quinta-feira, outubro 30, 2014

"Tim Maia"

"Tim Maia", dirigido por Mauro Lima, acerta completamente ao colocar na telona a vida maluca e desregrada do síndico, como era conhecido o músico Tim Maia. A cinebiografia percorre em 2h20min toda a trajetória do cantor, desde a infância no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro, onde ajudava a família a entregar marmitas. Caçula de 12 irmãos, era chamado pelos vizinhos de Tião Marmita, alcunha que odiava. Na adolescência, descobre a música, mais exatamente o rock e decide que é isso que pretende fazer na vida. Tim monta um grupo com os amitgos Roberto Carlos e Erasmo Carlos, os The Sputniks. Mas seu jeito agressivo e o ego de Roberto Carlos põe tudo a perder. Nessa parte da vida, Tim Maia é interpretado por Robson Nunes.

O filme retrata bem a ida do jovem para os Estados Unidos, com apenas 16 dólares no bolso, no começo dos anos 1960, onde descobre o soul e o funk, além de se envolver com roubos, o que causaria sua prisão e a consequente expulsão do país. De volta ao Brasil, tenta iniciar a carreira de músico em São Paulo, procurando o já famoso ídolo da Jovem Guarda Roebrto Carlos. Que depois de muito fugir do antigo amigo, acaba lhe dando uma força.

Com um pulo no tempo, o filme vai aos anos 1970, e Tim Maia passa a ser vivido por Babu Santana, conhecido por fazer coadjuvantes em filmes como "Os Penetras", "Cidade de Deus" e "Copa de Elite". São os anos de sucesso nacional, com discos essenciais ao funk e soul, a imersão nas drogas e a parte mística, quando ingressou no movimento racional, que custou caro para ele - perdeu a mulher e contratos milionários. O filme acaba com a morte do cantor, em 1998, com apenas 55 anos de idade. Todo o filme é composto por uma excepcional reconstituição de época e atuações primorosas, principalmente Babu Santana e Robson Nunes, conhecido como comediante de stand-up comedys. Mas Cauã Raymond como o amigo Fábio e Alinne Morais como a musa Janaína estão também ótimos.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Até que a Sbornia nos Separe"


"Até que a Sbornia nos Separe", animação dirigida por Otto Guerra e Ennio Torresan Jr. antecipa, de certa forma, a peça "Tangos e Tragédias", onde os músicos Klaunus, dublado por Hique Gomez e Pletskaya (Nico Nicolaiewsky) vagam pelo mundo em busca de sua terra, a Sbornia, uma ilha que vaga perdida pelos oceanos. É também uma luta contra a modernidade e o apoio ao tradicionalismo. Com visual que remonta aos desenhos do começo do século passado, o filme conta como a Sbornia entrou em contato com o mundoi, após um muro cair e revelar aos seus habitantes o continente, moderno e com pessoas inescrupulosas. Muitos dos moradores da Sbornia ficam deslumbrados com o estilo de vida das pessoas do continente e querem o mesmo para si. Já outros não concordam com a invasão estrangeira e sonham com a volta do muro.

Nisso tudo, o músico Kraunus, irresponsável e mudo, é um zero como pai e marido. Já seu parceiro, Pletskaya, acaba apaixonando-se pela jovem Cocliquot, dublada por Fernanda Takai, filha de um empresário ganancioso, com a voz de André Abujamra, que explora o bezuwin, uma bebida típica da Sbornia, e de uma mulher interesseira, que tem a voz de Arlete Salles, que pretende que ela case com um milionário octagenário.

