quarta-feira, setembro 29, 2010

Vincere



Se Giuseppe Tornatore tropeçou em tentar mostrar períodos críticos da Itália no século XX em seu Baarìa, Marco Bellochio é magistral no espetacular Vincere (Vencer em português), em que desfralda um delicado e controverso momento do país da Bota na época de Mussolini.
Aliás, Vincere foca no ditador bufão e uma de suas mulheres, Ida Dasler. Ela esteve envolvida com Mussolini na década de 1910 e teve um filho com ele, batizado com o mesmo nome. Então um simples jornalista, mas já envolvido ativamente na política, Mussolini recebeu de Ida uma pequena fortuna que o ajudou a abrir o seu jornal, Il Popolo d'Italia.
Apesar de viver com Ida, ele já era casado e tinha uma filha com Rachelle. Ida, no entanto, não aceitou a situação e tentou ser a mulher oficial de Mussolini, que com seus aliados políticos, achava ser ela um estorvo. No começo dos anos 20 do século passado, ela foi despachada para um sanatório, onde passaria severamente vigiada quase todo o resto de sua vida. O menino Benito seria enviado para um orfanato e impedido de ver a mãe.
Os dois não deveriam atrapalhar Mussolini, que como se sabe, comandou com mão de ferro a Itália por quase 25 anos, sendo morto no final da II Guerra Mundial, ao lado de sua amante Clara Petacci.
Vincere é dominado praticamente pela bonita Giovanna Mezzogiorno no papel de Ida. A atriz se destacou no romântico O último beijo em 2001. E aqui se supera, ao mostrar uma mulher que vai da extremamente apaixonada para alguém desesperada, que vê tudo ruir a sua volta e não encontra uma mão que a ajude.
Marco Bellochio também utiliza imagens da época, não poupando discursos de Benito Mussolini. Elas mostram que ele sabia cativar a plateia ao mesmo tempo que se mostra quase um palhaço, com suas caras e bocas.

Cotação: excelente
Chico Izidro
twitter: @chicoizidro

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“QUEER”

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