quarta-feira, setembro 29, 2010

Os vampiros que se mordam



O boom dos filmes que parodiavam outros filmes aconteceu nos anos 1980, com os excelentes e hoje clássicos Apertem os cintos, o piloto sumiu, Top Secret, Top Gang e Corra que a polícia vem aí. A indústria america, no entanto, nunca parou de produzir filmes do gênero, mas nunca mais obteve o mesmo êxito. Algumas vezes, as películas chegam a ser constrangedoras, como por exemplo Uma comédia nada romântica, Não é mais um besteirol americano, Todo mundo em pânico e Super-herói, o filme.
A vítima a ser zoada agora é a série Crepúsculo, que já é medíocre por natureza. Então imagine uma paródia, batizada de Os vampiros que se mordam, com direção de Jason Friedberg e Aaron Seltzer. A comédia segue quase passo a passo a história original do amor da jovem Bella e do vampiro Edward, com a diferença que em cada cena tenta-se fazer uma piada - que invariavelmente não funciona.
O espectador fica até esperando que em determinado momento vá se dobrar de rir na poltrona. Mas nada acontece. Ou melhor, dá para capturar duas boas gags. Uma em que um grupo de vampiros é confundido com a banda Black Eyed Peas e na outra, naquela famosa cena da floresta, onde Edward se revela para Bella. Mas isso não é suficiente para agradar até mesmo aquela pessoa que acha graça em tudo.
Cotação: ruim
Chico Izidro
twitter: @chicoizidro

Vincere



Se Giuseppe Tornatore tropeçou em tentar mostrar períodos críticos da Itália no século XX em seu Baarìa, Marco Bellochio é magistral no espetacular Vincere (Vencer em português), em que desfralda um delicado e controverso momento do país da Bota na época de Mussolini.
Aliás, Vincere foca no ditador bufão e uma de suas mulheres, Ida Dasler. Ela esteve envolvida com Mussolini na década de 1910 e teve um filho com ele, batizado com o mesmo nome. Então um simples jornalista, mas já envolvido ativamente na política, Mussolini recebeu de Ida uma pequena fortuna que o ajudou a abrir o seu jornal, Il Popolo d'Italia.
Apesar de viver com Ida, ele já era casado e tinha uma filha com Rachelle. Ida, no entanto, não aceitou a situação e tentou ser a mulher oficial de Mussolini, que com seus aliados políticos, achava ser ela um estorvo. No começo dos anos 20 do século passado, ela foi despachada para um sanatório, onde passaria severamente vigiada quase todo o resto de sua vida. O menino Benito seria enviado para um orfanato e impedido de ver a mãe.
Os dois não deveriam atrapalhar Mussolini, que como se sabe, comandou com mão de ferro a Itália por quase 25 anos, sendo morto no final da II Guerra Mundial, ao lado de sua amante Clara Petacci.
Vincere é dominado praticamente pela bonita Giovanna Mezzogiorno no papel de Ida. A atriz se destacou no romântico O último beijo em 2001. E aqui se supera, ao mostrar uma mulher que vai da extremamente apaixonada para alguém desesperada, que vê tudo ruir a sua volta e não encontra uma mão que a ajude.
Marco Bellochio também utiliza imagens da época, não poupando discursos de Benito Mussolini. Elas mostram que ele sabia cativar a plateia ao mesmo tempo que se mostra quase um palhaço, com suas caras e bocas.

Cotação: excelente
Chico Izidro
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Wall Street 2 - O dinheiro nunca dorme



