sábado, junho 22, 2013

"A Memória Que Me Contam"

Vários amigos, ex-guerrilheiros nos tumultuados anos de chumbo no Brasil, reúnem-se em "A Memória Que Me Contam", de Lucia Murat, para acompanhar os últimos momentos da vida da amiga e companheira Ana (Simone Spoladore). Com câncer terminal, ela é o eixo que unia a todos. Durante a história, baseada na vida de uma amiga da diretora, são recriados momentos históricos do Brasil nos anos 1960.

Ao mesmo tempo, "A Memória Que Me Contam" mostra a reflexão dos personagens, o que conquistaram ao ter atuado na luta armada contra os militares, suas frustrações. Um deles agora é um ministro do governo, que em Brasília, quer evitar contato com os ex-parceiros, mesmo que eles lhe liguem todo o tempo. Outro mostra, que apesar dos anos, não mudou muito e continua com atitudes e conceitos radicais. Mas a história foca mais em Irene (Irene Ravache), melhor amiga de Ana, diretora de cinema - espécie de alter-ego de Murat -. Ela não consegue aceitar estar perdendo a amiga, ao mesmo tempo que precisa ajudar o marido Paolo (Franco Nero), que após anos vivendo no Brasil, foi preso e corre o risco de ser extraditado para a Itália, acusado de ter matado duas pessoas durante atentado terrorista nos anos 1970.

"A Memória Que Me Contam" é um filme reflexivo, não sendo de fácil assimilação. Pois quem assistí-lo tem de ter um mínimo de conhecimento da época analisada, a da ditadura no Brasil. A personagem Ana, por vezes aparece em flash-backs, por ora surge como um espírito a conversar com os amigos. E é atual ainda ao retratar a vida de alguns ex-guerrilheiros. Que baseiam-se em personagens reais, como o ministro, o terrorista italiano (calcado exatamente em Cesare Battisti, que a Justiça brasileira impediu de ser extraditado para a Itália devido a crime cometido há três décadas).

Cotação: bom
Chico Izidro

Nenhum comentário:

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...