quinta-feira, junho 30, 2016

"Raça" (Race)



"Raça" (Race), filme do diretor Stephen Hopkins, conta a história de Jesse Owens (Stephan James), que conquistou 4 medalhas de ouro nas Olimpíadas de 1936 em Berlim, quebrando com a tese nazista de que os arianos eram homens invencíveis e as demais raças inferiores.

Em paralelo, o filme retrata ainda o forte racismo existente nos Estados Unidos nos anos 1930, a política racista da Alemanha nazista e a ameaça de boicote norte-americano aos Jogos Olímpicos de 1936, organizados pelos germânicos, e também o trabalho da cineasta Leni Riefenstahl (Carice van Houten), que gravava o lendário documentário Olympia, pedido do ditador Adolf Hitler. Muita coisa foi tratada de forma rápida, mas seria impossível discutir e tentar mostrar tanta coisa em um filme de apenas duas horas. São anos e anos de história.

O drama e as questões raciais e políticas são aspectos muito abordados na trama, o que dá ainda mais peso pois todos os fatos - mesmo não sendo minuciosamente desenvolvidos - foram todos reais. O ator Stephan James foi uma ótima escolha para o papel do lendário velocista e, felizmente, todo o elenco secundário também funciona muito bem.

A trajetória de Jesse Owens, cujo intérprete Stephan James foi uma ótima escolha, começa quando ele entra na faculdade e começa a se desenvolver sob a supervisão do técnico Larry Snyder (Jason Sudeikis), que lhe dá apoio, apesar das políticas segregacionistas daquela época. A ida de Owens para as Olimpíadas chegou a ser ameaçada, devido a um boicote ao regime nazista, que afinal acabou não se concretizando.

As cenas das Olimpíadas e da reconstituição da Berlim são ótimas: desde as provas, os diálogos entre Avery Brundage (Jeremy Irons), representante olímpico norte-americano com os alemães - o problema é o personagem do ministro da propraganda alemão Joseph Goebbels, vivido por Barnaby Metschurat, e que ficou muito caricatural. Uma cena é tocante: acostumado aoi segregacionismo na América, Owens chega à Vila Olímpica e pergunta onde fica a área reservada aos negros e ouve de um alemão: "Aqui todos ficam juntos"...para espanto do atleta. Que ao voltar para casa é obrigado a entrar pelos fundos num restaurante aonde seria homenageado!!!!

Duração: 1h58min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, junho 23, 2016

"Trago Comigo"



Em "Trago Comigo", dirigido por Tata Amaral, temos uma atuação de luxo do veterano Carlos Alberto Ricelli. Ele revive personagem da série homônima apresentada pela TV Cultura em 2009, o ex-guerrilheiro e agora diretor de teatro Telmo Marinicov.

No começo do filme, vemos Telmo dando um depoimento sobre os Anos de Chumbo no Brasil nos anos 1960. E quando questionado sobre uma de suas companheiras na luta armada contra a ditadura militar, ele se dá conta que não tem memórias claras sobre alguns eventos daquele período. Então decide encenar uma peça autobiográfica sobre aquela época. Vemos então a montagem do elenco. E "Trago Comigo" se torna muito interessante ao tocar neste ponto.

Afinal, os atores que vivem os guerrilheiros e militares não têm nenhuma identificação com àquela época. Eles não conseguem entender a motivação daqueles que pegaram em armas para lutar contra a ditadura. Em certo momento, um dos atores chama os guerrilheiros de ladrões. "Não, não, nós não eramos ladrões, eramos guerrilheiros. Nós não roubávamos, nós desapropriavamos o capital. Não pegavamos o dinheiro para comprar camisas e tênis de marcas, mas sim para comprarmos armas, investir na revolução", afirma Telmo. E não consegue se fazer compreendido. Isso evidencia como o povo brasileiro não se importa com a história.

"Trago Comigo” que se passa quase todo ele dentro de um teatro, mistura ainda depoimentos verdadeiros de pessoas que participaram e foram torturadas pelos militares. Um filme que se destaca por sua grande força dramática e histórica.

