quinta-feira, dezembro 24, 2015

“Star Wars – O Despertar da Força” (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens)



O novo Star Wars – O Despertar da Força (Star Wars: Episode VII – The Force Awakens), dirigido por J. J. Abrams, respeita por demais os episódios IV, V e VI, vistos entre 1977 e 1983, e foge das terríveis partes I, II e III, lançados entre 1999 e 2005. No novo filme, os eventos acontecem cerca de 30 anos depois da parte VI, que teve a morte do vilão Darth Vader, pai de Luke Skywalker e da princesa Leia.

Agora Luke sumiu do mapa, depois de ter frustrada a tentativa de treinar novos jedis. E a Primeira Ordem, sucessora do Império, deseja localizá-lo e eliminá-lo. Quem tem o mapa de sua localização é o robô BB-8, que é encontrado pela catadora de lixo Rey (Daisy Ridley, excelente). A garota vai receber o apoio de Finn (John Boyega), um stormtrooper que desertou por não gostar de sua função – matar inocentes. Os dois acabarão entrando em contato com os rebeldes e encontrarão um antigo combatente, Hans Solo (Harrison Ford) e seu ajudante Chewbacca (Mayhew). Hans está separado da princesa e agora general Leia (Carrie Fischer), que comanda os rebeldes contra a Primeira Ordem, que tem um ex-jedi, Kylo Ren (Adam Driver), uma espécie de Darth Vader, também violento e cruel. E ele ainda é o filho renegado de Solo e Leia.

“Star Wars – O Despertar da Força” ((Star Wars: Episode VII – The Force Awakens) prima por seguir a mitologia da série, sem se perder com personagens estranhos e ridículos, como o malfadado Jar Jar Binks. Rey é uma ótima heroína e que vai descobrir poderes escondidos em seu interior. O personagem de Finn é a parte triste e ao mesmo tempo engraçada – o ex-stormtrooper se lamenta dos crimes praticados pelo exército da Primeira Ordem, que em determinado momento lembra as tropas nazistas, até mesmo na saudação aos seus líderes. Finn também é o dono das piadas do filme.

Já Adam Driver, como Kylo Ren, se não é tão assustador quanto Darth Vader, provoca certo pânico com sua máscara e voz metálica. O filme ainda traz surpresas que não cabem contar aqui, como a morte de um personagem chave da trama.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=4r0287tUEgk

Duração: 2h16min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“As Sufragistas” (Suffragette)




No começo do Século XX, as mulheres viviam como cidadãs de segunda classe na Inglaterra. Apesar da dura jornada de trabalho e ainda cuidar da família, não tinham direitos, apenas deveres. Por isso, um grupo de mulheres decide se unir e lutar pelo direito ao voto, uma forma de se fazer ouvir naquela sociedade controlada pelos homens. “As Sufragistas” (Suffragette), direção de Sarah Gavron, mostra a luta delas sob a visão de uma personagem fictícia, Maud Watts (Carey Mullingan), que meio sem querer entra para o grupo liderado pela personagem real Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), em rápida aparição.

Orfã desde pequena, Maud trabalhava numa lavanderia, cujo patrão era um homem que abusava das funcionárias mais jovens. E ainda tinha de cuidar do marido e do filho pequeno. E ela acabaria sacrificando tudo ao entrar na luta das sufragistas, inclusive indo parar na cadeia. As mulheres, como eram ignoradas totalmente em seus objetivos, acabaram partindo para atitudes mais drásticas. Começaram depredando lojas e acabaram explodindo caixas de correspondência e depois casas de políticos.

Depois de muita luta, as mulheres começaram a ser ouvidas, mas é chocante constatar que demorou para elas terem o direito ao voto pelo mundo. No final, é mostrada uma lista, e a progressista Suíça só concederia este direito a elas em 1971, quando o Brasil o fez em 1932. E na Arábia Saudita só agora em 2015 elas conseguiram votar. Um filme para pensar.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=uiamX7iYdRE

Duração: 1h47min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Macbeth – Ambição e Guerra” (Macbeth)




Não sou conhecedor da obra de William Shakespeare. Li críticas sobre “Macbeth – Ambição e Guerra” (Macbeth), direção de Justin Kurzel, em que dizem faltar profundidade a obra do escritor inglês e que os atores Michael Fassbender e Marion Cottillard falam baixinho, não conseguindo demonstrar o drama vivido pelo casal. Pois achei o filme bom, pois mostra com exatidão o período que retrata, na Idade Média, e o local, a Escócia e suas charnecas, o tempo nublado, as batalhas violentas. E aqui não vemos castelos. MacBeth e seus seguidores vivem em barracas sujas e pútridas.

