quinta-feira, outubro 30, 2014

"Tim Maia"

"Tim Maia", dirigido por Mauro Lima, acerta completamente ao colocar na telona a vida maluca e desregrada do síndico, como era conhecido o músico Tim Maia. A cinebiografia percorre em 2h20min toda a trajetória do cantor, desde a infância no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde ajudava a família a entregar marmitas. Caçula de 12 irmãos, era chamado pelos vizinhos de Tião Marmita, alcunha que odiava. Na adolescência, descobre a música, mais exatamente o rock e decide que é isso que pretende fazer na vida. Tim monta um grupo com os amitgos Roberto Carlos e Erasmo Carlos, os The Sputniks. Mas seu jeito agressivo e o ego de Roberto Carlos põe tudo a perder. Nessa parte da vida, Tim Maia é interpretado por Robson Nunes.

O filme retrata bem a ida do jovem para os Estados Unidos, com apenas 16 dólares no bolso, no começo dos anos 1960, onde descobre o soul e o funk, além de se envolver com roubos, o que causaria sua prisão e a consequente expulsão do país. De volta ao Brasil, tenta iniciar a carreira de músico em São Paulo, procurando o já famoso ídolo da Jovem Guarda Roebrto Carlos. Que depois de muito fugir do antigo amigo, acaba lhe dando uma força.

Com um pulo no tempo, o filme vai aos anos 1970, e Tim Maia passa a ser vivido por Babu Santana, conhecido por fazer coadjuvantes em filmes como "Os Penetras", "Cidade de Deus" e "Copa de Elite". São os anos de sucesso nacional, com discos essenciais ao funk e soul, a imersão nas drogas e a parte mística, quando ingressou no movimento racional, que custou caro para ele - perdeu a mulher e contratos milionários. O filme acaba com a morte do cantor, em 1998, com apenas 55 anos de idade. Todo o filme é composto por uma excepcional reconstituição de época e atuações primorosas, principalmente Babu Santana e Robson Nunes, conhecido como comediante de stand-up comedys. Mas Cauã Raymond como o amigo Fábio e Alinne Morais como a musa Janaína estão também ótimos.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Até que a Sbornia nos Separe"


"Até que a Sbornia nos Separe", animação dirigida por Otto Guerra e Ennio Torresan Jr. antecipa, de certa forma, a peça "Tangos e Tragédias", onde os músicos Klaunus, dublado por Hique Gomez e Pletskaya (Nico Nicolaiewsky) vagam pelo mundo em busca de sua terra, a Sbornia, uma ilha que vaga perdida pelos oceanos. É também uma luta contra a modernidade e o apoio ao tradicionalismo. Com visual que remonta aos desenhos do começo do século passado, o filme conta como a Sbornia entrou em contato com o mundoi, após um muro cair e revelar aos seus habitantes o continente, moderno e com pessoas inescrupulosas. Muitos dos moradores da Sbornia ficam deslumbrados com o estilo de vida das pessoas do continente e querem o mesmo para si. Já outros não concordam com a invasão estrangeira e sonham com a volta do muro.

Nisso tudo, o músico Kraunus, irresponsável e mudo, é um zero como pai e marido. Já seu parceiro, Pletskaya, acaba apaixonando-se pela jovem Cocliquot, dublada por Fernanda Takai, filha de um empresário ganancioso, com a voz de André Abujamra, que explora o bezuwin, uma bebida típica da Sbornia, e de uma mulher interesseira, que tem a voz de Arlete Salles, que pretende que ela case com um milionário octagenário.

