quinta-feira, fevereiro 04, 2010

INVICTUS



Clint Eastwood, 80 anos, quer deixar um legado importante para as futuras gerações. Por isso, não para mais de trabalhar e sempre produzindo obras agradáveias de se ver, como as últimas Gran Torino e A Troca. Agora, mais uma vez, ele se supera no otimista INVICTUS.
O filme tem como pano de fundo o infame apartheid sul-africano e o rúgbi. Em 1995, Nelson Mandela (Morgan Freeman, excelente), um ano após ter assumido a presidência da África do Sul, tem a difícil missão de se não conseguir unir negros e brancos, ver eles se digladiarem numa sangrenta guerra civil. E um dos motivos que pode evitar o derramamento de sangue é o campeonato mundial de rúgbi, que será disputado exatamente no país. O esporte, de preferência do público branco (os negros são adeptos do futebol), era uma marca da repressão e um garoto negro usar a camisa amarela e verde dos Springboks - espécie de antílope - significava ele ser surrado pelos amigos. Os negros até tentam mudar o nome e o uniforme do selecionado, mas Mandela mostra que isso seria errado, afinal tirar um dos orgulhos dos brancos seria uma forma de vingança que o líder queria evitar. Aquele homem que ficou 27 anos presos conseguiu, enfim, unir um país, mas não foi só o rúgbi. Ele até deixou antigos inimigos em postos-chaves do governo.
Mas retornando a INVICTUS, Mandela consegue o apoio do capitão dos Springboks, François Pienaar (Matt Damon, que consegue uma ótima atuação), vindo de uma família de africanêrs, cujo pai é extremamente radical contra o novo governo. Pienaar mostra aos colegas que ganhar o título seria extremamente oportuno naquela ocasião. E apesar do que mostra o filme, o time não era tão ruim como Clint Eastwood faz mostrar. O selecionado era apenas desconhecido, após anos afastado do grande circuito devido às sanções advindas do apartheid.
As cenas são extremamente bem filmadas e fica a pergunta de que por que o futebol raramente consegue ter produções que transmitam sua beleza estética? O modo com que Clint Eastwood filme o rúgbi faz com quem não conheça o esporte, queria saber mais sobre ele. E quem conhece, se apaixone mais ainda.
Ah, Invictus é um poema que Mandela lia quando estava preso e que o fazia suportar os momentos de depressão.
Cotação: bom
Chico Izidro

GUERRA AO TERROR





GUERRA AO TERROR começa com a morte de um soldado especialista em desarmar bombas numa poeirenta rua da violenta Bagdá. Este temor de ser explodido numa terra estranha vai permear as quase duas horas deste espetacular filme dirigido por Kathryn Biglow, ex-esposa de James Cameron, ele mesmo, de Avatar e Titanic.
O soldado morto (rápida participação de Guy Pearce) faz parte de uma equipe, um trio, que sempre é chamado quando volumes suspeitos são encontrados pelas vias da cidade, que vive diariamente o pânico de atentados terroristas. Para o lugar do sargento Matt Thompson, é convocado o sargento William James (Jeremy Renner), fã de heavy-metal e completamente ensandecido. Ele parece não ter medo dos riscos que corre ao fzer tal trabalho. Por vezes, chegando a colocar em perigo a vida dos colega, que em determinado momento, acabam nutrindo uma certa antipatia por ele.
O desconhecido, pelo menos para os brasileiros Jeremy Renner, de Extermínio 2 (onde também interpreta um intrépido soldado), tem uma atuação segura, demonstrando aos leigos o que deve ser o temor diante do risco de morte. Os coadjuvantes não deixam por menos. Interessante também é ver atores consagrados como Ralph Fiennes e Guy Pearce em papéis completamente secundários, sem se importar com isso. Devem ter se divertido muito.
GUERRA AO TERROR se coloca na linha de frente dos novos filmes de guerra, tendo muito de Valsa com Bashir, do israelense Ari Folman, e também por ser árido, modorrento, remetendo a Soldado Anônimo, de Sam Mendes, ótimo filme sobre a primeira guerra dos Estados Unidos com o Iraque, no início da década de 1990. E mostram soldados longe de casa, vivendo o perigo iminente da morte.
Cotação: excelente
Chico Izidro

