quinta-feira, setembro 25, 2014

"Será Que?"

Daniel Radcliffe quer cada vez mais desvincular-se da imagem do bruxinho Harry Potter. Em "Será Que?", direção de Michael Dowse, Radcliffe vive o frustrado romanticamente Wallace, que largou a faculdade de medicina após flagrar a namorada e colega com outro homem.Um ano depois, mostra-se um ser antissocial, que acaba indo a uma festa do melhor amigo. Lá conhece a jovem Chantry (Zoe Kazan, de Ruby Sparks - A Namorada Perfeita). Após horas conversando com a garota, Wallace mostra-se disposto a voltar a namorar. Até descobrir que Chantry já é comprometida, namorando há cinco anos um funcionário da ONU, Ben (Rafe Spall, de Um Dia).

Wallace se vê, então num desconfortável friendzone. Como não pode ficar com Chantry, o jeito é tornar-se o melhor amigo dela, segurando o impulso romântico. E é nisso que a história se prende. Será que vale a pena revelar sua paixão ou ficar quieto, apenas curtindo a presença da amada, mesmo que ela seja de outro?

A trama é bem conduzida, e Radcliffe tem uma cara mesmo de looser, formando um par ideal com Zoe Kazan, neta do diretor Elia Kazan e dona de uma beleza diferenciada, quase adolescente. O final acaba sendo convencional, mas certamente é o desejado pelos espectadores, que vão curtir. E afinal, quem nunca sofreu com uma paixão platônica e que parecia impossível de se concretizar?

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Protetor"

Denzel Washington é Robert McCall, um pacato funcionário de uma loja de utilidades diversas. Mas não briguem com ele. Solitário, metódico, todas as noites dirige-se a uma lanchonete perto de casa, onde senta sempre na mesma mesa, toma um chá e come uma torta, enquanto lê um livro. E ainda bate papo com uma jovem garota de programa, Teri, vivida por Chlöe Grace-Moritz. Em "O Protetor", direção de Antoine Fuqua, Robert sai do sério quando vê a menina ser agredida brutalmente pelo cafetão. Disposto a tirar Teri das ruas, Robert vai até o escritório do chefão, e tenta comprar a liberdade dela. Só que não conseguer e ainda sofre com ironias dos homens presentes na sala. O que Robert faz? Simplesmente mata todo mundo.

A consequência é que a máfia russa vai a seu encalço, principalmente o cruel assassino Teddy (Marton Csokas). Robert no decorrer da história, vamos vendo, não era um simples trabalhador. Ele começa a limpar as ruas de todos os tipos marginais, incluindo aí policiais corruptos que atormentam a comunidade. Seu passado nunca é explicado, mas Robert é um exímio atirador, lutador e estrategista. O filme não mostra, mas Robert deve ter sido um agente secreto no passado.

O filme é violento, não poupando closes de espancamentos, tiros no rosto - o sangue rola direto, lembrando e muito "Chamas da Vingança". E os clichês imperam. Mas "O Protetor" não é um filme ruim. E tenso e ficamos torcendo para que nada ocorra com o personagem de Denzel - um homem que nunca ri e é tão letal quanto o seu perseguidor, o russo Teddy, que parece um genérico do ator Kevin Spacey, de "Beleza Americana".

Cotação: bom
Chico Izidro

"Sin City 2 - A Dama Fatal"

Quase todo ele em preto e branco e uma estética dos quadrinhos, "Sin City 2 - A Dama Fatal", direção de Frank Miller e Robert Rodriguez, e baseado em quadrinhos feitos pelo primeiro. Aqui, três histórias relacionadas entre si são contadas, e contam com a presença do personagem Marv (Mickey Rourke), segurança do bar onde se apresenta a dançarina Nancy Callahan (Jessica Alba), enlouquecendo os homens e que pretende se vingar do senador Roark (Powers Boothe), que provocou a morte de seu amor John Hartigan (Bruce Willis) no primeiro filme. Noutra das tramas, o jogador Johnny (Joseph Gordon-Levitt) arrisca a sorte numa rodada de pôquer com Roark, que perde e não gosta nenhum pouco, vingando-se cruelmente do rapaz.

