quinta-feira, dezembro 29, 2016

"Invasão Zumbi" (Train to Busan)



Vem da Coreia do Sul um dos grandes filmes de terror dos últimos anos. "Invasão Zumbi" (Train to Busan), dirigido por Yeon Sang-ho, tem muito de Extermínio (2002) e Guerra Mundial Z (2013).

Na trama, Seok Woo, workaholic que não tem uma relação muito próxima com sua pequena filha Soo-na, aceita um pedido da garota de visitar a mãe na cidade de Busan. Mas pouco antes de embarcar no trem, uma estranha epidemia começa a se alastrar pela Coreia, transformando as pessoas em zumbis. O trem parece ser um lugar seguro para os passageiros, mas tudo complica quando uma passageira infectada acaba embarcando.

Então nas próximas quase duas horas do filme, veremos várias pessoas tentando se ajudar e evitar os ataques violentos dos infectados - e não esqueça, se uma pessoa é mordida ou até mesmo levemente arranhada, ela também se transformará. E tudo fica mais legal e tenso dentro dos espaços apertados dos vagões.

E no filme não temos aqueles zumbis de "The Walking Dead", lentos. Aqui eles são violentos e rápidos, mesmo quando seus corpos são quebrados em tombos ou atropelados. "Invasão Zumbi" também tem espaço para sentimentalismo, personagens carismáticos, a qual acabamos nos apegando - a garotinha Soo-na é espetacular.

Invasão Zumbi não apresenta nada inovador, mas é muito bem feito assim. Afinal, é um filme de zumbi com muita ação, suspense, utilizando bem sua atmosfera de tensão e claustrofobia.

Duração: 1h58min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Animais Noturnos" (Nocturnal Animals)




Baseado no livro Tony & Susan (1993), de Austin Wright, "Animais Noturnos" (Nocturnal Animals), direção do estilista Tom Ford (de Direito de Amar), é um filme forte e chocante. E tem duas atuações espetaculares, de Amy Adams e Jake Gyllenhaal. As primeiras imagens já são impactantes, com uma abertura mostrando mulheres obesas dançando sem nenhum pudor, como fosse go-go girls.

A linda Amy Adams interpreta a Susan, dona de uma galeria de arte que vive uma crise no casamento com o bonitão Hutton (Armie Hammer). Uma noite, ela recebe do ex-marido Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), a quem se separou há duas décadas, o manuscrito de um livro intitulado Animais Noturnos, dedicado a ela.

E o livro vai entrando na mente de Susan, transformando-se ele mesmo num filme dentro de um filme - na história, Tony, novamente Jake Gyllenhaal, sai de férias com sua família, e no meio de uma estrada deserta, eles são abordados por um grupo de homens, que farão o terror com a sua mulher e a filha. Tony parte, então, numa jornada de vingança, ajudado pelo policial Bobby Andes (Michael Shannon).

Ao mesmo tempo que fica absorta na densa e pesada leitura do livro, Susan começa a lembrar sua história com o ex-marido - agora o filme se transforma em três, mas muito bem costurado.

E ainda tem grandes atuações de Amy Adams, Jake Gyllenhaal no duplo papel de Tony, na ficção e do ex-marido da protagonista na vida real, passando por Michael Shannon, e Aaron Taylor-Johnson como um dos criminosos do livro. Enfim, "Animais Noturnos" é forte, reflexivo, denso. Excelente.

Duração: 1h46min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"O Que Está Por Vir" (L’avenir)




"O Que Está Por Vir" (L’avenir), é dirigido por Mia Hansen-Løve, e não tem nada de inovador. Ausência total de efeitos especiais. Vemos só o cotidiano de uma professora de filosofia vivida pela exuberante
Isabelle Huppert, que neste ano já havia se destacado no tenso "Elle".

Aqui ela interpreta Nathalie, uma professora de filosofia às voltas com greves de alunos em sua universidade. Ao mesmo tempo sua vida pessoal beira o caos: a sua mãe, uma ex-modelo e agora vivendo as agruras da velhice, está sempre clamando por sua atenção, seja em tentativas de suicídio, seja apresentando sinais de demência. Já o marido, a quem está casada há 25 anos, conheceu outra mulher, mais jovem e deseja se separar. E a sua editora de seus livros pretende alterar seu material em virtude das baixas vendas.

