quarta-feira, agosto 26, 2015

"Que Horas Ela Volta?"




Deu muito certo a parceria entre Regina Casé e a diretora Anna Muylaert em "Que Horas Ela Volta?". No filme são mostradas as difíceis relações entre patrões e empregados. No caso a empregada doméstica e ex-babá Val (Casé), que vinda de Pernambuco cuidou de Fabinho (Michel Joelsas, de O Ano Que Meus Pais Saíram de Férias) desde pequeno. Parte do dinheiro de seu salário era enviado para parentes no Nordeste, que cuidavam de sua filha Jéssica (Camila Márdila).

Anos depois, Jéssica está para prestar vestibular na FAU em São Paulo, e ficará hospedada na casa onde trabalha a sua mãe e de propriedade do casal Bárbara (Karine Teles) e Zé Carlos (Lourenço Mutarelli), no elegante bairro do Morumbi. E a convivência não será fácil, já que Jéssica não é servil como Val. Ela leva a mãe ao desespero ao não respeitar as convenções sociais. "A menina não conhece o seu lugar", pensa Val. "Eles não são meus patrões, são seus", retruca Jéssica.

A garota age como se estivesse em casa, primeiro ao aceitar ficar no quarto de hóspedes ao invés de dividir o pequenho quartinho com a mãe no fundo da casa. Ela também abre a geladeira e se serve do sorvete exclusivo de Fabinho, senta à mesa como se fosse da família, nada na piscina, para desespero de Bárbara, que acha tudo aquilo um absurdo. A dona da casa passa a não conseguir mais segurar seu desagrado e ao ver tamanho desprendimento, não pensa duas vezes, mandando por exemplo, esvaziar a piscina.

Jéssica ainda mexe com os sentimentos do dono da casa, Zé Carlos, que vive da fortuna deixada pelo pai, e se mostra um homem depressivo e artista frustrado. Ele passa a desejar ardentemente Jéssica. "Que Horas Ela Volta?" é um filme cru, mostrando a realidade brasileira, onde as divisões sociais ainda são fortes. Apesar de se achar da família, Val sabe no fundo que não é, mesmo que seu amor seja mais forte por Fabinho, que encontra na empregada mais carinho e compreensão do que de sua mãe, do que pela filha, que não viu crescer.

Casé está espetacular na pele de Val, uma empregada servil e dedicada. Camila Márdila também está ótima como a menina que vem do Nordeste e não abaixa a cabeça para as regras impostas por uma sociedade elitista.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Ted 2" (Ted 2)



O ursinho desbocado está de volta. Na primeira parte, ele ganhava vida após pedido do pequeno John. Os dois cresceram juntos, vagabundos e junkies. Em "Ted 2", direção de Seth MacFarlane, o urso se casa com a deliciosa Tami-Lynn (Jessica Barth), enquanto que o parceiro viu o seu casamento naufragar. Agora Ted quer ser pai para salvar o seu matrimônio, mas existe um problema: ele não possui órgão sexual.

Então nesta primeira parte do filme, é mostrada a batalha de Ted por tentar esperma para fazer a inseminação artificial em Tami-Lynn, com piadas pesadas, como John (Mark Wahlberg) vendo um estoque de esperma caindo sobre ele, ou a dupla tentando masturbar Tom Brady, o marido de Gisele Bündchen. Como nada dá certo, o jeito é tentar adotar um bebê.

E o que ocorre? Ted não é humano e sim um bichinho de pelúcia. Por isso não pode ter os direitos de um cidadão. Aí a história vai para os tribunais, com Ted sendo defendido pela advogada inexperiente Samantha Jackson (Amanda Seyfried). Além disso, Ted tem de fugir do maluco Donny (Giovani Ribisi), que reencarna o vilão do primeiro filme, querendo ter a posse do ursinho para si.