Em outra parte, a personagem Ava (Eva Green) pede ajuda ao ex-amante, Dwight (Josh Brolin), para eliminar o marido cruel. Até ele descobrir que foi feito de joguete pela sensual mulher, tendo então de pedir socorro para violentas garotas que vivem na parte mais perigosa da cidade e e lideradas pela sexy Gail (Rosario Dawson).

As tramas não tem nada de mais, são simples até, mas remetem as histórias noir dos anos 1940 e 1950. Até o visual é idêntico. E tudo gira em torno de traição, mulheres fatais e muito sexo. Os personagens masculinos apanham muito, têm o rosto deformado e isso não é estranho para Rourke, aqui usando uma prótese no queixo, o deixando muito parecido com o personagem dos quadrinhos.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Mesmo Se Nada Der Certo"

Que Nova Iorque é uma cidade que atiça a imaginação não há dúvida - vide as obras de Woody Allen. Pois em "Mesmo Se Nada Der Certo", direção de John Carney, a cidade é cenário para a bela história da cantora Gretta (Keira Knightley) e seu empresário Dan (Mark Ruffalo). Ele está vivendo um dia de cão, ao ser despedido da própria gravadora que fundou nos anos 1990. Separado, tentando se reaproximar da filha adolescente, mas sempre entornando uma garrafa de uísque, Dan entra num bar e vê a apresentação tímida de Gretta. Na mesma hora, vê nela um talento a ser lapidado, e que pode dar um novo fôlego a sua carreira.

Gretta também não vive boa fase. Inglesa, foi para Nova Iorque acompanhar o namorado Dave (Adam Levine, cantor do grupo pop Maroon 5). Só que com o sucesso dele, a garota acabou dispensada. Mas foi ficando na cidade, e com Dan vê que pode colocar a carreira nos eixos. Como estão duros, ou seja, sem grana para alugar um estúdio, o jeito é fazer das ruas um estúdio de gravação, de forma quase artesanal e contando com a disposição de outros músicos.

A história acerta ainda por trazer personagens simpáticos e muito próximos da realidade. Keira Knightley mostra ter uma boa voz, delicada, e Ruffalo convence como o empresário desastrado e alcoólatra. O cantor Adam Levine não compromete e tem uma cena forte, quando Gretta descobre a sua traição com uma garota da gravadora. E a trama não é estragada com um romance desnecessário entre os protagonistas. Afinal, o objetivo deles, por mais que surja uma tensão romântica entre eles, é o de recomeçar suas vidas.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 18, 2014

"Maze Runner - Correr ou Morrer"

Jovens acordam, não recordam quem são e se veem cercados por outros jovens, todos isolados numa imensa área protegida por grandes muros. E atrás destes muros, labirintos, que fazem a fuga se tornar impossível. Estamos em "Maze Runner - Correr ou Morrer", direção de Wes Ball, e que é uma mistura de "O Cubo" e "Jogos Vorazes. O personagem principal é Thomas (Dylan O'Brien), que logo descobrirá ser especial, tendo a habilidade de correr rapidamente, o que lhe permite entrar no labirinto junto com outros corredores - eles têm a missão de estudar o local para ver como será possível uma fuga do claustro. Mas o labirinto tem armadilhas, pois se modifica todos os dias, além de ter em seu interior enormes aranhas com pernas mecânicas, que eliminam os que tentam escapar.

"Maze Runner - Correr ou Morrer", apesar de ser um apanhado que já foi visto, é um bom suspense, com personagens clichês - o líder esperto e compreensivo, o desconfiado mau-caráter, o gordinho simpático e sem habilidades. Pena que no final a trama perca força e acabe caindo no lugar comum - e indicando que uma continuação está a caminho.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Isolados"

Um jovem médico e sua namorada, que ele conheceu numa clínica, se dirigem para uma casa no interior do Rio de Janeiro para passar o final de semana. No caminho, ele é alertado pelo dono de um boteco na beira da estrada, que uma garota foi assassinada nas proximidades e que os assassinos andam à solta. Lauro decide não contar o fato a sua namorada. E coisas vão acontecer quando eles chegarem na casa, em "Isolados", direção de Tomas Portella.

A garota, interpretada por Regiane Alves, tem problemas de transtorno, e não aceita as ordens dadas pelo namorado, vivido por Bruno Gagliaso. Ele pede que ela nunca saia de casa sozinha, e claro, é desobedecido. No meio do matagal, dois homens, cujos rostos nunca são mostrados, correm desenfreadamente, trazendo o pavor para a comunidade. E a polícia anda perdida atrás dos matadores - dois irmãos. Apavorados, Lauro e Renata tentam fugir da casa, mas logo descobrem ser impossível. Então o pavor vai tomando conta do casal, que se tranca na casa, enquanto a escuridão toma conta do ambiente.

