quinta-feira, outubro 25, 2018

“Halloween – A Noite do Terror” (Halloween)




Confesso que dei uns bons pulos na poltrona durante “Halloween – A Noite do Terror” (Halloween), direção de David Gordon Green (O Que te Faz Mais Forte), traz após 40 anos o assassino serial Michael Myers perseguindo sua vítima preferida, Laurie Strode (Jamie Lee Curtis), que ainda sofre das consequências do longa de 1978.

Foi naquele agora distante ano que o cineasta John Carpenter, ao lançar “Halloween – A Noite do Terror” (1978), estabeleceu o slasher como um subgênero do horror através da icônica figura de Michael Myers e sua máscara, cometendo crimes na noite das Bruxas - o dia 31 de outubro. Desde então, surgiram os mais vários assassinos – mascarados ou não –, como Jason Vorhees, Freddie Kruger, entre outros (alguém vai aí lembrar do Leatherface, de "The Texas Chain Saw Massacre", de 1974. Mas foi mesmo com Myers que a moda pegou.

Bem, voltemos ao presente. Passadas quatro décadas dos incidentes do primeiro filme, agora Myers vive internado numa instituição mental para criminosos, enquanto que Laurie vive reclusa, afastada dos familiares, que a consideram uma maluca e sempre esperando por um retorno do assassino mascarado. E claro que ele vai conseguir escapar, quando estava sendo transferido, e sai tocando o terror, atrás de Laurie e de seus familiares.

E o filme é assustador, mesmo que com alguns furos no roteiro. Mas todas as regras do gênero estão presentes, e parece que os atores estão vivendo realmente aqueles momentos de terror, com um cara com uma máscara branca atrás deles com uma faca. “Halloween – A Noite do Terror” (Halloween), enfim, apresenta um resultado satisfatório, mas será que teremos uma continuação daqui a alguns anos?

Duração: 1h49
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Fúria em Alto Mar" (Hunter Killer)



Dirigido por Donovan Marsh, Fúria em Alto Mar é baseado no livro "Firing Point", de Don Keith e George Wallace, e intitulado Hunter Killer em inglês, no Brasil ganhou o nome genérico de "Fúria em Alto Mar", muito parecido com "Mar em Fúria", filme protagonizado por George Clooney em 2000.

Em "Fúria em Alto Mar" (Hunter Killer), temos um misto de thriller de guerra fria, com ação e política. O herói é o capitão de submarino Joe Glass, vivido por Gerard Butler. Novato no comando de marinheiros, ele tem a missão de resgatar o presidente russo que foi sequestrado por militares insubordinados e impedir um conflito mundial.

A trama tem dois núcleos muito fortes. Um passado dentro do submarino com Joe Glass e um capitão russo, Andropov, interpretado por Michael Nyqvist, que passa dicas de como combater os seus compatriotas, e o outro em terras russas, onde um comando liderado pelo militar Bill Beaman (Toby Stephens) se infiltra para tentar salvar o presidente.

"Fúria em Alto Mar", apesar de não conseguir fugir dos clichês dos filmes de ação, é um bom filme, com suspense razoável e trazendo tensão em muitos momentos. Gerard Butler, que no papel principal, não sai por aí atirando a esmo e fazendo cenas irreais, está bem, contido. Do outro lado, Gary Oldman tem um papel ruim (será a síndrome pós-Oscar? Ele ganhou este ano pelo papel em Churchill, e agora faz um general norte-americano mais caricato impossível). E o final do longa é de uma pieguice impressionante, enfraquecendo um pouco o espetáculo.

Duração: 2h03
Cotação: bom

Chico Izidro

"Meu Anjo" (Gueule D'ange)




Dirigido por Vanessa Filho, o drama francês "Meu Anjo" (Gueule D'ange), não é um filme fácil de se assistir. Angustiante, pesado, mas traz duas grandes atuações, da excepcional Marion Cotillard, oscarizada em 2008 por sua atuação em "Piaf - Um Hino ao Amor" e a estreante Ayline Aksoy-Etaix. A obra lembra e muito outro ótimo filme recente, "Projeto Florida", de Sean Baker, e que concorreu ao Oscar de melhor ator coadjuvante com Willem Dafoe neste ano.

