quinta-feira, outubro 25, 2012

"Em Nome de Deus"



Antes, esqueça o título em português, apelativo e nenhum pouco criativo. "Em Nome de Deus", no original "Captive" ou prisioneiro, direção de Brillante Mendoza, é baseado em fatos reais e não doura a pílula, mostrando o destino de um grupo de pessoas seqeustradas nas Filipinhas em 2001 pelo grupo terrorista muçulmano Abu Sayyaf. Os guerrilheiros lutavam pela independência de uma parte do território filipino e contra a expulsão dos estrangeiros.

Focado na missionária francesa Thérèse Bourgoin, vivido pela excelente Isabelle Huppert, raptada por engano junto com vários turistas e funcionários de um resort - os terroristas exigiam uma quantia milionária para libertar cada preso, e a família dela não possuia posses. Por isso Thérèse acabou ficando mais de um ano em poder dos extremistas, enquanto no período outros reféns iam sendo libertados à medida que tinham seus resgates pagos. A história lembra muito o sofrimento passado pela política franco-colombiana Ingrid Bittencourt, que ficou vários anos nas mãos da FARC. Os prisioneiros passavam os dias fugindo pelas inóspitas florestas asiáticas, passando fome, frio, calor. Muitos deles acabavam sendo cooptados pelas forças rebeldes - algumas mulheres eram obrigadas a se casar com os terroristas, além de ter de se converter ao islamismo.

O diretor filipino Brillante Mendoza conseguiu criar um clima sufocante e opressivo em "Em Nome de Deus". A impressão para o espectador é de que ele está lá no meio do furacão. As intempéries, os perigos das florestas, com os animais peçonhentos à espreita, as infecções. E o pior, os soldados que eram enviados pelo governo não pareciam dispostos a libertar os reféns, mas sim eliminar os guerrilheiros. Ou seja, nos tiroteios, extremamente realistas, os reféns ficam na linha de fogo, e o exército não os diferencia dos seus inimigos. Houve ainda a preocupação em aprofundar os personagens, mostrando suas características, fraquezas, virtudes, fanatismo. E sem esquecer o mal que aflige prisioneiros: a síndrome de Estocolmo, quando os presos acabam simpatizando com seus algozes.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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