Quem viu a peça vai se identificar com os dois músicos e o humor mordaz. As piadas estão na medida certa. E claro que o maniqueísmo impera, com vilões bem caricatos e inescrupulosos, e os mocinhos ingênuos, puros e honestos.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 23, 2014

"Relatos Selvagens"

Existe uma linha tênue entre a civilidade e a selvageria. E aí que "Relatos Selvagens", filme argentino dirigido por Damián Szifrón, entra com tudo. São seis histórias mostrando como os homens podem perder as estribeiras e partir para a ignorância. Bem que nas duas primeiras esquetes, o que se destaca é a vingança. No primeiro, várias pessoas pegam um voo e descobrem ter muito em comum em relação a um músico. Que coincidentemente é o piloto do avião. No segundo, uma garçonete reconhece num cliente um mafioso que destruiu sua família. E ela não sabe se envenena ou não a comida do indivíduo.

Na terceira história, um motorista num carrão ofende um outro motorista, que dirige um calhambeque numa estrada deserta. Minutos depois, o carrão estraga e o dono do calhambeque aparece para se vingar, e os dois começam uma briga mortal. A sequência é a melhor do filme, com um destino trágico paar ambos. Na quarta história, esta tendo como intérprete Ricardo Darín, que é um engenheiro que tem a vida destruída após ter o caro guinchado. Seu personagem não aceita a multa e busca ressarcimento. Mas cada vez mais seu destino vai indo buraco abaixo.

Na quinta parte, um milionário tenta salvar o destino do filho, que atropelou e matou uma mulher grávida. Para isso, ele começa a subornar o advogado, a polícia e o caseiro de sua mansão. Mas cada vez mais começam a surgir exigências por parte dos subornados, deixando o milionário à beira de um ataque de nervos. Na última esquete, num casamento, a noiva descobre ter sido traída pelo noivo com uma das convidadas e decide ali mesmo partir para a vingança. E o casório se transforma num campo de batalha.

As histórias têm um tanto de humor negro e mostram como o ser humano não têm limites para eventos que fogem de seu cotidiano. O espectador também fica tenso, curioso em saber como as histórias terminarão, e nem sempre favoráveis aos estressados.

Cotação: ótimo
Chico Izidro

"Cantinflas - A Magia da Comédia"

"Cantinflas - A Magia da Comédia", dirigido por Sebastián del Amo, retrata a vida do ator mexicano Mario Moreno, mais conhecido pelo apelido de Cantinflas, um tipo matuto surgido no teatro vaudeville e que arrebentou nas telas dos cinemas nas décadas de 1940 e 1950. O auge do ator foi quando viveu Passepartout no clássico "A Volta ao Mundo em 80 Dias", dirigido por Michael Anderson em 1956, e que lhe deu um Globo de Ouro de melhor ator. E é aí que boa parte do filme se fica, com o famoso produtor Mike Todd (Michael Imperioli), que se casaria com Liz Taylor, tentando fazer com que Mario Moreno participasse da produção.

Intercalando, o filme mostra o começo da carreira de Moreno e sua ascenção como comediante no México, o casamento com a atriz Valentina Ivanova Zuvareff, parceira de toda uma vida, mas com quem teve problemas. Afinal, quando ficou rico e famoso, Mario Moreno ficou deslumbrado, partindo para as traições e o esnobismo. Tudo isso é mostrado em "Cantinflas - A Magia da Comédia", mas o diretor teve o cuidado de não cair em armadilhas sentimentais - característica muito forte no cinema mexicano.

O mexicano é interpretado pelo espanhol Óscar Jaenada, que consegue uma caracterização espantosa - Cantinflas pode ser comparado ao nosso Mazarópi por usar roupas rasgadas e um tanto de ingenuidade do campo. Também destaca-se a ótima reconstituição de época.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso"


Alexandre (Ed Oxenbould) está completando 12 anos, mas sua família não está nem aí para ele. O pai, Ben (Steve Carell), engenheiro espacial desempregado, cuida do filho mais novo da família e prepara-se para uma entrevista de emprego, a mãe Kelly (Jennifer Garner), preocupa-se para o lançamento de um livro que pode levá-la à vice-presidência da editora onde trabalha. O irmão mais velho, Anthony (Dylan Minnette ) tem um baile onde planeja levar a namorada patricinha. E a irmã, Emily (Kerris Dorsey) tem a estreia de uma peça escolar onde interpretará Peter Pan. Então em "Alexandre e o Dia Terrível, Horrível, Espantoso e Horroroso", dirigido por Miguel Arteta, o garoto faz um pedido: que tudo dê errado para seus familiares no dia de seu aniversário.

