Thursday, January 17, 2013

"Paris-Manhattan"


Uma vez escrevi um conto em que um jornalista serve de cicerone para Woody Allen em Porto Alegre. E acabava recebendo dicas para sua vida amorosa. Bem, nunca publiquei a tal história. Pois em "Paris-Manhattan", de Sophie Lelouche, a francesinha Alice (Alice Taglioni) é apaixonada pelo cineasta nova-iorquino desde os seus 15 anos, quando assistiu o clássico "Hannah e Suas Irmãs". Pois duas decádas depois, loira, alta e linda, continua solteira, trabalhando como farmacêutica na loja herdada de seu pai, em Paris, e receitando filmes de seu ídolo ao invés de vender os remédios sugeridos nas receitas médicas dos clientes.

E é confidente do cineasta, mas em sua imaginação. Alice conversa com um grande pôster setentista de Allen colado na parede de seu quarto. As falas do diretor foram apanhadas de diversos filmes dele desde os anos 1970. Alice não consegue se acertar com os pretendentes sugeridos pela família, até que surge em sua vida o almofadinha Vincent (Yannick Soulier), por quem ela se apaixona e planeja enfim casar. O carinha tem, no entanto, olhos apenas para ele mesmo, um verdadeiro narciso. Do outro lado do ring, aparece o feio e desajeitado Victor (Patrick Bruel), dono de uma empresa de instalação de alarmes e cheio de frases espirituosas. É quem mais se parece com ela, e por isso visto como carta fora de baralho.

"Paris-Manhattan" é previsível, mas com encanto. E Sophie Lelouche aprendeu direitinho a lição de como fazer uma obra à moda "woodyalliana" - além da homenagem ao diretor, que faz uma ponta fundamental para a conclusão do filme, muitos dos personagens e situações parecem ter saído da obra do nova-iorquino. Ocorrem deslizes, como a desnecessária invasão da casa do cunhado de Alice, suspeito de trair a bela esposa. Mas nada que macule o bom andamento desta homenagem a um dos melhores cineastas da história.

Cotação: bom
Chico Izidro

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