quinta-feira, setembro 28, 2017

“Kingsman: o Círculo Dourado” (Kingsman: The Golden Circle)



“Kingsman: o Círculo Dourado” (Kingsman: The Golden Circle), dirigido por Matthew Vaughn, infelizmente não tem o mesmo pique do divertido “Kingsman: Serviço Secreto”, lançado em 2015. Esta sequência até não é ruim, mas não consegue se aproximar do original. Apesar de trazer novamente boas cenas de ação, humor, mas desta vez as lutas soam um quanto tanto exageradas, com aquela câmera treme-treme, que tira a paciência de qualquer espectador.

Além do que a premissa é de uma bobagem monumental: os maconheiros do mundo são envenenados ao fumar seus baseados e morrerão se os Kingsman não conseguirem um antídoto, que está nas mãos da vila Poppy Adams, vivida com um certo exagero por Juliane Moore.

Mas a trama começa antes, quando os Kingsman sofrem um atentado e quase todos eles morrem, sobrando Eggsy (Taron Eggert) e Merlin (Mark Strong). Então eles têm de juntar forças ao Statesmen – sim, os norte-americanos e sua agência de espionagem equivalente à inglesa, para combater Poppy e seus asseclas.

As participações de Channing Tattum, Pedro Pascal, Halle Berry e inclusive Elton John são divertidas. Mas no entanto, tudo parece tão exagerado, que acaba enervando, ao invés de trazer um pouco de diversão.

Duração: 2h21min

Cotação: regular
Chico Izidro

“Pendular”



Dirigido por Júlia Murat e estrelado por Raquel Karro e Rodrigo Bolzan, “Pendular” é um filme complexo, que fala sobre a impossibilidade de comunicação entre uma dançarina e um escultor, que dividem um grande balcão, onde ela ensaia passos de dança e ele prepara um novo projeto.

A obra é baseada na performance Rest Energy, de Marina Abramović, artista da Sérvia, onde ela e Ulay, seu companheiro à época, se equilibravam enquanto ela segurava um arco e ele uma flecha que apontava para seu coração. “Pendular” aqui pega pesado numa relação entre um casal que tem projetos completamente opostos – e isso fica bem evidente em um momento onde após fazerem amor, ele diz que quer ter um filho com ela. A dançarina dá um pulo, horrorizada, e renega qualquer intenção de isso vir a acontecer.

Essas diferenças são mostradas com clareza desde os primeiros instantes, quando o casal aparece demarcando, com uma fita, os espaços que vão dividir no galpão. A relação, em nenhum momento, parece harmoniosa. Os conflitos estão sempre ali, mostrados em uma forma fria.


Duração: 1h45min

Cotação: regular
Chico Izidro


“Como Nossos Pais”



“Como Nossos Pais”, dirigido por Laís Bodanzky (de Bicho de Sete Cabeças e As Melhores Coisas do Mundo), acompanha a vida de Rosa (Maria Ribeiro, em atuação espetacular). Ela enfrenta problemas em seu casamento, e isto acaba interferindo em seu trabalho e para piorar, durante o almoço de final de semana da família, após uma discussão com sua mãe, interpretada por Clarisse Abujamra, Rosa fica sabendo que não é filha do homem que o criou. Ela é fruto de uma relação que sua mãe teve durante um congresso socialista em Cuba nos anos 1970.

O filme mostra o dia a dia de Rosa com as obrigações do casamento com Dado (Paulo Vilhena), um ambientalista que parece estar mais preocupado em salvar a amazônia do que seu patrimônio. Os dois têm discussões intensas e ela desconfia que o marido a traia com uma colega. Além disso, a filha maior, que está entrando na adolescência começa a mostrar as chatices da idade. E em meio a tudo isso, existe a questão mal resolvida com a mãe. Tudo isso para Rosa entrar numa de autoconhecimento – ao questionar a mãe o por que de ela ter pulado a cerca há 38 anos, escuta que todo mundo deveria fazer isso.

