sexta-feira, novembro 09, 2012

"Argo"


Ben Affleck é severamente criticado quando diante das câmeras, porém quando dirige o cara é alvo de elogios, vide Atração Perigosa. Isso fica comprovado no excelente "Argo", que reconstitui evento político ocorrido entre 1979 e 1981 entre os Estados Unidos e o Irã, quando da queda do xá Reza Pahlevi e da ascenção do aiatolá Khomeini na batizada Revolução Islâmica. Os americanos apoiavam o governo ditatorial de Pahlevi. Derrubado, ele se refugia nos EUA e o novo governo persa pede sua extradição. Com a recusa do democrata Jimmy Carter, cria-se um clima beligerante entre os dois países. Que vai acarretar na invasão da embaixada americana em Teerã, e mais de 60 funcionários são feito reféns.

Porém seis conseguem escapar, refugiando-se na embaixada do Canadá. A missão da CIA é tirar esses funcionários do Irã - ao contrário dos reféns na embaixada, eles podem ser considerados espiões e, por isso, imediatamente executados. Mas a questão é como entrar em Teerã e resgatar o sexteto? O agente Tony Mendez (Ben Affleck) bola um plano arriscado e ridículo: criar um filme falso, com a ajuda de produtores de Hollyqood, vividos magnificamente por John Goodman e Alan Arkin, que têm diálogos saborosos, principalmente sobre a farsa que é Hollywood. Surge "Argo", uma ficção científica inspirada no então popular "Guerra nas Estrelas". Teerã serviria como uma das locações para o filme de mentirinha. Mendez, com passaporte canadense, entra na capital iraniana, transforma os seis fugitivos em cineastas - fazendo-os escapar da hostil cidade. Vejam, isso não é um spoiler, é história.

Affleck consegue fazer um filme, mesmo com final conhecido, com muita tensão (detalhes do plano vieram a público no governo Bill Clinton, em 1997). A cena do aeroporto mostra-se uma das mais eletrizantes dos últimos tempos. O clima de tensão da época é fielmente reproduzido, mesmo que o maniqueísmo mostre as caras. Todos os iranianos são mal-encarados ou estúpidos. A caracterização dos fugitivos é outro trunfo. Os atores ficaram muito, mas muito semelhantes aqueles a quem representaram. A exceção é Affleck, pois Mendez era, na realidade, descendente de mexicanos. A reconstituição de época ainda viu-se beneficiada com a utilização de telejornais daqueles anos tortuosos, e a trilha sonora com Rolling Stones, Van Halen, Dire Straits e Led Zeppelin.

Cotação: bom
Chico Izidro

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