"Isolados" é um suspense psicológico, que não mete medo. Até se fica atento, esperando ver no que acontecerá com aquele casal no meio do nada. Porém, o casal de protagonistas está muito mal. Bruno Gagliaso mostra não ter capacidade para segurar a história - suas caras de pavor são péssimas e por que diabos ele passa a mancar repentinamente, já que quem é ferida na perna é a namorada? Regiana Alves, por sua vez, não tem medo de se mostrar sem maquiagem, mas não consegue convencer como uma pessoa doente e problemática. E o final de "Isolados" fica completamente desconectado do resto da história. Bola fora.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Livrai-nos do Mal"


"Livrai-nos do Mal", direção de Scott Derrickson, tinha tudo para ser um ótimo filme de terror. O começo lembra "O Exorcista", mas aqui solçdados na Guerra do Iraque libertam um demônio numa caverna nos confins do país. A história dá um pulo de três anos e vai para uma chuvosa Nova Iorque, onde estranhos eventos chamam a atenção do policial Ralph Sarchie (Eric Bana) e seu parceiro Butler (Joel McHale). Aos poucos, eles vão descobrindo que um ex-combatente do Iraque está tendo comportamento agressivo, mas sem suspeitar de possessão demoníaca. Até aparecer o padre Mendoza (Edgar Ramírez), que tenta provar a presença do capeta entre eles.

O policial Ralph tem lá seus problemas pessoais. Anda afastado da mulher, grávida do segundo filho, e da filha pequena. E descrente, se mostra um ótimo condutor para que o demônio vá atrás dele e de sua família. O problema é que a entidade do mal o faz de forma estúpida, risível até, estragando a história, que é encerrada com um exorcismo. Qualquer ideia de se fazer um bom filme vai por água abaixo com a parte final. "Livrai-nos do Mal" começa como um bom thriller policial e termina com terror rasteiro. E não assusta ninguém.

Cotação: regular
Chico Izidro

"Era Uma Vez Em Nova Iorque"

Como esta bela Marion Cotillard em "Era Uma Vez Em Nova Iorque", direção de James Gray. Tirando o péssimo título nacional para o original "The Immigrant" e o erro histórico logo no começo: a estátua da Liberdade é mostrada na cor verde, que só iria ter a partir dos anos 1950, e a história transcorre em 1921. Nela, a jovem polonesa Cybulska (Marion Cotillard) chega a Ilha Ellis, ponto de entrada para quem desejava morar nos Estados Unidos, com a irmã tuberculosa. As duas acabam separadas, sendo que a irmã é encaminhada para tratamento e Eva para a expulsão, pois segundo testemunhas do navio em que viajou, ela é uma mulher de má reputação. Até que surge o jovem judeu Bruno (Joaquim Phoenix), que decide ajudá-la, obtendo permissão para que ela possa entrar em Nova Iorque.

Só que o preço a pagar por Eva será caro - a garota terá de se prostituir. Bruno tem uma personalidade âmbigua - quer ajudar Eva, mas ao mesmo tempo viver do que ela e outras garotas obtiverem na prostituição. Eva quer juntar dinheiro para tirar a irmã do sanatório. E começa a ver uma luz no final do túnel ao conhecer um mágico, o gentil Emil (Jeremy Renner), que apaixonado por ela, decide ajudar, a revelia de Bruno - as coisas não irão terminar bem.

"Era Uma Vez Em Nova Iorque" mostra um belo retrato de uma época miserável na América, onde sobreviver as intempéries estava na ordem do dia - o país ainda não era a superpotência que é hoje. Os imigrantes chegavam aos milhares e encontrar ocupação para todos não era fácil. O filme tem uma luminosidade escura, passando mais uma imagem de desesperança. Está sempre frio e nebuloso. O personagem de Joaquim Phoenix é daqueles tipos que o ator está acostumado a fazer, soturno, triste, em ótimo contraponto com o mágico Emil, vivaz e cheio de vida. E o que dizer de Cotillard, aqui tão arrebatadora, com seus grandes olhos tristes, mostrando a cada olhar a tristeza de uma vida.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 11, 2014