O general do exército Macbeth (Michael Fassbender) ouve o presságio de três bruxas que está fadado a tomar o poder. E incitado por sua mulher, Lady MacBeth (Marion Cottillard), trai o rei da Escócia, Duncan (David Thewlis) e tomar o trono para si. Porém tal atitude não sairá barato. O general sofrerá com a consciência pesada, os pesadelos com o filho que morreu ainda pequeno, e com outros fantasmas, que insistem em perturbá-lo.

“Macbeth” ainda fascina por manter os diálogos em forma de versos, como o foram escritos por Shakespeare. E por cenas fortes, ar sombrio, atuações convincentes e cenários épicos, que dão uma magnitude a esta obra, que trata de traição, ambição e terror.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=ieFaaCYztDU

Duração: 1h53min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens)



Alemanha, 1958. Um sobrevivente do campo de extermínio de Auschwitz reconhece um guarda do local, agora trabalhando como professor de crianças numa escola da cidade. Corta para o jovem procurador Johann Radmann (Alexander Fehling), que demonstra total desconhecimento do que ocorreu no famigerado campo localizado na Polônia. Aos poucos, porém, seus olhos começam a ser abertos pelo jornalista Thomas Gnielka (Andr[e Szymanski). Então Johann começa uma jornada para mandar para a prisão os assassinos nazistas em “Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens), estreia na direção do ator Giulio Ricciarelli.

Johann notará que a sociedade alemã se recusa a reconhecer os crimes, utilizando as mais esfarrapadas desculpas, como “apenas seguíamos ordens”, “sempre fomos contra Hitler e os nazistas, mas seríamos mortos se não obedecêssemos”. O personagem de Johann Radmann é fictício, mas une três procuradores reais, que trabalharam sob o comando do procurador-chefe Fritz Bauer (Gert Voss). Ele era de descendência judaica e teve de fugir da Alemanha em 1933, quando os nazistas chegaram ao poder. Ele voltou em 1945, após viver exilado na Suécia.

“Labirinto de Mentiras” (Im Labyrinth des Schweigens) choca por mostrar um povo que não reconhecia seus erros, e até agia de modo cínico. Os criminosos de guerra viviam tranquilamente e trabalhavam idem. Sem nenhum remorso pelos crimes que praticaram. A batalha para levá-los à Justiça demorou, mas acabou chegando em 1963, gerando uma onda revisionista e que finalmente abriu os olhos dos alemães, que desde então se penitenciam, transformando-se numa das sociedades mais progressista e liberal do mundo.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=uiamX7iYdRE

Duração: 2h04min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 17, 2015

"Califórnia"




A ex-VJ da MTV Marina Person utilizou suas experiências pessoais para realizar o ótimo "Califórnia". Na trama, a jovem Estela (Clara Gallo) está com seus 16 para 17 anos, em meados dos anos 1980. E ela planeja viajar para os Estados Unidos, onde fará uma viagem ao lado do tio Carlos (Caio Blat) pela Califórnia. Carlos é jornalista que mora na terra do Tio Sam. Especialista em música, ele envia para a sobrinha, que mora em São Paulo, as novidades musicais que surgem por lá.

Estela está cursando o ensino médio e é apaixonada pelo mauricinho Xande (Giovanni Gallo), mas acaba se encantando pelo niovo colega, o esquisitão JM (Caio Horowicz), que usa o cabelo estilo Robert Smith, do The Cure. Então próximo da viagem, Estela fica sabendo que ela não vai acontecer, pois seu tio vai voltar para São Paulo. Ele é portador de uma doença misteriosa, que ataca o sistema imunológico. É a AIDS, ainda desconhecida do grande público.