Duração: 1h24min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo"



Afonso Poyart, paulistano de 37 anos, conseguiu fazer um ótimo filme em esporte que sinceramente não gosto nem um pouco. Diretor do excelente "2 Coelhos" e do fraco "Presságios de Um Crime", ele filmou "Mais Forte que o Mundo – A História de José Aldo", que trata da vida do lutador de MMA, também conhecido como Vale Tudo.

O filme não apresenta nada que já não tenhamos visto antes, em dezenas de cinebiografias ou filmes de ficção (não científica). Lembra muito a trama de Rocky Balboa, que começou do nada até se transformar num ícone do esporte. Aqui José Aldo, vivido por José Loreto, é um garoto da periferia de Manaus, que desperdiça seus dias em trotes e farras pela cidade, ao lado dos amigos, e em casa tendo uma mãe compreensiva e paciente, vivida por Cláudia Ohana, e um pai alcoolatra, interpretado por Jackson Antunes. E o fantasma do pai persegue o personagem de José Aldo em todos os momentos de sua vida.

José Aldo sai de Manaus e tenta a vida no Rio de Janeiro, onde vai trabalhar numa academia de MMA gerenciada por Dedé Pederneiras (o ótimo Milhem Cortaz), que se tornaria seu treinador e empresário. Aos poucos e com teimosia, o lutador vai alcançando a glória e a fama, até se tornar campeão mundial. As cenas de lutas são muito bem filmadas e coreografadas - José Loreto treinou mais de um ano para viver o personagem-título. Os coadjuvantes também estão muito bem, com ótimas performances - indo de Rafinha Bastos, além dos já citados Jackson Antunes e Cláudia Ohana, e chegando a musa Cleo Pires, que vive Viviane, a mulher de José Aldo.

Enfim, um filme de roteiro bem elaborado, mesmo que não original, atuações ótimas e diálogos fortes. Parece que estamos de frente com uma superprodução hollywoodiana.


Duração: 1h55min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Independence Day: O Ressurgimento" (Independence Day: Resurgence)



Passados exatos 20 anos depois dos eventos do primeiro filme, "Independence Day: O Ressurgimento" (Independence Day: Resurgence), dirigido por Roland Emmerich, traz de novo os alienígenas invadindo a Terra.

No primeiro filme, o planeta era salvo por Will Smith e Bill Pullman. Os humanos aproveitaram e utilizaram a tecnologia dos ETS para construir bases na Lua e Saturno, além de armas e naves. Porém 20 anos depois, uma nave bem maior e letal ataca de novo a Terra. Para enfrentar o ataque, existe uma equipe formada pelo filho do personagem de Will Smith, Dylan Hiller (Jessie Usher) e Jake Morrison (Liam Hemsworth).

A presidente agora é Landford (Sela Ward). Tirando Will Smith, que ficou de fora por motivos orçamentários, o elenco do primeiro filme está todo lá, incluindo o agora aposentado presidente Whitmore (Bill Pullman), o cientista David Levinson (Jeff Goldblum) e seu pai Julius (Judd Hirsch).

Só que este filme não tem a mínima graça em relação ao seu antecessor. Temos aqui apenas incessantes ataques aéreos, explosões, tudo de uma maneira tão excessiva que cansa. Os efeitos especiais até são bons, mas nada que não tenhamos visto antes. E os erros de continuidade são grosseiros. Um filme sem carisma, assim como os seus personagens.


Duração: 2h

Cotação: ruim
Chico Izidro

“O Caseiro”



“O Caseiro”, dirigido por Julio Santi, é um filme de terror que não dá medo. Pior que isso só comédia que não faz a gente rir. Esta é uma obra que tenta seguir o lado psicológico, mas errando em todos os momentos. E nem mesmo os atores se salvam, apresentando atuações que beiram o amadorismo.

A trama segue o professor de psicologia Davi (Bruno Garcia, o sósia do jogador de futebol Fred), que recebe de uma aluna um pedido: a irmã dela sempre acorda machucada e parece estar sendo perseguida por um fantasma. O que Davi poderia fazer para descobrir o que realmente está acontecendo? Violência doméstica ou mesmo uma aparição sobrenatural?

