quarta-feira, abril 29, 2015
“Noite Sem Fim”
Liam Neeson encontrou nos filmes de ação seu nicho. Intérprete do genial “A Lista de Schindler” no qual viveu o personagem título, ele se encontrou em filmes como “Busca Frenética”, “A Perseguição” e “Caçada Mortal”. Em “Noite Sem Fim” (Run All Night), dirigido por Jaume Collet-Serra, não tinha como dar errado novamente, ainda mais contando também com Ed Harris e Joel Kinnaman, de “Robocop 2014” e “Protegendo o Inimigo”.
Na trama, o ex-assassino de aluguel Jimmy Conlon (Neeson), agora uma sombra do que foi e vivendo bêbado, se vê obrigado a se aproximar do filho Michael (Kinnaman), com quem pouco conviveu e que não gosta dele. O problema é que Michael é jurado de morte depois que Jimmy mata Danny, filho de seu melhor amigo e chefe Shawn (Harris). Danny iria matar Michael, que o viu cometer um crime. Shawn acaba esquecendo qualquer laço de amizade que tinha por Jimmy e põe todos os seus capangas atrás de pai e filho, que ainda por cima tem de fugir da polícia nova-iorquina, já que dois policiais foram mortes na mesma noite, véspera das festas natalinas, e Michael é considerado o assassino.
“Noite Sem Fim” é tenso, com cenas de forte impacto. Claro que num filme deste tipo ocorrem momentos completamente inverossímeis e alguns furos de roteiro, mas nem por isso deixando de fazer com que o espectador deixe de respirar fundo e preso na poltrona.
Além disso, Harris está ótimo como o chefão rancoroso, que pretende fazer o melhor amigo sofrer o mesmo que ele está sofrendo, apesar de saber que seu filho não era flor que se cheirasse. Kinnaman também segura bem as pontas como o filho amargurado e que não consegue perdoar o pai, que o abandonou na infância e adolescência.
Ah, o começo do filme entrega o seu término, apoteótico.
Cotação: bom
Chico Izidro
“Uma Longa Jornada”
Para começar “Uma Longa Jornada”, dirigido por George Tillman Jr., tem título nacional equivocado. No original, ele é intitulado “The Longest Ride”, já que em nenhum momento há uma jornada no filme baseado em romance do escritor Nicholas Sparks, o mesmo de “Diário de Uma Paixão”, “Cartas Para Julieta” e “Um Homem de Sorte”, e que tem no elenco dois herdeiros de grandes cineastas, Scott Eastwood, filho de Clint Eastwood, e Oona Chaplin, neta de Charlie Chaplin.
O casal Luke (Scott Eastwood) e Sophia (Britt Robertson) é completamente oposto. Ele é um rapaz criado numa fazenda na Carolina do Norte e que ganha a vida como peão de rodeios, enquanto que ela é uma estudante de arte e que ainda por cima projeta estagiar numa galeria de arte em Nova Iorque. Os dois iniciam um romance que não parece ter futuro, quando salvam de um acidente automobilístico o idoso Ira (Alan Alda), que possui uma caixa cheia de cartas. Nelas, a lembrança de seu romance com a jovem judia refugiada austríaca Ruth (Oona Chaplin), que fugiu de seu país por causa dos nazistas.
O filme intercala, então, momentos atuais com cenas passadas nos anos 1940, quando Ira conheceu e se apaixonou por Ruth, e como a história deles foi difícil. Ele, um jovem, vivido por Jack Huston, tímido e retraído, e ela ousada e carente. “Uma Longa Jornada”, porém, é puro água com açúcar, com momentos previsíveis, já vistos em centenas de filmes românticos, música xaroposa, e atuações beirando o sofrível. Scott Eastwood não tem a mínima capacidade interpretativa e Alan Alda parece de saco cheio, em cena talvez para pagar o aluguel. O que se salva é o elenco feminino, com uma atuação segura da jovem Brett Robertson, do seriado “Under the Dome” e de “Pânico 4” e de Oona Chaplin.
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Em Um Pátio em Paris”
Em depressão, o músico Antoine (Gustave Kerven) decide abandonar sua banda antes do início de um show. Aliás, ele decide deixar a carreira e recomeçar a sua vida no melancólico “Em Um Pátio em Paris” (Dans La Cour), dirigido por Pierre Salvadori.