Com sua vida virada de cabeça para baixo, Nathalie entra em uma jornada de intimismo, para tentar mudar a sua vida e o destino que se apresenta à ela. Tudo apresentado ao espectador de forma simples, sem grandes exageros. Seguimos o dia a dia da professora, em conversas com seus dois filhos, já entrados na vida adulta, na amizade dela com um ex-aluno, que foi morar afastado em uma comunidade rural, o cuidado com o gato da mãe - agora internada em um asilo.


Huppert transmite uma naturalidade incrível, e por meio de suas expressões e linguagem corporal entendemos tudo pelo o que se passa com ela. A atriz rouba totalmente as cenas neste filme, que lida com questões tão comuns à muita gente.

Duração: 1h38min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 22, 2016

"Capitão Fantástico" (Captain Fantastic)



Escrito e dirigido por Matt Ross, "Capitão Fantástico" (Captain Fantastic) apresenta uma atuação de cair o queixo de Viggo Mortensen, que vive o riponga Ben. Ele e a esposa, que não aparece nunca, mas faz parte essencial da trama, decidiram criar os seis filhos, que tem idade entre os 16 e 5 anos, longe da sociedade, distante do consumismo e da tecnologia. Enfim, eles vivem no meio da mata.

Porém a vida de todos sofrerá grande mudança quando a esposa de Ben falece. Então ele tem de comparecer ao funeral dela, levando os filhos - e o choque é enorme, pois a garotada encontra um mundo da qual se sente completamente alijada. Além do que, os sogros de Ben não aceitam o modo de vida que ele leva e dá às crianças. Ben criou os filhos com extremo rigor e disciplina - leituras selecionadas, exercícios, alimentação. Tudo é controlado com extremo zelo.

O filme é praticamente um road-movie. A família viaja num ônibus velho, mas recheado de livros. E apresenta uma das mais belas cenas de 2016, quando Ben e os filhos interpretam o clássico Sweet Child o'Mine em uma roupagem acústica e emocionante.

Outro destaque são as atuações de Viggo Mortensen e Frank Langella, que faz o papel do sogro. Os dois mostram um duelo arrebatador e por vezes angustiante. O avô, afinal, não consegue aceitar o modo de vida que o genro dá aos seus netos. Um deles é Bo, o filho mais velho de Ben, e vivido com brilho por George Mackay, que interpreta Bo. O ator já havia se destacado na minissérie 11.22.63, baseada numa obra de Stephen King, e protagonizado por James Franco.

Duração: 1h58min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Sing: Quem Canta Seus Males Espanta" (Sing)



Animais que vivem como humanos, com seus problemas, deficiências, angústias, felicidade...enfim..."Sing: Quem Canta Seus Males Espanta" (Sing), dirigido por Garth Jennings, além disso busca suas forças em muitas músicas pop e todas em suas versões originais, e em alguns casos, nas vozes dos intérpretes originais. Apesar da animação ser dublada.

No centro da trama, temos o coala dono de um teatro caindo aos pedaços Buster Moon. Falido, ele acha encontrar a solução de seus problemas produzindo um musical, mas para tal necessita fazer uma espécie de concurso, aos moldes do The Voice. Motivados mais pela grana, que eles acham ser de 100 mil dólares, quando na realidade são apenas mil dólares, do que fama e reconhecimento, diversos animais tentam uma vaga na empreitada.

Os personagens vão de uma porca-espinho roqueira, um ratinho que vive de tocar em seu saxofone os clássicos do jazz, e a aliá, fêmea do elefante, de grande talento, mas com imenso medo do público. Tem ainda a porquinha dona de casa, que tem 25 filhos, e um marido completamente desligado, e o gorila adolescente que sonha em ser músico, apesar de seu pai desejar que ele siga seus passos, de ladrão.

Os clichês vão aparecendo aqui e ali, atrapalhando e muito o desenvolvimento da história. Que calcado em canções pop, tem algumas boas, de artistas como Aerosmith, Elton John, Frank Sinatra, mas com coisas abusrdamente chatas, como Katy Perry, Nick Minaj e outras xaropices atuais.