É quando surge Pedro (Felipe Rocha), o pai de um colega de sua filha, que mostra que sim, ela pode ter uma relação extraconjugal. E existe ainda a figura de Homero (Jorge Mautner), que é o homem que ela conhece a vida toda como pai. E ele é uma pessoa que vive em seu próprio mundo, distante da realidade. Enfim, Rosa quer ser diferente de seus pais, mas como diz a canção que dá nome ao filme, do compositor Belchior “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Rosa tentará ser diferente, mas conseguirá? Um excepcional retrato de nossos dias.


Duração: 1h42min


Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 21, 2017

"O Assassino: O Primeiro Alvo" (American Assassin)



"O Assassino – O Primeiro Alvo" (American Assassin), com direção de Michael Cuesta, é a adaptação da série de livros "Mitch Rapp" do autor Vince Flynn e tem como protagonista um agrente secreto nos moldes de Jack Reacher, John Wick e Jason Bourne.

No filme, Mitch Rapp (Dylan O’Brien) é um universitário que está passando férias em Ibiza, na Espanha, ao lado da noiva. E ocorre um ataque terrorista liderado por Adnan Al-Mansur (Shahid Ahmed). Centenas de turistas foram mortos, incluindo a noiva de Mitch, Katrina (Charlotte Veja). Rapp decide então se vingar do terrorista. E o longa dá um salto de 18 meses, e neste período o jovem arquitetou um plano para se infiltrar na célula terrorista de Al-Mansur.

Então Rapp reaparece com uma série de habilidades que chamam a atenção da CIA, onde a diretora Irene Kennedy (Sanaa Lathan) encontra uma oportunidade de usá-lo como agente para o serviço de inteligência. Pra treiná-lo, ela convoca o veterano Stan Hurley (Michael Keaton). O objetivo é transformar Rapp num agente com capacidade para caçar potenciais inimigos dos Estados Unidos.

Claro que a relação entre Rapp e Hurley não será das mais fáceis, pois o jovem não obedece a ordens e é temperamental. Mesmo assim eles são obrigados a trabalhar juntos para investigar uma onda de ataques terroristas em território europeu. E descobrem que um ex-agente da CIA e antigo prodígio treinado por Hurley (interpretado por Taylor Kitsch), é Ghost, que pretende fazer um grande atentado na Europa.

Mas muita coisa parece forçada demais em "O Assassino – O Primeiro Alvo". Afinal, o protagonista apresenta uma série de habilidades inimagináveis para alguém que treinou por um período tão curto e está em sua primeira missão. E tem Michael Keaton careteiro como a muito não se via, com diálogos quase risíveis entre seu personagem e Ghost. O filme até apresenta coreografias bem ensaiadas, efeitos especiais muito bons - a cena em que uma bomba atômica explode é simplesmente sensacional. Porém tudo já foi visto em outras obras do gênero. Mas pode ser um bom entretenimento por quase duas horas.

Duração: 1h51min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Divórcio"



"Divórcio", dirigido por Pedro Amorim e escrito por Paulo Cursino (De Pernas Pro Ar e Até Que A Sorte Nos Separe), o filme, passado em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, conta a história de Noeli (Camila Morgado), que é roubada do altar por Júlio (Murilo Benício), quando iria se casar com um homem de que não gostava, em casamento arranjado por seu pai. Nos anos seguintes, o casal leva uma vida humilde, mas ao produzirem um molho de tomate batizado de Juno, as iniciais de seus nomes, com um segredo especial, acaba enriquecendo.

Mas com o passar do tempo, e com duas filhas, a fortuna e a rotina acaba deixando o casal distante. E após uma festa em que eles se perdem numa estrada, surge a gota d'água para provocar a separação. E para brigar pelo patrimônio, cada um contrata o melhor advogado para si, o que acaba gerando um processo de divórcio repleto de problemas. E para quem não se lembra, os diversos atritos que tem entre eles lembra muito "A Guerra dos Roses", filme dirigido por Danny DeVito e protagonizado por Michael Douglas e Kathleen Turner em 1989. Ou seja, mais chupação, tá bom, reciclagem do foi feito bem lá atrás, e piorado.

As atuações de Benício e Morgado são prejudicadas pelo estereótipo caipira dos personagens, afinal estamos no interior paulista. Nada é é engraçado. Pelo contrário, tudo é tão irritante, como por exemplo as risadas desengonçadas dos protagonistas. E tudo piora ainda com a trilha sonora, repleta de música sertaneja - para quem gosta, e dê-lhe mau gosto, é uma alegria. E no final, "Divórcio" se perde totalmente, sendo previsível ao extremo.

