quinta-feira, agosto 06, 2009
O CONTADOR DE HISTÓRIAS
Vou começar com aquela frase clichê: baseado em fatos reais, O CONTADOR DE HISTÓRIAS, de Luiz Villaça, conta a história real do ex-garoto de rua Roberto Carlos Ramos( aqui interpretado pelos atores Marco Antônio Ribeiro na infância, Paulo Henrique Mendes na adolescência e Clayton dos Santos Silva no começo da fase adulta). Inácio Araújo, crítico da Folha de S. Paulo, arrasou o filme, classificando-o como ruim. Não cheguemos a extremos. Não é uma maravilha, mas está longe de ser um péssimo filme. O CONTADOR DE HISTÓRIAS inicia-se em 1978, quando a mãe de Roberto Carlos, acreditando numa propaganda da Febem de que a instituição poderia ajudar o garoto, já que ela com 10 filhos, não conseguia "dar conta" de criar todos. O menino, sonhador, também imaginava que estaria entrando num mundo mágico, com palhaços, brincadeiras, até ver a realidade cruel. A Febem, no entanto, não era nada daquilo que as propagandas governistas pintavam. Roberto Carlos acaba se perdendo e vai parar nas ruas, é preso, volta para a instituição, foge de novo e assim sua vida segue pelas ruas de Belo Horizonte, numa boa resconstituição de época.
O destino de Roberto Carlos começa a mudar no dia em que ele conhece a pedagoga francesa Margherit (a portuguesa Maria de Medeiros, de Henry e June), que acreditava poder salvar o menino da marginalidade. Ele, no começo, se mostra irrecuperável, mas vai cedendo aos poucos, após descobrir o mundo dos livros, principalmente 20 mil léguas submarinas e a paciência da francesa com ele.
O CONTADOR DE HISTÓRIAS tem momentos repetitivos e quase cansativos, como por exemplo o garoto se tranca no banheiro da casa de Margherit. Porém isso simbolicamente siginifica a paciência e a persistência da pedagoga. Outra cena emblemática é quando ela e a diretora da Febem (Malu Galli) fumam durante longos minutos e colocam as bitucas no cinzeiro: o final de uma era? Entre altos e baixos, O CONTADOR DE HISTÓRIAS se salva. Detalhe: a história é narrada em off pelo próprio Roberto Carlos, hoje quarentão e pai de 13 filhos adotivos, todos ex-garotos de rua. E é considerado um dos 10 maiores narradores de histórias do mundo, dando palestras e fazendo apresentações em empresas e escolas.
Chico Izidro
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