E quando acorda, realmente os problemas começam a acontecer com todos. O filme pretende ser uma comédia de erros. Mas apesar da presença de Steve Carell, nada de engraçado acontece. As piadas bobas e escatológicas se sucedem, sem a mínima graça: o bebê vomitando na roupa de Carell, o carro da família sendo destruído durante um teste de direção, a roupa de Carell pegando fogo em sua entrevista de emprego. Ou a irmã de Alexandre ficando grogue depois de abusar do xarope para gripe. Nada de novo.

Sem contar que o protagonista, Ed Oxenbould, não tem o mínimo carisma. É um chato. Assim como Jennifer Garner, que passa os 80 minutos do filme - que parece ter três intermináveis horas - fazendo cara de sofredora.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"Drácula - A História Nunca Contada"

"Drácula - A História Nunca Contada", dirigido por Gary Shore, é passado na Idade Média e conta o surgimento do vampiro imortalizado por Bram Stocker no final do Século XIX. A história conta a vida do principe da Tarnsilvânia Vlad Tapes, o Empalador, apelidado assim por ser implacável com seus prisioneiros - ele ordenava que os derrotados fossem empalados.

Aqui, para salvar seu reino da invasão turca, que exige a entrega de mil adolescentes homens para servir nas tropas, Vlad, interpretado por Luke Evans (Velozes e Furiosos 6 e O Hobbit), entrega-se para um vampiro que habitava um monte próximo. Em troca de sua alma, Vlad ganha superpoderes, mas poderá voltar a ser humano em três dias, desde que não beba sangue. Então é mostrado o calvário do principe, que passa a ser um monstro para seus homens.

O problema que a história é tão fantasiosa, que incomoda. Além do que, Luke Evans tem péssima interpretação, não convencendo em nenhum momento como um homem cruel. E seu par romântico, a princesa Mirena (Sarah Gadon), é chatinha e irritante.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 16, 2014

"O Juiz"

"O Juiz", dirigido por David Dobkin, aproxima-se, às vezes, de um dramalhãio. Fica na linha tênue. A história gira em torno de Hawk Palmer (Robert Downey Jr.) , um advogado com problemas na vida íntima, que se vê obrigado a voltar para a cidadezinha onde foi criado, para o funeral de sua mãe. Hawk chega e vê que em mais de 20 anos nada mudou no local, nem mesmo o sentimento de rejeição que o seu pai tem por ele. O pai, aliás, é o juiz Joseph Palmer (Robert Duvall), irascível e que se acha o dono da verdade, controlando com mão de ferro a cidade. E ele ignora Hawk solenemente, mas terá de recorrer à ajuda do filho, quando atropela e mata um homem que condenara a cadeira há anos e por quem nutria rancor.

Hawk terá de provar a inocência do pai, mesmo que este não esteja muito disposto a se ajudar e reconhecer o esforço do filho. Logo, o filme transforma-se naqueles dramas de tribunal do qual tanto gostam os americanos - com cenas onde os personagens destróem a reputação de outros personagens, sem nenhum perdão. O advogado da acusação é vivido por Billy Bob Thornton, completamente a vontade no papel de Dwigth Dickham. Apesar de, como já dito, o drama se aproximar às vezes do dramalhão, é ótimo ver o embate entre dois excepcionais atores, os xarás Robert Downey Jr. e Robert Duvall, que dão aula de atuação.

