Violeta Foi Para o Céu" tem um cuidado sonoro poucas vezes visto. Ouvimos o ranger de portas e janelas incessantemente, a chuva caindo sobre a tenda, os dedos dedilhando o violão. O longa é baseado em livro escrito por um dos filhos de Violeta, Ángel Parra.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, julho 12, 2012
Na Estrada
A expectativa pela transposição às telas do clássico literário "On The Road", de Jack Kerouac, ficou aquém pelas mãos de Walter Salles. "Na Estrada" é bem estruturado, os atores estão afiados, porém pecou por não explorar detalhes mais substanciosos do romance de um jovem vagando pelos Estados Unidos e México no final dos anos 1940 e começo dos 50.
Sal Paradise, aspirante a escritor, recupera-se da morte do pai e vive em Nova Iorque com a mãe. Então ele conhece o poeta Dean Moriarty, na realidade Neal Cassady. Os dois saem pelos Estados Unidos, principalmente andando de carona ou num carro caindo aos pedaços. Nesta viagem alucinante, eles encontrarão os mais variados tipos de pessoas, farão muito sexo, tomarão todas e usarão muitas drogas.
Foi um período intenso na vida de Kerouac, que mudou seu nome para Sal Paradise a pedido dos editores do livro, lançado em 1957. Tanto que o uso abusivo de drogas e álcool provocou sua morte precoce, apenas aos 47 anos, por causa da cirrose hepática. Salles foi cuidadoso na reconstituição de época e na caracterização de Paradise, vivido por Sam Riley (de A Festa Nunca Termina, sobre a efervescência musical na Manchester dos anos 1980). Riley acaba eclipsado pela bela atuação de Garrett Hedlund (Eragon e Troia), que vive Dean Moriarty. Mais uma vez o coadjuvante supera o protagonista.
Evidente que condensar centenas de páginas em pouco mais de duas horas se torna um exercício praticamente impossível. Por isso, vários personagens foram suprimidos, recebendo destaque Dean Moriarty, sua mulher Marylou (Kristen Stewart, totalmente liberta daqueles tipos anódinos que costuma viver no cinema). E outros são sub-aproveitados, como o escritor Old Bull Lee, na realidade o doidão William Burroughs, cujo intérprete é o sempre excelente Viggo Mortensen.
"Na Estrada" peca também pela lentidão em determinadas cenas - muitas poderiam ser reduzidas. E dar mais destaques à viagem de Sal e Dean ao México, um dos pontos fortes do livro. As drogas e seus efeitos estão lá, mas não com toda a intensidade descrita por Kerouac em "On The Road". Salles dedicou pouco mais de 10 minutos a esta parte interessante do romance, o que acaba por enfraquecer o longa.
Cotação: bom
Chico Izidro
A Guerra dos Botões
Nada como as memórias da infância e adolescência. Elas são fortes no livro de Louis Pergaud, "A Guerra dos Botões", que tem uma nova versão cinematográfica. A obra foi às telas, antes, em 1934, 1962 e 1994, ganhando nova leitura agora, sob a direção de Yann Samuell. No interior da França, duas aldeias vivem em constante conflito há gerações. E a rivalidade é refletida em dois grupos de garotos com a idade entre sete e 14 anos. Todos os dias, após as aulas, eles vão à luta com espadas de madeira, e usando de todas as táticas de guerrilha para se saírem vitoriosos.
A área rural da França era paupérrima no começo dos anos 1960. Cenário em que as crianças não preocupavam-se com as diferenças sociais. Todos eram iguais, filhos de trabalhadores, onde sobressai o esperto Lebrac (Vincent Bres). Seu pai abandonou a família, e ele é que ajuda a mãe nas lides diárias e a criar as duas irmãs pequenas. Além disso, é o líder dos Longeverne, e tem uma atração pela vizinha, a moleca Lanterna (Salomé Lemire), que sonha em fazer parte da turma, mas é rejeitada por ser mulher.
A turma de Longeverne tem como inimigos os meninos da vizinha Velrans, cujo líder é o violento Asteca (Théo Bertrand), filho do professor da escola local, Monsieur Labru (Alain Chabat). Labru que adora entrar em combates verbais com o professor Merlin (Eric Elmosnino, do excelente Gainsbourg - O Homem que Amava as Mulheres). As intervenções dos dois são hilárias. Eles raramente partem para a violência, ficando mesmo nos xingamentos: "Coça-saco", diz um. "Cagão", replica outro. "Bunda-mole", treplica. E por aí vai.
