quarta-feira, novembro 11, 2015
"Amizade Desfeita" (Unfriended)
Depois da câmera subjetiva, aquela onde os personagens mostram o que acontece ao seu redor enquanto segura, o equipamento, como em "Atividade Paranormal" e "A Bruxa de Blair", agora chega a vez da tela do computador tomar conta das cenas em "Amizade Desfeita" (Unfriended), direção de Levan Gabriadze. Ele criou uma narrativa onde os personagens conversam através do computador durante todo o tempo de duração do filme. Gabriadze inseriu vários sites e programas usados por internautas, como o Spotify, Facebook, Skype e iTunes. Isso é até interessante, mas de certa forma cansa os olhos.
O filme começa com o suicídio de uma estudante, Laura Barns (Heather Sossaman), por causa de um vídeo que lhe trouxe problemas ao cair na internet. Tempos depois, seis amigos, vividos por Courtney Halverson, Shelley Hennig, Renee Olstead, William Peltz, Moses Jacob Storm e Jacob Wysocki, estão conversando através de seus computadores pessoais, quando uma sétima pessoa, que não se identifica, entra no bate-papo. E ela quer saber quem postou o vídeo que causou a morte de Laura.
Então começa a chantagear os jovens, e até ameaçá-los de morte caso não revelam o autor da estripulia. No começo, o filme até anda, mas de repente começam a aparecer erros absurdos, como por exemplo, quando um dos jovens é morto, os outros simplesmente permanecem conversando, não se preocupando em sair da rede ou menos em chamar a polícia. E até isso é usado, quando acontece outra morte, e um dos personagens, ao invés de ligar para os policiais, tenta achar ajuda através de outras pessoas que possam estar conectadas...
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=Ry9LgMZQVqA
Duração: 1h23min
Cotação: ruim
"Mamma Roma"
Uma Roma ainda pobre, sofrendo os efeitos devastadores da II Guerra Mundial uma década e meia após o seu final. A prostituta vivida por Anna Magnani decide largar a profissão e se mudar com o filho adolescente para a Cidade Eterna e dar a ele uma vida melhor. Em "Mamma Roma", direção de Pier Paolo Pasolini, cuja morte está completando 40 anos, é puro neo-realismo. O filme está sendo relançado nos cinemas em cópia restaurada.
Na periferia romana, com seus prédios populares e imensos terrenos baldios, é mostrada uma juventude que se sentia perdida e sem futuro. E este é o caso de Ettore (Ettore Garofalo), filho de Mamma. O garoto se recusa a trabalhar, passando os dias vagabundeando ao lado de outros rapazes do lugar. A grana que ele possui sai do suado trabalho de sua mãe, transformada em feirante. Mas o passado não pretende deixar Mamma em paz, quando o seu antigo cafetão reaparece, exigindo que ela volte as ruas para se prostituir. Caso contrário, Ettore saberá quem realmente ela é.
Anna Magnani está magistral no papel da típica mama italiana, apaixonada por seu filhote, que não deveria merecer todo o esforço praticado por ela. As outras atuações são naturais, nada forçadas. Ettore era um garçom num dos restaurantes que Pasolini frequentava em Roma. A fotografia em preto e branca é outro fator que engrandece esta obra-prima do cinema.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=HayNFGlebZo
Duração: 1h56min
Cotação: excelente
Chico Izidro
"45 Anos" (45 Years)
Kate Mercer (Charlotte Rampling) está preparando a festa de comemoração dos 45 anos de seu casamento com Geoff (Tom Courteney). É quando ele recebe uma carta do governo suíço avisando que foi encontrado o corpo da primeira namorada dele, que morrera no começo da década de 1960 ao cair num buraco em uma geleira durante trilha feita nos Alpes. Então o passado ameaça destruir o presente e o futuro em "45 Anos" (45 Years), direção de Andrew Haigh.
Apesar das quatro décadas e meia de relacionamento, as horas e dias seguintes mostram que este período não foi o suficiente para Geoff ter esquecido o primeiro amor. Durante uma conversa, ele confessa que se sua primeira namorada não tivesse morrido, seria com ela que teria casado. Para decepção de Kate, que passa a ter momentos de insegurança.