Na história, Marlene (Marion Cotillard) tem uma filha de quase dez anos, Elli (Ayline Aksoy-Etaix), e a trata de modo ambíguo. Por mais que ame a menina, seu alcoolismo a deixa desleixada. Logo no começo nos é mostrado o casamento de Marlene e durante a festa, ela já trai o marido, transando com outro homem na cozinha do hotel onde está sendo realizada a cerimônia. Nos momentos seguintes, vemos as duas mulheres dentro de um apartamento - Marlene entregue à bebida e a garotinha isolada, sem mesmo indo ao colégio. Para em seguida ser abandonada pela mãe e adotada por um ex-mergulhador Julio (Alban Lenoir), que passa a ocupar o papel de pai, que sempre esteve ausente na vida dela.

As atuações de Marion Cotillard, Ayline Aksoy-Etaix e Alban Lenoir tem ótimos momentos, assim como a direção de Vanessa Filho, que acerta muito mostrando o drama sob a ótica da pequena protagonista. Porém, "Meu Anjo" é uma experiência extremamente cruel de ser vivenciada de qualquer um dos lados da tela. É ótimo, mas dá dor de cabeça.

Duração: 1h49
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Podres de Ricos" (Crazy Rich Asians)




Adaptação cinematográfica do livro "Asiáticos Podres de Ricos", de Kevin Kwan, "Podres de Ricos" (Crazy Rich Asians), direção de Jon M. Chu (“Truque de Mestre: O 2º Ato”), é o exemplo de como perpetuar preconceitos e estereótipos e de fazer cinema ruim. Pior que deve agradar aquelas pessoas que não querem pensar e buscam apenas diversão fácil e rápida. Sem contar que a trama é para lá de batida, com a história do casal que sofre para ficar junto por causa da família tradicional de um deles.

Aqui no caso quem sofre é a professora de economia e sino-americana Rachel Chu (Constance Wu), que é convidada por seu namorado Nick Young (Henry Golding) para acompanha-lo até Singapura para o casamento do melhor amigo dele. Só que ela não sabe o que lhe espera - a moça acredita que o namorado é um simples executivo, quando na realidade ele é o herdeiro de uma das famílias mais ricas, como também um dos solteirões mais cobiçados do país oriental. Pior ainda quando ela dá de cara com a futura sogra, Eleanor (Michelle Yeoh), que desaprova o namoro, por achar que a moça não tem berço. Ou seja, é pobre e filha de mãe solteira. Rachel vai sofrer com o desprezo de Eleanor.

O filme, no entanto, chama a atenção por mostrar a ostentação e o glamour brega dos milionários de Singapura. E também mostra um pouco da cultura asiática, presa ao passado com seus preconceitos e tradições ultrapassadas - logo no começo a família de Nick é barrada em um hotel londrino por ser asiática. Mesmo assim, não aprendeu nada com esta tal de superioridade racial...

E sem contar os personagens periféricos - o gordinho tímido e virgem, o primo gay descolado, a amiga feia, mas esperta, a vovó com mente mais aberta. Depois de quase duas horas, a gente quase implora para que tal bomba acabe.

Duração: 2h01
Cotação: péssimo

Chico Izidro

"Salto no Vazio"




Ao terminar de ver este filme fico me perguntando como os seus diretores levantaram verba para realizá-lo? Simplesmente é algo inexplicável que alguém filme algo deste tipo e o chame de trabalho cinematográfico. Baixando um pouco o nível, perguntaria o que os cineastas fumaram ou cheiraram para gravar tal história, que não é uma história?

"Salto no Vazio" se classifica como um longa de ficção de Cavi Borges e Patricia Niedermeier. Primeira direção da dupla, foi filmado em seis cidades: Rio de Janeiro, Nova Iorque, Alepo, na Síria,, Berlim, Cannes e Praga, e levou cinco anos para ficar pronto. Mistura elementos de ficção com com dança, artes plásticas, performance e cinema (???).