"O Juiz" traz ainda Vera Farmiga (de Os Infiltrados) como uma antiga namorada de Hawk. Linda, ela arranca suspiros a cada aparição. E Vicente D'Onofrio (Nascido Para Matar) também está muito bem, como o irmão amargurado de Hawk.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Na Quebrada"

Mais um filme de favela...é o primeiro pensamento quando se pensa em "Na Quebrada", dirigido por Fernando Grostein Andrade, irmão por parte de mãe do global Luciano Huck. Mas aqui nada de Rio de Janeiro. A ação se passa na periferia de São Paulo, com seus bairros violentos, controlados por traficantes, que praticam frequentemente chacinas, às vezes afetando até inocentes, como é o caso do garoto Zeca, sobrevivente de uma chacina. Sua história e a de outros jovens da periferia que desejam melhorar de vida é retratada aqui. Eles buscam a saída através de um curso de cinema.

O filme vai e volta no tempo, começando em 2001, quando Zeca (Felipe Simas) está num boteco, onde foi comprar doce de abóbora, e leva um tiro no peito durante uma chacina. Ele sobrevive. E quer fugir do destino da família, que é o de trabalhar em coisas subalternas. Sua mãe acha que Zeca será um ótimo porteiro e até já conseguiu o emprego num prédio onde trabalha como faxineira. Na mesma chacina estava Gérson (Jorge Dias, filho do rapper Mano Brown), que passou a infância visitando o pai no presídio. E este pedia ao filho não se envolver com o mundo do crime. "O que eu ganhei com isso? Estou aqui preso e nunca pude te levar a um parque, a um cinema", diz o pai para Gérson. Que terá problemas quando o pai morrer, pois o jovem terá de pagar uma dívida com os traficantes.

Já Júnior (Jean Amorim) foi criado pelo pai vendedor de dvd's piratas, Moacir (Gero Camilo), e é curioso por eletrônica, apesar de onde coloca a mão, consegue estragar o aparelho. Mas não quer o mesmo que o pai. E Mônica (Domenica Dias, filha de Mano Brown) tem um irmão que está ficando cego, e por isso batalha para fazer um documentário sobre pessoas com deficiência visual.

"Na Quebrada" traz histórias reais, tocantes e com atuações cativantes. Por vezes o drama toma conta da tela, mas também há espaço para o bom humor. E no final, durante os créditos, são mostrados os jovens que tiveram suas vidas retratadas no filme.

Cotação: bom
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 09, 2014

"Annabelle"

Há muito não assistia um filme assustador. Era uma decepção atrás da outra, esperando por tomar algum susto no cinema. Até que me deparo com "Annabelle", dirigido por John R. Leonetti. Um filme realmente assustador, que busca referências no clássico "O Bebê de Rosemery". A trama toda se passa no final dos anos 1960, e começa com o casal protagonista, John (Ward Horton) e Mia (que ironicamente tem o mesmo nome da boneca demoníaca, Anabelle Wallis) assistem na tevê a reportagem sobre os crimes praticados pela Família Mason em Los Angeles - O lunático Charles Mason ordenou a seus seguidores que matassem a então esposa de Roman Polansky, Sharon Tate, e alguns amigos.

Então John presenteia Mia, que está grávida, com uma boneca de porcelana. Ela coleciona bonecas e fica extasiada com o presente. O objeto parece ser inofensivo, mas a casa deles é invadida por membros de uma seita, e a boneca acaba recebendo uma força maligna. É aí que o terror começa para Mia, que grávida, passa os dias em casa, costurando e vendo tevê, enquanto John trabalha no hospital. E claro que as forças do mal começam a atormentar a garota. Os objetos na casa se movem, a tevê desliga a todo momento, a cozinha pega fogo. O jeito é se mudar de casa. Só que não era a casa mal-assombrada e sim a boneca. E agora morando em um apartamento enorme, o mal continua na volta de Mia.