Gordon Gekko (o ótimo Michael Douglas) está de volta em Wall Street 2 - O dinheiro nunca dorme, do controvertido diretor Oliver Stone. A história se passa 20 anos depois da primeira parte e inicia com Gekko saindopres da prisão, após oito anos preso. Então passam-se mais oito anos e ele está lançando um livro sobre o mercado financeiro e suas falcatruas. É 2008 e o mundo vê se aproximar uma derrocada financeira. Os investidores e especuladores estão em polvorosa com o crack da bolsa de valores, considerado pior do que o de 1929.
Nesse emaranhado de intrigas e traições, Jacob Moore (Shia LeBoeuf) está para se casar com a bela Winnie (Carey Mulligan, cada vez mais a cara de Katie Holmes) e ganha de seu chefe, um poderoso chefão de Wall Street, um cheque de um milhão e 400 mil dólares. Está milionário. Mas da noite para o dia perde tudo, assim como seu chefe, Lewis Zabel (o veterano e sempre ótimo Frank Langella), que com a falência de sua empresa, acaba se suicidando.
Jacob decide vingar a morte de Zabel, que teria sido provocada pelo infame Bretton James (Josh Brolin, excelente). Para obter seu intento, ele acaba se aliando a Gekko, escondido de Winnie, que odeia o pai e não quer o noivo envolvido com ele.
Em Wall Street 2 - O dinheiro nunca dorme todos mentem o tempo todo, segredos são guardados a sete chaves e mesmo um choro emotivo pode não passar apenas de choro de crocodilo. Mas Stone, no final, é condescendente, meio que dizendo que o pior dos canalhas tem direito ao perdão.
Por ser um filme que trata dos bastidores financeiros, por vezes sua compreensão fica dificultada em alguns diálogos específicos. E o diretor não economiza numa das pragas do cinema moderno, ou seja, aquela câmera que treme nervosamente. Mas o visual impressiona e a atuação do elenco é de tirar o chapéu, principalmente Michael Douglas, num personagem que já entrou para a história. E não deixe de prestar atenção numa rápida participação de Charlie Sheen, que era um dos personagens centrais do filme de 1987.

Cotação: bom
Chico Izidro
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Resident Evil 4 - O Recomeço



Milla Jovovich volta mais linda e agora mortal, depois de seus poderes terem sido retirados, em Resident Evil 4 - O Recomeço.
Sua personagem, Alice, parece ser imune aos zumbis que vagam pelo mundo em busca de carne humana. Em busca de sobreviventes, após eliminar os chefões da empresa Umbrella, que possui um vírus que transforma gente em mortos-vivos, ela vai até o Alasca, onde encontra Claire (Ali Larter, do seriado Heroes). As duas partem para Los Angeles onde encontram várias pessoas num prédio que anteriormente fora um presídio. E lá fora milhares de zumbis querendo entrar para devorá-los.
O objetivo do grupo passa a ser chegar a um navio que próximo, no Oceano Pacífico, está recolhendo sobreviventes para tentar levá-los a um local seguro.
A história, baseada em tradicional videogame, não foge do tradicional: humanos fogem de infectados, alguns são pegos, outros escapam e o mistério é saber quem será a próxima vítima. Claro que como todo o filme de ação, muita verossimilhança é deixada de lado, como por exemplo o fato de Alice ter perdido os poderes, mas mesmo assim sempre escapar sem nenhum arranhão de confrontos com os zumbis, que neste filme pouco dão as caras.
Mas Resident Evil - o Recomeço é bem feito, com ótimos efeitos especiais, mesmo que alguns copiem descaradamente Matrix, e uma trama que prende o espectador na poltrona.

Cotação: regular
Chico Izidro
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O último exorcismo



O último exorcismo, de Daniel Stamm, é um dos piores filmes de terror lançados recentemente. Filmado em forma de documentário, mostra o reverendo Cotton Marcus (Patrick Fabian, ótimo, apesar da roubada) demonstrando para uma equipe de reportagem como o exorcismo pode ser uma grande farsa. Casacos com aparelhos que produzem gritos, cruzes que soltam fumaça como se estivessem liberando algum espírito, fios pendurados na cama para fazê-la sacudir...
Marcus explica para os repórteres que engana os clientes pois precisa sustentar a família e até comprar um aparelho de audição novo para o seu filho. A câmera mostra o reverendo feliz ao contar uma bolada após realizar um de seus exorcismos.
A brincadeira, porém, fica séria quando o reverendo e a equipe que o acompanha vão até a Lousiana e se deparam com um caso real de uma jovem possuída, Nell (Ashley Bell, na melhor atuação do filme). Ela vive com o pai, um fanático religioso, e um irmão rebelde e cético.
O último exorcismo até provoca alguns pequenos sustos, mas no final não passa de uma cópia descarada de Atividade Paranormal com A Bruxa de Blair, com direito a correria pelo mato e um personagem sendo assassinado diante de uma tremida câmera.