Os diretores falam em off sobre observações do mundo, enquanto que Patricia Niedermeier ensaia passos de dança em cenários como o Muro de Berlim e ruas da capital da República Tcheca. Nada faz sentido neste recorte de imagens, que funde mapas, fotos e vídeos numa épica de andanças pelo mundo.

Pelo menos o sofrimento não dura muito. O filme tem pouco mais de 60 minutos, e quando termina é um alívio para os espectadores. Alguns dirão que é obra de arte. Eu diria que é desperdício de tempo e dinheiro.

Duração: 1h04
Cotação: péssimo

Chico Izidro

"A Justiceira" (Peppermint)




Você já viu o filme "O Justiceiro" (Punisher) ou a série homônima da Netflix, ou a cineséria "Desejo de Matar"? Pois bem, agora tem a versão feminina, "A Justiceira" (Peppermint), direção de Pierre Morel, e com Jennifer Garner como a protagonista. A premissa de ambas as histórias é a mesma: uma pessoa perde a sua família assassinada, vai para a ilegalidade e começa a caçar os assassinos.

A trama é absurda. O marido de Riley (Jennifer Garner) é convidado a participar de um roubo a um traficante mexicano. Mas desiste, porém mesmo assim o traficante ordena a execução. E no dia do aniversário da filha pequena deles, marido e a filha são mortos a tiros em um parque de diversões. Ela é baleada e entre em coma. E quando acorda, identifica os matadores e depois no tribunal, testemunha. Mas mesmo assim eles são inocentados, para a sua revolta.

O que faz Riley? Após perder tudo, a viúva entra na clandestinidade, e passa a circular pelo mundo, onde aprende a se tornar uma máquina de matar letal. Então no quinto aniversário da morte de sua família, ela volta com um objetivo: matar a gangue que cometeu o crime, os advogados que os libertaram e os policiais que nada fizeram sobre o caso.

Ufa...tudo é exagerado, mas se leva muito a sério. E com momentos implausíveis. Num deles, com apenas seus cerca de 50 quilos, Ripley amarra três criminosos mortos de ponta cabeça numa roda gigante. Noutro escapa de um prédio que explode, sai no meio da rua e começa a perseguir o carros dos vilões - mas como ela viu que no carro que passou estavam eles? Risível...Sem contar que o filme é um pastiche de tudo o que já foi feito, e com resultados muito mais superiores a esta bomba.

Duração: 1h42
Cotação: ruim

Chico Izidro

quinta-feira, outubro 18, 2018

"O Primeiro Homem" (First Man)



O enredo de "O Primeiro Homem" (First Man), direção de Damien Chazelle, é baseado no livro homônimo de James R. Hansen, que relata os eventos pessoais e profissionais que culminaram na ida de Neil Armstrong, com a Apollo 11, à Lua, em 1969. A trama busca desmitificar o homem, um verdadeiro herói americano, que tinha problemas pessoais como qualquer ser humano, e sofria com a morte prematura da filha pequena, vítima de câncer, no começo dos anos 1960.

O filme mostra os passos de Armstrong (vivido por Ryam Gosling, que já havia trabalhado com o diretor em La La Land), desde sua carreira de piloto de testes até a entrada na Nasa em 1961 até 1969, quando ele colocou os pés na Lua. Retrata também seus dramas familiares e o apoio de sua mulher, Janet Armstrong, interpretada por Claire Foy (a Rainha Elizabeth, do seriado The Crown). É mostrado ainda os erros e acertos da Nasa, que com seu projeto Apollo tentava vencer a batalha espacial travada contra os russos, que já haviam mandado um homem para o espaço, Yuri Gagarin.

O diretor não vacila ainda em mostrar os desastres que ocorreram durante os anos anteriores à chegada de Armstrong à Lua, como por exemplo o fatídico acidente da nave Apollo 1, que explodiu matando todos os astronaustas que estavam lá dentro. E o pouco de Armstrong em seu destino é o climax, de um peso emocional excepcional - muitas pessoas com mais de 50 anos irão evidente se emocionar e lembrar aonde estavam quando ele colocou os pés no satélite da Terra, em 20 de julho de 1969.

"O Primeiro Homem" é uma obra de muita qualidade técnica, com momentos sombrios e outros espetaculares. E é também um filme dramático, onde retrata a coragem de um homem de arriscar a vida para entrar na história.

