quinta-feira, janeiro 17, 2013

"No"


Primeiro, não estranhe a fotografia amarelada e desfocada do filme. "No", do chileno Pablo Larrain, foi propositalmente filmado como estivéssemos nos anos 1980, mais exatamente em 1988, quando o ditador Augusto Ugarte Pinochet e seus comparsas decidem realizar um plebiscito para legitimar a violenta ditadura iniciada quinze anos antes, após o assassinato do socialista Salvador Allende e a perseguição cruel aos seus aliados. Neste período, mais de 30 mil pessoas pereceram, outras tantas sumiram e mais de 400 mil se exilaram no exterior.

Entre eles, o publicitário René Saavedra (Gael García Bernal), que retorna ao Chile e vive uma vida classe média alta ao lado do filho pequeno, e trabalhando numa das principais agências de publicidade do país. Ele próprio filho de um militante de esquerda terá de sair de seu mundo de conforto - suas peças publicitárias mostram sempre pessoas cantando, dançando, alienadas da vida política. Até que é convidado para comandar a campanha pelo Não - ou seja, pelo final da ditadura. O irônico é que seu chefe comanda a campanha pelo Sim, ou seja, pela continuidade de Pinochet no Palácio de La Moneda. Todos sabemos o final da história, por isso é excepcional o modo como Pablo Larrain soube contar aqueles 27 dias de tensão, utilizando também imagens reais daquele período onde os militares, mesmo vendo seu poder chegando ao fim, tentavam impor o medo aquelas pessoas que pensavam diferente e desejavam a democracia.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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