domingo, janeiro 24, 2010

CIDADÃO BOILESEN



Henning Albert Boilesen foi um industrial dinamarquês naturalizado brasileiro que na década de 1960 colaborou com a ditadura brasileira. Seu histórico é magistralmente mostrado no documentário CIDADÃO BOILESEN, de Chaim Litewski. Confesso que me surpreendi com a extrema agilidade do filme, que captura imagens de época, mesclando com depoimentos de personagens que viveram aqueles tortuosos anos de chumbo.
As pessoas ligadas ao então governo militar, por vezes, tentam negar qualquer envolvimento de Boilesen com as forças repressivas - ele passava a "sacolinha" entre o empresariado para municiar os militares na então Operação Bandeirantes (OBAN), que tentava desbaratar a guerrilha no país, além de gostar de assistir as sessões de tortura nos porões da ditadura. E até chega a ser engraçado ver o coronel Erasmo Dias, morto recentemente, rejeitar a existência da tortura no Brasil...
O pessoal da esquerda, por sua vez, não poupa confissões. Um dos entrevistados, Eugênio Coelho da Paz, hoje professor de música no Rio de Janeiro, revela sem remorsos, ter sido o executor do tiro de misericórdia no então presidente da Ultragaz numa rua de São Paulo, em 1971. Enfim, CIDADÃO BOILESEN é um fantástico retrato de uma época que muitos querem esquecer, mas que não deve ser esquecida.
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Cotação: excelente
Chico Izidro

terça-feira, janeiro 19, 2010

COCO ANTES DE CHANEL




Audrei Tatou parece ter nascido para fazer papéis de mulheres "chiques" - talvez uma reencarnação de Audrey Hepburn (até os primeiros nomes combinam). E ela, Tatou, mostra-se estupenda no papel de Coco, a mulher que revolucionou a moda no começo do século passado.
Aqui, em COCO ANTES DE CHANEL, direção de Anne Fontaine, vemos o começo quase desolador da vida da pequena Gabrielle, orfã de mãe, que é deixada junto com a irmã num orfanato. Aos 18 anos, vai ganhar o apelido que carregaria por toda a vida ao cantar uma música tradicional francesa em boates do interior francês. Ainda não temos a grande estilista, mas Coco já mostrava as qualidades que lhe fariam famosa, ao mesmo tempo que sofria desiluções amorosas, muito por causa de sua posição social do que intelectual.
O filme não poupa críticas ao modo como viviam os burgueses em seu mundinho isolado no começo do século XX, onde o trabalho era coisa a ser evitada. O que importavam era as festas nababescas, os jogos, principalmente a aposta em cavalos. Através de um namorado, Coco tentou penetrar neste círculo, mas só o conseguiria quando famosa, mas isso ficou para outro filme.