Claro que "Annabelle" tem lá seus defeitos. Mas se não tivesse, não haveria filme. Mas por que uma pessoa iria descer num porão numa noite escura e chuvosa sabendo que forças ocultas estão em seu encalço? Ou por que permanecer sozinha em casa, sabendo que algo de ruim pode acontecer? Detalhes, detalhes.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Trash - A Esperança Vem do Lixo"

"Trash - A Esperança Vem do Lixo", com direção do inglês Stephen Daldry, poderia ironicamente ter um trocadilho com sua tradução em português: "lixo". Uma mistura de "Cidade de Deus" com "Quem Quer Ser Um Milionário", é uma trama risível, repleta de furos e atuações deploráveis. Tudo começa quando dois garotos que vivem num lixão encontram uma carteira jogada fora por um assessor de um político, interpretado por Wagner Moura. O objeto contém pistas para uma grana desviada por José Angelo e que pode incriminar o político, que pretende chegar ao governo carioca.

A polícia, corrupta até o último fio de cabelo, comandada por Frederico (Selton Mello) vai em buscva da carteira e por consequência, dos meninos, que percorrem esgotos e subterrâneos tentanto solucionar as pistas - porque é o certo a fazer - diz um deles, num ato de extrema civilidade, apesar de morar no meio da sujeira. Cena após cena, "Trash - A Esperança Vem do Lixo" vai se afundando. Os garotinhos, Rafael (Rickson Tevez) e Gardo (Eduardo Luis), que acabam convidando outro garoto para participar da aventura, Rato (Gabriel Weinsten), até estão bem em suas atuações. Porém Selton Mello, como o policial corrupto, é de chorar, não tendo se encontrado. E Wagner Moura nem tem muito tempo em cena, sebndo subaproveitado.

E o que dizer de Martin Sheen, perdido no papel do padre Julliard, que mora na favela e ajuda os moradores. Já sua ajudante Olivia (Rooney Mara), que ensina inglês para as crianças do lixão? A atriz de "Os Homens Que Odiavam As Mulheres" caiu de paraquedas na trama. Mara faz só caras e bocas. A cena final, passada num cemitério, é de total absurdo no roteiro, com o aparecimento de uma menina no meio das tumbas para ajudar os meninos a obter sucesso na missão. Como?

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Homem Mais Procurado"

Um dos últimos filmes de Philip Seymour Hoffman, "O Homem Mais Procurado", dirigido por Anton Corbijn, baseado em romance de John Le Carré, fala da paranoia terrorista que assola o mundo nos dias de hoje. A história se passa na alemã Hamburgo, onde Mohamed Ata teria planejado os atentados de 11 de Setembro de 2001.

Philip Seymour Hoffman é Günther Bachmann, chefe de uma agência alemã de espionagem, que tem a missão de vigiar os suspeitos de terrorismo na comunidade islâmica da cidade. E a sua equipe é posta a prova quando chega à cidade o jovem checheno Issa Karpov (o ator russo Grigoriy Dobrygin). Muçulmano convicto, ele foi torturado na Rússia, e se esconde na comunidade muçulmana e procura a ajuda de uma advogada de esquerda Annabel Richter (Rachel McAdams). Seu objetivo é resgatar uma fortuna deixada por seu pai, um ex-militar russo. Mas Issa usaria o dinheiro para quê? Para proveito próprio ou para atividades terroristas?

Além dos alemães, os americanos também estão na sua cola, em um jogo de gato e rato empolgante e intrigante. "O Homem Mais Procurado" só perde força em sua parte final, que parece ficar em aberto.

Philip Seymour Hoffman, como sempre, está muito bem em seu papel. Um personagem beirando a neurose, desleixado, fumante inveterado, cuja vida pessoal é quase zero. Günther praticamente vive a vida dos outros, mas tenta ser humano. Rachel McAdams, bela, não deixa cair a peteca. Mas destaque mesmo é Grigoriy Dobrygin, que a cada olhar, cada gesto, transmite a angústia de um indivíduo perdido no mundo.

Cotação: bom
Chico Izidro

"Um Amor de Vizinha"

A ruindade do filme já começa com o título em português "Um Amor de Vizinha", sendo o original "And So It Goes", ou algo como "E Assim Vai". Tudo bem que o título em inglês em nada ajudaria por terras brasilis, mas batizar o filme como foi feito, no mínimo faltou imaginação. Dirigido por Rob Reiner, que faz uma ponta como um pianista que usa uma ridícula peruca, desde o princípio já se imagina o que acontecerá.