"3 Dias Para Matar"

Em "3 Dias Para Matar", direção de McG, Kevin Costner é Ethan Renner, um agente secreto que após uma missão frustrada em Belgrado, descobre estar com um câncer terminal, e ter apenas três meses de vida. Por isso é dispensado pela C.I.A. e vai para Paris, onde pretende reaproximar-se da filçha adolescente, que não vê há cinco anos. Ele ficou tanto tempo fora, que o seu apartamento foi ocupado por imigrantes africanos. E a filha não quer nem saber dele. Até que a ex-mulher vai passar alguns dias em Londres, e Ethan é encarregado de cuidar de Zooey (Hailee Steinfeld) e se aproximar dela. E é quando novamente cooptado pela C.I.A. - a agente Vivi (Amber Heard, de Diário de um Jornalista Bêbado) quer a ajuda de Ethan para capturar dois traficantes de armas, o Albino (Tomas Lemarquis) e o Lobo (Richard Sammel). Em troca, CVivi dará a ele uma nova droga que pode deter seu câncer.

Então Ethan tem de cuidar da garota, uma mentirosa contumaz e um namoradinho em volta, ao mesmo tempo que sai em perseguição aos traficantes. Se o filme já estava agitado, entra numa verdadeira torrente de emoções, com correria, tiros e explosões pela bela Paris, que serve muito bem as cenas emocionantes. "3 Dias Para Matar" só tem o ritmo quebrado quando mostra as tentativas de reaproximação de Ethan com Zooey.

Costner mostra-se muito a vontade no papel do frio e doente Ethan. Suas cenas em que tenta recuperar seu apartamento dos africanos ou quando vai atrás de um contato de Albino e Lobo, um divertido gordinho apegado as filhas. A história de "3 Dias Para Matar" é boa, mesclando cenas de ação, com bom humor. Mas só fica uma perguntinha: se a C.I.A. sabia o tempo todo do paradeiro dos traficantes, por que ela mesma não liquidava a questão ao invés de pedir ajuda a um agente doente e aposentado?

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Doador de Memórias"

Num futuro distante uma comunidade isolada do resto do mundo vive aparentemente sem problemas: não há doenças, guerras, fome. Este é "O Doador de Memórias", dirigido por Phillipe Noyce, que em certos momentos lembra "Divergente". Afinal, ao completar 16 anos, os jovens recebem a designação do que farão no resto de suas vidas. É quando Jonas (Brenton Thwaites) fica sabendo ter mais potencial do que seus amigos, recebendo a missão de trabalhar com The Giver (Jeff Bridges). O que eles têm em comum? Eles armazenam as memórias dos acontecimentos tristes, que são tirados das pessoas normais, para que não sofram, mas também vivam num mundo irreal, artificial.

O mundo visto por todos é em preto e branco, e Jonas começa a ver cores em tudo, e aos poucos vai desvendando o que existe de podre na comunidade, liderada por Elder (Meryl Streep). A ideia da mudança de cores é interessante, mas o filme fica aquém de suas possibilidades. Meryl Streep pode ser considerada a primeira dama do cinema mundial, mas aqui parece deslocada no papel de vilã - o tema futurista parece não se encaixar com ela. O ator principal Brenton Thwaites, que já foi visto no terror "O Espelho" e "Malévola" carece de carisma. E o que dizer de Katie Holmes, a eterna Joe de "Dawson's Creek" e ex-sra. Tom Cruise, aqui envelhecida e careteira. E o final do filme? Totalmente anti-climax.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Bem-Vindo a Nova Iorque"

Em 2011, o diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn foi para as manchetes após ter tentado estuprar a camareira do hotel em que estav hospedado em Nova Iorque. O acontecimento acabou com a sua carreira - e ele pretendia se candidatar a presidente de seu país. Pois o diretor Abel Ferrara, sem muitos disfarces, decidiu contar a história no ótimo "Bem-Vindo a Nova Iorque", com Gerard Depardieu vivendo o papel do banqueiro. Mas aqui ele é chamado de Sr. Devereaux, um insaciável predador sexual. O personagem vivido pelo ator pensa em sexo o tempo todo, e ataca até mesmo jovens repórteres que pretendem entrevistá-lo. Aliás, a primeira meia-hora do filme mostra o personagem participando de orgias em seu escritório e hotéis.