Em seu mundo de fantasias, com as batalhas travadas com espadas de madeiras, a valentia vai pro espaço quando alguém é feito prisioneiro pelo adversário. A punição é ver os botões de suas roupas serem arrancados. Isso significa muito, pois como todos são pobres, farão falta, pois o produto é escasso e caro. Então quando chegarem em casa, acabarão apanhando de seus pais. Ou seja, toda a valentia infantil desaparece.
"A Guerra dos Botões" faz ainda uma rápida e bela homenagem a Cinema Paradiso, quando a comunidade de Longeverne assiste a um filme na igreja. O padre censura as cenas onde os casais se beijam.
O filme traz atores infantis cativantes, principalmente a garotinha Lanterna e os irmãos Tigibus e Grangibus. E conseguindo ainda escapar da armadilha de cair no sentimentalismo barato. O final é um achado, quando a garotada cerca Lebrac no pátio da escola.
Cotação: bom
Chico Izidro
quinta-feira, julho 05, 2012
O Espetacular Homem-Aranha
A pergunta que se faz aqui é porque recontar a história do surgimento do Homem-Aranha. Talvez seja, depois dos três episódios estrelados por Tobey Maguire entre 2002 e 2007, atingir um público mais jovem, com mudanças que chegam a soar como heresias para os fãs mais antigos do aracnídeo. Em "O Espetacular Homem-Aranha", do diretor Marc Webb (de 500 Dias Com Ela), está lá a aranha radioativa picando Peter Parker, deixando o adolescente franzino e vítima de bullying em super-herói.
Porém, ocorreu uma grande mexida na história de como conhecemos o desenrolar da vida do garoto. Nas histórias em quadrinhos, e foi respeitado isso na trilogia anterior, a transformação de Peter Parker se dava paulatinamente. Aqui optou-se pela pressa - tão logo é picado, Peter já sai batendo em bandidos no metrô. A morte do tio Ben também sofreu alterações, assim como seu relacionamento com Gwen Stacy (vivida pela gracinha Emma Stone), e o pai da garota, o policial linha-dura George Stacy (Denis Leary). O vilão da vez é o Lagarto (Rhys Ifans). E nesta versão, o dr. Curt Connors, que torna-se o gigantesco e violento réptil, tem uma ligação profissional com o pai de Peter, que não existia no universo das HQ.
Em "O Espetacular Homem-Aranha", a vida familiar de Peter Parker é mais aprofundada, trazendo os seus pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Os dois são obrigados a fugir, deixando o menino para ser criado pelos tios, interpretados respectivamente por Martin Sheen e Sally Field.
Modificar as histórias originais não é nenhuma novidade no cinema. E aqui, apesar de incomodar os puristas, não estraga o filme. Pelo contrário. "O Espetacular Homem-Aranha" é uma bela obra, com efeitos especiais cuidadosos e bonitos, atuações seguras - o inglês Andrew Garfield, de "A Rede Social" desbanca tranquilamente Maguire no papel de Peter Parker, apesar de já com 28 anos interpretar um adolescente. Pois ele tem um corpo franzino, parece tão frágil, que encanta. E sua química com Emma Stone é perfeita, tanto que o casal emendou o romance fora das telas.
O elenco coadjuvante também mostra-se competente. E pensar que um dia a noviça voadora Sally Field viveria tia May, que nos quadrinhos tem o rosto mais enrugado que uva passa. E note-se atores que já foram protagonistas de outros filmes em décadas passadas, vivendo tranquilamente a transição para personagens secundários, como Campbell Scott, de "Vida de Solteiro", e C. Thomas Howell, de "A Morte Pede Carona".
Enfim, "O Espetacular Homem-Aranha" pode não primar por respeitar a mitologia do personagem, mas é cinema puro.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Porém, ocorreu uma grande mexida na história de como conhecemos o desenrolar da vida do garoto. Nas histórias em quadrinhos, e foi respeitado isso na trilogia anterior, a transformação de Peter Parker se dava paulatinamente. Aqui optou-se pela pressa - tão logo é picado, Peter já sai batendo em bandidos no metrô. A morte do tio Ben também sofreu alterações, assim como seu relacionamento com Gwen Stacy (vivida pela gracinha Emma Stone), e o pai da garota, o policial linha-dura George Stacy (Denis Leary). O vilão da vez é o Lagarto (Rhys Ifans). E nesta versão, o dr. Curt Connors, que torna-se o gigantesco e violento réptil, tem uma ligação profissional com o pai de Peter, que não existia no universo das HQ.
Em "O Espetacular Homem-Aranha", a vida familiar de Peter Parker é mais aprofundada, trazendo os seus pais, Richard (Campbell Scott) e Mary (Embeth Davidtz). Os dois são obrigados a fugir, deixando o menino para ser criado pelos tios, interpretados respectivamente por Martin Sheen e Sally Field.