Quem viu a peça vai se identificar com os dois músicos e o humor mordaz. As piadas estão na medida certa. E claro que o maniqueísmo impera, com vilões bem caricatos e inescrupulosos, e os mocinhos ingênuos, puros e honestos.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 23, 2014

"Relatos Selvagens"

Existe uma linha tênue entre a civilidade e a selvageria. E aí que "Relatos Selvagens", filme argentino dirigido por Damián Szifrón, entra com tudo. São seis histórias mostrando como os homens podem perder as estribeiras e partir para a ignorância. Bem que nas duas primeiras esquetes, o que se destaca é a vingança. No primeiro, várias pessoas pegam um voo e descobrem ter muito em comum em relação a um músico. Que coincidentemente é o piloto do avião. No segundo, uma garçonete reconhece num cliente um mafioso que destruiu sua família. E ela não sabe se envenena ou não a comida do indivíduo.

Na terceira história, um motorista num carrão ofende um outro motorista, que dirige um calhambeque numa estrada deserta. Minutos depois, o carrão estraga e o dono do calhambeque aparece para se vingar, e os dois começam uma briga mortal. A sequência é a melhor do filme, com um destino trágico paar ambos. Na quarta história, esta tendo como intérprete Ricardo Darín, que é um engenheiro que tem a vida destruída após ter o caro guinchado. Seu personagem não aceita a multa e busca ressarcimento. Mas cada vez mais seu destino vai indo buraco abaixo.

Na quinta parte, um milionário tenta salvar o destino do filho, que atropelou e matou uma mulher grávida. Para isso, ele começa a subornar o advogado, a polícia e o caseiro de sua mansão. Mas cada vez mais começam a surgir exigências por parte dos subornados, deixando o milionário à beira de um ataque de nervos. Na última esquete, num casamento, a noiva descobre ter sido traída pelo noivo com uma das convidadas e decide ali mesmo partir para a vingança. E o casório se transforma num campo de batalha.

As histórias têm um tanto de humor negro e mostram como o ser humano não têm limites para eventos que fogem de seu cotidiano. O espectador também fica tenso, curioso em saber como as histórias terminarão, e nem sempre favoráveis aos estressados.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Cantinflas - A Magia da Comédia"

"Cantinflas - A Magia da Comédia", dirigido por Sebastián del Amo, retrata a vida do ator mexicano Mario Moreno, mais conhecido pelo apelido de Cantinflas, um tipo matuto surgido no teatro vaudeville e que arrebentou nas telas dos cinemas nas décadas de 1940 e 1950. O auge do ator foi quando viveu Passepartout no clássico "A Volta ao Mundo em 80 Dias", dirigido por Michael Anderson em 1956, e que lhe deu um Globo de Ouro de melhor ator. E é aí que boa parte do filme se fica, com o famoso produtor Mike Todd (Michael Imperioli), que se casaria com Liz Taylor, tentando fazer com que Mario Moreno participasse da produção.

Intercalando, o filme mostra o começo da carreira de Moreno e sua ascenção como comediante no México, o casamento com a atriz Valentina Ivanova Zuvareff, parceira de toda uma vida, mas com quem teve problemas. Afinal, quando ficou rico e famoso, Mario Moreno ficou deslumbrado, partindo para as traições e o esnobismo. Tudo isso é mostrado em "Cantinflas - A Magia da Comédia", mas o diretor teve o cuidado de não cair em armadilhas sentimentais - característica muito forte no cinema mexicano.

O mexicano é interpretado pelo espanhol Óscar Jaenada, que consegue uma caracterização espantosa - Cantinflas pode ser comparado ao nosso Mazarópi por usar roupas rasgadas e um tanto de ingenuidade do campo. Também destaca-se a ótima reconstituição de época.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso"


Alexandre (Ed Oxenbould) está completando 12 anos, mas sua família não está nem aí para ele. O pai, Ben (Steve Carell), engenheiro espacial desempregado, cuida do filho mais novo da família e prepara-se para uma entrevista de emprego, a mãe Kelly (Jennifer Garner), preocupa-se para o lançamento de um livro que pode levá-la à vice-presidência da editora onde trabalha. O irmão mais velho, Anthony (Dylan Minnette ) tem um baile onde planeja levar a namorada patricinha. E a irmã, Emily (Kerris Dorsey) tem a estreia de uma peça escolar onde interpretará Peter Pan. Então em "Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso", dirigido por Miguel Arteta, o garoto faz um pedido: que tudo dê errado para seus familiares no dia de seu aniversário.