Duração: 1h50min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Mãe!" (Mother!)




É difícil falar sobre “Mãe!”, a nova obra de Darren Aronofsky (diretor de Cisne Negro e O Vencedor), onde muita coisa não faz nenhum sentido na tela, e ficamos pensando o que o cineasta fumou ou cheirou para filmar aquilo que vemos e ouvimos. A trama tem como protagonista uma jovem mulher, interpretado por Jenniferr Lawrence, que mora em uma casa isolada ao lado do marido, um poeta que vive crise criativa, vivido por Javier Bardem. Nenhum dos personagens em cena têm nome.

A casa onde moram foi destruída, e a mulher reconstrói a habitação aos poucos. E o casal tem a rotina interrompida quando aparece um médico (Ed Harris) no local. Sua presença causa desconforto na garota. E as coisas vão piorar quando chegar a mulher do médico (Michelle Pfeiffer). E para trazer mais caos, aparecem os dois filhos desta dupla mais velha. Um crime é cometido. E o terror parece finalmente estar presente...mas é mais um terror psicológico. A partir deste momento, a velha casa transforma-se em um cenário para toda uma série de acontecimentos, com várias pessoas entrando e saindo da casa, deixando a garota cada vez mais desnorteada, enquanto que seu marido parece indiferente a tudo.
Temos até ares de "O Bebê de Rosemary", quando a garota surge grávida, e as pessoas continuam invadindo sua casa, seu espaço. E ela pedindo e não sendo ouvida, para que saiam e o marido continua lá, impassível.
As imagens que vemos na tela parecem não fazer sentido nenhum. Mas parabéns para Jennifer Lawrence, que está presente em praticamente todas as cenas do filme, mostrando todo o desespero, insegurança e fragilidade em suas feições e gestos. Já Javier Bardem passa boa parte do filme relegado ao papel de marido alienado e distante. Uma obra difícil. Para poucos. E que acompanhamos atentos, para saber onde tudo vai parar.

Duração: 2h02min
Cotação: regular
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 14, 2017

"Feito na América" (American Made)



"Feito na América" (American Made), dirigido por Doug Liman, é o mais novo filme estrelado por Tom Cruise, que aqui vive a história baseada em fatos reais, e muita coisa parece inventada, de tão absurda, do piloto Barry Seal, que no final dos anos 1970 até meados dos anos 1980, trabalhou para a CIA, DEA, ao mesmo tempo que traficava drogas e armas para o Cartel de Meddelín. A obra acerta na reconstituição de época, tem uma trilha sonora forte, daquele período, e imagens reais de eventos ocorridos à época, mostrando figuras como o ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan, sua mulher Nancy, que dirigiu campanha contra as drogas e o assessor militar Oliver North, autor do famigerado plano Irã-Contras.

A trama lembra um pouco o filme "Profissão de Risco", dirigido por Jonathan Demme e protagonizado por Johnny Depp e lançado em 2001. Nele, acompanhamos a trajetória real de George Jung (Depp), que nos anos 1970, se torna o principal importador de cocaína do Cartel de Medellín para os Estados Unidos. Durante duas décadas, Jung foi um dos principais alvos do combate às drogas do governo americano e era quem fazia a conexão entre os EUA e a Colômbia.

E não é difícil imaginar que George Jung, que ficou preso por 20 anos, sendo libertado em 2014, e hoje está com 75 anos, não tenha cruzado com Barry Seal. Este trabalhava como piloto comercial, até ser cooptado pela CIA para fazer espionagem aérea na América Central - tirar fotos de atividades comunistas na Nicarágua e El Salvador. E logo fica conhecido na região e não demora para que receba uma proposta do Cartel de Medelin, composto por figuras como Pablo Escobar, Jorge Luis e Juan Davi, para traficar drogas da América do Sul para os EUA. A partir deste momento, Seal se torna uma espécie de "agente duplo" e depois triplo, pois acaba caindo nas mãos do DEA - o departamento antidrogas americano. E tudo isso fingindo para a mulher e os filhos que ele continua trabalhando como piloto comercial.