Modificar as histórias originais não é nenhuma novidade no cinema. E aqui, apesar de incomodar os puristas, não estraga o filme. Pelo contrário. "O Espetacular Homem-Aranha" é uma bela obra, com efeitos especiais cuidadosos e bonitos, atuações seguras - o inglês Andrew Garfield, de "A Rede Social" desbanca tranquilamente Maguire no papel de Peter Parker, apesar de já com 28 anos interpretar um adolescente. Pois ele tem um corpo franzino, parece tão frágil, que encanta. E sua química com Emma Stone é perfeita, tanto que o casal emendou o romance fora das telas.
O elenco coadjuvante também mostra-se competente. E pensar que um dia a noviça voadora Sally Field viveria tia May, que nos quadrinhos tem o rosto mais enrugado que uva passa. E note-se atores que já foram protagonistas de outros filmes em décadas passadas, vivendo tranquilamente a transição para personagens secundários, como Campbell Scott, de "Vida de Solteiro", e C. Thomas Howell, de "A Morte Pede Carona".
Enfim, "O Espetacular Homem-Aranha" pode não primar por respeitar a mitologia do personagem, mas é cinema puro.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Para Roma, Com Amor"
Em seu novo filme e de novo numa incursão europeia, após Londres, Barcelona e Paris, o diretor Woody Allen priorizou a Cidade Eterna. Em "Para Roma, Com Amor", o nova-iorquino neurótico da gema também homenageou o cinema italiano dos anos 1960 e 70, principalmente A Doce Vida e Roma de Fellini. Desta feita, Allen também optou por não contar uma história única, dividindo o filme em quatro núcleos. Não esqueçamos que na década de 1980, o excepcional filme do diretor, "Hannah e Suas Irmãs" mostrava várias histórias paralelas, mas que em determinado momento se cruzavam.
"Para Roma, Com Amor" mostra tramas totalmente independentes e são contadas as migalhas, com o resultado acabando por tornar-se irregular. Numa delas, talvez a melhor, Allen dá a redenção ao histriônico e patético Roberto Begnini. Ele vive Leopoldo, um funcionário comum de uma repartição, que de um dia para o outro vira uma pessoa famosa. Qual seu feito? Nenhum. Simplesmente é uma ironia de Allen com estas celebridades espontâneas da tevê, que não escreveram um livro, não fizeram um filme, não acharam a cura de uma doença. Apenas são famosos por serem. Simples. Qualquer bobagem que Leopoldo faça vira manchete. Como prefere o pão no café da manhã? Como faz a barba, se antes ou depois do desjejum... Um zero, como estes famosos da revista Caras.
Em outra história, fraca, o desajeitado Jesse Eisenberg, de "A Rede Social" e "Zumbilândia" vive Jack, um jovem arquiteto que conversa com seu "eu" 30 anos mais velho, Alec Baldwin, que também lhe serve de consciência. Mesmo morando com a namorada, Jack acaba por se apaixonar pela insuportável e comum Monica (a chatinha Ellen Page, de Juno). O personagem de Baldwin está ali, onipresente, enquanto Allen tenta vender uma graça e beleza que Page definitivamente não possui. A trama chega perto de irritar.
Allen volta a atuar (não o fazia desde Scoop - O Grande Furo, de 2006) na história do agente funerário que tem uma bela voz e se mostra excepcional cantor de ópera. Mas só quando está debaixo do chuveiro. Então, Allen, um ex-diretor de uma gravadora especializada em óperas, decide produzir o espetáculo Il Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo. Claro que o sucesso só surge sob uma condição. E desta vez o diretor foge de seus tipo neurótico, mas mostra-se xenófobo e impaciente com os italianos.
E na última história, um casal do interior chega a Roma e se desencontra. Ela, Milly (Alessandra Mastronardi) acaba envolvendo-se com um ator canastrão de cinema, que só pensa em levá-la para a cama. E Antonio (o insosso Alessandro Tiber), sem saber onde encontra-se a esposa, depara-se com a flamejante prostituta Anna (Penélope Cruz) durante encontro com alguns parentes esnobes e conservadores.
Infelizmente, nada parece original em "Para Roma, Com Amor". Tramas requentadas e previsíveis. Alguns diálogos, porém mostram que Woody Allen permanece afiado. Porém como também estereotipa os judeus em obras anteriores, Allen o faz com os italianos. E algumas situações são por demais forçadas, como o encontro nas ruas de Eisenberg e Baldwin. O cineasta sempre repete, em suas entrevistas, que nmunca vê seus filmes depois de finalizados. Por isso, se parasse para assistir "Para Roma, Com Amor", teria uma grande decepção.