Estela tem, então, de lidar com a doença do tio, o amor, a perda da virgindade. Tudo embalado pelo rock oitentista. A trilha sonora tem claro, The Cure, David Bowie, o artista preferido da protagonista, Blitz, Titãs, Metrô, Paralamas do Sucesso e até Lulu Santos, com sua De Repente, Califórnia, que é mostrada durante um luau na praia.

Clara Gallo está ótima, tem aquele olhar de quem está descobrindo o mundo. E guarda forte semelhança com Marina Person. Seus pais são vividos por Virginia Cavendish e Paulo Miklos, numa espécie de ironia, pois ele interpreta um homem rígido e moralista, mas pertence a uma das bandas mais iconoclastas e contestadoras dos anos 1980, Titãs. Das amigas de Estela, quem se destaca é a engraçada Letícia Fagnani, já vista como a secretária de Danilo Gentili no seriado "Politicamente Incorreto".

Marina Person foi cuidadosa na reconstituição de época - os cabelos, as roupas, o linguajar. E claro, a bela e saudosista trilha sonora.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=pSACvd-JKis

Duração: 1h30min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Pegando Fogo" (Burnt)




Faltou um pouco de gás em "Pegando Fogo" (Burnt), direção de John Wells. A história é centrada no chefe e cozinha Adam Jones (Bradley Cooper), que teve uma carreira de respeito até por tudo abaixo devido ao uso de drogas e alcoolismo. Após um período de calvário em Nova Orleans, onde abriu um milhão de ostras, ele vai para Londres para tentar recomeçar a carreira e conquistar a terceira estrela do guia gastronômico Michelin.

Na capital inglesa, Adam conta com a ajuda de Tony (Daniel Brühl), gerente de um restaurante e que é apaixonado por ele. O chefe se cerca, ainda, de antigos companheiros, como o francês Michel (Omar Sy), o ex-presidiário Max (Riccardo Scamarcio), o novato David (Sam Keeley) e ainda tira de outro restaurante a sub-chefe Helene (Sienna Miller), que claro, vai ter um romance com o protagonista.

O problema é que Adam Jones, além de seu passado turbulento, ainda é um bruto e perfeccionista. Ele exige o máximo de seus comandados, não poupando ofensas e gritos quando não obtém o que deseja. E nisso o personagem se aproxima muito do professor carrasco vivido por J.K. Simmons em "Whiplash - Em Busca da Perfeição".

Londres é visto como centro de excelência gourmet europeia, o que pode ser visto como exagero, pois Paris e Roma estão logo ali do lado. Os pratos apresentados não nos dão aquela sensação de sair dali e invadir o primeiro restaurante. Tudo é feito com pressa e nem vemos os comensais saboreando os pratos. E Bradley Cooper como chefe? Não convence.


Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=vRRV_99s8n4

Duração: 1h42min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Cheiro da Gente" (The Smell of Us)




O filme já começa com uma provocação, com skatistas fazendo malabarismos sobre um homem bêbado caído no meio de uma praça de Paris. Ele é nada mais, nada menos do que o próprio diretor do filme, Larry Clark, que opõe o vigor da juventude com a decrepitude em "Cheiro da Gente" (The Smell of Us).

O filme centra em dois skatistas, belos e jovens, Math (Lukas Ionesco) e JP (Hugo Behar-Thinières), que faturam uma grana se prostituindo para homens que beiram os 60, 70 anos de idade. Clark usa e abusa de fortes cenas de sexo e uso de drogas. Além do gritante contraste entre os dois jovens prostitutos e seus clientes, com seus corpos magros, praticamente esquálidos, ossudos e macilentos. São homens solitários e sem muita dignidade. Um deles, aliás, sofre um verdadeiro abuso dos jovens, quando recebe Math em seu belo apartamento. Mas é drogado e apaga. Então os amigos do skatista invadem o local e vandalizam o apartamento.

Os jovens apresentados por Larry Clark, apesar da diferença física, não são muito diferentes de seus clientes no que se refere ao futuro. São garotos desesperançados, sem perspectivas, a não ser gastar o dinheiro que ganham com a prostituição em drogas e roupas caras.

Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=xQ3bHjyBFh4

Duração: 1h28min

Cotação: bom
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

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