quinta-feira, janeiro 29, 2015

"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"

O ator preso no personagem. Riggan Thomson (Michael Keaton, ótimo), depois de fazer fama no cinema com o super-herói Birdman em três filmes, não aceitou fazer a quarta sequência, acabando por entrar no ostracismo. Anos depois, ele tenta mostrar ser um ator sério, ao produzir, dirigir e atuar em peça de Raymond Carver, em "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)", dirigido por Alejandro González Iñárritu.

Com sinais de esquizofrênia, já que houve vozes, principalmente do herói que interpretava, e acreditar ter o poder de mover objetos, Thomson sofre para produzir a peça, já que primeiramente se vê trabalhando com um ator medíocre, que por milagre consegue substituir. Só que o substituto é o egocêntrico e desagregador Mike Shiner (Edward Norton, excelente). Ele ainda tem de lidar com a filha rebelde e carente, Sam (Emma Stone) e a namorada, que reclama de sua apatia, Laura (Andrea Riseborough) e o assistente nervoso, Brandon (Zach Galifianakis).

Iñárritu utiliza técnica que se assemelha a um plano-sequência, como se não houvesse cortes na filmagem. A câmera segue os atores pelos corredores do teatro na Broadway, propiciando closes em seus rostos marcados. A trilha sonora também é um achado, apenas o som de uma bateria, que vai num crescendo em cenas mais tensas.

"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)", de certo modo, tem um grau intenso de ironia ao ser protagonizado por Michael Keaton, que viveu os "Batmans" dirigidos por Tim Burton em 1989 e 1992, e se recusando a fazer uma terceira parte, sendo que eclipsado das telas, e tendo dificuldades para mostrar que era um bom ator.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Teoria de Tudo"

"A Teoria de Tudo", dirigido por James Marsh, é a cinebiografia do físico Stephen Hawking, vítima de Esclerose Lateral Amiotrófica, que atrofia a musculatura, mas não afeta as faculdades mentais. Ele, aos 21 anos de idade, se viu preso numa cadeira de rodas. Quando diagnosticada a doença, os médicos lhe deram no máximo dois anos de vida. Pois ele casou, teve três filhos, separou, casou de novo. E hoje, aos 70 e poucos anos, ainda está trabalhando em suas teorias.

Hawking ficou conhecido mundialmente com o livro Uma Breve História do Tempo, onde busca responder questões como de onde vem o Cosmos e para onde vai? O universo teve começo? Nesse caso, o que aconteceu antes? No filme, o físico é interpretado magistralmente por Eddie Redmayne, já visto em "Sete Dias com Marylin" e "Os Miseráveis". O ator faz um trabalho corporal fantástico, tanto que o próprio Stephen Hawking enviou um e-mail ao diretor James Marsh, dizendo que houve momentos em que pensou estar assistindo a si mesmo na tela.

A história, além de mostrar o avanço da doença de Hawking, também foca e muito no romance entre ele e a jovem Jane (Felicity Jones, de O Espetacular Homem-Aranha 2 - A Ameaça de Electro). O filme, aliás, é baseado em livro da própria Jane Wilde Hawking, intitulado My Life with Stephen. Ela o conheceu são e decidiu permaner ao seu lado mesmo quando diagnosticada a doença.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Grandes Olhos"

"Grandes Olhos", de Tim Burton, começa com Margaret Keane (Amy Adams) fugindo de casa com a filha, deixando para trás um marido abusador. Artista plástico, logo está procurando emprego na San Francisco na segunda metade dos anos 1950. E uma mulher separada, com uma filha pequena, não era bem vista pela conservadora sociedade. Logo ela conhece o pintor Walter Keane (Christoph Waltz), e eles casam para ela não perder a guarda da filha.

Passado um tempo, suas obras, onde destacam-se as figuras de crianças com grandes olhos, tristes e suplicantes. Mas quem leva os créditos é seu marido, Walter, que alega ser suas as pinturas, pois diz ele, teria mais reconhecimento, já que o trabalho de uma mulher não era levado tão a sério. O dinheiro começa a entrar, mas anos depois, cansada dos desmandos de Walter, Margaret decide pedir o reconhecimento de sua obra. Que lhe é negado.

"Grandes Olhos" acaba nos tribunais, com Margaret brigando com Wlater para provar quem era o verdadeiro autor dos quadros. A justiça daria razão para Margaret, ao colocar os dois frente à frente, obrigando-os a pintar um quadro. Ela pintou uma tela a óleo, mas quando Walter foi convidado a fazer a mesma coisa, ele alegou estar com dor no ombro e por isso não poderia pintar.

O filme é um diferencial na obra de Tim Burton por não ser soturno. Nele é retratada uma época onde as mulheres eram vistas apenas como donas de casa, sem muita capacidade intelectual. Amu Adams está muito bem na pele de Margaret Keane, mas Waltz, de novo rouba a cena, com seu jeito cínico, por vezes patético. A cena no tribunal, onde ele é seu próprio advogado, é hilária.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Entrevista"

O polêmico "A Entrevista", dirigido por Seth Rogen e Evan Goldberg, e que chegou a causar problemas diplomáticos entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte por provocar o ditador Kim Jong-un, é uma comédia boba e escrachada, e que inclusive toma liberdade ao mudar os rumos da história.

Na trama, o idiota apresentador Dave Skylark (James Franco), famoso por entrevistar celebridades - numa das cenas iniciais, ele consegue uma confissão do rapper Eminen, que revela ser gay - mas não é visto como um jornalista sério, e seu produtor Aaron Rapaport (Seth Rogen) consegue uma entrevista com o ditador norte-coreano Kim Jong-un (Randall Park), que é um fã do programa deles. Ao saber do projeto, a CIA entra em contato com a dupla, e pede uma coisa: que ela mate o ditador, envenenando-o.