Duração: 2h21
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Legalize Já - Amizade Nunca Morre"



Filmado em preto e branco, "Legalize Já - Amizade Nunca Morre", dirigido por Gustavo Bonafé e Johnny Araújo, conta a improvável amizade de um vendedor de fitas cassetes com músicas selecionadas por ele mesmo, e um camelô de camisetas de bandas de heavy metal no início dos anos 1990, no Rio de Janeiro, que apesar de sua diversidade cultural e racial, não escondia o racismo, principalmente vindo da polícia. E é a história da banda Planet Hemp, que sim, fazia a apologia do uso da maconha.

O filme não é um musical, mas fica muito perto de ser, pois a música está presente em quase toda a totalidade da obra, principalmente através do rock punk dos Dead Kennedys e do rap dos Beastie Boys. Skunk, interpretado por Ícaro Silva, sonha em ganhar a vida com seu talento para compor, enquanto Marcelo, vivido por Renato Góes, é o camelô, que nas horas de folga faz letras contestatórias e realistas. Os dois se conhecem de forma inusitada, mas leva um tempo até que se deem conta que podem trabalhar juntos e criar coisas novas.

Afinal, Skunk, que é portador da AIDS, vindo a falecer em 1994, antes de a banda fazer sucesso, é mostrado como o grande incentivador da dupla, e os diretores não se preocupam em fazer dramalhão, não mostrando como ele adquiriu a doença. Ele faz as melodias para as letras de Marcelo, marca shows - a primeira apresentação é hilária, numa igreja de evangélicos -, e vai às rádios para tentar promover o grupo. Já Marcelo, que depois viria a ser conhecido como D2, é mais resistente, pois a namorada está grávida, e o pai o expulsou de casa. Assim, o dinheiro se faz urgente em sua vida, e a vida de rock star parecia distante para ele.

"Legalize Já - Amizade Nunca Morre" não é um filme fácil, às vezes até sufocante. Mas seus protagonistas funcionam perfeitamente, mostrando muito carisma, e brilhando bastante. O resultado é um drama que mostra a realidade pesada da juventude brasileira, que através da música, tenta colocar para fora os fantasmas que a persegue.

Duração: 1h35
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Berenice Procura"




Baseado no livro do romancista policial Luiz Alfredo Garcia-Roza, com direção de Allan Fiterman, "Berenice Procura" é um suspense policial tendo como pano de fundo o bairro carioca de Copacabana. O filme n ão é somente suspense, mas fala também de violência doméstica, homossexualismo, mudanças de gênero e independência feminina.

A protagonista é exatamente Berenice, vivida por Cláudia Abreu, que impressiona pela sua beleza intocada - ela está com 48 anos, mas aparenta ter 30 anos a menos!, que está presa a um casamento falido e trabalhando como taxista, no carro herdado do pai. O marido é um machista agressivo, Domingos (Eduardo Moscovis), que trabalha como repórter em um programa de TV sensacionalista, e o filho Tiago (Caio Manhente), que aos 15 anos, está descobrindo a sexualidade, e se sente ignorado pelos pais.

Toda a trama foca no assassinato do travesti (transgênero, corrige Tiago, em determinado momento) Isabelle (Valentina Sampaio), de forma violenta, cujo corpo é encontrado na praia de Copacabana. De alguma forma, Berenice se sente ligada à vítima e começa a investigar, amadoramente, a morte de Isabelle, ao mesmo tempo em que tem de lidar com o marido violento e o filho. O filme apresenta ainda outro núcleo, mas também ligado ao crime, que traz o irmão adotivo de Isabelle, Russo (Emílio Dantas), um ladrão que é acusado do assassinato e inimigo mortal de Greta (Vera Holtz), dona da boate onde cantava a sua irmã.

O elenco é espetacular e o suspense prende a atenção, mesmo que um pouco depois da metade, as soluções pareçam óbvias demais. Além de Cláudia Abreu, se destacam a modelo Valentina Sampaio, que faz um papel intrigante, mas de entrega. A veterana Vera Holtz rouba todas as cenas em que aparece, assim como Moskovis, assustador no papel de uma pessoa assustadora.