Antoine procura uma agência de empregos, mas sem nenhuma experiência, acaba aceitando o emprego sugerido pela recrutadora, o de zelador de um prédio antigo de Paris. Disposto a uma vida calma e sem atropelos, ele aceita a oferta e vai trabalhar no local, que tem como síndico Serge (Féodor Atkine), casado com a senhora desocupada Mathilde (Catherine Deneuve), que sem muito o que fazer, fica se preocupando com os barulhos que Antoine faz no pátio quando lava o chão, ou cria um grupo no bairro para discutir o risco de as casas virem abaixo, já que apareceram rachaduras em seu apartamento.
Entre Antoine e Mathilde acaba surgindo uma amizade diferente. E Antoine ainda tem de conviver com tipos típicos, encontrados em todos os lugares. Como o vizinho que reclama de tudo e de todos, o traficante de drogas, o enxerido. O filme sofre, às vezes, com a falta de ritmo e alguns personagens caricatos. Mas tira força da interpretação triste de Gustave Kerven e de Catherine Deneuve, que aos 71 anos, ainda traz resquícios de sua beleza clássica.
Cotação: regular
Chico Izidro
quinta-feira, abril 23, 2015
“Os Vingadores – A Era de Ultron”
“Os Vingadores – A Era de Ultron” (The Avengers – The Age of Ultron), direção de Joss Whedon, é um interminável filme de ação envolvendo os super-heróis Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), Capitão América (Chris Evans), Thor (Chris Hemsworth), Hulk (Mark Ruffalo), Viúva Negra (Scarlett Johansson) e Gavião Arqueiro (Jeremy Renner).
E lá estamos nós de novo vendo um vilão querendo destruir o mundo. E fica a pergunta, se ele destruir o universo, o que sobrará para o vilão governar?
Tony Stark, o humano comum por trás do Homem de Ferro, tenta construir um sistema de inteligência artificial para solidificar a paz mundial. Só que a ideia dá errado e o sistema chamado de Ultron tenta passar a mandar tudo pelos ares.
Os heróis, então tem de unir forças, para tentar combater o sistema. E em mais de duas horas e meia, onde ainda sobra espaço para a aparição de dois gêmeos com super-poderes, Wanda (Elizabeth Olsen), que tem o poder de controlar as mentes, e Mercúrio (Aaron Taylor-Johnson), cuja habilidade é a velocidade, e que no início estão contra os Vingadores, mas depois lutam ao lado deles.
Não há muito para se pensar. O filme apresenta apenas cenas de lutas, correrias, explosões. Mas os efeitos especiais são de primeira qualidade, tanto que o Hulk digital funciona muito bem – quem não lembra a versão cinematografia tosca do filme do começo deste século?
O destaque acaba sendo Scarlett Johansson, linda e a vontade no papel da super-espiã Viúva Negra. A realidade é que “Vingadores – A Era de Ultron” é chato, interminável e barulhento demais.
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Não Olhe Para Trás”
Al Pacino está impagável nesta comédia romântica, que peca pelo título nacional: “Não Olhe Para Trás” (Danny Collins), direção de Dan Fogelman. O nome do filme é o do personagem de Pacino, mas algum esperto da indústria achou que assim o público não entenderia.
Danny Collins é um músico que começou a carreira cantando músicas de protesto e folks. Quarenta e poucos anos depois, ele se sente meio arrasado, pois parou de compor e ficou preso a apenas uma música, popzinha, que seus fãs pedem ardorosamente em todos os seus shows. No dia de seu aniversário, seu melhor amigo e empresário Frank (Christopher Plummer) lhe presenteia com algo que vai mudar a sua vida. Quando jovem e idealista, Danny havia dado uma entrevista a uma revista. John Lennon a leu e lhe enviou uma carta, dizendo para que ele nunca abandonasse seus ideais. Mas o editor da revista não a entregou a Danny, achando que poderia faturar uma grana com ela. Pois 40 anos depois, a carta está na mão de Danny, que ao lê-la decide alterar o modo de vida.
