quinta-feira, maio 24, 2012

Girimunho

"Girimunho" não é um documentário, mas aproxima-se de um. Na realidade, os diretores Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr. foram ao sertão mineiro e resgataram um momento vivido por moradores da pequena e isolada São Romão: a viúvez da idosa Maria Sebastiana, conhecida como Bastú. O detalhe é que ela própria interpreta sua vida, ao lado da amiga Maria da Conceição, a Maria do Boi, e de seus netos, a quem cria.

Bastú, após mais de 50 anos casada, perde o marido. Mas como prometera a ele, não chora quando de sua morte. Para espanto do neto, que mora fora da cidade e que a visita frequentemente. Sempre ao lado de Bastú está Maria do Boi, a mulher que mantém a tradição quilombola de São Romão, com seu batuque e conselhos. Bastú também é uma mulher sábia, apesar de inculta, e mesmo com o sofrimento ao se redor, sempre demonstra bom humor, principalmente com as netas Branca e Preta, que desejam sair daquele lugar escondido e estudar na cidade - mas somente uma pode ir embora, e a outra deve ficar ao lado da avó. E Bastú segue seu trajeto, aos poucos tentando apagar o registro de seu falecido marido. "Não é o tempo que para, nós é que paramos", filosofa a heroína.

"Girimunho" no dialeto da região significa redemoinho. E o que Bastú e Maria do Boi observam o fenômeno natural naquelas terras vermelhas e áridas. E é de difícil compreensão, não a história, simples. Mas a maneira de como é contada. Os diretores optaram por um filme cru, com som direto (ou seja, sem dublagem). E entender o que Bastú e Maria do Boi falam exige muita atenção, pois não bastasse a terrível dicção das duas, o dialeto do local é quase intransponível. Sem contar a iluminação, outro grande problema.

Cotação: regular
Chico Izidro

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