Depardieu não tem vergonha de expor um corpanzil obeso quando necessário. A cena em que ele ataca a camareira é tensa, e mais tensos ainda são os momentos subsequentes, quando Devereaux é preso, ao tentar embarcar num voo para Paris. A também veterana atriz inglesa Jacqueline Bisset então surge como a esposa do banqueiro, como Simone, e rouba o restante do filme. Ela luta para tirar o marido infiel e safo detrás das grades e acobertar as sujeiras praticadas por ele. "Bem-Vindo a Nova Iorque" é um filme que mostra as sujeiras que existem por trás de gente importante e que dominam, com seu poder, o mundo, não importando quem seja pisado por elas. Aquele velho papo: "você sabe com quem está falando?". Era assim, mais ou menos, como se portava Devereaux.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"A Oeste do Fim do Mundo"

O uruguaio nascido na Argentina León é um ex-combatente da Guerra das Malvinas. Traumatizado pelo evento, tentou reconstruir a vida, sem sucesso. Até o casamento, onde teve um filho, fracassou. O jeito que achou para não acabar com a própria vida, como fizeram vários de seus companheiros, foi se isolar do mundo. Em "A Oeste do Fim do Mundo", dirigido por Paulo Nascimento, traz León (Cesar Troncoso, de O Banheiro do Papa) em sua vidinha pacata nos confins da Argentina, gerindo um posto de gasolina que comprou com a herança recebida do pai - de sua modestíssima casa é possível visualizar os Andes. Todos os dias recebe a visita de um motoqueiro, Silas (Nelson Diniz), que lhe leva peças de uma moto que tenta reconstruir. A vida deste homem transforma-se quando surge por ali uma garota, Ana (Fernanda Moro). Brasileira, ela tenta fugir de um relacionamento onde sofria abusos do parceiro e chegar a Santiago do Chile para reencontrar a mãe e a irmã.

Sem ter como seguir viagem, Ana vai ficando por ali. No começo os dois mal se falam. Ele, aliás, é praticamente mudo, enquanto Ana faz perguntas sem parar, irritando León. Com o passar dos dias, mesmo que timidamente e incomodados, vão se aproximando. O filme é feito de sons - das portas batendo, do vento, da chuva e de silêncio da dupla de protagonistas.

"A Oeste do Fim do Mundo" é um filme que se torna tocante, apaixonante. E mostrando que nenhum homem é uma ilha, por mais que tente.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Rio, Eu Te Amo"

A ideia é a mesma de "Paris, Eu Te Amo" e "Nova Iorque, Eu Te Amo". Diversos diretores contando histórias passadas nestes paraísos turísticos. Agora é a vez de "Rio, Eu Te Amo". E o resultado não poderia ser mais decepcionante. Em diversas esquetes, as ruas, morros e praias do Rio servem para o palco de várias histórias dirigidas por nomes como Fernando Meirelles, Cesar Charlone, John Turturro, Paolo Sorrentino, Carlos Saldanha e José Padilha, entre outros.

Mas elas não encantam. Começando com a história em que Fernanda Montenegro vive uma moradora de rua tentando convencer o neto (Eduardo Sterblitch, de Pânico na Band) que não pretende abandonar a mendicância, pois assim se sente viva e livre. Passa ainda pela esquete da esposinha mimada (Emily Mortimer) que sacrifica a vida do marido mais velho e cadeirante (Basil Hoffman). Mas mais absurdas ainda são as histórias de John Turturro discutindo a relação com a esposa, vivida pela feinha Vanessa Paradis, ou a do garçom vampiro interpretado por Tonico Pereira, cuja trama acaba num desfile de carnaval num morro carioca...

Lamentável. "Rio, Eu Te Amo" traz outras histórias, que nem valem a pena ser comentadas. Mas o certo é que nenhum diretor conseguiu acertar a mão neste filme que deixa uma sensação de mal-estar.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 04, 2014

"Se Eu Ficar"

Mia Hall (Chlöe Grace Moretz) é uma encantadora adolescente, tímida, musicista clássica, que tem uma família fofa. Pais descolados, roqueiros e um irmãozinho encantador. Em "Se Eu Ficar", de R.J. Cutler, num certo dia de nevasca forte as aulas são suspensas, e a família decide passear. Então acontece um terrivel acidente, como carro se chocando com outro numa pista gelada e escorregadia. Mia acorda e o que vê? Ela mesma atirada ao chão, sendo socorrida por paramédicos. Uma experiência transcendental. Fora de seu corpo, a garota acompanha tudo o que acontece ao ser levada para o hospital, em coma, o atendimentos aos pais e irmão, e a chegada dos parentes e amigos à UTI.

