sábado, março 09, 2013

“O Amor é Tudo do que Você Precisa”


Há muito não me emocionava tanto com um filme. E ele se chama “O Amor é Tudo do que Você Precisa”, dirigido pela dinamarquesa Susanne Bier. Além do título lembrando Woody Allen, além de partes filmadas em Copenhagen, transcorre quase em sua totalidade no paradisíaco litoral mediterrâneo da Itália. A história escorrega em alguns momentos, é deveras previsível, a trilha sonora, apesar de bonita, repete-se à exaustão, incomodando na décima vez que surge, ilustrando alguma cena onde um personagem reflete sobre a vida. Porém, é delicado ao mostrar a ressurreição de duas pessoas desesperançadas.

Ida (Trine Dyrholm, cativante) é cabelereira e casada há 20 e poucos anos com Leif (Kim Bodnia) e está finalizando um tratamento de câncer nos seios. Perdeu os cabelos, mas não a beleza radiante, emoldurada por um lindo sorriso e cristalinos olhos azuis. Sua filha mais velha vai casar e seu filho partirá para o exército. E o que acontece às vésperas do casamento da filha descobre estar sendo traída pelo marido, a quem dedicava atenção especial.

Já Phillip (Pierce Brosnan) é um mal-humorado empresário do setor frutigranjeiro, viúvo há duas décadas do amor de sua vida, e por isso fechado para qualquer relacionamento. “Decidi viver sozinho”, repete para as pretendentes. E seu filho, Patrick, é quem casará com a filha de Ida, Astrid, em sua mansão na Itália. Phillipe está bancando tudo. E quando conhece Ida, a antipatia é recíproca, os dois se digladiam, mas já podemos prever o resultado de tanta animosidade. Aos poucos eles irão se descobrir apaixonados, mas não querendo ceder, pois não querem se machucar mais do que se machucaram ao longo da vida.

Como pano de fundo deste romance maduro, o casamento da loira Astrid (Molly Blixt Egelind, uma atriz estranha. Quando de perfil, o ângulo não ajuda. Mas em compensação, de frente, um rosto belo, nórdico) e do jovem em dúvida Patrick (Sebastian Jessen). O casamento ainda traz um festival de tipos estranhos, como a cunhada de Phillipe, a rude Benedikte e sua filha adolescente rebelde Alexandra, a amante de Leif , a sem-noção Tilde, e o garçom Alessandro. Aliás, Phillipe e Benedikte protagonizam um forte e constrangedor embate na véspera do casamento. Lembrei imediatamente da cena em “A Fita Branca”, onde o pastor da aldeia destrata cruelmente sua governante e amante.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

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