Cotação: ruim
Chico Izidro
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Gente Grande














Gente Grande, direção de Dennis Dugan, reúne alguns dos principais comediantes surgidos no humorístico Saturday Night Live na década de 1990: Adam Sandler, Rob Schneider, Chris Rock, David Spade, além do gordinho Kevin James, de King of the Queen, além da bela Salma Hayek.
A história é simples e sem muitas firulas. Um grupo de amigos se encontra 30 anos depois de terem vencido um torneio colegial de basquete para homenagearem o seu recém falecido treinador. Na reunião, eles decidem passar o feriado de 4 de Julho juntos numa casa à beira de um lago, ao lado das respectivas mulheres e filhos. E a partir daí o filme se transforma numa verdadeira bobagem, recheada de piadas ao pior estilo pastelão e escatológicas, onde não faltam caras no estrume, fratulências, tombos e mulheres com roupas sumárias.
Gente Grande mostra cinco homens completamente infantilizados, uma mãe que amamenta o filho de quatro anos, aquele vizinho nervosinho, que coincidentemente é o capitão do time que perdeu o jogo há décadas atrás. E evidente que no final a comédia descamba para o sentimentalismo barato.
E de se perguntar, como Salma Hayek topou fazer tal filme e ainda como esposa de Adam Sandler?

Cotação: ruim
Chico Izidro
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terça-feira, setembro 28, 2010

Baarìa - A porta do vento



Há 21 anos o italiano Giuseppe Tornatore encantou o mundo com o sensível Cinema Paradiso. Agora o cineasta tentou realizar o seu Amarcord ou 1900. Porém derrapou em sua pretensão ao tentar Fellini ou Bernardo Bertolucci.
Em Baarìa - A porta do vento, Tornatore conta 40 e poucos anos da Itália, na visão dos moradores da pequena cidade na Sicília. O personagem principal é Peppino Torrenuova, na fase adulta interpretado por Francesco Scianna, um pastor de família paupérrima que consegue ascensão social ao entrar no Partido Comunista Italiano. A história segue seus passos desde a infância, o namoro e o casamento com a bela Sarina (Angela Molina) e o nascimento e a chegada à fase adulta dos filhos.
No período transcorrido em Baarìa, forma como os habitantes do vilarejo pronunciavam em seu dialeto Bagheria, vemos a ascensão e queda do fascismo até os liberais e perigosos anos 1970, com a cidade ja modernizada.
O problema é que em Baarìa, Tornatore não aprofunda a história e nem mesmo os personagens. As cenas parecem pequenos esquetes, que são cortados abruptamente. E o filme, apesar de suas duas horas e meia, fica por demais superficial.

Cotação: regular
Chico Izidro
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Coincidências do Amor



Quando terminou Coincidências do Amor, direção de Josh Gordon e Will Speck, tomei uma decisão que pode ser demais radical para um crítico cinematográfico: não assistir mais comédias românticas. Já havia perdido por demais a paciência com Amor à distância. Pois Coincidências do Amor (no original The Swicht, ou A Troca), ela se esgotou, apesar da maravilhosa Jennifer Aniston, que está virando a rainha desse tipo de filme, apesar de já ter batido nos 40 anos.
Ela é Kassie, que sem conseguir encontrar um parceiro, casar e ter filhos, resolve ser mãe solteira. E para isso decide fazer uma inseminação artificial e consegue um doador de esperma, Patrick Wilson. Só que as coisas não saem como o esperado, já que o material é trocado por descuido por seu melhor amigo, Wally (Jason Bateman, de Hancock).
Após engravidar, Kassie decide sair de Nova Iorque, ficando seis anos fora da cidade, quand decide voltar, reencontrando Wally. O garoto já está crescido e ela acredita ser ele do doador oficial.
O garoto, porém, tem todos as características de seu melhor amigo, que claro, é secretamente apaixonado por ela. E isso não passa despercebido por Wally, que passa quase todo o tempo livre com o menino.
Bem, não é preciso pensar muito para saber o que vai se suceder. E ficamos pensando ter perdido quase duas horas de nossas vidas na sala de cinema vendo filme tão medíocre. Passo.