"Feito na América" é mais um exemplo daqueles filmes de ascenção e queda. Chega um momento em que Seal ganha tanto dinheiro que não consegue mais achar lugar para guardar a fortuna. E tem em seu encalço governo americano, traficantes...
O longa apresenta uma narrativa frenética, trazendo Tom Cruise numa pegada mais cômica. Enfim, é um filme que entretém, mesmo que em determinado momento caia no mais do mesmo, quando introduz a figura do cunhado porra-louca de Seal, interpretado por Caleb Landry Jones (de Corra!) e que será o começo da queda do piloto. Mas nada que atrapalhe a boa diversão.

Duração: 1h55min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"As Duas Irenes"



Com roteiro e direção de Fabio Meira, "As Duas Irenes" é um excelente filme nacional, falando sobre adolescência, amadurescimento, descobertas. A trama gira em torno de uma garota de 13 anos chamada Irene (Priscila Bittencourt) que, descobre possuir uma meia-irmã, fruto do relacionamento de seu pai , interpretado por Marco Ricca, com outra mulher, de mesma idade e com o mesmo nome, Irene (Isabela Torres).

Irene fica muito curiosa, e resolve se aproximar da meia-irmã, mas nunca revelando sua verdadeira identidade. Ela se apresenta como Madalena, e aos poucos as duas garotas vão ficando muito próximas e amigas. Irene frequenta a casa da outra Irene, mas o oposto nunca acontece. Além do mais, a primeira é mais tímida, e sofre um pouco com o descaso da mãe, que se preocupa mais com a filha mais velha e com a caçula. O mesmo não acontece na casa da meia-irmã, onde a mãe é mais presente, mais carinhosa, e não impondo muitas restrições a segunda Irene.

O filme se passa numa pequena cidade do interior, apresenta um ritmo lento, bem estudado. As cenas são longas e por vezes contemplativas. E às vezes lembra aqueles momentos dos anos 70, com o cinema pequeno, onde os adolescentes iam para namorar, longe dos olhos dos pais. "As Duas Irenes" é uma obra de grande qualidade, e tem um desfecho sensacional - lá pela metade ficamos pensando como será o confronto das meninas com o pai. Então a solução é um achado...

Duração: 1h29min
Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Amityville: O Despertar" (Amityville: The Awakening)



"Amityville: O Despertar" (Amityville: The Awakening), direção de Franck Khalfoun, é mais um longa retratando a famosa casa onde ocorreu um brutal assassinato de uma família relatado no livro "Terror em Amitivylle", escrito por Jay Anson e lançado em 1977. E este quinto filme da franquia mais uma vez não faz jus à obra literária, realmente assustadora. Este longa provoca, no máximo, bocejos.

A história gira em torno de uma família que se muda para a cidade de Amityville, e vai morar na casa onde 40 anos antes um jovem matou toda a sua família a tiros, alegando ter ouvido vozes que o fizeram cometer os crimes. A família é formada por uma mãe, vivida por uma irreconhecível Jennifer Jason-Leigh, duas filhas, uma adolescente e a outra pequena, e um filho que está em coma. Mas a mãe não avisou os filhos da maldição que ali está presente. A filha mais velha só vai se dar conta do que aconteceu quando os novos colegas do colégio começaram a praticar bullying com ela, e um dos jovens avisá-la do que ocorreu em seu lar.

A partir daí a adolescente passa a ver fantasmas pela casa, ouvir rangidos e ter pesadelos. O clichê tomando conta da história. Aliás, a atriz que interpretou a garota Belle (Bella Thorne) mostra o tempo todo uma incrível cara de tédio, não conseguindo criar um ambiente verdadeiramente tenso para o terror que se propõe o filme.
"Amityville: O Despertar" acaba se mostrando uma obra bastante fraca, não conseguindo criar nenhuma situação para assustar os espectadores - e você vai ver um filme de terror para levar susto, ou não? Ainda bem que é bem curtinho.

Duração: 1h25min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"A Gente"



Com larga experiência em serviços penitenciários, pois trabalhou por sete anos na Casa de Custódia de São José dos Pinhais, vizinha a Curitiba, o diretor Aly Muritiba apresenta o bom documentário "A Gente". Na obra, ele , volta ao seu antigo trabalho, onde reencontra seus colegas, para acompanhar o cotidiano deles, que não é nada fácil.