E quando acorda, realmente os problemas começam a acontecer com todos. O filme pretende ser uma comédia de erros. Mas apesar da presença de Steve Carell, nada de engraçado acontece. As piadas bobas e escatológicas se sucedem, sem a mínima graça: o bebê vomitando na roupa de Carell, o carro da família sendo destruído durante um teste de direção, a roupa de Carell pegando fogo em sua entrevista de emprego. Ou a irmã de Alexandre ficando grogue depois de abusar do xarope para gripe. Nada de novo.

Sem contar que o protagonista, Ed Oxenbould, não tem o mínimo carisma. É um chato. Assim como Jennifer Garner, que passa os 80 minutos do filme - que parece ter três intermináveis horas - fazendo cara de sofredora.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Drácula - A História Nunca Contada"

"Drácula - A História Nunca Contada", dirigido por Gary Shore, é passado na Idade Média e conta o surgimento do vampiro imortalizado por Bram Stocker no final do Século XIX. A história conta a vida do principe da Tarnsilvânia Vlad Tapes, o Empalador, apelidado assim por ser implacável com seus prisioneiros - ele ordenava que os derrotados fossem empalados.

Aqui, para salvar seu reino da invasão turca, que exige a entrega de mil adolescentes homens para servir nas tropas, Vlad, interpretado por Luke Evans (Velozes e Furiosos 6 e O Hobbit), entrega-se para um vampiro que habitava um monte próximo. Em troca de sua alma, Vlad ganha superpoderes, mas poderá voltar a ser humano em três dias, desde que não beba sangue. Então é mostrado o calvário do principe, que passa a ser um monstro para seus homens.

O problema que a história é tão fantasiosa, que incomoda. Além do que, Luke Evans tem péssima interpretação, não convencendo em nenhum momento como um homem cruel. E seu par romântico, a princesa Mirena (Sarah Gadon), é chatinha e irritante.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 16, 2014

"O Juiz"

"O Juiz", dirigido por David Dobkin, aproxima-se, às vezes, de um dramalhãio. Fica na linha tênue. A história gira em torno de Hawk Palmer (Robert Downey Jr.) , um advogado com problemas na vida íntima, que se vê obrigado a voltar para a cidadezinha onde foi criado, para o funeral de sua mãe. Hawk chega e vê que em mais de 20 anos nada mudou no local, nem mesmo o sentimento de rejeição que o seu pai tem por ele. O pai, aliás, é o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), irascível e que se acha o dono da verdade, controlando com mão de ferro a cidade. E ele ignora Hawk solenemente, mas terá de recorrer à ajuda do filho, quando atropela e mata um homem que condenara a cadeira há anos e por quem nutria rancor.

Hawk terá de provar a inocência do pai, mesmo que este não esteja muito disposto a se ajudar e reconhecer o esforço do filho. Logo, o filme transforma-se naqueles dramas de tribunal do qual tanto gostam os americanos - com cenas onde os personagens destróem a reputação de outros personagens, sem nenhum perdão. O advogado da acusação é vivido por Billy Bob Thornton, completamente a vontade no papel de Dwigth Dickham. Apesar de, como já dito, o drama se aproximar às vezes do dramalhão, é ótimo ver o embate entre dois excepcionais atores, os xarás Robert Downey Jr. e Robert Duvall, que dão aula de atuação.

"O Juiz" traz ainda Vera Farmiga (de Os Infiltrados) como uma antiga namorada de Hawk. Linda, ela arranca suspiros a cada aparição. E Vicente D'Onofrio (Nascido Para Matar) também está muito bem, como o irmão amargurado de Hawk.

Cotação: bom
Chico Izidro

“Downton Abbey: O Grande Final” (Downton Abbey: The Grand Finale)

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