Duração: 1h30
Cotação: bom

Chico Izidro

"Estás me Matando Susana" (Me estás matando Susana)




"Estás me Matando Susana" ((Me estás matando Susana) é uma comédia dramática, que mostra a obsessão de um jovem ator por sua mulher, uma escritora que tenta alcançar o sucesso, mas não se sente mais confortável ao lado do parceiro, e busca ares novos. No que ele parece não entender. E aí é criado o clima, que é mostrado de forma bem-humorada.

Gael García Bernal vive Eligio, que um dia acorda e descobre que sua esposa, Susana, não está ao seu lado, na cama. E pior, ela levou quase todos os pertences, não deixando qualquer sinal. Eligio passa a buscar a mulher de forma incessante, até que descobre que ela viajou para um congresso em uma universidade americana, em Iowa. E vai atrás, sem calcular os riscos que corre.

Logo aos chegar aos Estados Unidos, dá de cara com o serviço de imigração, que não quer saber de mais um mexicano pisando nas terras de Trump. Mas Eligio consegue o visto, e reencontra Susana, acompanhada de um escritor polonês, Slawormir (o ator islandês Björn Hlynur Haraldsson), e não quer mais ele, uma pessoa egocêntrica e infantil. Porém, o ator não se dá por vencido e decide lutar pela amada, mesmo que seja de forma ameaçadora.

Porém Eligio não consegue entender o porquê de ser rejeitado por Susana. Mas quem já viveu momento assim, vai se identificar com o personagem, que acha não existir o impossível. É uma comédia, mas também é amarga, pois fala de rejeição, ciúmes, de falta de simancol.

Duração: 1h40
Cotação: bom

Chico Izidro

quinta-feira, outubro 11, 2018

"Nasce Uma Estrela" (A Star Is Born)




"Nasce Uma Estrela" (A Star Is Born), direção de Bradley Cooper e com Lady Gaga no papel principal, é a quarta versão da história da construção de uma pop star. A primeira versão estreou em 1937, com Janet Gaynor, a segunda em 1954, com Judy Garland como Ally, a terceira em 1976, com Barbra Streisand como a protagonista.

A trama deste musical - apesar de os personagens não declamarem seus diálogos cantando, não deixa de ser um musical, já que a música é o forte da história - que conta a vida de Ally (Lady Gaga), uma aspirante a cantora que é descoberta por Jackson Maine (Bradley Cooper) cantando, agora em tempos mais modernos, em um bar de drag queens. Ele é um músico famoso, mas alcoolatra e viciado em drogas, que se apaixona por Ally, e a incentiva a aparecer para o mundo.

E a criatura Ally acaba engolindo o criador, Jackson, que cercado de fantasmas do passado, acaba perdendo o passo, enquanto que ela vai ascendendo rapidamente para a fama. E o músico vai se afundando cada vez mais, quase atrapalhando a carreira da diva.

Aliás, a ascenção de Ally é mostrada numa narrativa que a mostra começando a carreira seguindo uma linha mais rock'n'roll e country, mas após a aparição do empresário, ela vai se transformando numa diva pop, com músicas pegajosas e dançarinas no palco (sempre me pergunto o porquê da necessidade de estas cantoras terem de colocar gente no palco dançando - talvez para tentar fazer o público não notar a qualidade fraca das músicas e o uso frequente do playback!!!).

Apesar de o filme ser sobre a estrela Ally, quem se sobressai mesmo é o personagem de Bradley Cooper - que se mostra um ótimo músico e instrumentista. Mas Lady Gaga ou Stefani Joanne Angelina Germanotta tem uma voz de arrepiar e tambpem se sobressai com uma atuação ímpar, passando verdade naquilo que interpreta. E não, o filme não é a vida de Lady Gaga antes da fama.

Duração: 2h16
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Djon Africa" (Death Wish)



Uma obra que pode ser classificada como naturalista. "Djon Africa" (Death Wish), de Filipa Reis e João Miller Guerra, é um filme de produção do Brasil, Portugal e da africana Cabo Verde, também de língua portuguesa. É um road-movie, que fala sobre a busca das raízes, de um jeito simples, com atuações amadoras, mas excepcionais.