Os agentes formam a Equipe Alfa, que tem 28 pessoas, de origens e formações diferentes, e que possuem a difícil missão de cuidar de mais de mil presos. O documentário foca, principalmente no agente Jefferson Walkiu, inspetor-chefe da instituição, que se divide entre o trabalho na prisão e como pastor em uma igreja batista. Podemos acompanhar o dia a dia destes profissionais, com todas as dificuldades e obstáculos - convenhamos, não é fácil lidar com presos perigosos e hostis.

E além disso, surgem os problemas, como falta de chaves para as algemas, ou apenas uma enfermeira para atender mil presidiários. Vemos as reuniões dos agentes, que ainda tem de driblar a burocracia e tentar evitar que os presos entrem em conflito. Uma realidade cruel.

Duração: 1h29min
Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, setembro 07, 2017

"It - A Coisa" (It)



Esta versão do clássico da literatura de Stephen King, lançado em 1986, é mais violento e assustador do que a versão feita para a TV em 1990 (assisti em uma fita VHS dupla), e que tinha Tim Curry (The Rocky Horror Picture Show) no papel do palhaço assassino Pennywise. Falo de "It - A Coisa" (It), dirigido por Andrés Muschietti. A trama fala sobre a entidade maligna que devora as crianças a cada 27 anos na fictícia cidade de Derry, no estado do Maine, na fronteira com o Canadá. Mas na realidade é uma metáfora para o sofrimento e o medo por que passam adolescentes nesta fase da vida.

Nesta nova versão nada dos personagens já adultos retornando à cidade para combater o palhaço. A história se passa em 1988 e foca em um grupo de jovens apelidados no colégio de "os perdedores" - seis meninos e uma menina que sofrem com o bullying dos colegas e também com a maldade dos adultos. O filme já começa violento, quando um garotinho brinca com seu barquinho de papel e é literalmente devorado por Pennywise (agora vivido por Bill Skarsgard, excelente), que se esconde em um bueiro.

Daí em diante outras crianças vão sumindo e os loosers começam a investigar e logo dão de cara com o sinistro palhaço. Mas fica claro que esta presença está apenas na mente deles. A verdade é que todos eles possuem traumas, como a menina que é abusada pelo pai, o rapaz negro que sofre com o racismo, o gordinho que tem vergonha de seu corpo, o garoto judeu que tem regras religiosas impostas em sua vida, ou o menino que sofre com a timidez por causa da gagueira e ainda o colega que tem uma mãe controladora e dominadora. Ou seja, combater Pennywise é confrontar os seus medos.

As referências aos anos 1980 estão todas lá, desde a trilha sonora, as roupas, muita lembrança de outro clássico escrito por Stephen King e que virou filmaço, "Conta Comigo" (Stand by Me). Até mesmo a série atual Strangers Things", que se passa naquela década recebe citações, inclusive com um de seus atores fazendo parte de "It", Finn Wolfhard. Ao seu lado os outros jovens atores: Jaeden Lieberher, Sophia Lillis, Jack Dylan Grazer, Wyatt Oleff, Jeremy Ray Taylor e Chosen Jacobs, todos com uma química espantosa, fazendo deste longa um filmaço.

Ah, os personagens já adultos devem aparecer na segunda parte, e que vai se passar em 2016....

Duração: 2h15min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Uma Mulher Fantástica" (Una Mujer Fantástica)



Dirigido pelo chileno Sebastián Lelio, "Uma Mulher Fantástica" (Una Mujer Fantástica), é protagonizado pela atriz transgênero Daniela Vega, que dá um show de interpretação na pele de Marina Vidal, garçonete e aspirante a cantora, que sofre um baque em sua vida, e começa a verificar que sua condição sexual não é aceita tão facilmente na sociedade.

Marina tem um relacionamento estável há mais de um ano com um empresário de meia idade Orlando (Francisco Reyes). Só que ele sofre um ataque cardíaco e acaba morrendo. Daí em diante, ela que vivia de certa forma protegida pelo namorado, começa a ver as pessoas reagindo com desprezo e até mesmo violência em relação a ela. Aos poucos, Marina vai se deparando com atitudes que mostram de que a sociedade ainda não está preparada para entender a sua condição.