Ele deixa tudo para trás, se hospeda num hotelzinho em New Jersey, onde se apaixona pela gerente vivida por Annete Benning, e tenta se aproximar do filho, interpretado por Bobby Cannavale, a quem então nunca havia dado a mínima bola. Além disso, ainda tenta voltar a compor.
O filme tem diálogos engraçados, às vezes derrapa na pieguice, mas tenta passar a mensagem de que devemos ser fiéis a nossos ideais. A história é baseada em personagem real – um músico que realmente deveria ter recebido uma carta de John Lennon, e ela só caiu em suas mãos quando a sua carreira não havia decolado.
Cotação: bom
Chico Izidro
“Um Fim de Semana em Paris”
O casal de professores ingleses Nick (Jim Broadbent) e Meg (Lindsay Duncan) decidem comemorar os 30 anos de casamento no lugar em que passaram a lua de mel. Então em “Um Fim de Semana em Paris” (Le Weekend), direção de Roger Michell, os dois vão notar como o tempo foi cruel com eles.
E Paris acaba não sendo uma cidade barata para eles, que contam cada centavo. As brigas são constantes, ela reclama demais do marido, não perdendo tempo em esculachá-lo. “Ah, essa sua salsicha mole”, diz Meg em certo momento, quando Nick deseja transar. Os dois ainda se incomodam com as ligações do filho, direto de Birmingham, que deseja voltar a morar com eles, já que o lugar aonde está é infestado por ratos. E Meg é contra a ideia, mesmo que o filho tenha mulher e um filho pequeno.
Os dois tentam esquecer dos problemas e rusgas passeando por Paris dos sonhos, mas acima da posse deles. Só que parece faltar algo. Talvez carisma aos dois protagonistas, que são pessoas comuns. E o filme ainda se mostra em determinado momento, por demais artificial, principalmente quando surge o personagem de Jeff Goldblum, que vive um ex-colega de faculdade de Nick. Afetado demais, Goldblum acaba estragando cada cena em que aparece. A trama, que começara interessante ao mostrar um casal tentando reviver sua juventude numa cidade maravilhosa, termina preguiçosa e cansativa.
Cotação: regular
Chico Izidro
“Era Uma Vez na Anatólia”
Um crime é cometido. Então a polícia leva os dois criminosos para as planícies da Turquia, onde eles desovaram o corpo. Durante horas, policiais, um promotor de justiça (Yilmaz Erdogane) e um médico legista (Muhammet Uzuner) seguem os dois assassinos, que não recordam exatamente onde colocaram o cadáver.
“Era Uma Vez na Anatólia” (Bir Zamanlar Anadolu’da), direção de Nuri Bilge Ceylan, mostra um país cheio de incongruências, miséria, supertições – que ficam gritantes durante as conversas mantidas pelos homens durante a longa noite em que percorrem as estradas do interior do país.
Ao longo de suas duas horas e meia, “Era Uma Vez na Anatólia”, o diretor tenta discutir o passado e o presente em um país com fortes influências ocidentais e orientais – a Turquia tem parte na Europa e parte na Ásia.
O problema é que entre tantas discussões e longas cenas contemplativas e silenciosas, onde a câmera foca nos rostos rudes dos personagens, o filme não chega a lugar nenhum. E fica no ar a motivação para o crime, que não é explicado.
Cotação: regular
Chico Izidro
quinta-feira, abril 16, 2015
“Casa Grande”
As aparências enganam. No brasileiro “Casa Grande”, direção de Fellipe Barbosa, vemos o dia a dia do jovem Jean (Thales Cavalcanti), que está terminando o ensino médio e prepara-se para prestar o vestibular. Ele deseja Comunicação, porém o pai, Hugo (Marcelo Novaes) não acha esta profissão séria e quer que o garoto faça Direito e Economia.
A família parece ser riquíssima. Vive numa mansão em bairro chique do Rio de Janeiro. Jean tem motorista particular, que o leva à escola todos os dias. A mãe, Sofia (Suzana Pires) é professora de francês e o pai é um posudo economista.
O problema é que a família vive de aparências, A crise pegou feio e eles estão quebrados, mas Hugo e Sofia escondem a condição para Jean e a sua irmã mais nova. O pai deve para investidores e a mãe começa a vender perfumes para ajudar na economia de casa. Logo, os empregados terão de ser dispensados.