Duração: 1h48 min

Cotação: regular
Chico Izidro

"Minha Mãe é uma Peça 2"



Minha nossa senhora, que coisa chata que é "Minha Mãe é Uma Peça 2", dirigido por César Rodrigues. Temos aqui a continuação da mãe superprotetora, que não leva desaforo pra casa e verborrágica Hermínia, vivida pelo ator Paulo Gustavo, dos seriados "220 Volts" e "Vai Que Cola".

Nesta sequência, a apresentadora deixou o apertado apartamento em Niterói, está cheia da grana e apresentadora de um programa de entrevistas na televisão. E seguindo com suas preocupações, a criação dos filhos Marcelina e Juliana, mesmo que eles já estejam adultos e tentando se afastar dos exageros de Hermínia. E logo ela vai entrar em estado de choque ao saber que Juliana resolvou virar atriz e vai se mudar para São Paulo, longe de suas asas protetoras e sufocantes.

Paulo Gustavo buscou inspiração em sua própria mãe para criar Hermínia. E vamos combinar, que coisa mais chata. A mulher, apesar de ser um personagem sincero, não tendo papas na língua e tratando todos com franqueza, desde o síndico, a amiga falsa encontrada na fila do supermercado, irrita. Fala demais, berra demais, tudo é muito exagerado. Além do mais o roteiro é fraco e deixa várias pontas soltas.

Duração: 1h36min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Rogue One - Uma História Star Wars" (Star Wars - Rogue One)




Escrito por Chris Weitz e Tony Gilroy, "Rogue One - Uma História Star Wars" (Star Wars - Rogue One), é um episódio da saga que não faz parte da mitologia da cinessérie, mas apenas uma história ambientada no universo de Star Wars. E que tem seus eventos ocorrendo entre "A Vingança dos Sith" e "Uma Nova Esperança".

O filme é centrado na jovem Jyn Erso (Felicity Jones), cujo pai Galen (Mads Mikkelsen) é forçado pelo Império a ajudar na construção da Estrela da Morte. Ele é levado com ela ainda criança, sendo criada por Saw Gerrera (Forest Whitaker), líder mais radical dos rebeldes, e então a história dá um salto no tempo. Já adulta, Jyn entra em contato com a Aliança Rebelde, que necessita de sua ajuda para localizar Guerrera, que teria recebido uma mensagem secreta enviada por Galen através do piloto Bhodi Rook (Riz Ahmed).

A partir daí, Jyn ganha a companhia do rebelde Cassian Andor (Diego Luna), do monge-guerreiro cego Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e seu companheiro Baze Malbus (Wen Jiang) e do droide K-2SO (lan Tudyk), que foi reprogramado para ajudar os rebeldes. Todos, aliás, personagens extremamente carismáticos.

Mais pesado que os filmes da mitologia Star Wars, tem humor na dose certa, muito mais violência. E aparições arrebatadoras do vilão Darth Vader, em toda a expressão do mal que ele personifica. "Rogue One - Uma História Star Wars" ainda traz um final apoteótico, e com um gancho excepcional, mostrando a Princesa Lea recebendo um segredo importante para a evolução da história.

Duração: 2h14min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Sangue do Meu Sangue" (Sangue del mio sangue)




"Sangue do Meu Sangue" (Sangue del mio sangue), do excelente diretor italiano Marco Bellocchio, é uma história passada em dois tempos. E acaba ficando irregular. São duas tramas, que ocorrem na cidade de Bobbio, onde nasceu Marco Bellocchio.

Na primeira parte, estamos em um convento no Século XVII, e uma freira, Benedetta (Lidiya Liberman), é acusada de seduzir um padre, que acaba se suicidando. O seu irmão, Federico, vivido por Piergiorgio Bellocchio (filho do diretor) chega à cidade para impedir que o irmão seja enterrado no cemitério dos animais, destino dado aos suicidas, por não ser terra consagrada. Mas para que isso não ocorra, Federico tem de convencer Benedetta a assumir a culpa, se assumindo como bruxa. Temos inclusive cenas de tortura, nem um pouco agradáveis. E a história é uma crítica de Bellocchio contra a Igreja Católica e a sociedade machista. Esta primeira e melhor parte, daria um excelente único filme. E ainda tem um ar gótico, permeado pela bela Nothing Else Matters, do Metallica

Na segunda parte, passada nos dias atuais e também localizada no mesmo convento, que está degradado. Seu dono é o Conde (Roberto Herlitzka), um homem misterioso, que só sai de casa à noite e que acredita ser um vampiro. Então um funcionário do governo, novamente Piergiorgio Bellocchio surge com um empresário russo, interpretado por Ivan Franek, que deseja comprar o local. Esta parte do filme não tem tanto impacto e, por vezes, se mostra modorrenta e confusa. Mas vale o final, que remete à primeira parte.

