sábado, outubro 27, 2012
"Selvagens"
Oliver Stone há muito deixou de ser aquele cineasta instigante e provocador, mesmo que por vezes se equivoca-se em algumas posições. Ele vem destacando-se ultimamente mais por seu apoio a ditadores do naipe de Hugo Chávez do que por suas obras cinematográficas. Em seu currículo os belíssimos "Platoon", "Salvador - O martírio de um povo", "Nascido em 4 de Julho" e até mesmo a papagaiada "JFK - A Pergunta que Não quer Calar".
Então "Selvagens", por mais que lembre "Assassinos Por Natureza", não parece ser um filme de Oliver Stone. Trata do narcotráfico e com seu ritmo alucinado mais lembra o estilo Quentin Tarantino, sem suas referências pop e kitsch. Stone nunca foi tão sanguinário - o diretor não poupa cenas de degolamentos, torturas, apelando até mesmo para o microondas, aquele ritual sádico onde uma pessoa é presa a um pneu e tem o corpo queimado com gasolina.
A trama começa sendo narrada por Ophelia (Blake Lively) ao estilo "Crepúsculo dos Deuses". Mas ao contrário de Joe Gillis (William Holden), morto na piscina e que narra como foi parar ali, Ophelia ainda não sabe se morreu mesmo ou se ainda respira. Ela é namorada dos amigos Chon (Taylor Kitsch, de Battleship - A Batalha dos Mares) e Ben (o irreconhecível Aaron Taylor-Johnson, que destacou-se antes em O Garoto de Liverpool e Kick Ass - Quebrando Tudo), que a dividem sem ciúmes. Os dois construíram uma pequena fortuna vendendo a melhor maconha do sul da Califórnia. E isso atiçou um cartel de traficantes mexicanos, liderado pela Rainha Elena (Salma Hayek, extremamente over na canastrice, longa peruca negra e imensos seios). Ou Chon e Ben aceitam repartir seus lucros com a gangue, ou deixam o negócio. Como se negam, Ophelia é sequestrada pelos capangas de Elena. Começa então uma corrida para resgatar a garota.
O melhor de "Selvagens" é Benicio del Toro, no papel de um cruel assassino a serviço de Elena. Ele utiliza um visual sujo, um olhar enviesado, sempre segurando um cigarro. E atirando em qualquer um que não aceite suas ordens. John Travolta também está à vontade como um agente corrupto do FBI, tentando se passar por esperto, mas no fundo um atrapalhado. O filme tem seu charme, com seu visual ora colorido, ora soturno. A crueldade utilizada pelos cartéis mexicanos, como por exemplo os Los Zeta, é fielmente retratada - os assassinos utilizam até mesmo aquelas máscaras cadavéricas para esconder a identidade e apavorar os oponentes.
Pena que no final, Stone opte por duas situações. E a sua incerteza acaba decepcionando.
Cotação: regular
Chico Izidro
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