No longa, vemos a trajetória de Miguel Moreira, também conhecido pelo apelido “Tibars” e pelo codinome “Djon Africa”, que nasceu em Portugal, mas é órfão de mãe e foi criado pela avó. O que sabe do pai é que o homem foi expulso de Portugal e repatriado a Cabo Verde. A avó chega a lhe contar que quando criança, ele foi conhecer o pai na prisão, mas os guardas permitiram a sua entrada. Logo em seguida, o homem foi expulso de Portugal e repatriado a Cabo Verde.

Agora adulto, Miguel decide ir em busca de seu pai em Cabo Verde. Mas além do pai, o rapaz quer conhecer o seu passado, suas raízes africanas. Em sua jornada, vai conhecer pessoas e sofrer uma transformação muito forte. "Djon Africa" mostra ainda um belo país, e suas tradições e costumes. Instigante.

Duração: 1h38
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"A Casa do Medo" (Incident in a Ghost Land)



Um filme realmente surpreendente e assustador. "A Casa do Medo" (Incident in a Ghost Land), dirigido pelo francês Pascal Laugier, que já havia lançado há dez anos o apavorante "Mártires". Esta nova obra flerta entre o real e o imaginário de uma forma diferente e bem encaixada.

A história foca em três mulheres, Colleen (a cantora e atriz francesa Mylène Farmer), sua filha mais velha, Beth (Crystal Reed, da série Gotham) e a mais nova Vera (Anastasia Phillips, da série Reign). Elas se mudam para a casa da tia de Colleen, que recém falecera. E logo na primeira noite no local, que é repleto de bonecas, dois assassinos seriais invadem o local, praticando todas as atrocidades possíveis e inimagináveis. Enquanto Colleen luta para salvar as meninas, Beth, que apesar de escrever histórias de terror e é fã do escritor H. P. Lovecraft (1890-1937), não consegue reagir, pois não suporta sangue. E Vera é quem mais sofre com o ataque.

O filme dá um salto no tempo de 16 anos. E agora Beth se transformou em uma bem-sucedida autora de livros de terror com uma vida perfeita e uma família amorosa em Chicago. E ela recebe uma ligação de Vera, que ainda mora com a mãe na casa onde ocorreram os incidentes com a mãe, pedindo para retornar, pois os fantasmas do passado continuam a atormentá-la.

Beth volta e incidentes voltam a acontecer, mostrando que o pesadelo de dezesseis anos atrás ainda não acabou. E aí a trama surpreende, mas não dá para contar aqui, sob o risco de fazer um baita spoiler. Só que a sacada é genial, com Beth não sabendo o que é o real e o que é fantasia. Apavorante.

Duração: 1h27
Cotação: ótimo

Chico Izidro

sexta-feira, outubro 05, 2018

"Os Invisíveis - Quero viver” (Die Unsichtbaren)




"Os Invisíveis - Quero viver” (Die Unsichtbaren), direção de Claus Räfle, mostra a incessante luta pela sobrevivência de quatro jovens judeus na Alemanha Nazista durante a Segunda Guerra Mundial. É um drana histórico forte e emocionante, que tem sua história iniciada em outubro de 1941, indo até o término do conflito, em 1945.

Os "invisíveis", a que o título se refere são dois rapazes, um estudante de arte, Cioma Schönhaus (Max Mauff), que especializou em falsificar passaportes e passes, e Eugen Friede (Aaron Altaras), que viveu escondido em casa de alemães comuns, e as jovens Hanni Lévy (Alice Dwyer), órfã, que pintou o cabelo de loiro e passava os dias caminhando pelas ruas de Berlim, e Ruth Arndt (Ruby O. Fee), que perdeu se passou por viúva e acabou trabalhando para um oficial nazista.

Os quatro viviam clandestinamente em Berlim - estima-se que 7 mil judeus tenham permanecido na capital alemã durante a guerra, e 1.500 sobreviveram à perseguição nazista e aos bombardeios aliados. O governo hitlerista chegou a declarar livre de judeus em junho de 1943 - eles eram enviados para os campos de extermínio no leste europeu, para serem mortos nas câmaras de gás.