Duração: 1h47min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 15, 2016

"Sully" (Sully - O Herói do Rio Hudson)



O octagenário Clint Eastwood segue ativo e biografando grandes figuras da humanidade - ele já passou por Nelson Mandela, o general japonês Kuribayashi, J. Edgar Hoover, o soldado norte-americano Chris Kyle, entre outros. Agora é a vez do piloto Chesley Sullenberger em "Sully" (Sully - O Herói do Rio Hudson). Temos aqui a história real do voo US Airways 1549, pilotado por Chesley Sullenberger, ou Sully, que em 15 de janeiro de 2009 saiu de Nova Iorque com destino a Charlotte, na Carolina do Norte. Mas intantes após a decolagem, o avião se chocou com pássaros, perdendo as duas turbinas.

Sully avisou a torre de controle, que o orientou a voltar ao aeroporto, mas ele constatou não ter autonomia suficiente para fazer isso. A solução encontrada foi fazer um pouso forçado no rio Hudson - o avião corria o risco de se chocar em algum prédio, o que seria terrível, ainda mais para uma cidade que ainda vive assombrada pelo pavor do 11 de setembro de 2001. Com a manobra, Sully conseguiu salvar a vida de todos os 15 passageiros a bordo. Cena muito bem recriada por Clint Eastwood.

O piloto passa a ser visto como herói, com o filme mostrando as conseqüências do acidente. As pessoas param Sully nas ruas, nos bares, nos corredores de hotéis, para elogiá-lo. Mas o que temos aqui é o julgamento a que ele foi submetido pelo órgão regulador da aviação norte-americana, que questiona se a decisão tomada foi realmente a melhor em termos de segurança dos passageiros.

Tom Hanks faz mais uma vez um trabalho excepcional como o personagem principal. Ele transmite serenidade, calma, mas ao mesmo tempo certo desespero, pois após mais de 40 anos servindo como piloto, pode perder tudo se considerado inconsequente. Clint Eastwood, por sua vez, reconstitui de maneira completamente realista a quase tragédia, sem ser melodramático. O filme é encerrado com imagens reais de Sully e os passageiros.

Duração: 1h36min

Cotação: bom
Chico Izidro

"O Mestre e o Divino"



No documentário de Tiago Campos, "O Mestre e o Divino", testemunhamos uma disputa entre um alemão que adotou o Brasil ainda nos anos 1950 e um índio xavante, que acabou tornando-se um documentarista de sua tribo. Os personagens reais são o missionário alemão Adalbert Heide e o índigena Divino Tserewahú, que conviveu com o alemão desde criança e começou a realizar seus filmes nas oficinas do projeto Vídeo nas Aldeias. O palco é a aldeia de Sangradouro, em Mato Grosso.

Os dois têm uma relação por vezes calma e por vezes tumultuada, e como o próprio Divino revela a certa parte, Adalbert não aceitou de bom grado o seu pupilo criar asas e voar. E é notório que o velho sente ciúmes.

No filme, vemos o trabalho de Adalbert, que veio para o Brasil em 1957 após ler reportagem num jornal alemão sobre o país e seus índios - e ele mesmo quis se tornar um. Já Divino Tserewahú produz filmes para a televisão e festivais de cinema desde meados dos anos 1990. Entre eles vemos cumplicidade, competição, ironia e emoção, mostrando ainda bastidores da catequização indígena, forçada, no Brasil.

Duração: 1h25min

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 08, 2016

"Lampião da Esquina"




O documentário "Lampião da Esquina", dirigido por Livia Perez, revisita o Brasil do final dos anos 1970, quando o clima opressor no Brasil por causa da ditadura militar, que já durava mais de uma época, sufocava a todos, principalmente a comunidade homossexual brasileira.

