quinta-feira, fevereiro 21, 2019

"Cafarnaum"



Que filme forte e chocante. O líbanês "Cafarnaum", terceiro longa-metragem de Nadine Labaki (mesma diretora de Caramelo e E Agora Onde Vamos?), conta a história de um garoto sírio chamado Zain (Zain Al Rafeea), que está morando no Líbano com sua família, em péssimas condições de vida, e pais abusivos - tanto que logo no início vemos o menino em um julgamento.

Ele cometeu um crime, e apesar dos poucos 13 anos, mas devido as dificuldades passadas, aparentando 7 anos, está sendo julgado. E ali no tribunal decide processar os pais, pelo crime de terem colocado ele no mundo, além de não pararem de ter mais e mais filhos.

Cafarnaum, que significa Caos em árabe, mostra o dia a dia de Zain, que faz de tudo pelas ruas de Beirute para sobreviver. E após ter fugido de casa, encontra uma outra imigrante como ela, a africana Rahil (Yordanos Shiferaw), que vive ilegalmente no país, tentando criar o pequeno Yonas, de pouco mais de um ano de idade.

Em troca de casa e comida, Zain fica cuidando do bebê, até que um dia ela é presa e não volta para o seu barraco. Zain, então, tem de se virar para cuidar de Yonas, em cenas de derreter o coração de qualquer um.

O roteiro de Cafarnaum é engenhoso, as cenas são de um realismo raramente visto - a pobreza de Beirute, que um dia já foi conhecida como a Paris do Oriente Médio, antes de ser destruída por uma Guerra Civil de décadas. E o que falar do carisma do pequeno ator Zain Al Rafeea, que destroça (no bom sentido o filme), com sua atuação natural - ele dá a impressão de estar revivendo em cada momento, cada cena, uma vida que já foi sua, antes de sair da conflituosa Síria.

Duração: 2h02
Cotação: excelente

Chico Izidro

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