A família da menina mora em um sítio retirado nas proximidades de São Paulo. Ao chegar no local Davi fica sabendo que cerca de 50 anos atrás o caseiro do sítio se matou ali. O filme porém tem o mérito de fugir dos clichês do gênero. Nada de portas se abrindo, rangidos, nem sombras passeando pela casa, por trás dos personagens.

Porém "O Caseiro" apresenta diálogos fracos, artificiais. As crianças parecem ter decorado o texto, e falam de uma maneira totalmente mecânica. E elas falam e saem correndo, falam e saem correndo...Bruno Garcia é, por sua vez, de uma inexpressividade atroz..

Enfim, uma história fraca, com enredo nada envolvente e atuações beirando a mediocridade.

Duração: 1h20min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Elvis e Nixon"



O tema de "Elvis e Nixon", dirigido pela cineasta Liza Johnson, é o encontro inusitado ocorrido em 21 de dezembro de 1970 entre o Rei do Rock Elvis Presley e então presidente dos Estados Unidos Richard Nixon. Como é mostrado no início do filme, nunca se soube o que foi conversado entre os dois, pois à época não houve registros sonoros da reunião, apenas uma foto entre as duas personalidades, hoje histórica.

A história começa com Elvis assistindo televisão em sua mansão Graceland. É uma época de profunda mudança cultural, política e racial no país. Então o astro do rock, com ideias conservadoras, teve a ideia de se encontrar com Richard Nixon, que no começo se mostra contrário ao pedido do astro. A primeira parte do filme foca na insistência de Elvis em fazer a reunião - o que mudaria de ideia após pedido dos seus assistentes, pois o encontro poderia mudar sua posição em relação a opinião pública.

Quando chega finalmente o encontro, o filme segue rumos mais divertidos, mostrando duas figuras quase hilárias e egocêntricas. E Nixon fica perplexo e admirado com Elvis, que não gostava dos Beatles, "pois eles foram aos Estados Unidos, ganharam dinheiro americano e quando voltaram para a Inglaterra, passaram a falar mal do país que tão bem os havia acolhido", nem dos Rolling Stones, nem de drogas, e muito menos de comunistas. O que desejava o astro do rock? Ele queria ser um espião do FBI, infiltrando-se nos grupos que considerava anti-americanos, para depois os delatar, e ainda receber a insígnia do órgão.

Interessante ainda é que os intérpretes dos dois personagens Michael Shannon e Kevin Spacey não se parecem nem um pouco com Elvis e Nixon. E nem é esta a intenção. Os dois atores repetem alguns trejeitos e tiques, o que funciona muito bem. Ainda mais quando notamos que o filme tira sarro de um dos maiores ídolos da cultura americana, sem nenhum medo. Finalizando, "Elvis e Nixon" é um retrato interessante de um momento histórico fundamental na história dos Estados Unidos.

Duração: 1h26min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

Doce Veneno (Un moment D'égarement)



"Doce Veneno (Un moment D'égarement)", direção de Jean François Richet, trata um pouco de choques de gerações. Na trama, os dois amigos de longa data Antoine (François Cluzet) e Laurent (Vincent Cassel) vão passar as férias na antiga propriedade do pai do primeiro. Junto com eles estão suas filhas, as adolescentes Louna (Lola Le Lann) e Marie (Alice Isaaz). As duas acham o local um tédio, pois ficam sem internet, sem tevê, e passam o tempo ouvindo música ao invés de conversar com seus pais.

Antoine, pai de Louna, quer controlar cada passo da garota, enquanto que Laurent é mais relaxado, deixando Marie sair todas as noites para as baladas. Até que uma certa noite, Laurent acaba seduzido por Louna na praia. O problema é que ela tem 17 anos e ele mais de 40. E a garota acredita estar apaixonada por ele, o seguindo sem parar por todos os cantos. Marie acaba desconfiando e se fecha para o pai e a amiga.


A trama poderia render mais, porém acaba se tornando entediante. Vincent Cassel, que é um bom ator, passa o tempo com uma cara de aparvalhado, enquanto que François Cluzet faz de seu personagem um ser histérico. A atuação da estreante Lola Le Lann não parece a de uma pessoa apaixonada, mas sim de alguém que está no cio. Falta sutileza a esta personagem.

Duração: 1h45min

Cotação: regular
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...