Ao chegar em Pyongyang, Skylark e Rapaport são recebidos por um simpátivo e carente Kim Jong-un. E claro que os planos da CIA vão para o buraco, quando Skylark se encanta com o ditador - mulherengo, brincalhão, humorista.

No papel de Kim Jong-un, está Randall Park, que nem de longe se assemelha ao norte-coreano, mesmo sendo baixinho e gordinho. Na parte final de "A Entrevista", o filme remete a "Bastardos Inglórios", de Quentin Tarantino, devido a um banho de sangue proporcionado nas telas e com a alteração da história, que não dá para contar aqui. O personagem de James Franco chega a irritar, de tão estúpido, em filme de comédias bobinhas e rasteiras.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Caminhos da Floresta"

"Caminhos da Floresta" é um musical que junta vários personagens dos contos de fada, como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, João do Pé de Feijão e Rapunzel, e dirigido por Rob Marshall. Mas apesar de unir estes personagens e ter uma excelente atuação de Meryl Streep, o filme carece de maior emoção e como no estilo que se propõe, as músicas são muito heterogêneas, não havendo nenhuma que se destaque e que possa ser lembrada logo após a sua exibição.

Na história, um padeiro e sua mulher, vivivos por James Corden e Emily Blunt, não conseguem ter um filho. Até descobrirem ter sido enfeitiçados pela bruxa má, vivida por Meryl Streep, que se vingou do pai dele, que roubou pertences dela décadas atrás. Então a bruxa propõe um pacto ao casal: eles terão três noites para lhe trazer quatro elementos: um capuz vermelho como sangue, cabelo amarelo como espiga de milho, um sapato dourado como ouro e um cavalo branco como o leite. Todos eles objetos pertencentes aos personagens de conto de fadas. Se eles conseguirem o que ela pede, o feitiço será tirado e o padeiro e sua mulher terão um herdeiro.

Apesar de momentos bens inspirados, como o lobo interpretado por Johnny Depp, que ataca Chapeuzinho Vermelho e sua avó, ou Cinderela (Anna Kendrick) sofrendo nas mãos da madrasta (Christine Baranski) e de suas filhas, ou a presença de Meryl Streep, do meio para o final, o filme perde em movimento, tornando-se cansativo, com músicas sem inspiração.

Cotação: regular
Chico Izidro

"A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte"

"A Mulher de Preto 2 - Anjo da Morte", direção de Tom Harper III, tem um início promissor, recuperando a mansão sombria visitada por Daniel Radcliffe, o Harry Potter, no primeiro filme, lançado em 2012. Agora a trama avança alguns anos, transcorrendo durante a II Guerra Mundial, quando diversas crianças são retiradas de Londres, devido aos bombardeios alemães, e enviadas para o interior.

Um grupo delas é levado para a mansão do pântano, afastado do povoado mais próximo, e que devido a uma maldição, já causou a morte de várias crianças e estava desabitado. O começo do filme tem um clima sufocante, soturno, prevendo que virá coisa boa pela frente. Ledo engano. o garotinho órfão Edward (Oaklee Pendergast), traumatizado pela perda dos pais, se mantém calado, mesmo com a insistência das supervisoras de que fale, se entrose com os colegas, que claro, o fazem vítima preferida para o bullying. Sua única ajuda parte d ajovem Eve Parkins (Phoebe Fox), uma das assistentes. E ele é visitado pelo fantasma, que logo estará assustando os moradores do local.

Aos poucos, eventos macabros começam a ocorrer na mansão, provocando o pavor nas pessoas. Mas as cenas dos sustos são tão sem graça, com aquelas aparições vindo do nada, fazendo os personagens correr pelos corredores da mansão, em desabalada carreira, com gritos irritantes. Enfim, nada de novo.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quarta-feira, janeiro 21, 2015

"Foxcatcher - A História Que Chocou o Mundo"

Esqueça o apelativo e ridículo subtítulo nacional. "Foxcatcher - A História Que Chocou o Mundo", direção de Bennet Miller, é daquelas histórias comuns que Hollywood consegue transformar numa boa trama, desta vez envolvendo o mundo das lutas greco-romanas, aquela em que os lutadores se agarram, numa dança quase homo-pornográfica.

Baseado em fatos reais ocorridos na segunda metade dos anos 1980 e começo dos anos 1990, mostra o envolvimento do campeão olímpico de 1984, Mark Schultz (Channing Tatum, ótimo) com o milionário John Du Pont (Steve Carrell, excelente e quase irreconhecível atrás da maquiagem). Mark é convidado por Du Pont para integrar sua equipe, a Foxcatcher, que prepara-se para os Jogos Olímpicos de Seul, em 1988. Apesar de sempre ter treinado com o irmão, David (Mark Ruffalo, também ótimo), Mark aceita e vai morar na propriedade do milionário, que aos poucos vai mostrando sua verdadeira faceta.

Obcecado pelo perfeccionismo, patriota ao extremo, Du Pont, sofrendo com o controle da mãe (Vanessa Redgrave), não aceita ser contrariado e não sossega enquanto não leva David para a sua equipe. E os dois viverão momentos conflituosos, que acabarão em tragédia.

Channing Tatum impressiona pelo trabalho corporal que apresenta para viver Mark Schultz. O modo como anda e fala o transformou num brucutu, que aparenta ter pouca inteligência. Enquanto isso Steve Carrell destaca-se pelo olhar enviesado e a voz pausada que adota para interpretar um homem, que devido a linhagem milionária da família, sempre teve o que quis. O filme também mostra a obsessão dos norte-americanos em sempre serem o número 1. Perder não está no pensamento ianque.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...