A todo momento, ouve xingamentos, sofre um sequestro e é agredida por tentar comparecer ao velório de Orlando. A família dele, que era distante, vai aparecendo, primeiro querendo o carro de volta, depois o apartamento que ela dividia com o namorado. A tudo, Marina tenta se manter digna, mas sofre por dentro.

O filme de Sebastián Lelio é instigante, denso, ressalta a intolerância de pessoas que não conseguem aceitar o diferente. A atuação de Daniela Vega é intensa, e ela está praticamente em todas as cenas. Absoluta.

Duração: 1h34min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Polícia Federal - A Lei é Para Todos"



"Polícia Federal A Lei é Para Todos", dirigido por Marcelo Antunez, é uma adaptação de um livro escrito por Carlos Graieb e Ana Maria Santos, e retrata um dos momentos mais críticos da política brasileira atual, a Operação Lava-Jato, que vem colocando muito político e empresário atrás das grades. A obra glorifica, sim, os policiais, transformados quase em super-heróis, dignos e incorruptíveis. O filme é de difícil análise, diria espinhosa, pois todos temos uma opinião, um lado.

O longa foca no trabalho de policiais e procuradores da Polícia Federal, começando com a prisão do doleiro Alberto Yussef (Roberto Birindelli), mas de forma totalmente cinematográfica, com perseguições, fugas por escadarias. Passa também por outra prisão, do diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa (Roney Facchini), em outra romantização, com os policiais descobrindo contas secretas na Suíça em pedaços de papéis queimados em uma churrasqueira!!!! A trama mostra ainda quando a PF chega a residência do ex-presidente Lula, interpretado preguiçosamente e muito caricato por Ary Fontoura, que nem se deu ao trabalho de tentar reproduzir o sotaque do dirigente.

Os policiais mostrados no filme é uma mescla de vários profissionais que trabalharam nas investigações, mas há espaço para os personagens reais, que dão credibilidade ao filme, como o juiz Sérgio Moro (um dos ícones da lava-jato interpretado por Marcelo Serrado). A trama se encerra antecipando que uma parte dois está por vir.

Duração: 1h55min

Cotação: bom
Chico Izidro

"Dupla Explosiva" (The Hitmans Bodyguard)




Mais uma vez a distribuidora preguiçosamente intitulou um filme com um título idiota e tantas vezes já visto. (The Hitmans Bodyguard) ou o Guarda-Costa do Assassino virou "Dupla Explosiva"!!!! Tenha santa paciência, diria o Robin para o Batman.

O longa é dirigido por Patrick Hughes II, e é um mar de clichês de filmes de ação, com perseguições de carros, tiroteios, e cabe aqui ressaltar como os vilões são ruim de mira, por que mesmo portando potentes metralhadoras, bazucas ou rifles, nunca conseguem acertar um tiro sequer nos mocinhos.

Os mocinhos no caso são o guarda-costa de personalidades políticas e empresariais Michael Bryce (Ryan Reynolds). Ele recebe a incubência de levar o assassino profissional Darius Kincaid (Samuel L. Jackson) para testemunhar contra o político bielo-russo Vladislav Dukhovich (Gary Oldman) na Corte Internacional de Justiça, em Haia, na Holanda. Dukhovich é acusado de crimes contra seus cidadãos e claro, não quer que Kincaid, um ex-contratado seu, apareça. Por isso, põe um verdadeiro exército para tentar evitar sua ida à cidade holandesa.

Claro que Bryce e Kincaid são completos opostos e desde o primeiro momento não se entendem - clichê! Mas enquanto viajam pela Europa vão se conhecendo, e se odiando, depois se amando, depois se odiando mais um pouco. E perseguidos por um bando de incompetentes. As cenas de ação e tiroteios são bem filmadas, mas nada do que já não vimos anteriormente. O mais do mesmo.