Cotação: irregular
Chico Izidro
"Para Roma, Com Amor" mostra tramas totalmente independentes e são contadas as migalhas, com o resultado acabando por tornar-se irregular. Numa delas, talvez a melhor, Allen dá a redenção ao histriônico e patético Roberto Begnini. Ele vive Leopoldo, um funcionário comum de uma repartição, que de um dia para o outro vira uma pessoa famosa. Qual seu feito? Nenhum. Simplesmente é uma ironia de Allen com estas celebridades espontâneas da tevê, que não escreveram um livro, não fizeram um filme, não acharam a cura de uma doença. Apenas são famosos por serem. Simples. Qualquer bobagem que Leopoldo faça vira manchete. Como prefere o pão no café da manhã? Como faz a barba, se antes ou depois do desjejum... Um zero, como estes famosos da revista Caras.
Em outra história, fraca, o desajeitado Jesse Eisenberg, de "A Rede Social" e "Zumbilândia" vive Jack, um jovem arquiteto que conversa com seu "eu" 30 anos mais velho, Alec Baldwin, que também lhe serve de consciência. Mesmo morando com a namorada, Jack acaba por se apaixonar pela insuportável e comum Monica (a chatinha Ellen Page, de Juno). O personagem de Baldwin está ali, onipresente, enquanto Allen tenta vender uma graça e beleza que Page definitivamente não possui. A trama chega perto de irritar.
Allen volta a atuar (não o fazia desde Scoop - O Grande Furo, de 2006) na história do agente funerário que tem uma bela voz e se mostra excepcional cantor de ópera. Mas só quando está debaixo do chuveiro. Então, Allen, um ex-diretor de uma gravadora especializada em óperas, decide produzir o espetáculo Il Pagliacci, de Ruggero Leoncavallo. Claro que o sucesso só surge sob uma condição. E desta vez o diretor foge de seus tipo neurótico, mas mostra-se xenófobo e impaciente com os italianos.
E na última história, um casal do interior chega a Roma e se desencontra. Ela, Milly (Alessandra Mastronardi) acaba envolvendo-se com um ator canastrão de cinema, que só pensa em levá-la para a cama. E Antonio (o insosso Alessandro Tiber), sem saber onde encontra-se a esposa, depara-se com a flamejante prostituta Anna (Penélope Cruz) durante encontro com alguns parentes esnobes e conservadores.
Infelizmente, nada parece original em "Para Roma, Com Amor". Tramas requentadas e previsíveis. Alguns diálogos, porém mostram que Woody Allen permanece afiado. Porém como também estereotipa os judeus em obras anteriores, Allen o faz com os italianos. E algumas situações são por demais forçadas, como o encontro nas ruas de Eisenberg e Baldwin. O cineasta sempre repete, em suas entrevistas, que nmunca vê seus filmes depois de finalizados. Por isso, se parasse para assistir "Para Roma, Com Amor", teria uma grande decepção.
Cotação: irregular
Chico Izidro
"Apenas Uma Noite"
Será que vale a pena sacrificar o amor pela segurança? Bem, as pessoas fazem isso todos os dias ao redor do mundo. Em "Apenas Uma Noite", do diretor Massy Tadjedin, o casal formado por Keira Knightley e Sam Worthington está ameaçado pela sombra do ciúme culpado de Joanna. Ela acredita que Michael tenha um caso com uma colega de trabalho, Laura (Eva Mendes). Isso pode jogar seu marido nos braços da estonteante morena.
Não bastasse isso, Joana ainda tem dúvidas de seu amor por Michael, pois tem forte atração pelo escritor Alex Mann (Guillaume Canet) , que vivendo em Paris, aparece em Nova Iorque exatamente no dia em que o marido viaja a negócios para a Filadélfia.
A questão em "Apenas Uma Noite" é saber se troca-se o certo pelo duvidoso. E sendo o certo não certo assim, deu para entender? O filme não ousa muito, por ter saído de estúdios americanos, cujo público, sabe-se, é conservador em relação ao sexo e a instituição família.
E a inglesa Keira Knightley, por mais que tente-se vendê-la como uma beldade, sabemos ser isto enganoso. A atriz tem recursos escassos, falta-lhe sensualidade e beleza. E chega a ser covardia competir com a voluptuosa Eva Mendes, aqui contida. Sam Worthington, por sua vez, parece também ser um peixe fora da água. Seu mundo são os filmes de ação. Faltam nele recursos dramáticos para segurar o personagem.
Quem se sobressai é um quase irrecohecível Griffin Dunne, do inesquecível "Depois de Horas", de Martin Scorsese. Seu personagem é um homem de comentários cruéis e análises diretas sobre o casamento, frágil, de Joana e Michael.
Cotação: regular
Chico Izidro
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