AVATAR



James Cameron não pode ser considerado o maior cineasta da história do cinema. Mas sim o mais lucrativo. Em AVATAR, ele lota cinemas, assim como fez com Titanic, longa de 12 anos atrás, que lançou Leonardo Di Caprio para o estrelato. AVATAR, no entanto, não vai criar nenhuma febre sobre algum ator ou atriz, felizmente (e ainda mais nestes tempos de amores incompriensíveis por vampiros). O filme é de uma beleza visual estrondosa, ainda mais se visto na tecnologia 3-D, bem que para mim trouxe uma tremenda dor de cabeça. E lá pelas duas horas e pouco de projeção, a minha paciência já havia ido para o ralo.
A história não traz nenhuma novidade. Um soldado tetraplégico tem a possibilidade de voltar a andar, mesmo que virtualmente, através de um avatar criado por uma empresa que pretende dominar o planeta Pandora: Sam Worthington é Jake Sully, que infiltrado na tribo dos Na'vi (seres gigantescos e azuis), tem de convencê-los a abrirem mão de um de seus maiores símbolos. Porém, ao verificar como eles vivem, ao mesmo tempo que se apaixona pela filha do líder dos Na'vi, Jake Sully muda de lado, tendo de combater os seus antigos líderes, numa profusão de clichês. Duas delas: o cientista sem escrúpulos Selfridge (Giovani Ribisi, de O Resgate do Soldado Ryan) e o coronel fanático Quaritch (Stephen Lang, caricatural ao extremo). Tem ainda a cientista estranha e fumante inveterada interpretada por Sigourney Weaver, sim, ela mesma, de Aliens.
AVATAR, enfim, tirando o seu visual, não tem nada de mais. Mas os admiradores da obra consideram que James Cameron agiu pensando ecologicamente, o tema em voga no momento (o homem deve cuidar da natureza, para que ela não o destrua)...

LULA, O FILHO DO BRASIL



Confesso que fui com um pé atrás assistir a LULA, O FILHO DO BRASIL, de Fábio Barreto. O filme carrega o estigma de ser puramente eleitoreiro, em ano de eleições presidenciais.
O diretor consegue surpreender ao recriar quase que perfeitamente o Brasil miserável dos anos 1950 e 1960. E a história é didática, sem espaços para invenções: começa com o nascimento de Luís Inácio, no sertão pernambucano, em 1945, e segue a trajetória do personagem até as greves no ABC paulista no começo dos anos 1980 (usando por vezes imagens de arquivos).
Porém, o diretor esquece de mostrar daonde surgiu o apelido Lula do personagem, além de bombardear grosseiramente o merchandising de uma certa marca de cerveja. LULA, O FILHO DO BRASIL também tropeça na caracterização de alguns personagens, como o do próprio Lula. Em certas horas, ele aparece com a sua voz característica , em virtude da língua presa. E noutros, aliás, na maior parte do tempo, nada de sotaque. Mas o estreante ator Rui Ricardo Dias não faz feio, mesmo com o erro citado acima. Mas o filme é, como sempre, de Glória Pires como Lindu, a mãe de Lula. Suas aparições são sempre desconcertantes. Destaque também para Milhem Cortaz (de Carandiru), que interpreta o cruel e alcoólatra pai do protagonista.
Dizer que o filme incita o espectador a votar no candidato (a) governista é menosprezar a inteligência do espectador...Mesmo que o personagem mostrado no filme seja de uma idoneidade completa. Enfim, vale como diversão, mas não como documento histórico.

quarta-feira, janeiro 06, 2010

CONTATOS DE 4º GRAU




A propaganda a favor de CONTATOS DE 4º GRAU (Fourth Kind, de Olalunde Osusanmi) eram tantas, que ao finalmente sentar no cinema para levar alguns sustos, o máximo que obtive foi decepção.
CONTATOS DE 4º GRAU, a exemplo de Atividade Paranormal e A Bluxa de Blair, pretende ser tratado como um documentário. Ele une cenas que seriam reais de incidentes ocorridos na cidade de Nome, no Alasca, no começo dos anos 2000, com a dramatização desses eventos - os dois interligados pela figura da psicóloga Abigail Tyler (interpretada na telona por Mila Jovovich, da cinesérie Resident Evil). Ela trata de pacientes que em seus sonhos observam a presença constante de uma coruja. Porém, aqui nada de fantasmas, mas sim a presença de extraterrestres - tanto que o nome do filme evoca a abdução (contato de quarto grau é quando um ser humano é sequestrado ou abduzido pelos Ets).
O longa, porém, em seus 98 minutos de duração, não consegue assustar, e um filme de terror se propõe a isso. Nada, absolutamente nada acontece, deixando o espectador atirado em sua poltrona, brigando contra o sono crescente. É uma pena.

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

Foto: Universal Pictures "Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale), direção de Simon Curtis, promete ser o últ...