O diretor teve uma ideia brilhante, para não se repetir em mais um filme de judeus fugindo de nazistas. A história dos sobreviventes é contada por eles mesmos, já idosos, como se fosse um documentário. E seus relatos são intercalados por cenas feitas por atores. O diretor ainda inseriu cenas em preto e branco, das ruas da cidade alemã durante os anos 1940. O filme acaba não tendo suspense, pois já sabemos de antemão que os jovens escaparam da morte, driblando o horror nazista. Mas é um alento mostrar que nem todos os alemães apoiavam Hitler e seus fanáticos, ajudando muitas pessoas a escapar do Holocausto.

Duração: 1h50
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"Papillon" (Papillon)



"Papillon" (Papillon), dirigido por Michael Noer, é a nova versão do filme clássico de 1973, e que tinha nos papéis principais os astros por Steve McQueen (1930-1980) e Dustin Hoffman, baseado no livro homônimo escrito pelo francês Henri Charrière. E fica difícil não comparar as duas versões cinematográficas.

Papillon é vivido por Charlie Hunnam (Rei Arthur: A Lenda da Espada e que, às vezes, até mostra certa semelhança com McQueen). O personagem é real (o próprio Charrière, e que tinha este apelido por causa da tatuagem de uma borboleta no peito), era um ladrão insignificante em Paris e por causa de uma armação foi preso e condenado à prisão na Guiana Francesa no começo da década de 1930. Ele vai passar os próximos 20, 30 anos tentando escapar da prisão, que era um verdadeiro inferno, chegando a ficar sete anos em uma solitária, não enlouquecendo por detalhes.

Seu grande parceiro nos anos de cativeiro foi o falsificador Luis Dega, um homem frágil e que Dustin Hoffman tão bem interpretou em 1973. Agora o papel ficou com Rami Malek (o Freddie Mercury, da cinebiografia do Queen), que também vai bem, roubando muitas cenas.

O filme retrata isso, e o faz de maneira envolvente. Mas o problema é que faltou muita imaginação ao diretor, que praticamente refilmou cena a cena o clássico setentista. A diferença aqui é que o primeiro era mais contemplativo e mais violento e também com cenas mais repugnantes, como quando Papillon come uma barata na solitária.

Duração: 2h13
Cotação: bom

Chico Izidro

"Venom" (Venom)



"Venom" (Venom), direção de Ruben Fleischer, é o filme de um dos inimigos do Homem-Aranha, o alienígena Venom. A trama pode ser dividida em duas partes, e confesso, não leio revistas em quadrinhos há muitos anos, parei antes de este personagem aparecer no universo do escalador de paredes. Mas sempre escutei que ele era um vilão, mas aqui o ser de outro planeta tem um viés mais bonzinho, apesar de adorar devorar seres humanos, principalmente os maus elementos...

Na história, investigativo Eddie Brock (Tom Hardy), famoso por um programa televisivo em São Francisco, onde desnuda os poderosos. Até que se depara com o empresário Carlton Drake (Riz Ahmed), criador da Fundação Vida, que investe em missões espaciais de forma a encontrar possíveis usos medicinais para a humanidade. Ao encontrar um documento enviado à sua namorada, a advogada Anne Weying (Michelle Williams), Brock descobre que Drake tem feito experimentos científicos em humanos. Assim, resolve entrevistar o empresário e faz uma pergunta sobre os experimentos. A partir daí, sua vida começa a ruir. Perde o emprego, a namorada.

A trama dá um salto de seis meses, e Brock é procurado pela dra. Dora Skirth (Jenny Slate), que trabalha na Fundação Vida, mas apavorada com a situação, pede a ajuda do repóter. Afinal, Drake estaria usando simbiontes alienígenas em testes com humanos, muitos deles mortos como cobaias. Ao investigar a informação, o repórter acaba sendo infectado por um alienígena, que se insere em seu corpo, o Venom.

Até aí o filme apresenta um clima de suspense, soturno, quase apavorante. E é incrível o modo com que criatura e hospedeiro convivem - Brock escuta uma voz, passa a ter superforça, mas uma fome incessante.