Charlotte Rampling está excepcional, mostrando olhares de decepção e desespero. Será que todo este tempo ao lado de Geoff foi em vão, e que ela foi uma opção devido às circunstâncias trágicas na vida dele? Que Geoff nunca a amou. Tom Courteney interpreta um homem cujo o tempo não foi amigo, adoentado e com manias típicas de um setentão.
"45 Anos" tenta mostrar que o tempo não cura as feridas, apesar de muito se dizer ao contrário. Elas permanecem abertas...
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=qXAnjA9tAnQ
Duração: 1h35min
Cotação: ótimo
Chico Izidro
quinta-feira, novembro 05, 2015
"007 Contra Spectre" (Spectre)
Daniel Craig já avisou que este é o seu último filme como 007. E "007 Contra Spectre" (Spectre), o vigésimo-quarto da cinesérie, dirigido por Sam Mendes, é um bom adeus, trazendo o sedutor espião inglês, com licença para matar, quebrando as regras mais uma vez. Desta vez, a aventura começa na Cidade do México, no Dia dos Mortos, em uma abertura espetacular, onde 007 elimina numa sequência de tirar fôlego o integrante de uma organização secreta, Marco Sciarra.
Só que ele faz sem o consentimento de seu chefe, M (Ralph Fiennes), substituto de Judi Dench, morta no episódio anterior, "Operação Skyfall". Contrariado pela insubordinação do espião, M manda implantar um dispositivo no sangue de 007, tipo um GPS, para saber sempre onde ele anda. Claro que 007 não vai respeitar as normas, e em momento delicado para sua agência, que vista como obsoleta, está sendo desativada.
Mas 007 permanece em sua investigação, burlando tudo e a todos, tomando conhecimento de que a organização a que pertencia Sciorra, e comandada pelo misterioso Franz Oberhauser (Christoph Waltz), vai se reunir em Roma. O espião segue para lá, e depois vai para a Áustria, sempre envolvendo-se com belas mulheres. As bond-girls da vez são Monica Belucci e Léa Seydoux. Christoph Waltz, infelizmente, parece destinado a viver sempre o mesmo tipo de papel: o vilão caricato, com frases de efeito e engraçadinhas, e gestos exagerados. Mas se seu vilão é fraco, é compensando pelo violento assassino interpretado por Dave Bautista, que lembra muito Richard Kiel, o Jaws, devido a sua força sobre-humana, poucas palavras e muita agressividade. O grande destaque o filme continua sendo Daniel Craig, com sua cara de pedra e de poucos sorrisos. Ele passa mesmo a impressão de que 007 pode fazer o que quiser, quando quiser.
A destacar também a música-tema da vez, interpretada por Sam Smith, "Writting´s On The Wall", que prejudica as clássicas aberturas dos filmes. Música fraca e sem o vigor de uma "For You Eyes Only", "Goldfinger" ou "Live and Let Die". "Writting´s On The Wall" até faz a chata "Skyfall", com Adele, ser agradável.
Duração: 2h30min
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=a7TBd8YPqLo
Cotação: bom
Chico Izidro
"Olmo e a Gaivota" (Olmo and The Seagull)
Misto de ficção e documentário, "Olmo e a Gaivota" (Olmo and The Seagull), mostra o drama vivido pela atriz Olivia (Olivia Corsini), que ensaia a peça "A Gaivota", de Anton Tchecov. O grupo teatral dela recebe uma proposta para se apresentar numa turnê por Nova Iorque e Montreal. E é quando ela descobre estar grávida do companheiro e colega Serge (Serge Nicolaï).
Com direção compartilhada pela brasileira Petra Costa, do documentário "Helena" e a dinamarquesa Lea Glob, "Olmo e a Gaivota" vai apresentar o dia a dia de Olivia sob o risco de perder o bebê devido a um problema no útero. Ela é obrigada, então, a permanecer ociosa em seu apartamento. Qualquer movimento mais brusco pode fazê-la abortar.