Duração: 1h58min

Cotação: regular
Chico Izidro

sexta-feira, setembro 01, 2017

“Atômica” (Atomic Blonde)




Ambientada dias antes da queda do Muro de Berlim, “Atômica” (Atomic Blonde), dirigido por David Leitch, é baseado nos quadrinhos The Coldest City, de Antony Johnston e Sam Hart. É um filme de espionagem, com muita ação, humor, erotismo, belas coreografias e uma trilha sonora poderosa. Ah, e ainda tem Charlize Theron no papel de uma poderosa espiã.

A trama, como já disse antes, é toda passada na Berlim, que vive seus últimos dias de Guerra Fria. O Muro vai cair dali a alguns dias, mas agências de espionagem americanas, russas, inglesas e alemãs ainda não tem noção do que está acontecendo pelo país, dividido desde o final da II Guerra Mundial. Lorraine Broughton (Charlize Theron) é uma agente do MI6, serviço secreto britânico, recebe a missão de recuperar uma lista contendo os nomes de diversos espiões, que serão revelados se caírem nas mãos dos russos. Além disso, ela tem de desvendar o assassinato de um antigo colega, ao lado de outro colega,
David Percival (James McAvoy), que conhece cada canto berlinense.

“Atômica” tem uma história envolvente, mas ao mesmo tempo às vezes meio confusa, por causa de suas reviravoltas – uma hora você acha que tal espião é pró-soviético, outra hora ele parecer ser pró-ocidente. Ficamos meio que sem saber quem está jogando para quem e por quê. Mesmo assim, isso não tira a sua força.

O longa mostra ainda um excepcional plano sequência, com uma luta de Lorraine contra vários inimigos num prédio de Berlim. A cena é um deleite, e mostra closes de Theron sendo chutada, esfaqueada, chutando, esfaqueando, olhos roxos, hematomas. Ah, e ainda tem uma trilha sonora fantástica para quem é fã dos anos 1980, com direito a David Bowie com Cat People (Putting Out Fire), Peter Schilling e sua Major Tom. Nena e a dançante
99 Luftballons, George Michael, com Father Figure, Siouxsie & The Banshees com o clássico neo-punk Cities in Dust, Falco, com Der Kommissar, Clash e o clássico LondON Calling, e ufa.... A Flock of Seagulls, e sua I Ran. Filmaço.

Duração: 1h55min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Deserto do Deserto"




O documentário "Deserto do Deserto", dirigido por Samir Abujamra e Tito
Gonzalez Garcia, mira um povo esquecido pelo mundo: o Saharaui, habitantes do Saara Ocidental, país que durante mais de 90 anos foi colônia espanhola na África. Quando sonhava com sua independência em 1975, ano da morte do ditador Franco, os espanhóis barganharam o país com o Marrocos e à Mauritânia (que se retirou em 1979), que desde então controla o local com mão de ferro, transformando seus habitantes em cidadãos de segunda classe.


Muitos deles buscaram refúgio na Argélia - o Marrocos sufocou os Saharauis, deixando apenas uma pequena faixa territorial para morarem - no entorno existe um muro, protegido ainda por quase sete milhões de minas explosivas.


O diretor Samir Abujamra e o co-diretor, o franco-chileno Tito Gonzalez Garcia penetram neste território, entrevistando seus moradores - muito deles falando espanhol, pois serviram no exército espanhol durante a colonização, mas depois foram largados à própria sorte. São depoimentos tocantes e fortes, chamando a atenção para o drama que essas pessoas vivem.


O documentário termina num momento de grande tensão: Samir e Tito atravessam a pequena faixa que pode ser habitada pelos Saharauis, tentando chegar até o Oceano Atlântico - eles são acompanhados por soldados da etnia. E passando pelo vasto deserto quase acabam morrendo
quando o carro que estavam explode ao passar sobre uma mina. Momento tenso, e que os fez se colocarem no lugar daquele povo oprimido.


Duração: 1h26min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Um Filme de Cinema"




O que nos motiva a gostar de cinema? Ou melhor, porque escolher este meio
para ganhar a vida? Enfim, ser cineasta. O diretor Walter Carvalho faz um
delicioso documentário, onde ao largo de uma década e meia entrevistou
vários diretores consagrados, que buscaram em suas memórias contar
porque são cineastas e como isto é um prazer para eles. E em meio ao
depoimento, incluiu trechos de filmes citados por eles, indo desde "Limite",
de Mario Peixoto, "Ladrões de Bicicletas", de Vittorio De Sica, até mesmo
obras com Boris Karloff vestido de gorila em "The Ape".


