quinta-feira, novembro 10, 2016
"Jovens, Loucos e Mais Rebeldes" (Everybody Wants Some)
Esqueça o horroroso título nacional deste novo filme de Richard Linklater, "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes" (Everybody Wants Some), mas é que ele é uma referência a obra do diretor lançada em 1993, "Jovens, Loucos e Rebeldes" (Dazed and Confused). Como sempre, Linklater brinca com o tempo, a exemplo de "Boyhood", a trilogia "Antes do Amanhecer", "Antes do Pôr-do-Sol" e "Antes da Meia-noite".
Se em "Jovens, Loucos e Rebeldes", acompanhamos o último dia de colégio de uma turma de adolescentes em 1976, com direito a muito rock'n'roll, agora em "Jovens, Loucos e Mais Rebeldes", vemos um final de semana de um grupo de universitários antes do início das aulas em 1980. Eles moram em uma república e são jogadores de baseball, com códigos próprios, e muito a fim de pegar quanto mais mulheres, melhor.
O personagem principal é Jake (Blake Jenner), que vai morar nesta república, onde todos fumam maconha, escutam Pink Floyd, bebem. E durante a noite vão a festas de rock, de country, de dance music.
"Jovens, Loucos e Mais Rebeldes!!" é um filme simples, sem muitas firulas, com um monte de atores desconhecidos. Mas repleto de nostalgia, com diálogos inteligentes e uma trilha sonora mais eclética do que seu antecessor, que se fixava mais no rock setentista. Aqui Linklater vai do rock a disco music e até mesmo o rap. Para quem viveu os anos 1980, vai bater uma melancolia. E quem não viveu sentirá saudade de uma época que não vivenciou.
Duração: 1h57min
Cotação: bom
Chico Izidro
"O Plano de Maggie" (Maggie's Plan)
Mais uma vez Gerta Gerwig apresenta uma personagem maluquinha, a exemplo de "Frances Ha", de 2013. Em "O Plano de Maggie" (Maggie's Plane), dirigido por Rebecca Miller, a história também se passa em Nova Iorque, envolvendo intelectuais e gente mal resolvida, muito mal resolvida.
Na trama, Maggie (Greta Gerwig) é uma jovem acadêmica, que tem como objetivo de vida ter um filho por conta própria. Ela pede então para que Guy (Travis Fimmel, do seriado “Vikings”), um cara que vive vendendo picles artesanais doe o esperma para que ela engravide. E ele não terá nenhuma responsabilidade com o filho. É então que aparece na vida de Maggie o professor e escritor John (Ethan Hawke), que está em crise no casamento. Essa aproximação transforma todos os objetivos de Maggie por completo. Os dois se apaixonam, ele deixa a mulher, Georgette (Julianne Moore), e acabam tendo uma filhinha.
Anos depois, já estabelecidos, Maggie decide que não quer mais John e começa a armar para que ele volte para Georgette, para que volte a cuidar com mais independência de sua filho e dela mesma. O filme é muito divertido, com várias mudanças no seu decorrer e com diálogos bons e reflexivos. Vale uma espiadada.
Duração: 1h39min
Cotação: bom
Chico Izidro
"Horizonte Perdido - Desastre no Golfo" (Deepwater Horizon)
"Horizonte Perdido - Desastre no Golfo" (Deepwater Horizon), dirigido por Peter Berg, é um filme sobre desastres, mas aqui nada de ficção, e sim retratando um acidente real, ocorrido na plataforma Deepwater Horizon, no Golfo do México, em 2010. O acontecido foi um dos maiores acidentes biológicos, causando danos quase irreparáveis no Golfo do México. Além disso, a explosão na plataforma marítima matou onze pessoas.
Claro que o climax do filme é exatamente a explosão. Mas até chegar lá, temos aquelas introduções longas e lentas tradicionais de filmes americanos. Nela somos apresentados aos personagens que estarão no meio do furacão. O protagonista é Mike Williams (Mark Wahlberg), que trabalha na plataforma. No início, ele é mostrado ao lado de sua família e logo depois, aos colegas, que partirão para o alto-mar com ele.
Na sequência, vemos os vários erros que provocarão a explosão na plataforma, gerando uma tensão quase espontânea ao longa. Berg apresenta, enfim, um longa-metragem com forte dose de realismo, levando à tela um acidente recente, com proporções gigantescas. No entanto, Horizonte Perdido - Desastre no Golfo vai em seu final, perdendo força por mostrar cenas tão corriqueiras e que não trazem nada de novo no cinema de desastres.
Duração: 1h48min
Cotação: regular
Chico Izidro
quarta-feira, novembro 02, 2016
"13 Minutos" (Elser)
"13 Minutos" (Elser), é dirigido por Oliver Hirschbiegel, de "A Queda! As Últimas Horas de Hitler", e mais uma vez volta para o III Reich, em uma história real que abalou os nazistas em 1939. O filme retrata a vida do carpinteiro socialista George Elser, que apenas dois meses depois do início da II Guerra Mundial, arquitetou um plano para matar Adolf Hitler.
O atentado seria desferido em uma cervejaria de Munique, onde o ditador iria proferir um discurso. Durante semanas, Elser preparou uma bomba no local, mas por apenas 13 minutos Hitler acabou não morrendo, no dia 8 de novembro. Ele tinha de pegar um avião e antecipou sua apresentação. A bomba explodiu, mas o ditador já havia saído do local. Oito pessoas acabaram morrendo.