Passado em boa parte em uma escola particular e com o protagonista namorando uma jovem mestiça, aluna de uma escola pública, “Casa Grande”, além de discutir a crise financeira brasileira, ainda tem tempo para outro assunto: a questão das cotas raciais, das quais os brancos ricos discordam, por achar que poderão ver suas situações mais agravadas devido a igualdade.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
“Vício Inerente”
Pelas barbas do profeta. O que o diretor Paul Thomas Anderson fumou ou bebeu ao dirigir o psicodélico “Vício Inerente” (Inherent Vice)?
Bem, a trama do complicado filme transcorre no começo dos anos 1970, na Califórnia, onde o uso de substâncias ilícitas era comum. Nisto, o detetive Larry Doc Sportello (Joaquin Phoenix, que parece ser perfeito para interpretar esses tipos doidões) é procurado por uma ex-namorada, a bela Shasta (Katherine Waterston). Ela quer que ele localize o atual namorado dela, um empresário que parece ter sido sequestrado. Então Doc percorre Los Angeles e subúrbios atrás de Michael Wolfmann (Eric Roberts), encontrando pelo caminho os tipos mais estranhos que circulam pelo submundo. Entre eles o policial durão Pé Grande (Josh Brolin, ótimo com a sua cara de pedra), o médico doidão e viciado em cocaína e sexo Rudy Blatnoyd (atuação engraçada e fugaz de Marttin Short).
“Vício Inerente” não é um filme de fácil assimilação. Pois traz um roteiro meio maluco, e diálogos em que o espectador não pode piscar o olho e nem virar o rosto para a tela sob o risco de ficar boiando. Pode até ser considerado um filme noir. Mas entrega belas atuações, inspiradas, e trilha sonora poderosa, e uma fotografia intensa, que mexe com os sentidos de quem está vendo. Não dá para passar indiferente a tanta intensidade.
Cotação: bom
Chico Izidro
“O Dançarino do Deserto”
O Irã, nos anos 1970, era um dos países muçulmanos mais abertos para o Ocidente. Até que veio a Revolução Islâmica em 1979, e a liberdade foi para o espaço. No filme baseado em fatos reais “O Dançarino do Deserto” (Desert Dancer), dirigido por Richard Raymond, é mostrado como o regime dos aiatolás é repressivo para coisas que são vistas como corriqueiras para nós, ocidentais.
O jovem Afshin Ghaffarian (Reece Ritchie, de Um Olhar do Paraíso e Principe da Pérsia – As Areias do Tempo) almeja ser um dançarino, porém a dança é uma arte proibida no Irã, pois segundo a leitura dos radicais, vai contra os preceitos do Islã. O jeito é praticar os passos pecadores de forma clandestina. Na Universidade de Teerã, Afshin, que aprendeu a dançar vendo vídeos piratas de Michael Jackson, Rudolf Nureyev e o filme “Dirty Dancing” cria um grupo de dança. Eles ensaiam em uma fábrica abandonada. Mas só isso não basta e logo eles querem mostrar as danças para um público. Porém, onde fazer isso numa cidade em que todos os passos são vigiados pela polícia religiosa? Ora, no deserto, longe de olhares censores.
“O Dançarino do Deserto”, apesar de crítico ao sistema político/religioso do Irã, por vezes peca ao retratar de forma maniqueísta os personagens. E em alguns momentos não consegue deixar de lado a pieguice.
Mas para um ocidental incomoda ver as diferenças culturais. Afinal, temos todas as liberdades do mundo, e ali no Oriente, impera um radicalismo medieval, onde as pessoas não podem simplesmente dançar ou curtir uma boa música.
Cotação: bom
Chico Izidro
“Chappie”
O diretor sul-africano Neill Blomkamp estreou em 2009 com o interessante “Distrito 9”, mas derrapou com em “Elysium”. E em seu terceiro longa, "Chappie”, decepciona por completo. A trama, futurista, mostra um robô, Chappie, criado pelo cientista Deon (Dev Patel, de Quem Quer Ser Um Milionário), que age e pensa como um ser humano.
