Thursday, August 02, 2012

"A Primeira Coisa Bela"


Bruno é um homem amargurado, viciado em drogas, que não vê a mãe, Ana há 30 anos. Até que a irmã Valeria lhe procura com o aviso: Anna está com câncer em estágio terminal. É a hora de Bruno fazer as pazes com o passado em "A Primeira Coisa Bela", de Paolo Virzi.

O protagonista, então parte da cosmopolita Milão para a litorânea e pequena Livorno, onde irá rememorar a sua infância, adolêscencia e começo da fase adulta ao lado da mãe e da irmã. Os três não tiveram uma vida fácil. Aos sete anos, depois de Anna ser eleita a mais bela mãe num concurso na praia, ele e as duas são expulsas de casa pelo seu pai enciumado. Anna, vivida então por Micaela Ramazzotti, é dona de uma beleza estonteante e objeto de desejo de todos os homens que a cercam. Destrambelhada, mete-se nos mais variados problemas, fazendo com que Bruno cada vez mais torne-se uma pessoa introspectiva, amargurada e rancorosa.

O cinema italiano tem uma facilidade incrível de lidar com o sentimentalismo sem ser piegas. Mesmo que lá estejam os tipos característicos como a tia maldosa e invejosa, o marido estérico, o falante compulsivo, o amante latino e sua peruca rídicula. Tudo é colocado, no entanto, de forma tão sutil, que mesmo o filme se encaminhando para um triste desfecho, não apela, fazendo com o espectador até caia no choro. Porém de forma natural.

A veterana atriz Stefania Sandrelli, de "O Último Beijo" e "Nós Que Nos Amávamos Tanto" destaca-se como Anna na terceira idade, mas a belíssima Micaela Ramazzotti é o grande destaque de "A Primeira Coisa Bela". E Valério Mastandrea como Bruno também é um achado e em total sintonia com seu "eu na infância", o garoto Giacomo Bibbiani, que não necessita de muitos diálogos para retratar o sofrimento e o constrangimento que permeiam sua vida. Suas feições carrancudas mostram uma criança que vê o mundo ao seu redor virar de cabeça para baixo.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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