“O documentário é uma reflexão sobre a construção e a linguagem
cinematográfica. Eu queria entender um pouco mais sobre cinema e sobre o
que eu estava fazendo como cineasta”, afirmou Carvalho. “A princípio
entrevistei os diretores com os quais estava trabalhando e depois parti
para os que admiro e que tive oportunidade de encontrar”, complementa.


O documentário apresenta entrevistas saborosas com cineastas do quilate
de Béla Tarr, Hector Babenco, Julio Bressane, Andrzej Wajda, Ruy Guerra,
Ken Loach, Gus Van Sant, Jia Zhangke, José Padilha e Lucrécia Martel. Eles fazem uma
análise sobre a narrativas dos filmes, sobre planos longos, o ritmo, o som, o
espaço e o tempo. Alguns chegam abordar questões questões teóricas e
filosóficas que envolvem seu ofício tais como: o cineasta faz o filme, ou o
filme faz o cineasta?


"Um Filme de Cinema" traz ainda uma divertida participação do escritor
Ariano Suassuna, que recorda sua relação com o cinema na infância,
contando uma história de quando viu um filme de terror com sua tia,
"ligeiramente iletrada", Também aparece o ator italiano Salvatore Cascio,
revisitando locações do clássico Cinema Paradiso (1988), onde ele
interpretou o garotinho Totó.


Duração: 1h48min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

“O Acampamento” (Killing Ground)



“O Acampamento” (Killing Ground), direção de Damien Power, tem uma trama muitas vezes já vista em filmes de terror: um casal decide passar um final de semana acampando e acaba dando de cara com caçadores psicopatas. Mas da forma como este longa é contado, esquecemos esta premissa. O filme faz looping no tempo, indo e voltando, até nos darmos conta do que está acontecendo.

Na trama, o casal Ian (Ian Meadow) e Samantha (Harriet Dyer) vai acampar perto de uma cachoeira no interior australiano às vésperas do Ano Novo. Quando eles chegam ao local, encontram uma barraca vazia, mas não acham nada estranho. Até que o casal depara com um bebê sozinho. E logo aparecem em cena os caçadores Chook (Aaron Glenane) e German (Aaron Pedersen). São dois personagens com fortes tendências homicidas – e aviolência que eles vão gerar é totalmente gratuita, sem nenhuma explicação. É pelo simples gosto por matar.

Aos poucos, o espectador vai ficando a par do que aconteceu com as pessoas que estavam na barraca abandonada. O filme vai e volta no tempo, embaralhando por gosto os fatos. E essa alternância é que faz a história ser forte e impactante, quebrando o fato de ser comum e com tema batido.



Duração: 1h29min

Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Os Guardiões" (Zaschitniki)



Um filme de super-heróis vindo da Rússia. Não é sempre que isso acontece.
Talvez por isso até acabe criando expectativas, que no final se fazem
frustradas, tal precariedade da obra cinematográfica. "Os Guardiões"
Zaschitniki), dirigido por Sarik Andreasyan, apresenta um grupo de
pessoas com poderes especiais - eles tiveram seu DNA modificado durante
a Guerra Fria. Com o final da União Soviética, acabaram relegados ao
esquecimento e até mesmo vivendo clandestinamente.


Até que anos depois, uma ameaça aparece sobre a Rússia na figura do
cientista que, coincidentemente, foi o criador do grupo. Ele quer destruir o
país, e o governo vai atrás de Arsus, Khan, Ler e Xenia, para que eles
possam parar o cientista maluco, Kuratov. Cada um deles possui uma
habilidade especial: Arsus se transforma em um urso, Khan é hábil com
espadas, Ler controla objetos inanimados e Xenia pode se tornar invisível.


Mas além do filme ser dublado em inglês, e muito mal - o original é em russo
-, tudo é tão apressado, com cenas rápidas e pessimamente editadas. os
diálogos e as posses que fazem os personagens também são patéticas. A
chefe dos super-heróis caminha como se estivesse numa passarela, para
repentinamente e faz biquinho para a câmera. Risível. Patético.

Duração: 1h29min

Cotação: ruim
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...