Estamos em Johannesburgo, na África do Sul, onde os policiais humanos foram substituídos por robôs – alguém aí lembrou de “Robocop”? Sim, o filme é uma cópia descarada. Chappie, porém, é uma máquina diferente, pois mostra sentimentos e acaba caindo nas mãos de uma gangue de ladrões que pretende realizar um grande assalto para pagar uma dívida.
“Chappie” não traz nada de original. Pelo contrário, é tudo reciclado, e trazendo atuações tacanhas. Sigourney Weaver não poderia estar mais caricata como a presidente do conglomerado que produz os robôs. E Hugh Jackman é um engenheiro rival de Deon, que quer destruir os planos do rapaz para poder colocar em produção uma linha de robôs criada por ele – a máquina, aliás, é semelhante a um dos vistos em Robocop.
E o final, pouco criativo, reproduz em Deon o destino do protagonista de “Distrito 9”. Perda total de tempo.
Cotação: ruim
Chico Izidro
“Força Maior”
Uma família perfeita, pais e filhos lindos curtem as férias nos Alpes franceses. A mãe, orgulhosa do marido, trabalhador e que bancou aquela viagem dos sonhos. Até que durante um Almoço, começa uma avalanche, provocada pelos trabalhadores do hotel. Todos estão sentados e ficam olhando, admirados, aquela parede branca descendo montanha abaixo. E ela se aproxima, aproxima. Então Tomas (Johannes Bah Kuhnke) sai em desabalada carreira, empurrando todos à sua frente e deixando a mulher e os filhos para trás. Só que a avalancha para repentinamente e fica apenas uma leve névoa, que vai se esvanecendo. Ebba (Lisa Loven Kongsli) olha os filhos, a quem protegeu com o corpo e procura o marido.
Minutos depois, ele volta como se nada tivesse ocorrido. Mas algo naquele gesto dele rompeu a confiança de todos em “Força Maior” (Force Majeure), direção de Ruben Östlund.
Nos dias seguintes, o diálogo entre o casal simplesmente desaparece. Ebba não confiar no marido, e pior, quando durante um jantar com amigos, ela conta a atitude covarde de Tomas, que nega, e diz que Ebba está distorcendo os acontecimentos.
Os filhos também sentem a mudança e começam a ficar ariscos e mostrando sinais de depressão, achando que os pais irão se separar.
“Força Maior” é chocante, mostrando como existe uma tênue linha entre a admiração e a decepção. As longas sequências mostrando o casal em silêncio, constrangidos pelo ocorrido, são angustiantes. E fica a pergunta: como o casal conseguirá lidar com sua relação depois daquele evento?
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quarta-feira, abril 08, 2015
"Cada Um Na Sua Casa"
As recentes animações têm se caracterizado por sua excelência, seja no trabalho gráfico, seja em seus enredos bem elaborados. E este não é o caso de "Cada Um Na Sua Casa", direção de Tim Johnson. O desenho é até bem feito, mas o problema é que o roteiro e os personagens não ajudam.
Na trama, a Terra é invadida por extra-terrestres, os Boov, que buscam um novo lar e também para fugir de uma outra raça, esta exterminadora. Eles, então, exilam toda a população de humanos na Austrália!!!! e se adonam das cidades. Só que a jovem Tip consegue se esconder e enquanto busca descobrir o paradeiro de sua mãe, acaba fazendo amizade com o boov Oh, que é uma espécie de ovelha negra. Oh tenta ser simpático com os outros de sua espécie, que fogem dele como se ele fosse um leproso. Ao tentar fazer uma festa, acaba mandando convite também para os ET exterminadores, que assim descobrem onde os Boov se escondem. Oh acaba tendo de fugir com Tip.
Infelizmente, Tip e Oh são personagens irritantes e que não conseguem ganhar a simpatia do público. A história, chata ao extremo, também não consegue convencer a nenhum público, seja o alvo principal, as crianças, ou os adolescentes, e muito menos os adultos, que costumam ter uma interação com as animações por causa das referências cinematográficas. Que aqui são zero.