As piadas pesadas estão lá, com direito a uso excessivo de drogas e bebidas. "Ted 2" começa agil, divertido, porém em seu decorrer vai perdendo força, pois aposta demasiadamente no sentimentalismo. E isso é um pecado num filme que pretende ser subversivo e quebrar as regras.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Hitman - Agente 47" (Hitman: Agent 47)




"Hitman - Agente 47", direção de Aleksander Bach, é uma continuação do filme de 2007. Ele mostra o assassino profissional 47 (Rupert Friend), que foi criado em laboratório. Ágil, mortal, agindo como um robô, ele é praticamente imbatível. Sua missão é o de encontrar o paradeiro da jovem Katia, filha do seu criador, que também está sumido. Achando a garota, ele acha o cientista. Mas para isso, ele tem de combater outro agente modificado geneticamente, John Smith (Zachary Quinto, de Heroes).


A trama começa em Berlim e vai para Cingapura. E no decorrer de suas 1h e 25 minutos, muitas reviravoltas, com vilões virando mocinhos, mocinhos virando vilões. O Agente 47 parece ser feito de gelo. Não ri, não corre, dorme sentado. A mocinha da vez, Katia Van Dees (Hannah Ware)) foge do estereótipo, pois não é tão frágil, como parece ser no início e não fica soltando aqueles gritinhos insuportáveis das heroínas.

Cotação: bom
Chico Izidro

"A Corrente do Mal" (Its Follows)



Esta é uma das piores premissas feitas no cinema. "A Corrente do Mal", direção de David Robert Mitchell, tem conseguido amealhar grande número de fãs, mas é uma bomba.

A jovem Jay (Maika Monroe), estudiosa e trabalhadora, sai com o novo namorado. Após transar com ele, ela acorda amarrada a uma cadeira em um prédio abandonado. E ele explica que transmitiu para ela uma maldição: Jay passará a ser perseguida por seres que tentarão matá-la. E para escapar da sina, ela deve transar com outra pessoa e passar a maldição adiante.

Na sequência, Jay começa a ser perseguida pelos tais seres, que apenas a observam e lhe provocam sustos. Nada mais. A garota, porém, tem admiradores que topam fazer sexo com ela, para deixá-la livre da maldição. É abusar demais da boa vontade dos cinéfilos filmar tal baboseira.

Talvez a coisa mais interessante de "A Corrente do Mal" seja as filmagens feitas na decadente e vazia Detroit, que há alguns anos entrou em colapso econômico, sendo abandonada por seus moradores. Tirando isso....

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Último Cine Drive-In"



"O Último Cine Drive-In", direção de Iberê Carvalho, tem ecos de "Cinema Paradiso" e "Cine Holliúdy". Passado em Brasília nos dias de hoje, mostra a vida do jovem Marlonbrando (Breno Nina), que vê a mãe ser internada num hospital, com câncer.

Sem ter onde ficar após ser expulso do hospital, ele procura o pai, Almeida (Othon Bastos), dono de um decadente cinema drive-in - aquele onde as pessoas vão de carro para ver os filmes ao ar livre - , para ter um teto sobre a sua cabeça.

O cinema está quase abandonado, sendo tocado por Almeida e mais dois funcionários , Paula (Fernanda Rocha), projecionista e responsável pela lanchonete e Zé (Chico Sant'anna), o bilheteiro. O local recebe poucos clientes, que vão lá mais para transar do que para ver algum filme, e está prestes a fechar. Marlonbrando decide lutar pelo salvamento do cinema, enquanto reacende a convivência com o pai.

O filme é repleto de memorabília cinematográfica - desde o nome do protagonista, clara homenagem aquele que é considerado o melhor ator de todos os tempos, até os cartazes espalhados pelo cinema. "O Último Cine Drive-In" até mesmo evoca "O Campo dos Sonhos", de 1989, e a famosa frase "construa e eles virão". No caso aqui é a restauração do drive-in e a espera do público, hoje em dia mais frequentador de salas de cinema de shopping do que de rua. Uma homenagem a sétima arte.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quarta-feira, agosto 19, 2015

“Linda de Morrer”



Mais uma comédia brasileira absolutamente desnecessária, de tão fraca e sem graça se apresenta. “Linda de Morrer”, direção de Cris D’Amato, traz Glória Pires no papel de um fantasma. Sim, esta patacoada tem ares de “Ghost – Do Outro Lado da Vida” e também apresenta seu momento “Se Eu Fosse Você”, também protagonizado por Glória Pires. E nem tem vergonha de negar o plágio.