Na mesma noite, Elser foi capturado na fronteira da Alemanha com a Suíça. Devido a sua capacidade, ele não foi morto de imediato pelos nazistas, ficando preso no campo de concentração de Dachau, sendo assassinado somente pouco antes de acabar a Segunda Guerra Mundial.
O filme mostra o inconformismo de Georg Elser, um trabalhador que não conseguia aceitar a irracionalidade e a animosidade do nazismo. Afinal, o tema nazismo deve ser sempre repetido, ad eternum, para que tais atrocidades nunca mais voltem a acontecer.
Duração: 1h54min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"Canção da Volta"
Um filme angustiante e intenso. Assim é "Canção da Volta", dirigido por Gustavo Rosa de Moura. A trama acompanha o casal Eduardo (João Miguel) e Julia (Marina Person), em um momento crítico de suas vidas. Ela abalou as estruturas familiares após tentar o suicídio no quarto de um hotel. E as pessoas não sabem como lidar com a situação, principalmente os filhos do casal, especialmente o mais velho, vivido por Francisco Miguez.
Eduardo, um apresentador de um programa de tevê, passa os dias preocupado com Julia. O que ela está fazendo, onde ela está quando some por várias horas. Ele começa a ficar paranóico, mas também acaba mantendo relações extraconjugais. O filme foca principalmente no personagem de João Miguel, que apresenta um trabalho excelente.
Mas Marina Person também não fica atrás, trazendo uma personagem fragilizada, mas que tenta, apesar de tudo, voltar a ter uma vida normal, apesar dos transtornos inerentes a uma pessoa depressiva. "Canção da Volta" é daqueles filmes em que ficamos pensando como irá acabar, como será o destino de seus personagens. A esperança em meio a desesperança.
Duração: 1h32min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
Indignação (Indignation)
Indignação (Indignation), dirigido por James Schamus, é um filme baseado em romance de Philip Roth. A obra, passada no começo dos anos 1950, em meio à Guerra da Coreia, aborda a vida de um jovem judeu que chega à uma universidade em Cleveland, Ohio. Marcus Messner (Logan Lerman), filho de um açougueiro de Newark, quer ser advogado e não quer ter distrações.
Só que seu objetivo começa a ir para o espaço quando ele conhece a estudante de literatura francesa
Sarah Gordon (Sarah Gadon), com atitudes meio avançadas para à época, não tratando a relação sexual como um tabu. Marcus acaba, por causa da namorada, tendo problemas com os colegas de dormitório, pedindo uma transferência. Ao mesmo tempo, ele tem de lidar com os pais, Max e Esther, que não conseguem lidar com o fato do filho estar se tornando independente.
Uma das melhores cenas do longa é quando Marcus confronta o reitor da universidade. Afinal, esse não consegue entender o porquê de o garoto não se entrosar. E o pior, ser um judeu ateu. O embate entre os dois é sensacional, com Marcus descontruindo as posições conservadoras e ultrapassadas do reitor.
O filme retrata o começo de uma mudança profunda na sociedade americana dos anos 1950. E seu personagem principal é um jovem que se mostra "indignado" com a caretice vigente, mesmo que ele ainda carregue um pouco deste ranço.
Duração: 1h50min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
"A Luz Entre Oceanos" (The Light Between Oceans)
O filme começa contemplativo, lembrando aquelas belas produções dos anos 1950 e 1960, onde não havia pressa em suas cenas, em como contar uma história. Estamos em "A Luz Entre Oceanos" (The Light Between Oceans), dirigido por Derek Cianfrance, onde seguimos a trajetória do ex-soldado da I Guerra Mundial Tom Sherbourne (Michael Fassbender). Abalado pelos quatro anos tentando sobreviver ao conflito, ele decide se afastar do mundo, aceitando um emprego como faroleiro numa ilha afastada da Austrália. Mas antes de começar o trabalho, ele conhece a jovem Isabel Graysmark (Alicia Vikander).
Os dois iniciam uma correspondência e depois de algum tempo, decidem casar, com Isabel indo morar na ilha com Tom. Aos poucos, a garota vai fazendo com que ele vá reencontrando o gosto pela vida. E decidem ser pais. Porém Isabel tem problemas e perde dois bebês durante a gestação ao longo dos anos. Quando estão desistindo, encontram numa manhã um bebê e um homem num barco que estava à deriva.
O homem está morto, mas a criança é saudável e bela. Só que por obrigação, Tom tem de avisar as autoridades. Só que ele acaba aceitando os argumentos da esposa de que podem manter a posse da criança em segredo, afinal ninguém desconfiará, já que ela estava grávida. O problema é que Tom nunca conseguirá dormir tranquilo com a decisão.
E isso vai acarretar futuras incomodações. E é quando o filme perde o brilho. De uma obra romântica e reflexiva, acaba se transformando num dramalhão. Ainda mais quando aparece a figura da mãe do bebê, interpretada por Rachel Weisz.
Mas ressalta-se o ótimo trabalho de Fassbender, que apresenta uma entrega emocional excepcional. "A Luz Entre Oceanos" tinha tudo para ser um grande filme sobre o amor, mas no final das contas, acaba sendo apenas regular.
Duração: 2h13min
Cotação: regular
Chico Izidro
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