sexta-feira, novembro 09, 2012

"Elefante Branco"


Buenos Aires sem flores. É o que assistimos em "Elefante Branco", de Pablo Trapero (Abutres), mostrando a vida dura de uma enorme favela na cidade hermana. O filme teve locações na localidade de Ciudad Oculta, onde está o enorme prédio abandonado, que nos anos 1950 estava sendo construído para ser o maior hospital da América Latina. Deixado de lado, serve de moradia para os despossuídos e para os viciados em crack.

E é ali onde o padre Julián (Ricardo Darín) ajuda a comunidade a se estabilizar, construindo mais moradias e até um restaurante popular. O personagem do ótimo Darín é baseado no padre Carlos Mugica, assassinado em 1974 por forças peronistas devido ao seu envolvimento com as lutas populares, e visto como um santo na Argentina. Ao lado dele está a assistente social Luciana (Martina Gusmán, mulher de Trapero). Doente, Juliám recruta o sacerdote belga Nicolas (Jérémie Renier, de My Way) para trabalhar na favela e também ser preparado para sucedê-lo. Os três terão dificuldades extremas para tocar em frente seus projetos, devido a burocracia estatal e a interferência de dois grupos de traficantes que usam a favela como quartel-general.

"Elefante Branco" discute ética no sacerdócio, vocação religiosa e o papel social da Igreja. Mesmo sendo transcorrido em uma favela, Trapero fugiu habilmente da violência crua e nua. Ela aparece, mas de forma realista - o assassinato de um sobrinho do líder do tráfico é muito bem conduzido, com a câmera percorrendo as vielas escuras e sujas de Ciudad Oculta, local habitado por argentinos, bolivianos, peruanos, paraguaios, todos vivendo no limite da marginalidade.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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