Michael Douglas é Oren Little, um corretor de imóveis viúvo, que tem como meta vender sua mansão e se aposentar em Vermont. Mau-humorado, amargurado, solitário, rancoroso, terá suas atitudes mudando quando o seu filho, um ex-viciado, lhe procura e faz um pedido: para cuidar de sua filha de dez anos, que Oren nem sabia da existência, por cerca de um ano, já que o rapaz irá cumprir um período na prisão. Oren, inicialmente fica arredio com a história, já que não tem a mínima paciência para cuidar de uma criança. Quem acaba cuidando da menina é a vizinha, Leah (Diane Keaton). Com o passar dos dias, Oren vai aplacando sua ira com a vida, e se aproximando de Leah, uma cantora de bares e igualmente viúva.

O filme é um veículo para mostrar o estilo de vida dos ricos americanos, com seus carrões, mansões e iates. Michael Douglas parece entediado em cena e suas cenas de amor com Diane Keaton beiram o constrangimento. E apesar de seus 90 minutos, "Um Amor de Vizinha" parece ter intermináveis três horas da mais pura chatice.

Cotação: ruim
Chico Izidro

"O Inventor de Jogos"

"O Inventor de Jogos", dirigido pelo argentino Juan Pablo Buscarini, até começa bem, com seu estilo fantasioso e estilo anos 1950. O garoto Ivan Drago (David Mazouz, do seriado Gotham) vive com o pai e a mãe numa casa com regras claras, ou seja, nada de jogos. E é aí que Ivan irá se destacar, ao criar jogos de tabuleiro para um concurso, e no qual sai vencedor. Mas por estes infortúnios do destino, ele perde os pais num acidente. Órfão, é encaminhado para um orfanato, com regras mais rigorosas de que na sua casa. Lá, Ivan fica amigo de uma garotinha que se esgueira pelos cantos do prédio, e virá alvo de bullying de outros meninos.

Mas Ivan tem um objetivo, escapar e encontrar o avô, criador de uma cidadezinha com ares mágicos, Zyl. Suas habilidades como criador de jogos o favorecem, e o garoto se manda ao encontro do avô. E aí o filme desanda, com Ivan tendo de combater Morodian (Joseph Fiennes), um vilão caricato e irritante. "O Inventor de Jogos" transforma-se num filme comum, chato, sem imaginação. Apenas um corre-corre cansativo, que tenta copiar "Harry Potter" ou "A Fábrica de Chocolates". Talvez a única cena interessante ocorra quando Ivan provoca o afundamento do orfanato, quando coloca a gurizada para tentar desvendar um jogo criado por ele.

Cotação: ruim
Chico Izidro

quinta-feira, outubro 02, 2014

"Garota Exemplar"


David Fincher, exímio diretor dos ótimos "Zodíaco", "Seven: Os sete crimes capitais" (1995), "Clube da luta" (1999) e "O curioso caso de Benjamin Button", conseguiu tropeçar no suspense policial "Garota Exemplar", baseado em romance de Gillian Flynn. Amy (a bela Rosamund Pike) é ótima esposa, filha, escritora de sucesso, que deixou a vida tranquila e glamorosa de Nova Iorque e mudou-se com o marido, o escritor desempregado Nick Dunne, quando a mãe deste é diagnosticada com câncer. Uma bela manhã, quando eles completavam cinco anos de casamento, Nick sai de casa e vai ao bar onde é sócio da irmã, Margo (Carrie Coon). Ao retornar, encontra toda a casa revirada e sem sinal de Amy. Ele chama a polícia, e devido as evidências, ela é dada como desaparecida.