Cotação: ruim
Chico Izidro
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quarta-feira, setembro 15, 2010

Amor à Distância



O que custaria uma só vez uma comédia ter um final que fugisse ao convencional? Em Amor à Distância, de Nanette Burstein, desde os primeiros minutos já sabemos cada cena que virá em seguida. E como diz o nome, um casal decide manter um relacionamento, mesmo que ela, Erin (Drew Barrymore, aqui já deixando aparecer algumas ruguinhas) viva em San Francisco, enquanto que ele, Garret (o insosso Justin Long, de Duro de Matar 4.0) seja morador de Nova Iorque. Os dois se comunicam com o que há de mais moderno, como skype, msn, e também por telefone, não se importando com o fuso horário das duas cidades. Quando a grana sobra, eles até se permitem pegar o avião e visitar o outro.
A bobagem, porém, é tão grande, que dá vontade de deixar a sala de cinema na metade do filme. Os dois protagonistas já passaram dos 30 anos, mas suas mentalidades são adolescentes.
E para piorar, os personagens coadjuvantes não ajudam. São de lascar e puro clichê. A irmã de Corinne é Christina Applegate (a Kelly Bundy, de Married With Children), que vive estressada, tem um marido bobalhão e uma filha que é uma pentelha. Já os amigos de Garret são aqueles que nunca faltam numa comédia bobinha. Um vive bêbado e chapado, faz as necessidades de porta aberta e parece nunca trabalhar e sempre se mostrando intrometido, enquanto que o outro sonhe em ser um pegador e vive achando que a vida de solteiro é a perfeita, mesmo que viva procurando alguém para se estabilizar.
A trilha sonora é até interessante, pescando algumas pérolas oitentistas, mas nada que não tenha sido utilizada e outros filmes do gênero.
Cotação: ruim
Chico Izidro
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Dist

Destinos Ligados



O título nacional espantará muita gente das salas de cinema - Destinos Ligados não é nada atrativo e se mostra completamente sem falta de imaginação. O original é Mother & Child (Mãe e Filho) e tem direção de Rodrigo Garcia, filho do escritor Gabriel Garcia Marques. O filme se insere na tradição daqueles longas em que a história de seus personagens acabarão por se cruzar - vide 21 gramas, Babel e Short Cuts.

Mas este fator não desmerece Destinos Ligados, que mostra-se um belo filme intimista sobre três mulheres lidando com a maternidade ou a falta dela em Los Angeles.
A parte mais emotiva, porém nunca pedante, fica a cargo de Annette Bening, que interpreta Karen, uma fisioterapeuta solitária, amargurada e assombrada pelo fato de ter, aos 14 anos, ter dado a sua filha para a adoção. Quase cinquentona e vivendo para cuidar da mãe, Karen tem de repensar a vida ao conhecer um novo colega, Paco (Jimmy Smits, de Nova Iorque Contra o Crime).
A gracinha Naomi Watts, de King Kong, por sua vez, também destaca-se no papel de Elizabeth, uma advogada que vive de forma independente e que vai ver tudo mudar ao engravidar de seu chefe (Samuel L. Jackson).
Enfim, Destinos Ligados não precisa ser explicito para deixar tudo bem entendido e se mostrar um filme tocante.
Cotação: bom
Chico Izidro
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Par Perfeito



Não foi desta vez que Katherine Heigl acertou. Já escrevi antes que a bonitinha atriz revelada na série médica Grey's Anatomy vem fazendo boas escolhas no cinema. Seus filmes invariavelmente são bobinhos e prontamente esquecíveis. E é este o caso de Par Perfeito, equivocado título nacional para o original Five Killers, direção de Robert Luketic.
Heigl é a desastrada Jen, que numa viagem à França com os pais, conhece o bonitão Spencer (Ashton Kutcher, o eterno Kelso de That 70's Show e marido de Demi Moore). Após um rápido namoro, os dois acabam casando e vão viver uma vidinha tranquila e próxima da monotonia num daqueles típicos condomínios americanos.
A modorra termina no dia em que Spencer sofre um atentado e Jen acaba descobrindo que seu maridão perfeito na realidade não passava de um ex-assassino profissional, que agora se vê perseguido por outros matadores - cinco no total, daí o nome original do filme, que cá para nós lembra muito Sr. e Sra. Smith e dá uma bela "chupada" em Missão Impossível.
A única curiosidade no filme, talvez, seja reverTom Selleck (o detetive Magnum, da sériedos anos 1980) e seu infame bigodinho, no papel de pai de Heigl. Mas vamos torcer para que um dia a gracinha acerte.
Cotação: ruim
Chico Izidro
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“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...