Surgem problemas, pois a atriz passa os dias sozinha, sentindo-se menosprezada pelo companheiro, que apesar do pedido dela, não pode parar de trabalhar. Afinal, os dois dependem do salário dele, de 1.800 euros mensais, sendo que eles pagam de aluguel 1.450. Olivia recebe uma ajuda do governo de 30 euros por dia até o final da gravidez. Muito pouco.
Por vezes, existe a intervenção da diretoria, que conversa com os atores, como se fosse uma terapeuta ou uma psicóloga. "Olmo e a Gaivota" revela que a vida de ator não é fácil, ainda mais com uma gravidez, que traz problemas financeiros e insegurança.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=h_S1J5K8meA
Duração: 1h 27min
Cotação: bom
Chico Izidro
“Beira-Mar”
A homossexualidade já mostra um forte indício no começo do brasileiro “Beira-Mar”, dirigido conjuntamente por Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. O filme pode ser colocado na mesma linha de um outro que fala sobre a descoberta da sexualidade por adolescentes, “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, mas sem a mesma delicadeza. Introspectivo, com closes nos protagonistas, longos momentos de silêncio, mostra o final de semana de dois amigos, os jovens Martín (Mateus Almada) e Tomaz (Maurício José Barcellos), que vão a Capão da Canoa. É inverno e Martín tem de resolver um problema com parentes de seu pai.
Sozinhos numa enorme casa classe média da família de Martín, eles gastam as horas ociosas jogando vídeo-game – em cena que se refere a masturbação -, bebem, fumam sem parar e recebem amigos para uma festinha regada a cerveja. E quem sabe pegar as gurias presentes. Tomaz, porém, desde o início mostra fortes traços andróginos. Seria ele homossexual? As atitudes do garoto deixam dúvidas até os momentos finais.
Os dois protagonistas mostram um pouco de inexperiência em cena, talvez por serem atores novatos. Mas ambos conferem credibilidade nos momentos mais quentes protagonizados no final de “Beira-Mar”. Que pode incomodar alguns, por trazer à tona o mundo LGBT.
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=5beTtIUHolU
Duração: 1h23min
Cotação: regular
Chico Izidro
"Sem Filhos" (Sin Hijos)
Por que as comédias brasileiras não se espelham nas dos nossos vizinhos argentinos? "Sem Filhos" (No Hijos), dirigido por Ariel Winogrod, traz um roteiro engraçado e inteligente, e boas atuações.
Na trama, o dono de uma loja de instrumentos musicais em Buenos Aires, Gabriel (Diego Peretti), que está separado de sua mulher há alguns anos, dedica seu tempo a filha que teve com ela, a pequena Sofia (Guadalupe Manent), de nove anos. E a garota é o centro de sua atenção, ou seja, zero relacionamentos na vida de Gabriel - num encontro armado por amigos, ele passa a falar sem parar de Sofia, assustando a pretendente.
Até que um dia ele reencontra uma paixão de sua juventude, Vicky (Maribel Verdú). Os dois iniciam um namoro, que sofre um abalo quando ela revela não gostar nenhum pouco de crianças. Para desespero de Gabriel. Apaixonado como há muito não se via, ele decide tomar uma medida radical - esconder a existência de Sofia.
Toda a vez que Vicky vai no apartamento dele, os pertencer da menina são escondidas - Sofia também não sabe da existência de Vicky, mas começa a desconfiar das atitudes do pai. E quando ela descobre, surge a graça do filme. A garota se encontra com Vicky e para não estragar o namoro, afirma ser a irmã mais nova de Gabriel. E os dois têm de sustentar a mentira.
Diego Peretti tem um jeitão esquisito, dono de um imenso nariz e pernas arqueadas, faz um ótimo personagem, meio bobão. Mas o show mesmo é dado pela pequena Guadalupe Manent, intérprete de Sofia, garantindo os melhores momentos do filme, esperta, cheia de vivacidade e diálogos afinados. Ela rouba a cena de Perreti e Verdú.
Duração: 1h30min
Veja o trailer: https://www.youtube.com/watch?v=8gjNwY32vFU
Cotação: bom
Chico Izidro
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