Mas depois disso, perde muita força, virando um filme de ação comum, com tiroteios, perseguições de carro e lutas. E não se vê sangue em cena - até mesmo quando Venom devora um humano, vemos sua boca abrindo e a tela escura. Tudo clean. Enfim, uma segunda parte comum, que estraga o todo.

Duração: 2h20
Cotação: bom

Chico Izidro

"Ponto Cego" ( Blindspotting)



"Ponto Cego" ( Blindspotting), do estreante diretor americano com ascendência mexicana Carlos López Estrada, é um filme que trata sobre racismo, regeneração, identidade, sobrevivência e amizade. E também tem muito de musical, apesar de não ser um musical, mas por seu protagonista, por vários momentos, andar pelas ruas ou em seu caminhão, emendando raps - aliás, que trilha sonora terrível. Afinal, este tipo de música não tem muita variedade, parecendo sempre ser a mesma melodia (!!!).

O personagem principal é Colin (o ótimo Daveed Diggs), um rapaz negro, que passou um período na prisão devido a um crime, que será mostrado no decorrer da trama. Vivendo em liberdade condicional, que se aproxima do final, ele tem três dias para não se meter em nenhuma confusão, e finalmente ficar livre. O problema é que seu melhor amigo, Miles (Rafael Casal), um rapaz branco que trabalha com ele numa empresa de mudanças, possui o pavio curto e está sempre colocando a dupla em situações extremas.

Os dois são como óleo e água. Colin tenta ser mais centrado, e tem medo de fazer qualquer coisa para não voltar para a prisão, e Miles já é mais impulsivo e imprudente. A história tem ainda de fundo o medo de Colin da polícia, pois em uma noite, enquanto voltava para seu albergue, ele testemunha um policial matar, com um tiro nas costas, um outro jovem negro.

O filme é surpreendente, passado em Oakland, na Califórnia, mostra o racismo de uma forma brutal - o jovem negro será sempre parado pela polícia, e o branco, com uma arma na mão, pode andar tranquilo, que não será interpelado. A história é tensa, mas acaba com uma mensagem de otimismo.

Duração: 1h35
Cotação: ótimo

Chico Izidro

"10 Segundos Para Vencer"




Quando entrou no mundo do boxe, o brasileiro Eder Jofre prometeu ao pai, Kid Jofre, que jamais seria nocauteado na carreira. E é esta promessa que dá nome a cinebiografia do maior pugilista do país, "10 Segundos Para Vencer", dirigido por José Alvarenga Jr. O tempo se refere a contagem do juiz para o boxeador que está caído se levantar ou então perde a luta.

O filme tem muito de dois clássicos do gênero, “Rocky – O Lutador”, de 1976, e “Touro Indomável”, de 1980, seja nas cenas de luta ou na fotografia em preto e branco do segundo. Mas aqui a vida de Jofre, hoje com 82 anos, é mostrada desde a sua infância, em uma família pobre em São Paulo, mas com o pai, um argentino, dono de uma academia paupérrima de boxe. Este é interpretado excepcionalmente por Osmar Prado, em atuação irrepreensível.

Como a biografia de Eder Jofre, que foi bicampeão do mundo, nos anos de 1960 e 1973, não tem muitas surpresas - era e é um cara muito do certinho, o jeito foi o de criar uma tensão entre ele, vivido perfeitamente por Daniel Olveira (Cazuza) e seu pai. A trama foca na tensão gerada entre os dois, principalmente na obsessão de Kid em ver o filho vencer na carreira.

Além das ótimas atuações de Oliveira e Prado, os coadjuvantes também se destacam, principalmente Keli Freitas, que vive a esposa de Eder - uma personagem sofrida, sacrificada por ficar em segundo plano, atrás da carreira do marido, e Sandra Corveloni, que interpreta a mãe do boxeador.

As lutas são muito bem coreografadas, mas em determinados momentos, são utilizadas imagens reais de Eder Jofre em seus embates, mas a produção (cuidadosa na reconstituição de época), teve a esperteza de esconder o rosto do lutador.

Duração: 1h54
Cotação: bom

Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...