A história então volta no tempo e mostra os momentos mais importantes da vida de Mia. Principalmente o namoro com o roqueiro Adam (Jamie Blackley), que estava meio abalado depois que ela decidiu estudar na escola para artistas Julliard, em Nova Iorque, ou seja, do outro lado do país. Aliás, ô bandinha de som ruim e chato a de Adam, mas que agradarão aos ouvintes menos exigentes. A garota passa horas intermináveis do filme vagando pelos corredores do hospital, enquanto seu corpo briga para sobreviver ao acidente que o colocou em coma. E Chlöe Grace Moretz, geralmente bem em seus papéis, vide a Hit-Girl de "Kick-Ass" está especialmente ruim aqui, se limitando a caras e bocas. Já seu par romântico, Jamie Blackley, de "Branca de Neve e o Caçador" não fica atrás. Inexpressivo, com uma cara perdida em cena. A trama acaba se extendendo mais do que o suficiente, transformando-se numa choradeira insuportável.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Anjos da Lei 2"

A série oitentista era um drama e contava, entre outros, com Johnny Depp. Pois ao ser transposta para o cinema, virou comédia e agora chega a sua segunda parte: "Anjos da Lei 2", direção de Phil Lord. No primeiro filme, a dupla de policiais Jenko (Channing Tatum) e Schmidt (Jonah Hill) infiltrava-se numa escola para investigar traficantes. Agora, os dois vão para a faculdade tentar desvendar o tráfico de uma poderosa droga, que causou a morte de uma promissora estudante. A zoeira é que ambos aparentam muito mais do que os alegados vinte e poucos anos que tentam mostrar ter. E por isso são vistos com desconfiança pelos estudantes. Só que o gordinho Schmidt sofre mais rejeição da comunidade estudantil, devido ao seu jeito nerd e carente, enquanto que Jenko logo vai se entrosando. Bonito e atlético, é cooptado para uma fraternidade.

Aí o filme gasta boa parte mostrando a decepção de Schmidt, deixado de lado pelo parceiro. Mesmo assim, o gordinho começa a se envolver com a filha do chefe da dupla, Dickson (o rapper Ice Cube). Enfim, "Anjos da Lei 2" é fraco, com piadas sem nenhuma graça, e com uma parte final sem nenhuma criatividade. A única coisa divertida ficou para os créditos finais, quando os atores brincam com as "possíveis" sequências da franquia, com os Anjos da Lei em diversas situações futuristas, como num curso de gastronomia, no asilo, numa academia de artes marciais. Muito pouco.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Hércules"

O "Hércules", dirigido por Brett Ratner, vive da fama se ser filho de Zeus com uma mortal. E ele é muito mortal. Seus 12 trabalhos são mitos transmitidos oralmente por contadores de histórias. Quem está na pele do herói mitológico é Dwayne Johnson, o ex-The Rock, que ao lado de mercenários vaga pela Grécia, trabalhando para quem pagar mais. E nisto o grupo acaba sendo contratado pelo rei da Trácia, Lord Cotys (o veterano John Hurt). O reino vem sendo atacado por estranhos seres e a população está sendo dizimada.

Hércules e seus parceiros, Autolycus (Rufus Sewell), Tydeus (Aksel Hennie), Atalanta (Ingrid Bolso Berdal) e Amphiarus (Ian McShane), todos eles com características especiais e que fizeram aumentar o mito do homem que acompanham, então ajudam Lord Cotys a transformar seus homens num verdadeiro exército guerreiro. Para descobrir logo depois que o rei não é o que aparentava ser. Assim, o herói, que começava a ser visto por todos, como realmente era, apenas um mortal, tem a oportunidade de reescrever sua história.

"Hércules" tem boas cenas de ação e batalhas e cenários espetaculares. E também é um veículo para Dwayne Johnson msotrar seus músculos - o cara é uma parece, e está longe de ser um bom ator, mas tem carisma.

Cotação: regular
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...