Cotação: ruim
Chico Izidro
"14 Estações de Maria"
"14 Estações de Maria", filme alemão dirigido por Dietrich Brüggemann, mostra como a religião pode ser nociva para a vida de uma pessoa. Ainda mais se ela estiver em formação, entrando na adolescência. A jovem Maria (a excelente Lea Van Acken) tem apenas 14 anos, e vive sob a rigidez dos ensinamentos católicos. Ouvir rock, soul, jazz, namorar, tudo lhe é proibido, por serem obras do demônio. A mais velha de quatro irmãos, Maria teme a tudo, com medo de pecar e não poder ir para o céu.
A mãe (Franziska Weisz) é rígida e extremamente conservadora. A interpretação de Weisz é perfeita, daquelas de a gente passar a odiar intensamente o personagem, não entendendo como uma pessoa pode agir tão friamente. Maria acaba sendo uma vítima de sua mãe, que não aceita qualquer contrariedade a seus pensamentos. "14 Estações de Maria" é dividido exatamente em 14 capítulos, cada um fazendo referência a crucificação de Cristo. E incomoda, ao constatarmos como o radicalismo pode ser irracional, intolerante e opressivo.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, abril 02, 2015
"Velozes e Furiosos 7"
Esqueça a coerência. "Velozes e Furiosos 7", direção de James Wan e último filme de Paul Walker, morto, ironicamente, em acidente automobilístico em 2013, é pura adrenalina, com um roteiro que beira o absurdo. A turma liderada por Dom (Vin Diesel), após os incidentes registrados na parte seis, tenta retomar a vida normal em Los Angeles, mas começa a ser ameaçada pelo assassino psicopata Shaw (Jason Statham), que pretende vingar o irmão, vilão do filme anterior e agora em coma num hospital londrino.
Numa trama estapafúrdia, uma agência do governo americano, comandada por Ken Russel (A Coisa e Fuga de Nova Iorque) contrata o grupo de Dom para tentar libertar uma hacker raptada por terroristas. E ela tem a chave para que Vin Diesel, Walker, Michelle Rodriguez, Tyrese Gibson e Ludacris tentem antecipar os passos de Shaw e neutralizá-lo.
E dê-lhe cenas absurdas, mas muito bem filmadas. Entre elas, o grupo salta com seus carros de dentro de um avião, caindo direto numa estrada. Noutra, Vin Diesel atravessa com um carro três prédios em Abu Dhabi a mais de 100 metros de altura. E em mais uma cena, Walker fica pendurado na janela de um ônibus na beira de um precipício, enquanto que Vin Diesel joga seu carro penhasco abaixo e sai caminhando, ileso, no final do trajeto.
O astro careca, aliás, mostra-se mais uma vez um péssimo ator. Suas intervenções são quase constrangedoras. Ele parece ter uma dificuldade extrema de decorar suas falas, quase todas repletas de clichês filosóficos baratos. Mas apesar de tudo, o filme é tenso, cheio de adrenalina e acaba divertindo.
Cotação: bom
Chico Izidro
"O Ano Mais Violento"
Com excelente reconstituição de época e ótimas atuações, "O Ano Mais Violento", direção de J. C. Chandor, conta a batalha de um empresário do ramos dos combustíveis para prosperar, tendo de conviver com a corrupção, subornos e perseguições políticas.
Abel (Oscar Isaac, de Inside Lewis - A Balada de um Homem Comum) é um imigrante latino, honesto, e casado com Anna (Jessica Chastain), e que tenta fazer tudo certinho, mas as coisas não são como ele quer. Ele começa a ser investigado por um promotor por sonegação de impostos, e vê seus caminhões serem roubados à luz do dia, passando a tentar descobrir quem realiza os furtos. A trama é ambientada em Nova Iorque, durante o rigoroso inverno de 1981. A cidade, à época, estava entregue a marginalidade e a consequente violência.
Abel também encontra problemas em casa, principalmente com sua esposa, que não poupa esforços para ajudar o marido, mesmo que para isso precise praticar atos ilícitos. Os dois protagonistas, Oscar Isaac e Jessica Chastain, estão excelentes em seus papéis. Isaac lembra e muito Al Pacino no jeito de andar e nos gestos. A ruiva Chastain tem presença marcante em cada cena que participa, com um visual bem característico da época retratada, seja nos cortes de cabelos, nas longas unhas, nos vestidos. Um filme sem exageros, tenso.
Cotação: ótimo
Chico Izidro
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