Então em 1978, época pré-Aids, um grupo de intelectuais e jornalistas criou o jornal alternativo "Lampião da Esquina", inspirado nas publicações Gay Sunshine, dos Estados Unidos, e o Pasquim, do Brasil. O Lampião levantava a bandeira da diversidade, com muito bom humor, mostrando o jeito de ser da comunidade guei, como eles grafavam.

Livia Perez conta a história do jornal através de várias entrevistas, principalmente com os criadores da publicação, entre eles o então repórter policial Aguinaldo Silva, hoje famoso pelas novelas que escreve para a Rede Globo, e outras personalidades homossexuais, como o cantor Ney Matogrosso, a cantora Leci Brandão e o cantor Edy Star, e Winston Leyland, editor do Gay Sunshine.

Os entrevistados relembram aqueles tempos, mas também fazem reflexões sobre o conservadorismo da época, as brechas na censura e o papel de libertação representado por um veículo dedicado aos gays, lésbicas e transexuais. Enfim, é mostrado um rico panorama daquele período.

Aos poucos, o jornal foi abrindo espaço para outros perseguidos, como mulheres, negros e índios. O Lampião focava bastante em temas como racismo, aborto, drogas e prostituição. A publicação, porém, foi minguado, devido a perseguições e desentendimentos entre seus colaboradores. Ele durou de abril de 1978 e durou por mais 37 edições, até 1981.

Duração: 1h25min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Tamo Junto"




O jovem diretor Matheus Souza, apenas 28 anos, autor de obras como "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida" e "Apenas o Fim", chega agora com a comédia quase infantio-juvenil "Tamo Junto". A trama é típica daquela de jovens que querem aproveitar a vida com muito sexo e bebedeiras.

O protagonista é Felipe (Leandro Soares), que termina um namoro de muitos anos para curtir a vida de solteiro. Só que ele acaba descobrindo que ser solteiro não está sendo nada fácil. Sua vida acaba saindo dos eixos, Felipe é expulso da casa onde morava com os amigos, que só conseguiam mulher porque a ex dele as apresentava para eles. Sem eira nem beira vai parar no apartamento do esquisito Paulo Ricardo (o próprio Matheus Souza).

Então Felipe e Matheus, cujo personagem é uma espécie de nerd e autista, saem para a noite para "caçar", mas de uma forma completamente desastrada. Ate surgir um romance meio platônico entre Felipe e Júlia (Sophie Charlotte), que vai desembocar num daqueles finais repletos de clichês dos filmes românticos.

A direção de Matheus Souza ten um bom início, com piadas interessantes sobre o universo da vida de solteiro. Leandro Soares convence como o protagonista. Já Matheus Souza é a mais pura caricatura do nerd. Um desastre de atuação.

Duração: 1h36min

Cotação: regular
Chico Izidro

"O Vendedor de Sonhos"




"O Vendedor de Sonhos", dirigido por Jayme Monjardim, é a adaptação cinematográfica do livro homônimo do escritor de livros de auto-ajuda Augusto Cury. E é um filme terrível.

A história é centrada no psicólogo deprimido Júlio César (Dan Stulbach), que numa reação inesperada, tenta cometer suicídio, mas é persuadido na última hora por um mendigo, chamado de Mestre (César Troncoso). O homem o convence a não pular do prédio, e além disso começa a mostrar uma outra realidade de mundo para Júlio César.

Os dois saem pelas ruas de São Paulo, convivendo com pessoas humildes, moradores de ruas, pivetes, idosos. Aos poucos é mostrado como Júlio César chegou ao limite, e também a vida pregressa do Mestre, de como ele foi parar na rua, maltrapilho, virando um guru para milhares de pessoas com suas frases feitas.

E é nisso que o filme se perde. Não há naturalidade. Tudo o que é dito é linguagem de manual de auto-ajuda, e saem da boca dos atores de forma forçada. Apesar disso, Dan Stulbach consegue transmitir um olhar angustiado de seu personage. Já César Troncoso (de O Banheiro do Papa), é um desastre. Atua no automático, e sua barba postiça estraga tudo. Ela muda de forma todo o momento. Uma tremenda falta de cuidado da produção.