Glória Pires é Paula, uma médica e empresária que cria um remédio que acaba com a celulite, o Milagra. Ela é tão enterrada no trabalho, que mal tem tempo para a filha Alice (Antônia Morais, filha de Glória também na vida real). Antes do lançamento do remédio no mercado, Paula acaba sofrendo os efeitos colaterais de sua invenção e acaba morrendo. Mas seu espírito fica vagando pela Terra, pois tem de consertar o estrago – encontrar um jeito de evitar que o remédio seja lançado comercialmente e mate outras pessoas. Para isso, ela tem de tentar encontrar um modo de se comunicar com sua filha, e isso chega na figura do psicólogo Dantas (Emílio Dantas), que recebeu da avó recém falecida o poder da mediunidade. Só que o rapaz não quer aceitar a missão. E quando se convence e vai até Alice, eles têm de superar as falcatruas do sócio de Paula, Francis (Ângelo Paes Lemes), que sabia do problema do Milagra, e tenta culpar a falecida pelo fracasso.

O filme chupa descaradamente “Ghost – Do Outro Lado da Vida”, inclusive na famosa cena em que Patrick Swaize utiliza o corpo de Whoopi Goldberg para se comunicar com Demi Moore. Em outro momento, Francis tem o corpo possuído por Paula e age como se fosse Tony Ramos em “Se Eu Fosse Você”. Já em outro descuido da produção, Paula, que é um espírito, passa o tempo todo atravessando portas e paredes. Mas quase no final, ela está na carona de um carro e abre a porta para sair dele...mas como, se ela é um fantasma?

As atuações são terríveis. Nem mesmo Glória Pires se salva. Aqui ela apresenta-se histérica, exagerada, talvez nem acreditando no papel que está interpretando. Emílio Dantas não se sai melhor, berrando e mexendo exageradamente os braços o tempo todo. E nem a beleza salva Antônia Morais, que a cada cena mostra total incapacidade de interpretação.

Cotação: ruim
Chico Izidro

“Entourage – Fama e Amizade” (Entourage)




Filme saído da série homônima, “Entourage – Fama e Amizade” (Entourage), direção de Doug Ellin, mostra as aventuras do ator Vince (Adrian Grenier) e seus comparsas na glamourosa Los Angeles. Para quem nunca assistiu a série, demora um pouco para engrenar, até conhecer um pouco de cada personagem.

A trama gira em torno da produção de um filme onde Vince assume a direção, apesar da contrariedade do estúdio. Passados vários meses, a produção já estourou o orçamento e Vince e seu agente Murphy (Kevin Connoly) pedem mais dinheiro para o produtor Ari (Jeremy Piven, a melhor coisa do filme). Ele então tem de procurar os investidores, no caso o fazendeiro Larsen McCredle e seu filho, o mimado Travis (Haley Joel Osment, o menino de O Sexto Sentido). O problema é que Travis pega antipatia por Vince e decide mudar toda a história.

O filme, é então, basicamente a briga de Vince e Ari de conseguir grana e finalizar a produção, batizada de “O Médico”, uma espécie de ficção científica.

“Entourage – Fama e Amizade” não desmente nem o título dado no Brasil, pois o longa-metragem tem a cada minuto a aparição na tela de algum ator famoso de Hollywood vivendo eles mesmos. São os casos da lutadora de MMA e atriz Ronda Rousey, Liam Neeson, Kelsey Grammer, Gary Busey, o cantor Pharrell Williams, Jessica Alba, Jon Favreau e por aí vai. E é de dar inveja, pois mostra um mundo fora da realidade para os simples mortais, tal a quantidade de dinheiro, mordomias e outras benesses que a fama traz. Tudo com muito humor.

Cotação: bom
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...