As investigações começam, e as pistas vão indicando que Nick tem certa culpa no cartório. Teria ele matado a esposa e dado sumiço no corpo? O diretor aproveita, então, para fazer crítica à mídia, que de forma sensacionalista, faz o pré-julgamento de Nick, clamando pela pena de morte. E Nick tem o rabo preso, pois desejava mesmo se livrar de Amy, além de namorar uma aluna de vinte e poucos anos.

"Garota Exemplar" é visto sob duas óticas. Pela de Nick e pela de Amy, através de um diário escrito por ela. A trama é bem conduzida, prendendo a atenção do espectador, que até torce para que Nick se livre da enrascada. Mas o filme perde fôlego na sua parte final, com uma solução pouco criativa. Porém a destacar a boa atuação de Ben Affleck no papel de Nick. Geralmente críticado por sua pouca capacidade representativa, aqui o ator segura bem as pontas. Mas quem vai mesmo bem é Rosamund Pike como uma pessoa de dupla face, ora acuada, ora assustadora.

Cotação: regular
Chico Izidro


"O Estudante"


O filme argentino "O Estudante", dirigido pelo estreante Santiago Mitre, gira em torno da política estudantil e do quanto ela pode ser bizarra, desonesta e estúpida. A trama foca no jovem Roque (Esteban Lamothe), que chega a Buenos Aires para cursar Ciências Sociais. Só que ele está mais preocupado em ir à festas, beber e transar. Até que conhece uma professora do curso, Paula (Romina Paula, de Medianeras: Buenos Aires na Era do Amor Virtual), que o motiva sexual e intelectualmente.

Finalmente Roque encontra sua vocação, a de líder estudantil. Aula mesmo não assiste, mas começa a brigar para mudar as injustiças que encontra na faculdade, mostrada completamente dilapidada, com seus prédios velhos e sujos. Só que ao se envolver com outros líderes, Roque vai descobrindo que às vezes os interesses pessoais estão acima do coletivo - como o é no mundo da política.

"O Estudante" é um filme que descortina o mundo podre da política. E o meio estudantil, como em qualquer lugar, cria os tipos mais pérfidos e arrogantes possíveis.

Cotação: bom
Chico Izidro

"A Bela e a Fera"


A Bela é bela, e tem duas irmãs feias e invejosas. O pai de bela é um comerciante que vai à falência ao ter sua frota de navios afundada na costa da França no começo do século XIX. A família, então, se muda para o campo. Um dos filhos deve uma fortuna para um ladrão, Perducas, e sua gangue e vai à cidade uma noite. Ao procurá-lo, o pai acaba dando de cara com o bando, tendo de fugir, acabando num castelo mágico, onde ganha alguns presentes, mas comete um erro, ao arrancar uma rosa do jardim. E vai ter de pagar por isso: dar o seu bem mais precioso em troca de sua vida e do resto da família.

O bem mais precioso calha de ser sua filha Bela - que sacrifica-se e vai morar no castelo com um ser metade homem, metade animal. É a fera. Que trata Bela como uma princesa, mas sendo ela prisioneira. Entre eles acaba surgindo um afeto - que pode devolver para a fera a sua antiga forma humana. E nisto ocorre um atropelo na história, que buscando uma solução rápida, acaba por atropelar o surgimento do amor entre a Bela e a Fera.

A Bela é interpretada por Léa Seydoux, do polêmico "Azul é a Cor Mais Quente". E aqui ela consegue encarnar com delicadeza e beleza o personagem clássico. A fera fica a cargo de Vincent Cassel, ator conhecido por ter um rosto expressivo, duro, mas ao mesmo tempo sedutor. O filme traz um visual extremamente apurado, por vezes parecendo aqueles velhos desenhos dos livros antigos de histórias infantis, como por exemplo, a casa no campo. E tudo salta mais aos olhos com os efeitos especiais, que ficariam melhor se projetados em 3D.

Cotação: bom
Chico Izidro

“QUEER”

Foto: Paris Filmes “QUEER”, dirigido por Luca Guadagnino a partir de um roteiro de Justin Kuritzkes, é baseado em romance homônimo de 1985...