Duração: 1h35min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"A Última Ressaca do Ano" (Office Christmas Party)




"A Última Ressaca do Ano" (Office Christmas Party), dirigido pela dupla Will Speck e Josh Gordon, é daqueles filmes que lembram as destrambelhadas comédias juvenis dos anos 1980. A história se passa dentro da empresa de tecnologia Zenotek, em Chicago. A firma passa por dificuldades financeiras e corre o risco de ter vários funcionários demitidos, por decreto de sua CEO, a impaciente e zangada Carol Vanston (Jennifer Aniston, bem diferente dos tipos simpáticos e românticos que nos acostumamos ver da eterna Rachel, de Friends).

Além de tudo, ela decidiu pelo cancelamento da festa de Natal. Mas o diretor da empresa, o seu irmão Clay Vanston (T.J Miller), ao lado do diretor Clay Vanston (T.J Miller), decide fazer a festa e atrair o empresário Walter (Courtney B. Vance), que se investir na Zenotek, a tira do buraco.

Mas o que temos na sequencia é uma festa de Natal que sai do controle, com bebedeiras, muito sexo, som alto - muito hip hop e rap, com os personagens passando por situações constrangedoras. E nada de novidade nas cenas, que não tem nada de engraçadas. Momentos intermináveis.

Duração: 1h46min

Cotação: ruim
Chico Izidro

"BR 716"



Numa semana praticamente de filmes nacionais, que bom alento que é "BR 716", do octagenário diretor Domingos de Oliveira. Filmado em preto e branco, o título do longa faz referência a rua Barata Ribeiro, 716, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

O diretor apresenta uma obra biográfica, onde apresenta o Rio de Janeiro em 1963. Naquele ano, os jovens da classe média carioca se reuniam no apartamento do jovem Felipe (Caio Blat, o autor-ego de Domingos de Oliveira), que sonhava em ser escritor. Felipe ganhou o imóvel do pai, vivido por Daniel Dantas, e além de não querer trabalhar, vivendo da renda de uma herança da avó, ele reunia os amigos para intermináveis festas regadas a uisque e muita música.

Separado, vive uma dor de cotovelo tremenda, pois a ex-esposa, Adriana (Maria Ribeiro) namora seu melhor amigo, João (Alamó Facó). As coisas só parecem melhorar quando ele conhece a bonita e sedutora Gilda (Sophie Charlotte), que sonha em ser cantora.

Mas todos vivem naquele apartamento de forma meio alienada. Lá fora, o mundo está despencando, com a ameaça dos militares em tomarem o poder - o que ocorreria em abril de 1964. Este momento é mostrado quando surge um personagem que tenta mostrar aqueles jovens que tudo não é apenas festa. "BR 716" é um belo retrato de uma época.

Duração: 1h30min

Cotação: ótimo
Chico Izidro

quinta-feira, dezembro 01, 2016

"Maresia"



"Maresia" é o primeiro filme de Marcos Guttmann, e baseado no romance “Barco a Seco”, de Rubens Figueiredo. Nele, temos uma atuação intensa do gaúcho Julio Andrade, interpretando dois papéis.

Num ele é Gaspar, avaliador de uma galeria de arte e obcecado pela obra do pintor Emilio Vega, de novo Julio Andrade. Investigando o trabalho do artista, desaparecido há anos, ele encontra Inácio Cabrera (Pietro Mario), que garante ter conhecido o artista em sua juventude. Mas Gaspar não leva a sério as histórias de Cabrera e não acredita em nada do que lhe apresentam como sendo a obra de Vega.

"Maresia" é mostrado em dois tempos. Em um deles é mostrada a investigação de Gaspar por Emilio e a outra apresenta o cotidiano do pintor e seu modo de vida totalmente desregrado. Vega mora em um barco, sobrevive trocando seus quadros, onde retrata a vida marinha, por comida e bebidas alcoólicas.

Julio Andrade é o grande destaque do filme, apresentrando uma atuação de camaleão, mostrando dois personagens tão distintos. Ele está tão bem, que parece não se tratar da mesma pessoa vivendo o cético Gaspar e o errante Vega.

"Maresia" é um filme de e sobre arte. Afinal, apressenta o mundo das artes plásticas, um tema de difícil trabalho cinematográfico. Além do que o trabalho de direção de Marcos Guttmann surpreende, construindo bem a alternância entre presente e passado sem grandes choques.


Duração: 1h30min

Cotação: bom
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...